SAID
Quando Adara some no corredor fico pensativo. Nada nela se encaixa. Ela mais que nunca me confunde. Agora a pouco, fiquei impressionado com seu gesto, sua espontaneidade de ir lá e ajudar a garotinha. Preciso investigá-la, o almoço que eu propus tem a finalidade de estreitarmos nossa relação.Eu quero mais que nunca entender quem é essa mulher de verdade, mas parece inútil isso. Nada bate, é como se eu estivesse com uma mulher completamente diferente. Parece que por mais que eu converse com ela, eu não jamais a conhecerei completamente. A sensação que tenho é que ela mente o tempo todo.Vou até a recepção do hospital.—Por favor, você pode verificar para mim quem está no quarto 6 da UTI?O recepcionista abre um livro e depois de um tempo me diz:— Adara Houssen Mahir—Não foi isso que pergunteiAbro meus olhos lutando contra a vontade de continuar dormindo e os fecho novamente.Não dormi bem à noite, e agora isso se reflete na minha disposição. Volto a abrir os olhos decidida a encarar a minha realidade. Um longo dia me espera... e o carneiro.Sinto meu corpo arrepiar ao pensar nisso.O que mais me deixa confusa é a profundidade dos meus sentimentos com relação a Said em contraste a tudo que a Europa representa para mim. É a minha razão lutando contra meu coração.Na minha lógica, o meu lugar é na Inglaterra. Eu amo poder dirigir meu carro, trabalhar para o meu sustento, participar de eventos sociais, me vestir sem me preocupar com o que pensariam de mim. Fora a ausência do véu....Allah! Mas só de pensar assim, de pensar em ficar longe dele, meu coração se afunda no peito me dizendo que eu não sou mais a mesma pessoa.
Eu não estou bem. Irritado, nervoso. Dou ordem ao meu motorista de me deixar na entrada e então ele estacionaria o carro. Não estou com paciência de esperar ele encontrar uma vaga.Caminho com passos firmes até a recepção.— Quero visitar a paciente, Adara Houssen Mahir, ela está no quarto 6 da UTI.O atendente abre o caderno e verifica para mim.— Ela saiu hoje da UTI está no quarto 18. Ainda é o horário de visita. Tome esse crachá e siga por esse corredor, depois vire à direita. — Obrigado.Allah! Eu preciso me acalmar! Passo a mão nos olhos.Não posso ser vítima do meu nervosismo. Mas não tem jeito, sinto-me irritado por .... Não me contar a verdade. Por eu ter que descobrir por outra pessoa. E a minha maior irritação é por eu estar tão mexido com essa história.
SaidSamira balança a cabeça, desgostosa, dizendo:—Said, meu filho, você não pode ficar sozinho nesse estado!—Eu estou bem mamãe. Quero ir para a minha casa. Sou rodeado de empregados, não ficarei sozinho. Só preciso descansar. Você ouviu o que o médico disse.—Você é muito agitado Said. Te conheço, vai ficar andando pela casa, arrumando o que fazer.Eu passo os dedos pelos cabelos enquanto Raissa coloca meus sapatos. —Prometo que ficarei bem! —Digo irritado pelo esforço de falar.—Olha sua cara de dor!—Claro! A senhora não colabora.Minha meia-irmã que só escuta coloca outro sapato. Me levanto da cama quando ela finaliza.—Obrigada. —Digo para ela.Raissa sorri para mim.—Said é inteligente. Sabe que não pode ficar andando, que deve descan
Muhafa foi ao quarto de Said. Agora com o remédio, é certo ele dormir bastante, já que essa fórmula dá muito sono.Vou então, até o meu quarto. Em frente ao espelho do banheiro, desmancho meu coque e escovo meus cabelos, os deixando soltos. Não dormi essa noite, ansiosa com a volta de Said. Agora estou cansada, precisando tirar um cochilo.Quando saio do banheiro, levo um susto ao ver Said em pé. Os cabelos estão em desordem. A camiseta branca evidencia os músculos peitorais e dos braços. A calça azul marinho do pijama o deixava mais sexy. Os olhos negros penetrantes sombreados por cílios espessos e sobrancelhas grossas estão sobre mim, agressivos.— Você deveria estar deitado. — Eu digo nervosa.Observo ele andar com dificuldade quando se move em minha direção. Para à minha frente, tão próximo que eu consig
Eu observo ele sair do meu quarto, caminhando com dificuldade, se segurando nas paredes.Eu me sento na minha cama. Como um filme revivo tudo que passei, desde que cheguei à mansão. E chego a conclusão que só quem vivesse na pele o que eu vivi aqui, entenderia que eu não tive condições nenhuma de confessar nada.Ele foi um juiz implacável e eu uma ré sem defesa. Mas, mesmo assim, a dor que vi nos olhos de Said, surte efeito e me sinto culpada. Além de aumentar minhas dúvidas com relação aos sentimentos dele.Ele apenas me enxergava como uma empregada. Por que ele estaria então, tão magoado por eu não ter lhe confessado tudo?Ele está realmente gostando de mim?Ou seu ego está ferido?Talvez sim, pois afinal, ele fora enganado por uma mulher.Mas por que, quando ele descobriu tudo, não me acusou?Então ele
Eu fico de joelhos e o encaro bem nos olhos, com as pernas moles, meu coração a mil. Pegando a cabeça dele com as duas mãos, eu tomo os lábios dele e o beijo pra valer, num beijo quente e urgente. Minha língua tremulando na sua. Said geme de prazer. Então desço seu pescoço e provo sua pele com a qual eu só pude sonhar durante muito tempo. Escorregando os lábios por seus músculos que se contraem. Sua respiração é rápida e ele geme quando passo minha língua e meus lábios nos planos deliciosos de seu tórax. Provo cada centímetro de sua pele... seus mamilos, seu abdome cheiroso. Ele fecha os olhos e puxa minha cabeça até seu ombro, expirando trêmulo. Sinto-o balançar a cabeça como se tentasse tirar alguma imagem minha, tentando se acalmar. Ele beija meu cabelo, e ficamos abraçados em silêncio. Erg
SaidMaysa está demorando. Estou me sentindo extremamente irritado por estar nessa cama. Toda e qualquer posição para mim agora é desconfortável. Meu tórax doí. Doí quando eu ergo os braços, quando eu faço força para me levantar, para me deitar, e até quando eu ando.Fecho os olhos pensando em Maysa. Ela é um balsamo para meus próximos dias nessa cama.Nossa relação mudou, agora tudo está tudo preto no branco. Estávamos verdadeiramente nos conhecendo, sem máscaras. Só há um, porém nisso tudo. Ela tem raízes na Inglaterra, e moderninha demais para o meu gosto. Eu a quero por inteiro. Ela terá que abrir mão de tudo. Deixar tudo para trás. Qualquer vírgula ou ponto de interrogação que eu enxergar, colocará tudo a perder. Eu tento nã
Quando volto, Said está de olhos fechados ainda com cara de dor. Mas sua respiração é mais tranquila. Quando ele sente a minha presença, seus olhos imediatamente me procuram. Eu desvio meu olhar de sua figura e coloco meu camisolão e o meu penhoar na minha cama.Eu me viro para olhá-lo. Seu rosto está ruborizado, seu cabelo está bagunçado, mas atraente. Ele estuda meu rosto.—Mamãe virá amanhã cedo. Passará o dia aqui.Eu dou um sorriso para ele.— Claro, ela deve estar preocupada.— Ou não quer perder a oportunidade de se meter na minha vida.—Toda mãe é assim. Ela quer o seu bem.—Tranque a porta e deite-se comigo. Uma voz baixinha me alerta de que é uma má ideia. Se isso ficar mais íntimo só vai tornar as coisas mais difíceis quando eu partir. Digo à v