O ar é denso com tristeza e com o desejo que sinto por ele toda vez que o vejo. Não importava se a sala tem centenas de pessoas, eu poderia enxergar Rashid entrando em um lugar entre elas a um quilômetro de distância.O primo dele também sente sua presença e fica sem graça quando o encara.—Com licença. — Aproveito para dizer e vou em direção a cozinha.Entro nela à procura de Zilá, entre os armários de madeira, bancadas de granito polido e peças em aço inoxidável. A encontro abaixada, pegando um pano de enxugar que caiu. Ela está cantando uma canção árabe, a mesma que mamãe costumava cantar quando estava feliz: Fein Habibi de Asalah.Quando ela se ergue e me vê, para de assobiar a melodia. —Zilá, você tem remédio para dor de cabeça?Ela sorri.—Temos uma maleta de primeiros socorros, temos de tudo. Espere um pouco que vou buscá-la.—Obrigada. —Respiro fundo e passo os olhos pela cozinha.Em cima de uma mesa grande, vejo um jornal. A foto me chama a atenção. Rashid ao meu lado no en
KhadijaDepois de um tempo, resolvo ir para o quarto. Acho que foi tempo suficiente para não topar com ninguém na sala. Mesmo assim meu coração bate descompassado quando estou prestes a entrar nela. Com alívio percebo não há mais ninguém.Quando abro a porta do meu quarto e dou de cara com Rashid. Ele está sentado na minha cama. Meu coração, já agitado, salta no peito e aumenta seu ritmo. Ele já tinha tomado banho. Está vestido com roupas casuais. Jeans azul claro e camiseta branca. Lindo.... Reparei que ele se cortou fazendo a barba, pois há um pouco de sangue em seu queixo.Os cabelos estão molhados e ele cheira a sabonete e loção pós-barba.—Oi. —Eu digo, com um meio sorriso.—Oi? — Ele cerrou os dentes. —Por que diabos você saiu do quarto? Por que desobedeceu minhas ordens?Allah! Que raiva toda é essa?—Eu estou com dor de cabeça, fui atrás de um comprimido.Ele passa os olhos insolentemente por meu rosto e pelo meu vestido.—Dor de cabeça mesmo? Você me parece muito bem! Saiu p
No dia seguinte acordo com a claridade do quarto. Meus olhos sonolentos procuram o relógio. Nove horas. Nessa hora ouço uma batidinha de leve na porta.Rashid costuma entrar, ele não bate para entrar. Com certeza é Zilá com alguma mensagem do patrão.—Entre.—Marḥaba! (Bom dia)—Marḥaba!—O patrão está preocupado com você. Ele te espera para o café da manhã.Com certeza o primo dele, aquele idiota, foi embora.—Oh, que amor! —Ironizei. —Diga a ele que vou tomar café no quarto. Que não me sinto bem.Zilá me olha desconfiada:—Não está grávida, está?—Allah! Não!—Então por que todos esses dias ficou no quarto indisposta?Zilá não sabia do terço a metade.—Peguei uma virose. Rashid não falou?—Falou. —Ela diz observando meu rosto. —Mas eu não acreditei.Quando ela sai, levanto-me preguiçosamente e vou até o banheiro. O reflexo do espelho mostra um rosto triste, mas meu olhar tem aquele brilho resoluto de valorização. Eu preciso ser forte. Não cair nas teias da sedução de Rashid. Ele pre
Eu suspiro quando eu sinto as suas palavras esvoaçantes sobre a minha orelha. Há algo no jeito que ele me chama de linda que acende um fogo interno dentro de mim.—Eh? Mais que Emma Summers?Ele sorri, eletricidade espalha por meu corpo.—Aquela loira aguada?Eu ri.—Loira aguada? Ela é linda!—Muito magra, muito branca, os olhos azuis têm uma frieza nada atrativa e eu sou louco por você. Nenhuma mulher provoca reações no meu corpo como você.Um sorriso lascivo se espalha pelo seu rosto. Meu coração se agita e queixo cai com sua repentina declaração e eu esqueço tudo, até a minha promessa de mantê-lo afastado de mim.Chegamos e logo estamos no meu quarto. Seu polegar afaga meu lábio inferior, e eu deixo escapar um suspiro quando ele me puxa para mais perto. Eu envolvo meus braços em volta de sua cintura, deslizando dentro de seu terno negro enquanto seus lábios caem contra o meu. Ele ri contra os meus lábios e toma as minhas mãos nas suas, me impedindo de despi-lo.Ele tira o meu fôle
Meia hora depois eu mergulho em um sono profundo com sonhos desencontrados. Imagens confusas. Quando abro meus olhos, o quarto já está claro e dou com um par de olhos negros na minha direção.—Oi. —Eu digo rouca.Lembro-me que quando me dei conta do quanto eu o amo, eu me senti sem chão. Chorei muito. Foi como se entrasse num sentimento sem volta, numa gaiola sem chave. Tento achar dentro de mim a sensação de liberdade nisso tudo. Afinal viver um sentimento é se desprender de pensamentos contraditórios, é ter fé que tudo dará certo.—Oi. —Ele diz rouco.Sua boca encontra a minha em um beijo de tirar o fôlego. Nossos lábios se encaixam perfeitamente, e talvez por isso fosse sempre tão intenso, tão profundo. Investidas de urgência dos dois lados, ambos nos beijando, nos tocando. Excitante demais.Quando nos afastamos seus olhos escuros estão me estudando com nenhuma emoção. O silêncio no quarto é irritante. Cada leve movimento, cada som é ampliado uma centena de vezes. Eu posso ouvir no
Mãos firmes seguram meu traseiro. Um sorriso lascivo se espalha pelo seu rosto. Ele então se levanta e me olhando tira a calça e a cueca.—Uma coisa eu tenho certeza. Eu sou louco por você. Insano. —Ele ri contra meus lábios, enviando energia elétrica incandescente na minha espinha. —Mas não me negue nada. Porque eu não posso lidar com uma pequena amostra de você. Eu te quero por inteiro.Mordo o fundo do lábio para não sorrir como uma idiota.É amor, Rashid... eu sei que é....Fecho os olhos e tento resolver os meus pensamentos. E pensar que momentos atrás eu queria ele fora de mim e longe. Mas só de imaginar minha vida sem ele, sinto uma perda muito grande. Uma mistura revestida de saudade e de dor.O desejo flui em minha barriga quando ele me beija roubando meu fôlego. Agora que eu não penso em mais nada. Ele brinca com meus seios, e estou gemendo como um pedido para que ele continue.Minhas mãos envolvem em torno de suas costas, acariciando os músculos rígidos. Suas mãos ainda est
Tem tanta coisa que quero dizer para ele, mas retenho. Ainda não é o momento. Ele mesmo confessou que é um passo muito grande que ele está dando comigo.Allah! Isso é triste...Ele precisa acordar, ser sacudido.Como?Eu não sei quando ele vai se render. Só sei que ele tem lutado para manter seus sentimentos afastados, mas sei que tem perdido. Não se conforma que está apaixonado por uma mulher que ele nunca imaginou que se apaixonaria.Allah! Lá estava eu, imaginando tudo isso. Usando a minha fé.Será que a paixão me cegou? Fazendo-me acreditar em coisas que só eu enxergo?Rashid me puxa para os seus braços. Eu me deito ao lado dele e ele me dá um beijo carinhoso nos lábios.Meu primeiro beijo carinhoso sem estar representando. Ele só me dava beijo sexual. Ligado ao prazer e ao sexo.—Está com fome?Dou-lhe um sorriso.—Muito e você?—Eu também.Eu o encaro intrigada.—Rashid, por que...Ele se senta—Não! —Ele diz seco.Eu me sento.—Não? Você nem sabe o que eu ia te perguntar?—Sei.
Rashid me beija com voracidade. Tento acalmar minha respiração e minimizar os sons que escapam de meus lábios, e perco o autocontrole. O que é isso? Maratona de amor? Virando-me mais na banheira, fico de frente para ele e correspondo seu beijo. Rashid me segura pela cintura e me traz mais para ele. Logo estou com os joelhos dobrados na banheira e em seu colo. Eu estava totalmente perdida na sensação boa de estar em seus braços novamente, com aquele desejo cru, que só ele conseguia despertar em mim. Não achei que acontecesse novamente, afinal acabamos de fazer sexo na cama, mas ele estava duro novamente e me penetrou. Pouco a pouco. Roubou o me fôlego quando entramos no jogo do entra e sai, criando ondas na banheira. Sussurrando palavras inteligíveis e gemendo ele alcançou um ritmo que nos faria chegar ao ápice. Eu fecho os olhos gemendo. Tremia ofegante, pedindo por mais. Quando o prazer rasga o meu ventre e dissemina vários arrepios pela minha pele, eu fecho os olhos e aperto os