A brisa fresca da noite aliviava um pouco o peso que ela carregava nos ombros. Ao se sentarem, Matheus tirou uma pequena caixa do bolso interno de seu blazer e a entregou, com um sorriso gentil.— Pensei em trazer algo para animar você, mesmo que só um pouco. — Ele estendeu a caixa, revelando um presente delicado.Mariana olhou para a caixa, surpresa. Era uma embalagem luxuosa da La Maison du Chocolat, famosa por suas trufas e ganaches. O nome dourado da marca cintilava à luz suave do jardim. Ela abriu a caixa, revelando uma seleção de trufas brilhantes.— Matheus... não precisava... — disse Mariana, sorrindo, emocionada. — São... são lindos.— Eu sei que você gosta de chocolate, e esses são os melhores que encontrei. — Matheus respondeu, sorrindo. — Achei que você merecia um mimo depois de tudo.— Você aceita? — perguntou ela, estendendo a caixa em sua direção.— Não, obrigado. São todos seus. — Ele falou com um sorriso nos lábios.Mariana pegou uma das trufas, mordendo delicadamente
Mariana entrou na sala de preparação, o ar frio tocando sua pele enquanto lavava as mãos. O som da água parecia amplificado pelo ritmo acelerado de seu coração. Logo, Gabriel entrou. O perfume amadeirado dele preencheu o ambiente, e ela sentiu um arrepio subir pela espinha.Ela tentou focar no que fazia, mas a proximidade dele a desestabilizava. Quando ele virou as costas para que ela amarrasse o avental, seus dedos trêmulos encontraram o tecido, e ela prendeu a respiração por um segundo. O calor do corpo dele contrastava com o ambiente frio da sala, e seu coração parecia bater mais rápido.— Está pronto, doutor. — sussurrou, tentando esconder a tensão em sua voz.Gabriel lançou um olhar rápido, e um meio sorriso surgiu em seus lábios.— Obrigado, Mariana.Ela desviou o olhar, sentindo o rosto aquecer. Clara entrou e quebrou o momento.— A sala está pronta, começam em cinco minutos.Mariana apenas assentiu, tentando ignorar o turbilhão de sensações que ainda a envolviam enquanto segui
A equipe do hospital estava reunida em um bar próximo, organizado pelo Dr. Marcos para dar as boas-vindas ao novo anestesista, Dr. Pedro Sampaio. A música suave e o ambiente descontraído contrastavam com a rotina pesada do hospital. Clara, animada, fazia piadas enquanto Pedro, ainda tentando se enturmar, ria e respondia com simpatia.Mariana estava sentada ao lado de Clara, observando a interação dos colegas, contente em ver a amiga tão à vontade. Pedro, sentado de frente para ela, trocava olhares e sorrisos ocasionais, tentando se aproximar. Mariana respondia com um sorriso educado, mas mantinha um ar de reserva.— E aí, Mari, gostando da noite? — Clara perguntou, cutucando-a de leve. — Faz tempo que não vejo todo mundo tão descontraído.— É bom ver todos fora do hospital por um momento. — Mariana respondeu, lançando um olhar para Pedro, que conversava animadamente com os outros. — E parece que Pedro está se enturmando bem rápido, não é?Clara deu uma risadinha, observando Pedro com
Mariana seguiu Gabriel até o estacionamento do bar, onde ele parou ao lado de um Audi R8 preto. O carro reluzia sob as luzes da rua, refletindo a sofisticação e o gosto caro de seu dono. Gabriel destravou o veículo, e o som suave da chave fez Mariana erguer uma sobrancelha, já preparando uma resposta provocativa.— Claro que você teria um carro desses. — comentou ela, com um tom ácido, enquanto Gabriel abria a porta do passageiro para ela. — Um Audi R8 combina perfeitamente com seu jeito de querer controlar tudo e todos, não é?Gabriel manteve um meio sorriso, sem se deixar abalar pela provocação. Ele esperou que ela se acomodasse antes de fechar a porta com cuidado e contornar o carro até o lado do motorista. Entrou e, enquanto ligava o motor, lançou um olhar rápido para Mariana.— Talvez seja isso mesmo. Ou talvez eu só goste de dirigir algo que responde perfeitamente ao comando. — Ele disse, o tom carregado de um sarcasmo sutil, enquanto o som grave do motor preenchia o silêncio.M
Mariana sentiu o calor do corpo de Gabriel contra o seu, e por um instante, o mundo lá fora desapareceu. A porta se fechou com um estalo surdo, isolando-os no corredor estreito do apartamento. O beijo continuava intenso, carregado de desejo reprimido. As mãos de Gabriel deslizaram pela cintura dela, enquanto ela se agarrava aos seus ombros, lutando para controlar a respiração.Por um momento, pensou em recuar, manter a distância que havia decidido. Mas o toque de Gabriel, a forma como ele a puxava para perto, a fez se perder, entregando-se àquele instante.Gabriel quebrou o beijo, ainda perto, as respirações misturando-se. Os olhos dele tinham um brilho raro, um misto de intensidade e algo mais profundo.— Mariana... — Ele começou, a voz rouca e hesitante. — Se quiser que eu pare, eu...Antes que ele terminasse, Mariana o puxou de volta, o beijo interrompendo qualquer explicação. Gabriel respondeu com ainda mais urgência, explorando cada curva do corpo dela, como se tentasse recuperar
Na manhã seguinte, Mariana acordou cedo, o sol já brilhando intensamente pela janela do seu apartamento. Após uma rápida refeição, ela se arrumou, tentando deixar de lado as memórias da noite anterior. O trabalho a esperava, e ela precisava estar focada.Chegando ao hospital, Mariana respirou fundo, sentindo a familiaridade do ambiente. Os corredores movimentados, o cheiro de desinfetante e o som distante das máquinas estavam sempre lá, criando uma sensação de conforto em meio ao caos. Mas, naquele dia, havia uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar.Mariana ajustou a máscara e se posicionou na sala de cirurgia, revisando rapidamente a lista de materiais. Gabriel entrou logo em seguida, dando uma olhada geral na equipe e cumprimentou Mariana com um breve aceno.— Tudo pronto por aqui, Mariana? — perguntou ele, em um tom firme, mas cortês.— Sim, doutor Gabriel. Conferi o equipamento e os materiais. Podemos começar assim que o senhor estiver pronto. — respondeu Mariana, com profi
No plantão, Mariana chegou ao hospital tentando manter o foco no trabalho, apesar da nuvem de incerteza e da tensão que pesava sobre ela desde o incidente na cirurgia. Contudo, logo ao entrar, foi chamada ao escritório da administração. A expressão séria do chefe e da representante do RH fez um calafrio percorrer sua espinha. — Mariana, devido ao incidente ocorrido na cirurgia do plantão anterior, a administração decidiu suspendê-la enquanto conduzimos uma investigação completa — informou o chefe, com um tom formal e inexpressivo. Mariana arregalou os olhos, surpresa e sem entender completamente. A palavra “suspensa” ecoou em sua mente como um golpe, fazendo seu coração disparar. — Suspensa? Mas… eu revisei a contagem das gazes. Fiz tudo corretamente, eu… — tentou argumentar, sentindo a voz vacilar, mas foi interrompida pela representante do RH. — Esta é uma medida preventiva, Mariana — disse a mulher, fria. — Precisamos assegurar que a situação seja apurada sem interferências.
O toque suave do celular despertou Mariana, que abriu os olhos devagar, sentindo o peso das incertezas que a acompanhavam há dias. Os últimos acontecimentos pareciam ter deixado uma marca profunda, e o silêncio entre ela e Gabriel só aumentava sua angústia.Ao pegar o telefone, viu uma mensagem dele: “Mariana, está tudo bem? Vi que você tentou me ligar, estava ocupado aqui. Fico preocupado.”Ela leu a mensagem várias vezes, sentindo uma mistura de surpresa e confusão. Gabriel parecia preocupado, mas uma conversa ainda parecia uma barreira distante. Mariana suspirou e, hesitante, colocou o celular de lado. Precisava manter o foco.Depois de se arrumar, seguiu para o hospital, decidida a fazer sua primeira consulta pré-natal. Precisava esclarecer sua situação e estava pronta para o apoio da amiga na obstetrícia, embora cada passo pelo corredor trouxesse a lembrança do afastamento e dos olhares de curiosidade dos colegas.Ao dobrar uma esquina, deparou-se com Alice, que a observou com um