Gabriel: "Como assim? Que história é essa?"Mariana: "Ela apareceu hoje no hospital e devolveu uma calcinha minha que estava no seu carro. Fez isso na frente de todo mundo."Gabriel lê a mensagem várias vezes antes de responder.Gabriel: "Podemos nos encontrar para falar sobre isso?"Mariana: "19h no café em frente ao hospital."O relógio marcava exatamente 19h quando Mariana entrou no café, sem desviar o olhar da porta. Cada segundo de espera parecia alimentar sua frustração, que já ameaçava transbordar.Poucos minutos depois, Gabriel chegou, com o semblante sério e a postura controlada de sempre. Ele se aproximou da mesa e sentou-se sem cerimônia.O silêncio inicial entre os dois foi tenso, como se cada um aguardasse o próximo movimento. Finalmente, Gabriel quebrou o silêncio.— Como assim, Alice "pegou" a sua calcinha?Mariana inclinou-se um pouco para frente, o olhar carregado de desapontamento.— Ela apareceu no hospital, Gabriel. Com a minha calcinha em mãos. E fez questão de “d
Ao cruzar as portas do hospital no plantão seguinte, Mariana sentiu os olhares de alguns colegas se voltarem discretamente na sua direção, seguidos de sussurros abafados. Tentou manter a postura firme, como se aquilo não a afetasse, mas o nó em seu estômago só apertava. Aproximou-se do balcão da enfermagem, onde Clara, sua colega de plantão, a esperava com um olhar de preocupação. — Como você está? — perguntou Clara em voz baixa, tentando oferecer um sorriso de apoio. — Sobrevivendo, eu acho — respondeu Mariana, forçando um sorriso que não alcançou os olhos. — Mas parece que todo mundo tem uma opinião sobre a minha vida agora. Clara suspirou, lançando um olhar de reprovação na direção de alguns colegas que cochichavam do outro lado do corredor. — As pessoas adoram um escândalo. Mas isso vai passar, você sabe como são as coisas aqui. Logo, alguém faz outra besteira e todos esquecem. — Tomara que sim. — Mariana pegou a prancheta e começou a revisar os prontuários dos pacientes,
Mariana estava no balcão da enfermagem, fazendo algumas anotações no prontuário do paciente que havia monitorado no pós-operatório. Os números e registros preenchiam a página, mas sua mente estava distante, ainda processando o que havia acontecido. Quando terminou de escrever, seu celular vibrou sobre a bancada. Ela pegou o aparelho e, ao ver o nome do contato que apareceu na tela, sentiu um misto de desconforto e nostalgia. Meu cirurgião favorito, lia-se na tela ao lado da mensagem de Gabriel. Mariana revirou os olhos, sentindo uma pontada de frustração. — Eu realmente preciso mudar isso... — murmurou para si mesma, mas hesitou por um instante, com o dedo pairando sobre a tela. Respirou fundo e deixou o contato como estava, ainda não pronta para apagar o que antes havia sido um símbolo de cumplicidade entre os dois. Ela abriu a mensagem e começou a ler. Um nó formou-se em seu estômago, e uma sensação de exaustão a invadiu. Quando eu penso que não pode piorar, acontece coisa pior
Mariana estava no vestiário, trocando de roupa ao final do plantão, quando ouviu a porta ranger ao ser aberta. Ao se virar, deu de cara com Alice, que entrou sorrindo levemente, o olhar frio e calculista. — Sabe, Mariana, fiquei sabendo da reunião com o comitê. Parece que as coisas estão bem complicadas para você, não é? — Alice disse, enquanto se encostava no armário ao lado, como se fosse uma conversa casual. Mariana sentiu a raiva ferver dentro dela, mas manteve a expressão controlada. — Não é nada que eu não possa lidar, Alice. — respondeu, tentando manter a voz firme. Alice ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços, como se estivesse saboreando cada palavra. — Espero que sim, querida. Porque, pelo que eu ouvi, parece que eles estão bem interessados em saber como você deixou aquilo acontecer... — Ela fez uma pausa, inclinando-se um pouco mais, seu sorriso se tornando ainda mais afiado. — Nunca é fácil quando se tem a responsabilidade de algo tão importante, não é mesmo?
A brisa fresca da noite aliviava um pouco o peso que ela carregava nos ombros. Ao se sentarem, Matheus tirou uma pequena caixa do bolso interno de seu blazer e a entregou, com um sorriso gentil.— Pensei em trazer algo para animar você, mesmo que só um pouco. — Ele estendeu a caixa, revelando um presente delicado.Mariana olhou para a caixa, surpresa. Era uma embalagem luxuosa da La Maison du Chocolat, famosa por suas trufas e ganaches. O nome dourado da marca cintilava à luz suave do jardim. Ela abriu a caixa, revelando uma seleção de trufas brilhantes.— Matheus... não precisava... — disse Mariana, sorrindo, emocionada. — São... são lindos.— Eu sei que você gosta de chocolate, e esses são os melhores que encontrei. — Matheus respondeu, sorrindo. — Achei que você merecia um mimo depois de tudo.— Você aceita? — perguntou ela, estendendo a caixa em sua direção.— Não, obrigado. São todos seus. — Ele falou com um sorriso nos lábios.Mariana pegou uma das trufas, mordendo delicadamente
Mariana entrou na sala de preparação, o ar frio tocando sua pele enquanto lavava as mãos. O som da água parecia amplificado pelo ritmo acelerado de seu coração. Logo, Gabriel entrou. O perfume amadeirado dele preencheu o ambiente, e ela sentiu um arrepio subir pela espinha.Ela tentou focar no que fazia, mas a proximidade dele a desestabilizava. Quando ele virou as costas para que ela amarrasse o avental, seus dedos trêmulos encontraram o tecido, e ela prendeu a respiração por um segundo. O calor do corpo dele contrastava com o ambiente frio da sala, e seu coração parecia bater mais rápido.— Está pronto, doutor. — sussurrou, tentando esconder a tensão em sua voz.Gabriel lançou um olhar rápido, e um meio sorriso surgiu em seus lábios.— Obrigado, Mariana.Ela desviou o olhar, sentindo o rosto aquecer. Clara entrou e quebrou o momento.— A sala está pronta, começam em cinco minutos.Mariana apenas assentiu, tentando ignorar o turbilhão de sensações que ainda a envolviam enquanto segui
A equipe do hospital estava reunida em um bar próximo, organizado pelo Dr. Marcos para dar as boas-vindas ao novo anestesista, Dr. Pedro Sampaio. A música suave e o ambiente descontraído contrastavam com a rotina pesada do hospital. Clara, animada, fazia piadas enquanto Pedro, ainda tentando se enturmar, ria e respondia com simpatia.Mariana estava sentada ao lado de Clara, observando a interação dos colegas, contente em ver a amiga tão à vontade. Pedro, sentado de frente para ela, trocava olhares e sorrisos ocasionais, tentando se aproximar. Mariana respondia com um sorriso educado, mas mantinha um ar de reserva.— E aí, Mari, gostando da noite? — Clara perguntou, cutucando-a de leve. — Faz tempo que não vejo todo mundo tão descontraído.— É bom ver todos fora do hospital por um momento. — Mariana respondeu, lançando um olhar para Pedro, que conversava animadamente com os outros. — E parece que Pedro está se enturmando bem rápido, não é?Clara deu uma risadinha, observando Pedro com
Mariana seguiu Gabriel até o estacionamento do bar, onde ele parou ao lado de um Audi R8 preto. O carro reluzia sob as luzes da rua, refletindo a sofisticação e o gosto caro de seu dono. Gabriel destravou o veículo, e o som suave da chave fez Mariana erguer uma sobrancelha, já preparando uma resposta provocativa.— Claro que você teria um carro desses. — comentou ela, com um tom ácido, enquanto Gabriel abria a porta do passageiro para ela. — Um Audi R8 combina perfeitamente com seu jeito de querer controlar tudo e todos, não é?Gabriel manteve um meio sorriso, sem se deixar abalar pela provocação. Ele esperou que ela se acomodasse antes de fechar a porta com cuidado e contornar o carro até o lado do motorista. Entrou e, enquanto ligava o motor, lançou um olhar rápido para Mariana.— Talvez seja isso mesmo. Ou talvez eu só goste de dirigir algo que responde perfeitamente ao comando. — Ele disse, o tom carregado de um sarcasmo sutil, enquanto o som grave do motor preenchia o silêncio.M