Sentado na sala de espera, Teófilo abriu a mochila que Roberto lhe deu e examinou o que havia dentro. Como esperado, encontrou um cheque em branco. Roberto realmente não o negaria materialmente. No entanto, Teófilo franziu o cenho e, sem hesitar, rasgou o cheque em pedaços. Para ele, esse tipo de coisa não tinha significado algum no momento. Sua vida inteira estava dedicada à família Pereira. Como um órfão, ele havia perdido sua identidade ao escapar da prisão, tornando-se uma espécie de alma errante...Que sentido havia nesse tipo de vida? Seria melhor fazer o que ele realmente queria.Por exemplo... Fazer Leo e Ana experimentarem um pouco de sua dor.Ao pensar em Patrícia ainda em casa, agindo de forma infantil e tola, o punho de Teófilo se fechava."Patrícia, não se preocupe. Não vou deixá-los desfrutar da vida tão confortavelmente. Qualquer pessoa que ouse ferir você, mesmo que isso custe minha vida, eu farei com que paguem o preço..."...Alguns dias depois, chegou o aniversário d
A beleza deslumbrante deixou tanto Ana quanto Pedro um pouco atordoados. Embora já tivessem vivido por muito tempo nessa terra estrangeira, ela nunca soube que um lugar tão lindo existia, nem como Leo conseguiu descobrir.Depois de um momento de admiração, Ana estacionou o carro e pegou Pedro do banco de trás. Nesse momento, Leo também viu os dois se aproximando e rapidamente se aproximou, pegando o pequeno nos braços.Ao segurar Pedro, Leo percebeu que o pequeno parecia um pouco mais pesado do que da última vez que se encontraram e que tinha crescido um pouco. Ele sentiu uma sensação estranha no coração. Era incrível como uma criança podia crescer tão rapidamente. Essa percepção fez com que Leo valorizasse ainda mais o tempo raro que passavam juntos.Pedro estava um pouco envergonhado por estar nos braços de Leo, mas seus olhos curiosos olhavam ao redor. No entanto, ele não estava resistindo. Afinal, ser abraçado pelo papai não era algo tão ruim.Ao ver a aparência dócil do pequeno, L
Nas ocasiões em que Ana não estava presente, Leo recorria a esses momentos, uma vez após a outra, para construir uma imagem dela.Seu conhecimento sobre ela era limitado, então ele tinha que preencher essa lacuna dessa maneira. No fim das contas, talvez ele soubesse um pouco mais sobre o passado de Ana do que ela mesma.Ana ficou momentaneamente sem palavras, as emoções nos olhos de Leo eram intensas demais, e ela não sabia como lidar com isso.Após um tempo, Ana virou o rosto e enxugou discretamente um traço de umidade dos cantos dos olhos.- Você se dedicou muito, eu... Fiquei muito surpresa.Leo olhou profundamente nos olhos de Ana, percebeu a agitação emocional dela e entendeu que ela estava evitando algo. Ele não insistiu.- Enquanto você gostar, está tudo bem.Após um intervalo, temendo que a atmosfera ficasse muito tensa, Leo voltou a falar.- Não temos muito tempo, também preparei um bolo, vamos compartilhar um pedaço e tirar uma foto.Leo estalou os dedos e um homem trajando u
A coloração predominante desse bolo era de tons claros, obviamente a massa não teria contrastes tão marcantes como o preto. Contudo, um estranho brilho inexplicável emanava uma sensação sufocante, lançando uma inquietude apenas ao se olhar para ele.Inicialmente, Leo observava de longe, à margem. Ao notar a expressão desfavorável de Ana, aproximou-se rapidamente.- O que houve?Esse bolo era a única coisa que Leo não havia feito pessoalmente. Era um estilo que ele havia encomendado especificamente.- Será que tem algo errado?Enquanto pensava nisso, Leo olhou para o bolo, e ao pousar os olhos sobre ele, instantaneamente compreendeu...Seria uma bomba!?Leo, que havia passado por diversos treinamentos militares desde criança, não era estranho a esse tipo de dispositivo.Teófilo, mantendo distância, percebeu as diferentes expressões nos rostos das três pessoas. Parecia que ele também havia percebido algo. Seu sorriso ganhou ainda mais um tom sádico."Será que eles perceberam?"Bem, talve
Ana balançou a cabeça com força, a voz de Leo soava fraca e o cheiro de sangue no ar era intenso. Ele parecia estar gravemente ferido.Dadas as circunstâncias, ele ainda estava perguntando se eles estavam feridos. Esse homem ficou louco?Antes que Ana pudesse responder, uma figura emergiu da névoa atrás deles e se aproximou lentamente. Teófilo segurava uma arma enquanto se aproximava para avaliar a situação. Vendo Leo protegendo Ana e Pedro com cuidado em seus braços, uma fúria incontrolável tomou conta dele.Esse homem já tinha o coração de Patrícia, mas parecia não valorizá-lo. Ele só sabia proteger essa mulher à sua frente, ignorando a garota que tinha ficado inválida por causa dele. Essa demonstração de afeto profundo o deixava profundamente enojado.Teófilo levantou o pé e chutou ferozmente Leo, que não estava preparado para isso. Mesmo que Leo tivesse percebido, seus ferimentos o impediam de reagir. Ele caiu no chão, parecendo uma estátua quebrada.- É inacreditável que o grande
Pedro ergueu-se devagar, fingindo estar assustado e desamparado, agarrando a perna de Ana.- Mamãe, não me deixe para trás!O coração de Ana apertou. Embora não soubesse quem era esse Teófilo, ele estava atrás dela e de Leo, mas Pedro também estava envolvido. Com apenas cinco anos, ele havia testemunhado essa crueldade. Ela se sentia uma mãe impotente.- Pedrinho, querido, por que você não vai ver como o papai está?Ana sorriu, afagando a cabeça de Pedro, querendo que ele voltasse ao lado de Leo. Se pudesse sacrificar apenas a si mesma para salvar pai e filho, Ana achava que valeria a pena.Ao observar a cena diante dele, Teófilo sentia-se irritado. Sendo órfão, ele não sabia quem eram seus pais. Embora a família Pereira o tivesse adotado, eles nunca lhe ofereceram esse tipo de carinho.Essa visão era irritante aos olhos de Teófilo, algo que ele desejava destruir.De repente, Teófilo teve uma ideia. Ele sorriu e mirou o ombro de Ana, disparando um tiro.Ana não esperava que ele atirass
Ana testemunhava tudo isso acontecer diante de seus olhos. As ações de Pedro agora mesmo foram completamente inesperadas, deixando-a perplexa. Foi somente quando viu Pedro segurando uma arma e prestes a atirar em Teófilo que ela recuperou a compostura abruptamente.- Pedrinho, não faça isso!Pedro, saindo do fervor em que estava, repentinamente voltou à realidade. Ele se virou para Ana e disse:- Mas, mamãe, eu não posso aceitar...Ao ver os olhos vermelhos do pequeno, Ana percebeu que ele estava assustado e também genuinamente irritado. No entanto, afinal de contas, ele era apenas uma criança de cinco anos. Ela não podia permitir que uma criança carregasse esse fardo.Assassinar alguém a tiros não deveria fazer parte da infância de Pedro. A morte de Teófilo era merecida, mas sua partida se tornaria o pesadelo da vida de Pedro, e isso não valia a pena.- Pedrinho, me dê a arma.Ana falou com firmeza.Pedro hesitou por um momento, mas no final cedeu e entregou cuidadosamente a arma para
- Leo!- Papai!Ao ver Leo fechar os olhos, Pedro e Ana soltaram gritos quase simultâneos.O medo que Pedro vinha contendo finalmente explodiu. Ele agarrou as roupas de Leo e chorou alto.- Papai, você não pode morrer!Normalmente, dada a personalidade peculiar de Pedro, ele nunca conseguiria dizer "papai" para Leo, mas nesse momento, ele não conseguia se importar com mais nada. Só tinha um pensamento em mente: Esperar que o Leo ficasse bem.Ana também estava sofrendo internamente, mas ao ver o colapso emocional do pequeno, ela sabia que precisava se acalmar. Caso contrário, a situação só pioraria.- Pedrinho, acalme-se. A ambulância está a caminho. Não o mova, para evitar que a ferida se abra e sangre mais. Ele vai ficar bem!A voz de Ana tremia, mas ela se manteve firme. Pedro levantou a cabeça, olhou para ela e finalmente, com lágrimas nos olhos, assentiu.- Tá certo, vamos esperar juntos. Eu acredito que ele vai ficar bem. Ele é forte demais pra simplesmente morrer assim.Mãe e fil