— Anselmo, você tá maluco... — Leandro, estou aqui com a Mimi! Marília viu Leandro e Serafina se aproximarem com suas bandejas e rapidamente desligou o telefone, bloqueando o número. Leandro continuou sentado ao lado de Diógenes, enquanto Serafina se sentou ao lado dela. Marília não ficou surpresa ao ver Serafina ali. Já Serafina, ao notar sua presença, esboçou um sorriso falso e disse: — Srta. Marília, você por aqui novamente! Marília percebeu que a outra não gostava dela. Sabia que Serafina também estava interessada em Leandro, mas, como ele não tinha namorada, ainda podia competir por sua atenção. Antes que Marília pudesse responder, Diógenes falou por ela: — Mimi acabou de recarregar o cartão do refeitório. A partir de agora, vai almoçar conosco todos os dias! Serafina ergueu uma sobrancelha e sorriu ironicamente. — O refeitório daqui tem uma comida bem comum, né? Acho curioso que uma pessoa tão refinada como a Srta. Marília aprecie essas refeições... Será que
Serafina, claramente, não esperava que Marília dissesse algo assim e, por um momento, ficou sem palavras para rebater. Quando levantou a cabeça para olhar Leandro, que estava do outro lado, percebeu que ele estava fixamente concentrado em algo ao seu lado. A expressão em seu olhar era difícil de decifrar, e isso lhe causou uma inquietação inexplicável. Leandro notou o olhar de Serafina e, mantendo a mesma expressão neutra, desviou o olhar. Diógenes discordou: — Mimi, nem todos os homens são indignos de confiança. Ainda existem bons homens neste mundo... — Eu sei que existem bons homens, mas ninguém pode garantir que um homem bom será bom para mim para sempre. O futuro é incerto e, para falar a verdade, ter uma casa me dá muito mais segurança do que um homem! Diógenes acreditava que um homem deveria ter uma casa antes de casar. Afinal, era preciso ter um lar para formar uma família. Ele achava que a visão de Mimi era prática e sensata, mas também sentia que estar com uma ga
— N-não, ninguém... — Você tá escondendo alguma coisa? — Zélia conhecia Marília bem o suficiente para saber que ela não sabia mentir. Pelo jeito dela, estava claro que tinha algo que não queria contar. — Não me diga que arrumou um namorado novo! "Se não fosse isso, por que ela estaria saindo tanto ultimamente?" Marília abriu a boca, querendo se explicar, mas, antes que pudesse emitir um som, Zélia a interrompeu: — Fale a verdade! Se você mentir para mim, eu nunca mais falo com você! Marília hesitou por um instante. Ela sabia que Zélia não cortaria relações com ela de verdade. Mas esconder isso dela também não parecia certo. Afinal, ela precisaria continuar saindo. — Na verdade, não é bem um namorado... É que eu gosto dele e quero conquistá-lo! Zélia parou por um momento. Ela duvidava do que tinha acabado de ouvir. — Você quer conquistar ele? Marília assentiu. — Ainda não consegui. Mas quando eu conseguir, lhe conto. — E acrescentou. — Se não, vou passar muit
Dessa vez, Marília nem perguntou e já serviu duas tigelas de arroz, se sentando à mesa junto com ele. Leandro franziu as sobrancelhas e a observou. Seu olhar claramente a questionava: "Por que ela aparecia ali sem ser convidada novamente?" Marília fingiu não perceber a falta de boas-vindas. Pegou os talheres ainda limpos e colocou um quiabo no prato dele, sorrindo: — Esse prato é feito com frango e quiabo. Experimente e veja se gosta. Ao se deparar com o olhar cheio de expectativa e a tentativa de agradá-lo, Leandro se lembrou do jeito como ela lhe oferecera água com mel na hora do almoço. O mesmo olhar. Parecia um cachorrinho abanando o rabo, tentando ganhar sua simpatia. Ele sabia que não queria que ela se aproximasse, mas, desde aquela noite no hotel, quando lhe ligou, Marília começou a aparecer repetidamente em sua vida. Na verdade, ele não deveria tê-la levado para casa. — Uma garota como você não devia ficar vindo aqui o tempo todo. Era uma rejeição direta e clar
Marília se levantou para pegar o controle remoto e ligou a TV. Gostava de novelas dramáticas, mas, pensando em Leandro, escolheu um programa de variedades, um reality show com celebridades, no qual o clima era bem animado. — Vamos assistir a esse. Parece engraçado. Ela colocou o controle remoto de lado e voltou a comer. O volume da TV não estava muito alto, mas era suficiente para ser ouvido em toda a casa. No reality, havia um astro muito bonito. Marília já o havia visto interpretando um jovem frio e indiferente em um romance escolar, mas, para sua surpresa, no programa, ele era uma verdadeira figura cômica. Ela riu várias vezes por causa dele. Sempre que o programa a prendia, parava de comer e ficava vidrada na tela. Só quando terminava a parte que mais lhe interessava, voltava a se concentrar na comida. Leandro, ao vê-la sorrindo para o homem na tela, com os olhos brilhando, franziu o cenho, quase como se pudesse esmagar um mosquito entre as sobrancelhas. Marília não p
Marília sentiu o rosto gelado: — O que você está fazendo aqui? Anselmo apagou o cigarro entre os dedos, deu largos passos em sua direção, lançou um olhar para o homem atrás dela e agarrou sua mão, questionando-a com raiva: — Você dormiu com ele? Os olhos de Anselmo estavam vermelhos de fúria, a raiva queimando neles, como se fosse consumi-la por inteiro. Marília o encarou daquele jeito, como se fosse a errada, como se tivesse traído ele. A acusação implícita a fez rir de indignação: — O que isso tem a ver com você? Me solta agora! Ela tentou puxar a mão, mas Anselmo a apertou ainda mais, segurando com tanta força que parecia querer quebrar seus ossos. — Marília, durante todo o tempo que estivemos juntos, eu nunca tive coragem de te tocar, e você... Como pôde ser tão fácil? Você foi morar com esse cara? Como pode deixar outro homem te tocar?! — Anselmo, me solta! Você está me machucando! Renato interveio rapidamente: — Senhor, vamos conversar com calma, não precisa
— Você se atreve! — Se você vier me procurar de novo, veja se eu não me atrevo! Marília, muito irritada, bateu a porta com força. ... Leandro olhou para o celular e conferiu as horas. Dez minutos haviam se passado, então ela já deveria ter subido. Ele se preparava para sair dirigindo quando, de repente, viu alguém sair do prédio. Anselmo. Com uma expressão irritada, Anselmo entrou no carro e partiu. Leandro percebeu sua saída e imediatamente pegou o celular para ligar para Marília. O telefone tocou por um longo tempo antes de ser atendido. — Leandro? Por que está me ligando? — Está tudo bem com você? — Sim, já entrei e tranquei a porta. Não se preocupe comigo. Leandro quis perguntar mais alguma coisa, mas no fim acabou desligando. ... O marido de Luana sofreu um pequeno acidente pela manhã ao levar o neto para a creche. Uma moto o atingiu de raspão, e ele acabou caindo. Luana ligou para Leandro para avisar que, por conta disso, não poderia ir nos próximo
Leandro voltou para casa depois do trabalho, mas não viu sinal de Marília. Tudo o que encontrou foi um copo térmico rosa sobre a mesa de jantar, idêntico ao que ele segurava, com o mesmo desenho animado. Havia um bilhete colado no copo térmico: [Desculpa, a tia me ligou pedindo para eu voltar e jantar com ela. Preparei algo para você e deixei no copo térmico. Coma um pouco para não ficar com fome. Amanhã voltarei e farei um banquete para você.] Ao lado, um rostinho sorridente rabiscado apressadamente. Leandro não conseguiu conter um leve sorriso ao ver o desenho desajeitado. No entanto, ao notar a palavra "tia", sua testa se franziu instintivamente. ... Marília voltou mais uma vez para a família Pereira. O tio não estava em casa, apenas a tia. Madalena, sabendo que Marília viria, pediu à cozinha que preparasse os pratos de que ela gostava. As duas estavam jantando animadamente quando, de repente, a voz de Tainá ecoou do lado de fora: — Sr. Anselmo, por que o senhor vo