(Renata Valentini)Apesar de sentir que abri os olhos, parece que não o fiz, a escuridão está tão espessa que a sensação é de que fiquei cega. Levanto de onde quer que eu esteja, e a minha cabeça lateja, parece que sem mamutes passaram por cima de mim. Tateio o chão, é fofo e macio, sigo engatinhando e encontro as paredes, elas são da mesma textura do chão, macio fofo e frio. Com passos lentos caminho até encontrar um canto da parede e sento-me, abraço os meus joelhos, sinto os meus olhos arderem.“Por que estou aqui? O que vão fazer comigo?” — O medo corta o meu peito e as lágrimas coem como cascatas, não sei por quanto tempo eu dormir, e nem onde estou, não consegui ver o rosto dos homens que me sequestraram. O meu coração dói tanto, eu antes de apagar supliquei para que Filippo aparecesse e salvasse-me mais uma vez, mas isso não vai acontecer, ele não vai aparecer por mim, talvez ele nem mais se lembre da minha existência.Constatar isso machuca-me, mesmo já tendo passado dois mese
(Renata Pelegrini)— Cof-cof! — Desperto sentindo o meu rosto molhando, a água fria entrou pelo meu nariz. Isso arde.— Pensei que não ia mais acordar. — A voz de um homem desconhecido fala perto de mim, obro os olhos e o vejo com um balde na mão.— O que você quer? — Pergunto com a voz fraca, o meu corpo inteiro ainda dói.Ontem, eles entraram na sala onde eu estava, assim que a porta abriu eu tentei fugir, mas antes que eu alcançasse a porta tomei um soco tão forte na boca do estômago que senti o gosto metálico na minha boca, acabei vomitando também, e logo depois desmaie em cima do meu vômito misturado com sangue. E agora, acordo aqui, num lugar totalmente diferente. — Atrás daquela porta, tem um banheiro, tome banho. — O homem joga uma toalha e um vestido no meu rosto. — Tem cinco minutos, se não sair, eu entro e termino de banhar-te.Um calafrio horripilante percorrer a minha espinha, mesmo me sentindo fraca e um pouco zonza, levanto-me da cama e com passos apressados sigo par
(Renata Pellegrini)— Dei-me a tua mãe. — Tiago pede com a mão estendida.Eu chorei por tanto tempo que perdi a noção desde a hora em que Tiago saiu para atender o telefone, não sei se passaram minutos ou passaram-se horas, estou deitada abraçando as minhas pernas, as lágrimas ainda caem amargas pelos meus olhos. Amanda... Caio... será que eles deram queixa sobre o meu desaparecimento?— Estou com pressa! — Ele branda raivoso.Tiago pega o meu pulso forçando-me a quebrar o meu alto-abraço, o meu pulso arde com o seu aperto, ele desliza por meu dedo um anel com uma pedra solitária no centro, tento puxar a minha mão, mas, ele aperta ainda mais me obrigando a permanecer imóvel.— Se você tirar o anel, eu decepo a sua mão. — Ele ameaça-me saltando a minha mão.Massageio o meu pulso, a minha pele está ardendo.— Por que colocou essa coisa no meu dedo? — Pergunto com a voz rouca pelo choro.— Para que todos saibam que você agora é a minha noiva.— Seu louco! Jamais me casarei com você! — Gr
(Filippo Valentini) O silencio que se estende por esta sala é pesado, olho para o velho Dominic e na sua cara enrugada dá para ver que, assim como eu, ele também está a esperar por uma resposta de Vicenzo. — Renata foi parar na empresa de Filippo por causa de Matteo, ele sempre soube onde a sua neta estava e ajudou o pai dela a mantê-la escondida de você. — Vicenzo olhando para o velho, cuja a feição começa a ficar vermelha de raiva. — Passei anos pedindo a vossa ajuda para encontrar a minha neta, e foram vocês que a mantiveram escondida de mim por todos esses anos!? — A pesar de Dominic fala se controlando, nota-se no seu tom rouca a raiva. — Vocês têm noção do... — Você matou a sua única filha, diante de todos como exemplo do que acontece com que desobedece às suas ordens. — Vicenzo o interrompe. — Você açoitou-a e depois a fuzilou, sua própria filha! Você nem sequer deu um enterro a ela, mandou que a jogassem em algum buraco alegando que ela trazia vergonha para a sua famiglia!
(Renata Pelegrini)— Vista! — Tiago joga um bolsa na minha direção, não me esforço para agarra-la, eu deixei-a cair nos meus pés.Ele sai do quarto e tranca a porta por fora, já tem meia hora que desci daquele helicóptero, vomitei duas vezes e agora estou a vestir apenas um roupão. Não faço a mínima ideia de onde estou, eu desmaiei após levar um tapa no rosto por vomitar em cima dele duas vezes.Pego a sacola do chão e puxo a roupa, o meu coração sangra ao ver o vestido completamente branco, o deito na cama e toco as pedrinhas que enfeitam o decote tomara que caia no formato de coração. Parece um vestido de princesa, cheio de babadinhos que vão até o chão.Não consigo controlar as lágrimas, e consequentemente também não controlo os soluços, sento-me no chão apoiando as minhas costas na cama.Eu sempre quis casar-me, vestir um vestido tão lindo quanto esse e ser feliz com a minha família, eu pensei que iria casar-me com Filippo, doce ilusão... Ele abandonou-me, apenas se divertiu comig
(Filippo Valentini) Mesmo com uma bala alojada no meu braço e o sangue escorrendo por cima do meu olho esquerdo, devido ao golpe com uma barra de ferro que levei na testa, o que mais doí-me é vê-la com o rosto inchado — nitidamente porque apanhou — e completamente molhado de lágrimas. Sinto o ódio percorrer por minhas veias. — Togliete le mani da mia donna! — “Tire as suas mãos de cima da minha mulher!”, brando raivoso enquanto ergo a minha arma, aponto-a para o verme que segura Renata pela cintura. — Sabia que é feio aparecer numa festa em que não foi convidado, ragazzo? — Tiago debocha enquanto aponta a arma na cabeça da Renata. — Mas o teu padre não teve o devido tempo para educar-te, não é? Pobre homem, morreu jovem demais. — Sequestrar a noiva de outro homem, não é educado. — Revido e destravo a arma, ao ouvir o som da arma dele fazendo a mesma coisa, controlo-me para não demonstrar o nervosismo. Preciso manter-me frio, o plano precisa seguir. — Oh, então você descobriu. Ma
(Renata Pellegrini) Sinto os meus pelos arrepiarem ao sentir o toque de Filippo na minha cintura, céus! Como eu senti a falta dessas mãos. Controlando o suspiro de alegria por tê-lo tão perto mais uma vez, desvio o meu olhar da sua mão para o seu rosto e Filippo está com o maxilar trincado, vejo irá nos seus olhos, sua mão aperta ainda mais a minha cintura. Fito a figura de um senhor em pé no meio da sala e os seus olhos estão fixos em Filippo, parece que estão duelando. O senhor de cabelos grisalhos é o primeiro a quebrar a troca de olhares, os seus olhos pausam em mim e uma sombra de sorriso aparece, mas logo desaparecendo. Por um instante, penso ter visto dor no seu olhar, como se ao me ver, lembranças ruins o atormentassem. — Soube que foram resgatar a minha neta, eu vim buscá-la. — O senhor fala, o aperto de Filippo aumenta. — Ela não irá a lugar nenhum com você, Dominic. — Filippo diz e apenas escuto a conversa estranhas entre eles. De quem eles falam? Eu quero afastar-me, m
(Renata Pellegrini) Fico a encarar o objeto nas suas mãos, eu não sei o porquê, mas o meu coração aperta, não faço ideia do que terá do outro lado e por alguma razão inexplicável eu sinto... medo? Mas eu já estou na merda mesmo. Pego o porta-retrato e o viro, trovo o maxilar ao reconhecer a figura masculina na foto... é o meu pai... ele segura um bebê e ao seu lado tem uma mulher, sinto o meu coração bater mais rápido, é como se eu estivesse a olhar-me num espelho... — Essa mulher... — Começo a falar, mas Vicenzo interrompe-me. — Marieta Martinelli, a principessa della famiglia Martinelli. — Ele diz. — A sua mãe deu a vida por você. — I-isso não pode ser verdade. — Falo nervosa. — Eu sou brasileira, nasci e cresci no Brasil, eu... — Você é italiana, nasceu aqui, na Itália, o teu padre fugiu com você para o Brasil. — Isso não pode ser verdade... — Falo ainda encarando o porta-retrato nas minhas mãos. — Nunca achou estranho o fato do nome do seu pai nas constar nos seus documento