Eu me sento ao lado do Sheik e pego as suas mãos frias. Antes do médico chegar o Sheik recobrou a consciência. Rashid pegou o pai no colo e o levou para o quarto. Foi triste ver essa cena.Vinte minutos depois desce no heliporto da propriedade o médico da família. Doutor Jonas. Foi até que rápido a sua chegada, muito mais rápida do que se ele tivesse vindo de carro. Mas para um homem que está à beira da morte, uma eternidade sua espera, momentos desesperadores para Rashid. Nunca o vi tão transtornado.Tão logo o médico chegou, Zilá já o conduziu para o quarto.Eu agora estou na sala esperando por Rashid, aflita por notícias do Sheik. Mas quem sai é o médico, eu corro até ele.—E então?Ele aperta os lábios.—Resta-lhe pouco tempo. O coração está fraco demais. Ele não sairá mais da cama.Eu levei a mão a boca para conter o meu choro. O senhorzinho de cabelos brancos, acena tristemente e sai.Eu fico na sala angustiada. Quero muito ver Rashid, lhe dar uma palavra amiga.RashidTento pas
Barulhos vindos do quarto me fazem lavar o rosto rapidamente tirando qualquer vestígio de choro. Dou uma olhada no meu grosso e lindo vestido negro. Embora essa cor, ele é todo bordado e modela minhas formas. Suspiro... Agora que o sheik morreu a incerteza sobre o futuro paira sobre mim como uma enorme nuvem negra. Saio do banheiro com o coração descompassado. Rashid está em frente à janela, quando ele me ouve se vira para mim. Eu estou olhando para um par de olhos escuros. Ele é quente, isso é certo. O calor nos olhos dele me joga em momentos de devaneio e eu me lembro-me da primeira vez que eu coloquei meus olhos nele. Um breve olhar e eu o achei lindo. Logo vi que ele era bem mais velho que eu, seus cabelos tinham um leve grisalho nas laterais. Dele emanava uma energia sedutora, mas mortal... Agora seu cabelo escuro que está caído um pouco sobre sua testa, numa elegância casual. —Venha cá. —Choque reverbera através do meu corpo quando ele diz isso, mas eu obedeço. Minha inte
Eu estava tão quente. Loucamente quente. Meu corpo está superaquecido, meu cabelo bagunçado, minha boca seca, e os meus sentidos queimados. Ele se afastou ligeiramente.—Minha linda Khadija... —Ele fala com os olhos encapuzados, olhando meu rosto vermelho.Quando eu o olho assim, tão cheio de amor para dar, meu coração sussurra que tudo faz sentido. Eu enganaria a mim mesma dizendo que eu não ficaria vazia sem ele.Movida por esse sentimento, eu o puxo para mim e o faço deitar no travesseiro. Ele joga a cabeça para trás quando cubro seu tórax e abdome com beijos quentes, provando sua pele e ele geme quando passo minha língua e meus lábios nos planos deliciosos de seu tórax. Seus músculos se contraem por causa de sua respiração agitada. Provo cada centímetro de sua pele... Tudo agora se torna urgente entre nós. As mãos procurando o corpo um do outro, elas sem movem, apertam. As respirações são pesadas e nossos gemidos se misturam, eles são profundos, desesperados um pelo outro. Tanto,
Conheci Amina de vista. Ela ficou pouco tempo ao lado do pai, pois passou muito mal. Grávida de seis meses, estava muito emocionada. Então Samir, seu marido, a levou embora. Eles acharam por bem poupá-la. Ela não tinha condições nenhuma de acompanhar o enterro.Percebo que Rashid está me observando. Seu olhar é triste, acho que a realidade está o cercando novamente. Ele e seu pai eram muito unidos.—Está com fome? Quer que eu peça para Zilá trazer algo para você comer?—Não.—Você não é do tipo que faz dietas malucas, não é?—Não, só estou sem fome.—Zilá me disse que não anda comendo bem.Claro, era natural. Eu estava triste com a morte do sheik e a forma que Rashid tem me tratado. Esse era o motivo da ausência de fome.—Se estiver fazendo dieta, pode parar com isso! Você ficará doente. E seu corpo é lindo. Eu gosto do jeito que está.—Eu só ando triste com a morte de seu pai e por você me trancar no quarto.Ele me observa calado por um momento. Chego a ver ternura em seus olhos. Tud
RashidOs demônios do passado não me afligem mais, estão enterrados no profundo da minha alma. Levei muito tempo para aprender a não sentir nada por ninguém, para apagar toda a dor que Jéssica havia me infligido. A única maneira que eu conhecia de silenciar a dor era amortizar meus sentimentos e esquecer meu passado, esquecer o quanto ela me magoou.Eu tentei me libertar da minha alma insensível com Jade. Ela foi algo instigante. Ela me olhava de igual para igual, isso me fez querê-la. Ela me fez acreditar novamente que alguém pudesse me ver além das aparências. Além do meu título, com aquele deslumbramento momentâneo que eu odeio tanto.Como sinto por não ter dado certo. Se eu a tivesse conquistado, eu teria ao meu lado uma bela mulher. Mas não foi isso que acorreu. Então, cheguei à conclusão que eu não deveria ter permitido me deixar iludir novamente. Eu forço agora minha alma ficar dormente, porque se ela não estivesse dormente, eu sentiria tudo.Quando eu tenho flashes de ternura
KhadijaAcordo tarde e faço todas as refeições no quarto, como Rashid orientou. Agora à tardinha minha cabeça está latejando. Zilá não virá mais no meu quarto, só na hora do jantar.Num ímpeto de fúria, me levanto da cama e me troco. Coloco o primeiro vestido que encontro na frente e vou à procura de um comprimido para dor de cabeça.Por Allah! Ninguém merece!Eu entro na sala. Dou logo de cara com o primo de Rashid. Ele é como a maioria da família. Alto, bronzeado, cabelos negros e olhos negros. Ele me reconhece de imediato, pois seus olhos brilham nos meus ao me ver.Percebi seus olhos o tempo todo no enterro. Agora a surpresa por eu estar na casa está estampada em seu rosto.Meu coração se agita em desgosto por ter topado com ele.Khara! (Merda!) Rashid quando souber, não irá gostar nada disso. Uma fraqueza me toma e o medo se transforma em pânico quando ele sorri e se aproxima de mim. Mas graças a Allah o sofá fica entre nós.Sinto o meu coração acelerar quando vejo que seu olhar
O ar é denso com tristeza e com o desejo que sinto por ele toda vez que o vejo. Não importava se a sala tem centenas de pessoas, eu poderia enxergar Rashid entrando em um lugar entre elas a um quilômetro de distância.O primo dele também sente sua presença e fica sem graça quando o encara.—Com licença. — Aproveito para dizer e vou em direção a cozinha.Entro nela à procura de Zilá, entre os armários de madeira, bancadas de granito polido e peças em aço inoxidável. A encontro abaixada, pegando um pano de enxugar que caiu. Ela está cantando uma canção árabe, a mesma que mamãe costumava cantar quando estava feliz: Fein Habibi de Asalah.Quando ela se ergue e me vê, para de assobiar a melodia. —Zilá, você tem remédio para dor de cabeça?Ela sorri.—Temos uma maleta de primeiros socorros, temos de tudo. Espere um pouco que vou buscá-la.—Obrigada. —Respiro fundo e passo os olhos pela cozinha.Em cima de uma mesa grande, vejo um jornal. A foto me chama a atenção. Rashid ao meu lado no en
KhadijaDepois de um tempo, resolvo ir para o quarto. Acho que foi tempo suficiente para não topar com ninguém na sala. Mesmo assim meu coração bate descompassado quando estou prestes a entrar nela. Com alívio percebo não há mais ninguém.Quando abro a porta do meu quarto e dou de cara com Rashid. Ele está sentado na minha cama. Meu coração, já agitado, salta no peito e aumenta seu ritmo. Ele já tinha tomado banho. Está vestido com roupas casuais. Jeans azul claro e camiseta branca. Lindo.... Reparei que ele se cortou fazendo a barba, pois há um pouco de sangue em seu queixo.Os cabelos estão molhados e ele cheira a sabonete e loção pós-barba.—Oi. —Eu digo, com um meio sorriso.—Oi? — Ele cerrou os dentes. —Por que diabos você saiu do quarto? Por que desobedeceu minhas ordens?Allah! Que raiva toda é essa?—Eu estou com dor de cabeça, fui atrás de um comprimido.Ele passa os olhos insolentemente por meu rosto e pelo meu vestido.—Dor de cabeça mesmo? Você me parece muito bem! Saiu p