TucaSão oito e meia da manhã e eu estou entrando na empresa com passos rápidos demais, segurando um imenso copo de isopor cheio de um líquido esverdeado que a Val fez para mim. Os óculos escuros escondem as minhas olheiras pois mal tive tempo de me maquiar. Então vocês já podem imaginar que eu estou estupidamente atrasada para o meu primeiro dia de trabalho no início da semana, e tudo devido a uma competição boba de margaritas.É lógico que isso só aconteceu porque eu não consigo dizer não para um maldito desafio.O lado bom? Eu ganhei quinhentos dólares com essa brincadeira boba.O lado ruim? Perdi a hora do trabalho, estou com uma puta ressaca e estou um bagaço também. Juro que eu trocaria o meu prêmio por uma cama macia e mais algumas horas de sono.Assim que as portas do elevador se abrem respirei fundo e forço um sorriso, cumprimentando a todos pelo largo corredor. A cabeça de May parece que vai sair do seu pescoço quando ela se estica para me olhar passar apressada pelo corredo
Tuca— Você viu quem está aqui na empresa? — Sidney pergunta, entrando na minha sala. Ela parece bem empolgada com a novidade.— Não, quem?— Gustavo Peterson. Deus do céu, que homem gostoso é aquele? Acredita que ele fez o andar inteiro parar? A mulherada parecia se derreter quando o homem passava.Reviro os olhos para o seu comentário, mas não consegui evitar de esticar o meu pescoço para tentar vê-lo através do vidro transparente da enorme janela na minha frente. Ele está na sala do meu chefe e ambos estão conversando animados.— O que será que ele veio fazer aqui? — indago sem tirar os meus olhos de cima do meu cliente que esbanja um lindo sorriso espontâneo. Observo os seus cabelos bem arrumados, a camisa que desenha com perfeição um peitoral malhado e as mangas curtas que oprimem os braços fortes.Suspiro baixinho e bem sutil.— Ainda faltam duas horas para a nossa reunião. — Completo.— Não faço a menor ideia, mas eu sei que Ramon também não o esperava.— Ah, não? — Desvio rapi
Tuca— Ora quem diária, Vitória Andrada? — A voz fina de July cantarola, enquanto os seus olhos correm de cima a baixo pelo meu corpo. Agradeço a Val mentalmente pelo maravilhoso suco que sugou cada gota de álcool do meu sangue. E sim, eu estou plena, vigorosa, no auge da minha beleza e sorrindo para esse projeto de gente.— Nossa, vocês dois por aqui tão cedo? A lua de mel já acabou?Não seguro um malicioso tom de deboche.— Pois é, essa é a desvantagem de ser a esposa do vice-presidente da StarBooks. — Seu sorriso se amplia.Grande coisa! Resmungo mentalmente.— Você sabe, muito trabalho para o Pochicho me mimar bastante. Não é, Pochicho?Pochicho? Que diabos de apelido é esse? A ariranha começa a alisar o rosto do Alec e ele parece forçar um sorriso para aquele gesto. Então ela segura em cada lado da sua cabeça e o puxa para um beijo, praticamente enfiando a língua dentro da boca dele. Eca, ela acabou de estragar todos os deliciosos conceitos de um bom beijo na boca para mim. Juro
TucaJantar em família sempre foi algo que eu amava fazer antes de a minha vida se tornar essa comédia da vida real. Na mesa rolava de tudo. O dia cansativo de trabalho do meu pai, o dia tranquilo de dona de casa da mamãe, as fofocas da vizinhança e tinha a Karen sempre tentando impressionar os nossos pais. Eu não ligava muito com isso, até porque eu gostava da minha vida do jeito que ela era, mas fazia com que ela pensasse que me incomodava, assim ela continuava com a sua luta incansável para chegar ao topo.Apesar de ser gordinha eu não tinha limites e estava metida em quase tudo do currículo escolar, fora o futebol, pois vamos e convenhamos que de bola só bastava uma no meio do campo, certo?Brincadeirinha!Enfim, como mencionei no início desse capítulo, eu amava esses jantares. Não é que eu não goste mais, eu só acho chato que após dois anos sem fazer isso - pois eu tinha uma vida resumida entre o trabalho e o meu ex, tudo parece tão estranho agora. E depois do término, eu sou uma
TucaMinutos depois…— Me ajudem a pôr a mesa, meninas.Donna pede com um sorriso enorme nos lábios. Portanto, vou até o balcão e pego uma vasilha transparente com um formato de meia cuba, cheia de salada e observo a Karen segurar uma travessa com as panquecas recheadas do outro lado, enquanto mamãe leva a outra travessa com o arroz de forno. Em cima do balcão tem um pequeno bolo de dois andares com um tipo de glacê branco e suas bordas têm um franzido delicado, mas são as flores com tons suaves que dão um lindo colorido para o bolo. Karen me lança um olhar cúmplice e sorrir para mim.— Ela gosta mesmo disso, não é? — resmunga.— Parece que sim.Saímos da cozinha direto para a sala de jantar e ajudamos a pôr os pratos na mesa de seis lugares. Não demora muito para ela ficar recheada de pratos deliciosos e logo ocupamos os nossos lugares. Minutos depois, parece que voltei alguns anos da minha vida no tempo. É como se eu nunca tivesse saído de casa realmente, como se eu ainda fosse a Tu
TucaEngulo em seco, erguendo os meus olhos para encarar a minha mãe e depois o meu pai. Eu realmente não sei o que pensar e tão pouco o que dizer disso. Meu recente ex-noivo enviou um presente de aniversário para a minha mãe com cartão e tudo, e ela não se deu o trabalho de me contar?— Ele não devia estar no meio dos outros presentes? — Donna fala receosa. Volto o meu olhar para os três na sala que ainda me encaram com aquele maldito olhar de pena e saio de lá sem dizer nada. — Tuca, filha? — Mamãe me chama desanimada.De verdade, não é o presente e nem a pessoa que o enviou que me incomodava. É aquela maldita cumplicidade que eles tiveram com o homem que me traiu da forma mais sórdida possível. De alguma forma Alec invadiu o nosso momento familiar quando ele havia me magoado fortemente. Saio de dentro da casa batendo a porta com força, entro no meu carro e saio cantando pneus na pista molhada.Porra, eu esperava isso de qualquer pessoa menos da minha própria família! ***Alguns di
TucaO carro para em frente a elegante e luminosa boate que a essa hora da noite já tem uma fila que chega a dobrar o quarteirão. O céu negro de Seattle por incrível que pareça está limpo, mas ainda assim a noite está fria. Saio do carro seguida pelo trio que carrega uma animação contagiante e sobre os olhares curiosos das pessoas que aguardam ansiosos na fila, me aproximo de um dos enormes seguranças e sibilo o nome Peterson como me pediu e logo ele libera a nossa passagem.Uau! Penso quando percebo a magnitude da Moom por dentro. a boate é simplesmente fantástica com suas luzes alegres piscando para todos os lados. Aqui do alto da escadaria é possível ter uma visão completa do ambiente extremamente espaçoso, porém, superlotado. Do outro lado do salão tem uma cabine semiescura onde um DJ brinca com os seus brinquedinhos eletrônicos, fazendo uma música dançante criar forma e tons, fazendo todos se mexerem de uma forma eletrizante.— Uhuuuuuu! — Mirela grita empolgada e enquanto ela de
TucaLogo o mesmo braço passou por cima do encosto do sofá e descansou no meu ombro. No ato, ergui a minha cabeça para olhá-lo com firmeza e os nossos olhos se encontraram, pelo menos até que os meus olhos atrevidos desceram para a sua boca e a lembrança de um certo beijo roubado preencheu a minha mente me fazendo salivar de vontade de repeti-lo.— Agora me mostre — Peterson pede me fazendo erguer os olhos outra vez, encontrando os seus novamente. Contudo, ajeito-me em cima do sofá e me forço a olhar para frente, para uma parede de vidro que mostra as pessoas acomodadas nos bancos do balcão do bar e as avalio uma a uma. Segundos depois, paro em três moças que bebem e conversam animadas, pelo menos duas delas.— Aquela garota. — Aponto para a moça de aparentemente vinte e cinco anos.— O que tem ela?— Observe os seus cabelos. Ela não se deu ao trabalho de arrumá-los. Veja o quão está recuada das suas amigas, o tempo todo está cabisbaixa. Ela não quer estar aqui.— Por que acha isso? —