IsabelaSaio do quarto de Alice e me dirijo ao meu, tentando dissipar o turbilhão de pensamentos que me assola. Depois de escovar os dentes, solto os cabelos, mas logo os prendo de novo, como se o ato simbolizasse a necessidade de manter o controle. Fito minha imagem no espelho: postura reta, expressão firme, olhar calculista. Se quisesse seduzi-lo, soltaria os cabelos, passaria um batom provocante. Mas, porra, eu não quero me aproximar de Dante dessa forma.Tenho aversão a tipos como ele. Por isso entrei para a polícia, para combater a bandidagem. Ainda assim, não posso negar que há algo irresistível nele. Seu magnetismo é um perigo. Mas prefiro cativá-lo com conversa, com uma boa amizade, algo que me mantenha próxima sem me comprometer.Deus, mas isso será possível?Eu preciso enrolá-lo, fazer com que ele confie em mim o suficiente para baixar a guarda. O que me tranquiliza é que, apesar de estar envolvido com armas e drogas, ele faz questão de afirmar que não é um estuprador. Como
Minha pele esquenta, mas não é de desejo. A raiva e o desconforto se misturam em uma confusão sufocante, um nó apertado que se forma no meu peito.— Sim, acredito! — minha voz sai firme, mesmo que por dentro eu esteja tremendo. — E gostaria muito que Alice tivesse um papel importante em sua vida. Que estivesse preocupado com ela e não em satisfazer seus desejos.A seriedade retorna ao rosto dele. A tensão muda. Por um momento, ele parece me analisar sob uma nova perspectiva, os olhos percorrendo meu rosto com um interesse diferente, como se estivesse me decifrando.— Quem disse que minha filha não tem um papel importante na minha vida? — A voz dele soa grave, quase ofendida. — Ela é tudo para mim. Tanto é verdade que quero que me acompanhe quando eu levá-la daqui.Meu coração dispara, uma pulsação acelerada e frenética.— Levar Alice daqui? — repito, incrédula. — Ela está muito bem com Rafael.O sorriso frio que surge em seu rosto faz um arrepio percorrer minha pele, uma promessa vela
Meu coração se aperta quando ouço a voz de Leandro. A saudade da minha vida sem aquele turbilhão de emoções se intensifica. Eu me sento no chão, perto da tomada, para que o celular continue carregando.— Me perdoe. Eu acabei pegando no sono. — Digo baixo.— Droga! Você sabe que me preocupo. — Eu podia escutar a respiração dele acelerada no bocal. — Você continua segura? Está tudo bem?Bem até demais. Não queria ainda falar de Dante e da possibilidade de me mudar para a casa dele. Só falaria da presença dele na casa.— Isabela, você está me ouvindo?— Sim, Dante está na casa. Dante Ferreira em pessoa.Há silêncio do outro lado da linha.— Mas que porra! Você não vai se envolver com esse cara. Está me ouvindo? Não se arrisque.— Eu ouvi.— Acho melhor você abortar a missão.— Nunca!— Deus, Isabela, você está se arriscando.— Eu vou até o fim.Leandro geme.— Fique de ouvidos abertos e só. Você ouviu o que eu disse?— Sim.— Como ele tem visto você na casa? Foi bem aceita? Você acha que
IsabelaNo dia seguinte, acordo sobressaltada com as batidas na porta. Meu coração dispara, como se esperasse por algo ruim. Sonolenta, caminho até ela e a abro. É Estela.— Bom dia. Rafael está de saída, ele pediu para chamá-la.Meu cérebro ainda está lento, e a informação leva alguns segundos para se fixar.— Que horas são?— Nove e meia.Passo a mão pelos cabelos longos, tentando dar alguma ordem ao caos que se formou neles durante a noite.— Deus! Perdi a hora. Diga a ele que me troco em um minuto.Ela assente e desaparece pelo corredor. Fecho a porta e passo a chave. Meu coração ainda está acelerado. Corro para pegar o celular, mas ele escorrega das minhas mãos e quase cai no chão. Meu reflexo rápido evita o impacto.Uma mensagem pisca no visor:Bom dia, saudades, se cuida, por favor. Beijos.Minhas mãos tremem ligeiramente enquanto digito:Bom dia, estou me cuidando. Beijos.Escondo o celular e o carregador na mala, como se quisesse esconder não apenas o aparelho, mas também a s
Quarta-feira, dias depois....IsabelaPasso o dia com Alice. Pela manhã, lemos juntas um livro infantil e depois desenhamos com os lápis de cor e as canetinhas que Rafael comprou para ela. Alice adora desenhar corações e pequenas casinhas, e eu me pego sorrindo ao observar a delicadeza dos seus traços. Há algo de puro nela que me faz querer protegê-la de tudo.À tardezinha, quando o sol perde a força, levo-a ao parquinho. Ela logo faz uma nova amizade com uma garotinha de sua idade, que está acompanhada da irmã mais velha. O tempo passa voando entre risadas e brincadeiras, e saímos tarde, quase escurecendo.Ao chegarmos ao prédio, o elevador se abre no hall e ouço vozes exaltadas. Meu corpo imediatamente entra em alerta. É Rafael discutindo com Dante.Meu coração aperta. Alice estremece ao meu lado e aperta minha mão, os olhos cheios de medo.— Eles estão brigando — ela murmura, a voz trêmula, já pronta para chorar.Respiro fundo, buscando a melhor forma de lidar com a situação.— Vai
Dante me puxa para mais perto dele com uma força inesperada, e o impacto é imediato. Sinto a pressão de seu corpo contra o meu, um calor intenso que me faz parar por um segundo, perdida em sua presença. Meu coração acelera, minha respiração fica mais pesada, como se todo o ar ao redor tivesse se tornado espesso, difícil de respirar. É como se ele fosse uma tempestade e eu, uma folha frágil à mercê de seus ventos. Cada centímetro do meu corpo se tensa, mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim se entrega. Ele me olha com aqueles olhos penetrantes, que parecem desvendar cada pensamento meu, como se soubesse de tudo, como se fosse capaz de tocar minha alma.Os olhos de Dante são como dois abismos escuros, profundos e infinitos, e quando ele me encara, sinto como se estivesse sendo sugada para dentro deles, incapaz de resistir. Sua beleza é assustadora, mas é a intensidade daquele olhar que realmente me derruba. Há algo em seu olhar, uma mistura de arrogância e desejo, que mexe comigo de um
Fico triste com toda a situação e sigo para o meu quarto, mas lá não fico muito tempo. A fome aperta e decido passar pela cozinha. Abro a geladeira, pego os ingredientes para preparar um lanche rápido. Então, Dante surge, e a visão dele me paralisa por um instante.Deus, ele está... irresistível. A camisa branca aberta, revelando seu peito forte, as pernas esculpidas pela calça preta. Quando me vê, aquele sorriso lascivo aparece em seu rosto, e seus olhos se prendem ao meu lanche, mas é a intensidade daquele olhar que me faz hesitar. Ele se aproxima, a confiança dele inebriante, e sua presença me faz esquecer até mesmo da comida.—Hum, faz um para mim? — ele diz, com um tom de comando que não deixa margem para questionamentos.Sem hesitar, empurro meu prato para ele e começo a preparar outro. Ele se senta na banqueta, pegando o sanduíche, sem pressa, e me observa com uma expressão que mistura curiosidade e diversão. A tensão entre nós cresce, mas tento ignorá-la.—O que foi, princesa?
Eu sorrio.—Vamos?Dante se inclina, apontando para a porta aberta, indicando que eu devo sair primeiro. No elevador, ele me observa pelo reflexo metálico das paredes antes de perguntar:—Por que aceitou sair comigo?Cruzo os braços e o encaro.—Gostaria de ser sua amiga… Quem sabe colocar algum juízo nessa sua cabeça?Ele solta uma gargalhada, mas seu olhar permanece sério ao me analisar.—Só por isso mesmo?Levanto uma sobrancelha.—Por que uma mulher não pode sair com um homem sem que ele leve para o outro lado?Ele ergue as mãos em um gesto despreocupado.—Tudo bem. Seja lá o que te fez aceitar sair comigo… Eu amei.Sorrio de leve para ele. Quando o elevador se abre na garagem subterrânea, Dante caminha comigo até uma Land Rover blindada, preta, imponente. Ele destrava o veículo, mas, em vez de abrir a porta para mim, segue até o porta-malas e o abre. Meu corpo enrijece por instinto. Só relaxo quando ele puxa dois capacetes de dentro e estende um para mim.—Se importa se formos de