(Filippo Valentini) — Você precisa comer! — Renata exclama de novo. — Não estou com fome. — Repito pela quinta vez sem olhá-la nos olhos. Desde a hora em que chegamos em casa, a única coisa que fiz foi tomar um banho e sentar-me na cama, coloquei o meu celular no centro do colchão e não tirei os olhos dele nem por um segundo. Já faz umas três horas e meia que estou na mesma posição, estou agoniando esperando por notícias. — Filippo. — Renata chama-me sentando-se ao meu lado sobre a cama. — Eu sei que você está preocupado com o seu irmão, eu também estou, mas preciso que tome pelo menos o copo de suco, não quero que desmaie de fraquejar, você está a mais de seis horas sem comer. Por favor, você pode fazer isso por mim? — Sinto a preocupação na sua voz. Desvio o meu olhar do celular e fito os seus lindos olhos, estão marejados, dá para notar o quanto ela está se segurando para não chorar, respiro fundo. Sei que ela está preocupada comigo, e é até bom sentir que alguém se preocupa se
(Renata Valentini)Tateio o lado de Filippo na cama e não o encontro, não estranho, eu nunca conseguir acordar antes dele, mesmo eu acordando às seis da manhã. Ontem eu dormir tão bem, Filippo ficou fazendo carinho em mim até o sono me consumir, eu espero que ele também tenha conseguido dormir, eu sei bem o que ele estava sentindo ontem.Balanço a cabeça, eu quero afastar as lembranças mais tristes da minha vida, a morte dos meus pais, bem na minha frente, odeio lembrar-me daquele dia.Espreguiço-me e saio da cama, com passos leves aproximo-me do banheiro, Filippo deve estar tomando banho agora. Mas, eu estranho não estar ouvindo o som do chuveiro. Giro a maçaneta e deparo-me com o banheiro escuro e vazio. ‘Será que ele está na cozinha?’ — Indago mentalmente e caminho, abro todas as portas pelo corredor, mas não o encontro em lugar nenhum da casa.Corro de volta para o quarto e pego o meu celular em cima do criado mudo, disco o número dele, mas apenas dá que está fora de área, sinto o
(Renata Valentini)“— Ao vivo, num galpão abandonado, os corpos de dois agentes do FBI foram encontrados, um homem e uma mulher, não temos informações de quem é o homem, ele está desfigurado, a mulher foi identificada como Camily Fox, chefe da equipe alpha... Um segundo... Acabamos de confirmar, foram encontrados três corpos, o terceiro é de uma mulher identificada como Verônica Lins, uma cível, ela trabalhava na empresa Computing Diamond, ela foi esquartejada, os membros do seu corpo foram queimados e...”Os meus olhos tremem e sinto a minha espinha gelar, um arrepio medonho percorre por todo o meu corpo, sinto como se o ar ficasse rarefeito dentro dos meus pulmões e eu acabo engolindo sem mastigar o biscoito, que Amanda me deu após eu acalmar-me da crise de choro no seu colo, arranhando a minha garganta. A voz da repórter fica muda nos meus ouvidos, apenas consigo ouvir o som do meu coração pulsando forte no meu peito. Camily... A mulher que estava a procurar Filippo é uma agente do
(Renata Valentini)Não consigo parar de chorar, já tem um dia que descobrir estar grávida do homem que me abandonou e que também, muito provavelmente, já está casado com outra mulher.Levei uma semana para aceitar que fui realmente abandonada, por longos setes dias, liguei a cada cinco minutos, parei apenas quando a voz feminina na linha disse que o número discado não existe. Aquilo foi como um balde de água fria na minha cabeça que insistia em dizer que ele iria voltar, iria se explicar e que continuaremos juntos.No trabalho, a Sophie sumiu no dia seguinte a discussão na sala de reuniões, perguntei ao Lucas, ele respondeu que ela voltou para o país dela junto ao marido. No horário do almoço, mesmo sem querer, acabei ouvindo umas meninas fofocando que o atual presidente (Lucas) tinha um caso com Sophie e que era por isso que ele estava tão irritado, pois a sua amante foi embora. Eu fiquei chocada, jamais imaginaria que uma mulher tão gentil como ela seria capaz de trair o marido.— M
(Renata Valentini) Uma semana depois: — Mi scusi! — ‘Com licença!’, falo com a cara ardendo de vergonha e rapidamente fecho a porta da presidência. Eu realmente não queria ter visto essa cena, meu estômago revira, as lágrimas ardem nos meus olhos. Aquela mesa... na mesma posição que aquela mulher estava, dois meses atrás eu também estava, e Filippo estava entre as minhas pernas enquanto nos beijávamos loucamente ante de irmos para a sala de reuniões. Sento-me na cadeira da minha mesa, e carinhosamente acaricio a minha barriga, eu agora estou com sete semanas de gestação e amanhã vai ser o dia em que poderei ouvir o coraçãozinho do meu bebê, ah, eu estou tão ansiosa! Novamente, sinto o meu coração se apertar, Filippo não estará comigo, ele não vai acompanhar o desenvolvimento do nosso bebê e nem o conhecer... Eu ainda sinto a falta de Filippo, mesmo tendo sido abandonada, eu queria muito vê-lo passar por aquela portar, entrar na sala da presidência, sentar na sua cadeira e dizer-me
(Renata Valentini)Apesar de sentir que abri os olhos, parece que não o fiz, a escuridão está tão espessa que a sensação é de que fiquei cega. Levanto de onde quer que eu esteja, e a minha cabeça lateja, parece que sem mamutes passaram por cima de mim. Tateio o chão, é fofo e macio, sigo engatinhando e encontro as paredes, elas são da mesma textura do chão, macio fofo e frio. Com passos lentos caminho até encontrar um canto da parede e sento-me, abraço os meus joelhos, sinto os meus olhos arderem.“Por que estou aqui? O que vão fazer comigo?” — O medo corta o meu peito e as lágrimas coem como cascatas, não sei por quanto tempo eu dormir, e nem onde estou, não consegui ver o rosto dos homens que me sequestraram. O meu coração dói tanto, eu antes de apagar supliquei para que Filippo aparecesse e salvasse-me mais uma vez, mas isso não vai acontecer, ele não vai aparecer por mim, talvez ele nem mais se lembre da minha existência.Constatar isso machuca-me, mesmo já tendo passado dois mese
(Renata Pelegrini)— Cof-cof! — Desperto sentindo o meu rosto molhando, a água fria entrou pelo meu nariz. Isso arde.— Pensei que não ia mais acordar. — A voz de um homem desconhecido fala perto de mim, obro os olhos e o vejo com um balde na mão.— O que você quer? — Pergunto com a voz fraca, o meu corpo inteiro ainda dói.Ontem, eles entraram na sala onde eu estava, assim que a porta abriu eu tentei fugir, mas antes que eu alcançasse a porta tomei um soco tão forte na boca do estômago que senti o gosto metálico na minha boca, acabei vomitando também, e logo depois desmaie em cima do meu vômito misturado com sangue. E agora, acordo aqui, num lugar totalmente diferente. — Atrás daquela porta, tem um banheiro, tome banho. — O homem joga uma toalha e um vestido no meu rosto. — Tem cinco minutos, se não sair, eu entro e termino de banhar-te.Um calafrio horripilante percorrer a minha espinha, mesmo me sentindo fraca e um pouco zonza, levanto-me da cama e com passos apressados sigo par
(Renata Pellegrini)— Dei-me a tua mãe. — Tiago pede com a mão estendida.Eu chorei por tanto tempo que perdi a noção desde a hora em que Tiago saiu para atender o telefone, não sei se passaram minutos ou passaram-se horas, estou deitada abraçando as minhas pernas, as lágrimas ainda caem amargas pelos meus olhos. Amanda... Caio... será que eles deram queixa sobre o meu desaparecimento?— Estou com pressa! — Ele branda raivoso.Tiago pega o meu pulso forçando-me a quebrar o meu alto-abraço, o meu pulso arde com o seu aperto, ele desliza por meu dedo um anel com uma pedra solitária no centro, tento puxar a minha mão, mas, ele aperta ainda mais me obrigando a permanecer imóvel.— Se você tirar o anel, eu decepo a sua mão. — Ele ameaça-me saltando a minha mão.Massageio o meu pulso, a minha pele está ardendo.— Por que colocou essa coisa no meu dedo? — Pergunto com a voz rouca pelo choro.— Para que todos saibam que você agora é a minha noiva.— Seu louco! Jamais me casarei com você! — Gr