— Por que você ainda está defendendo ele? Marília não estava defendendo Leandro, apenas afirmando os fatos. Naquela época, tudo o que queria era se vingar de Esperança, e por isso fez o que fez. Mais tarde, movida pelo mesmo sentimento, se aproximou de Leandro, determinada a conquistá-lo. No fim, acabou envolvendo Diógenes e o prejudicando, o deixando hospitalizado... "Isso é o que chamam de karma?" — Mesmo que tenha sido você quem o seduziu, você não estava bêbada? Ele estava sóbrio, não estava? Suas famílias se conhecem, e, pela questão da geração, você deveria chamá-lo de tio. Ele ter se aproveitado de você dessa forma não faz dele um canalha? — Ele também tinha bebido. Zélia quis argumentar que um homem bêbado não conseguiria fazer nada, mas, ao ver Marília naquele estado, decidiu não continuar a discussão. Apenas suspirou e perguntou: — E agora, o que você pretende fazer? O que fazer? A mente de Marília estava uma bagunça, e sua mão permaneceu pousada sobre o abd
Leandro manteve uma expressão impassível: — Você veio falar comigo só por causa disso? — N-não... Não é só isso. Eu tenho outra coisa importante para falar, mas antes disso, preciso esclarecer essa questão. Isso é muito importante para mim! Marília olhou para ele com seriedade e firmeza. Leandro a encarou por alguns segundos antes de responder com indiferença: — Não. O coração de Marília se aliviou por um instante, mas logo ela prosseguiu: — Mas naquela noite, você foi com ela ao encontro de ex-alunos... "Você ainda deixou que ela segurasse seu braço." Ela engoliu em seco essa última frase, sem dizê-la em voz alta. — Você não foi? — Os lábios finos de Leandro se curvaram em um sorriso frio. — Seu namorado sabe que você me chamou aqui para falar disso? — Renato não é meu namorado. — Explicou Marília. — A prima dele me pediu um favor, queria que eu o acompanhasse ao encontro para que ele não precisasse pagar tudo sozinho! Leandro soltou um riso frio: — Que gener
Marília não queria voltar para a família Cardoso. Depois de pesquisar sobre o processo de casamento na internet, foi diretamente ao cartório para emitir sua certidão de nascimento. Com o documento em mãos, junto com sua identidade, seguiu com Leandro até o cartório de registro civil. Como era um dia útil, às três da tarde não havia muitas pessoas no local, e em pouco mais de dez minutos tudo estava resolvido. Quando os certificados de casamento foram entregues, Marília ainda sentia que tudo aquilo era um tanto irreal. Ela realmente havia se casado e, além disso, com Leandro! A pessoa que ela mais odiava no passado! Era inacreditável! Marília seguiu Leandro para fora. Assim que desceram os degraus, o homem à sua frente parou de repente, se virou para ela e disse: — Vou com você arrumar suas coisas. Marília demorou alguns instantes para reagir. — Arrumar o quê? Leandro franziu a testa e a encarou, enfatizando: — Agora somos marido e mulher. Marido e mulher... Só en
No carro, Marília acabou transferindo de volta os dez mil reais para Renato e ainda avisou que havia deixado a chave embaixo do tapete da porta, pedindo que ele não se esquecesse de pegar.Depois de enviar a mensagem, ela guardou o celular na bolsa e voltou a olhar o certificado de casamento. Ainda achava tudo aquilo inacreditável.Ela realmente tinha se casado com Leandro.Marília virou a cabeça e olhou para o rosto bonito e anguloso do homem ao lado.Ele mantinha o olhar fixo na estrada à frente.— O que você quer comer?Marília, naquele momento, só de pensar em comida, já sficava enjoada. Não estava com vontade de comer nada. Mas era a primeira refeição deles depois de oficializarem o casamento. Ela baixou os olhos, tocou a barriga e pegou o celular da bolsa novamente:— Vou procurar o que grávidas não podem comer!Leandro lançou a ela um olhar de soslaio, sem dizer nada.Alimentos frios, crus, conservados, gordurosos ou muito doces: tudo isso era desaconselhado.E, basicamente, era
— Não pense tão bem dos homens, especialmente do Leandro, esse tipo reservado. Se ele fosse mesmo tão íntegro como você diz, não teria se aproveitado do fato de você estar bêbada para dormir com você. Se quisermos ser gentis, podemos chamar de uma noite de sexo casual; mas, se quisermos ser realistas, foi estupro. Ele é seis anos mais velho que você, com muito mais experiência de vida. Consegue ser médico e, ao mesmo tempo, comandar o Grupo Santos, a maior empresa de Cielópolis. Isso exige uma habilidade tremenda. Em termos de jogo de cintura, você não tem como competir com ele. Até meu irmão diz que, se existe alguém com o coração mais frio que o dele neste mundo, esse alguém só pode ser o Leandro. Um homem como ele, se não quiser fazer algo, ninguém o obriga. Se ele está se responsabilizando por você, é porque quer. E se ele quer... é porque gosta de você!Marília achava que Zélia só estava tentando consolá-la.— Deixa eu te contar outra coisa.Zélia então contou como, na noite anteri
Então ele ainda se importava com ela e com o bebê.Marília sorriu levemente, pensando no que Zélia dissera sobre ele não ser apenas médico, mas também administrador de uma empresa. Ela respondeu: [Não precisa se preocupar comigo. Amanhã vou trocar de turno com uma colega, e a Zélia vai me acompanhar ao exame. Se acontecer qualquer coisa com o bebê, eu te aviso na hora!]Do outro lado houve um momento de silêncio, depois ele respondeu apenas: [Tá bom.]O cuidado daquele homem deixou Marília de bom humor. Ela foi trabalhar com um sorriso no rosto.Na hora do almoço, Zélia apareceu no momento certo e chamou Marília para almoçar. Assim que saíram da loja, ela tocou na barriga de Marília e brincou:— Seu marido é tão rico, por que ainda está trabalhando?Ao ouvir a palavra "marido", o rosto de Marília corou, e ela afastou a mão da amiga.— O dinheiro é dele, não tem nada a ver comigo.— Como não tem? Vocês são casados agora. Depois do casamento, os bens são do casal. O que ele ganha, metade
Marília se acomodou no banco do passageiro com um sorriso radiante no rosto. Era evidente que ela estava de ótimo humor. Leandro olhou para ela e arqueou uma sobrancelha: — O que você comprou? Marília virou a cabeça e sorriu para ele, olhando para cima: — Eu te mostro quando chegarmos em casa. Ao ouvir a palavra "em casa", Leandro ficou surpreso por um instante. Fitou o rosto radiante da garota e assentiu com um murmúrio grave. Ao passarem pelo supermercado, eles ainda desceram juntos para comprar mantimentos. Quando chegaram em casa, Marília logo tirou todas as roupinhas do bebê das sacolas. Ela segurava um macacão azul-marinho com estampa de dinossauro e mostrou para Leandro: — Não é uma gracinha? Leandro olhou para as sacolas de compras no sofá, todas cheias de roupas infantis, e franziu a testa: — Não é muito cedo para comprar essas coisas? Marília achou que ele estava falando sobre ainda não saberem se seria menino ou menina e, por isso, as roupas não serem
— Isso também foi porque o teste de gravidez deu positivo com duas linhas, então você achou que estava grávida. Além disso, se ele não tivesse dormido com você, você o procuraria? Zélia pegou um lenço de papel e ajudou Marília a enxugar as lágrimas.— O teste mostrou claramente duas linhas... Como é possível que o exame de sangue não tenha detectado nada? — Marília perguntou, confusa. Ela tirou o teste de gravidez da bolsa. As duas linhas estavam ali, bem visíveis. Como o exame de sangue pôde dar negativo?— Merda, esses testes de gravidez falsificados... Onde você comprou isso? Vamos lá tirar satisfação! Marília balançou a cabeça.— A culpa foi minha. Fui impulsiva ontem. Eu devia ter ido ao hospital primeiro.— Na verdade, a culpa foi minha. Fui eu quem insistiu para você ligar para o Leandro. Mimi, me desculpa... — Você só fez isso porque se importa comigo.Marília tinha planejado, depois dos exames, encontrar Leandro para almoçar e comemorar. Mas agora, sem um bebê... ela