Marília sentiu o rosto gelado: — O que você está fazendo aqui? Anselmo apagou o cigarro entre os dedos, deu largos passos em sua direção, lançou um olhar para o homem atrás dela e agarrou sua mão, questionando-a com raiva: — Você dormiu com ele? Os olhos de Anselmo estavam vermelhos de fúria, a raiva queimando neles, como se fosse consumi-la por inteiro. Marília o encarou daquele jeito, como se fosse a errada, como se tivesse traído ele. A acusação implícita a fez rir de indignação: — O que isso tem a ver com você? Me solta agora! Ela tentou puxar a mão, mas Anselmo a apertou ainda mais, segurando com tanta força que parecia querer quebrar seus ossos. — Marília, durante todo o tempo que estivemos juntos, eu nunca tive coragem de te tocar, e você... Como pôde ser tão fácil? Você foi morar com esse cara? Como pode deixar outro homem te tocar?! — Anselmo, me solta! Você está me machucando! Renato interveio rapidamente: — Senhor, vamos conversar com calma, não precisa
— Você se atreve! — Se você vier me procurar de novo, veja se eu não me atrevo! Marília, muito irritada, bateu a porta com força. ... Leandro olhou para o celular e conferiu as horas. Dez minutos haviam se passado, então ela já deveria ter subido. Ele se preparava para sair dirigindo quando, de repente, viu alguém sair do prédio. Anselmo. Com uma expressão irritada, Anselmo entrou no carro e partiu. Leandro percebeu sua saída e imediatamente pegou o celular para ligar para Marília. O telefone tocou por um longo tempo antes de ser atendido. — Leandro? Por que está me ligando? — Está tudo bem com você? — Sim, já entrei e tranquei a porta. Não se preocupe comigo. Leandro quis perguntar mais alguma coisa, mas no fim acabou desligando. ... O marido de Luana sofreu um pequeno acidente pela manhã ao levar o neto para a creche. Uma moto o atingiu de raspão, e ele acabou caindo. Luana ligou para Leandro para avisar que, por conta disso, não poderia ir nos próximo
Leandro voltou para casa depois do trabalho, mas não viu sinal de Marília. Tudo o que encontrou foi um copo térmico rosa sobre a mesa de jantar, idêntico ao que ele segurava, com o mesmo desenho animado. Havia um bilhete colado no copo térmico: [Desculpa, a tia me ligou pedindo para eu voltar e jantar com ela. Preparei algo para você e deixei no copo térmico. Coma um pouco para não ficar com fome. Amanhã voltarei e farei um banquete para você.] Ao lado, um rostinho sorridente rabiscado apressadamente. Leandro não conseguiu conter um leve sorriso ao ver o desenho desajeitado. No entanto, ao notar a palavra "tia", sua testa se franziu instintivamente. ... Marília voltou mais uma vez para a família Pereira. O tio não estava em casa, apenas a tia. Madalena, sabendo que Marília viria, pediu à cozinha que preparasse os pratos de que ela gostava. As duas estavam jantando animadamente quando, de repente, a voz de Tainá ecoou do lado de fora: — Sr. Anselmo, por que o senhor vo
— Você! Madalena, furiosa, levantou a mão novamente. Esperança rapidamente a impediu: — Tia, Anselmo é seu filho, ele não é mais uma criança. A senhora não pode simplesmente bater nele sempre que quiser, isso não está certo! — O que eu faço com meu próprio filho não é da sua conta! Esperança virou a cabeça para o lado: — Mimi, você está apenas assistindo a esse afastamento entre mãe e filho, deixando a situação sair do controle. Isso lhe faz feliz? Marília se levantou e caminhou até eles: — Tia, sentimentos não podem ser forçados. Eu já disse à senhora que tenho namorado. Não tenho mais nenhum sentimento por ele. Ao ouvir isso, Anselmo ficou ainda mais frio. Madalena olhou para o filho, o coração apertado de dor: — A Tia te fez sofrer de novo... Marília balançou a cabeça. Depois de uma breve pausa, disse, ainda assim: — Tia, eu preciso ir embora. Madalena não gostou: — Mas você acabou de chegar... Nesse momento, o toque do celular soou dentro da bolsa de
Leandro contraiu levemente os lábios. Mas, ao ver os olhos dela úmidos e vermelhos como os de um coelho, não teve coragem de recusar e apenas disse: — Tá bom. ... Desta vez, Marília foi até a casa de Leandro carregando várias sacolas cheias de petiscos e ainda comprou uma jaca. O dinheiro, claro. Foi Leandro quem pagou. Assim que entrou, trocou de sapatos, correu para a sala e ligou a TV. Leandro colocou a jaca sobre a mesa. No instante em que se levantou, o celular no bolso começou a tocar. Ele olhou para a tela, pegou o aparelho e foi até a varanda. Ao atender, do outro lado da linha, Adalberto perguntou num tom despreocupado: — Que tal sair hoje à noite pra relaxar um pouco? — Não, se divirtam vocês. Eu não tenho tempo. — Mas amanhã e depois você não precisa ir para o hospital, né? Leandro tinha dois dias na semana em que não precisava ir ao hospital, pois precisava resolver assuntos da empresa. Nos dias sem plantão, seu relógio biológico também podia ser m
Era um número sem identificação.Marília clicou sem pensar e viu uma foto de uma cama.O protagonista da foto era Anselmo, que estava deitado nela, com os olhos fechados, seu corpo seminu indicava o que tinha acontecido recentemente.[Você não deve ter dormido com ele, né?]Marília sabia quem tinha enviado a mensagem e imediatamente fez uma ligação.A chamada foi atendida rapidamente, e uma risada suave veio do outro lado:— Eu sabia que você ia me ligar!— Você não disse que, se eu não te perdoasse, você não ficaria com ele?— Foi ele que me perseguiu, eu não tive escolha.Ao ouvir o tom de vitória do outro lado, Marília apertou os lábios e respondeu:— Eu não me importo com a vida de vocês!— Mimi, você também sabe atuar bem. — Esperança disse, com um tom amargo. — Eu realmente pensei que, depois que você saiu da casa da família Pereira, estava decidida a romper os laços com o Anselmo, mas não imaginei que você estivesse jogando o truque de "fingir que desiste". Você acha que, quando
Noite.Alguns amigos se reuniram para beber e se divertir.Alguém perguntou a Teodoro:— E aí, como estão as coisas com a Marília? Alguma novidade?Teodoro saía pouco ultimamente, e todos achavam que ele estava ocupado tentando conquistar a Marília. Como cresceram juntos, todos conheciam bem a personalidade um do outro. Em segredo, até fizeram apostas: será que Teodoro conseguiria conquistar a Marília? Ou até que ponto ele conseguiria manter esse entusiasmo?Antes que Teodoro respondesse, alguém interrompeu ao lado dele:— Ele anda ocupado com encontros arranjados!Todos ao redor ficaram surpresos; até mesmo Anselmo e Rômulo olharam na direção dele.— Teodoro, da última vez você não disse que, além da Marília, não queria mais ninguém?— É, eu também me lembro disso. Achei que nosso Teodoro estava falando sério dessa vez!— Mas não podemos culpar o Teodoro, né? A Marília já está com outro, pode ficar com ele à vontade, mas o Teodoro não pode procurar outra pessoa?— Pois é, o Teodoro é
Anselmo olhou para Teodoro e disse:— Eu a considero como minha irmã. Minha irmã não gosta de coisas que não deseja; você não pode forçá-la. Deve respeitá-la. Se não conseguir, então se afaste dela!Respeito.Teodoro, sem pensar muito, apenas assentiu:— Certo, entendi!Mimi não era como as outras mulheres. Seja pela consideração que Anselmo tinha por ela, ou pela amizade que os dois compartilhavam desde pequenos, se ela aceitasse ser sua namorada, ele a trataria bem!Anselmo pegou novamente um copo de bebida.Rômulo olhou rapidamente para ele. Viu que ele estava com as sobrancelhas levemente franzidase suas emoções se escondiam nos olhos, tornando impossível saber o que realmente pensava.Nesse momento, o celular dele tocou. Ele o pegou, deu uma olhada rápida e atendeu com urgência:— Irmão... Só falta você, vem logo!Do outro lado, a voz soava impaciente.Rômulo respondeu rapidamente:— Certo. — Sua voz era cheia de respeito. Os outros não se surpreenderam; afinal, o irmão de Rômulo