Leandro resolveu as questões da empresa, saiu do escritório e, ao ouvir vozes na cozinha, seguiu para lá. Ao chegar, viu Marília e Luana conversando e rindo juntas. Luana já havia embalado todo o lixo e, ao ver o Dr. Leandro sair, sorriu e disse: — Ah... Mimi... Não vou atrapalhar o casalzinho, já estou de saída. Marília ficou desconfortável ao ouvir a palavra "casalzinho". Quando escutou o som da porta se fechando na entrada e percebeu que restavam apenas os dois na casa, sob o olhar indiferente do homem, se apressou em explicar em voz baixa: — Eu já disse a ela que não temos esse tipo de relação, mas ela não acredita! Leandro assentiu levemente e se virou para sair. Marília o chamou: — Leandro! Ele parou e se virou para encará-la. — Algum problema? Marília se aproximou, um pouco sem jeito: — Então... sobre o que eu disse antes, sobre a tia Luana cozinhar... Não leve aquilo a sério. Agora eu entendi a situação, sei que ela não teve uma vida fácil. Finja que eu nu
Leandro não tinha dirigido muito longe quando seu celular tocou. Ele estava parado no semáforo em um cruzamento e pegou o telefone para olhar. Era um número sem identificação. Era Marília ligando. Ele teve um pressentimento estranho e atendeu rapidamente. Do outro lado, a voz ansiosa da garota veio primeiro: — Leandro, a luz acabou enquanto eu estava tomando banho. Acho que o fusível queimou. Você pode vir dar uma olhada para mim? — Acrescentou rapidamente Marília. — Eu ia chamar o proprietário, mas está tarde e estou com um pouco de medo. Leandro não hesitou e respondeu com firmeza: — Se vista. Eu já estou indo. — Obrigada. Assim que ela desligou, Leandro fez a conversão no próximo cruzamento e retornou imediatamente. ... Depois de se vestir, Marília ficou esperando no corredor. Quando viu Leandro sair do elevador, correu feliz ao seu encontro: — Você veio! Leandro havia comprado algumas ferramentas e fios no caminho e rapidamente resolveu o problema da fi
À noite, Marília ficou segurando o celular por um bom tempo antes de finalmente transferir os trinta mil reais restantes. Renato enviou: [O que significa isso?] Marília respondeu: [Não posso me aproveitar de você, aceite.] Do outro lado, ele começou a digitar, parou, digitou novamente e, só depois de um minuto, enviou: [Srta. Marília, foi porque eu a procurei à noite que seu namorado entendeu errado?] [Não. Eu sei que o aluguel de casas como a sua, aqui na região, geralmente custa entre seis e sete mil por mês. Mesmo nesse condomínio, o valor mínimo é de cinco mil. Você me alugou a casa por dois mil e quinhentos... isso realmente não faz sentido!] [Minha família recebeu várias casas por causa da desapropriação, então posso cobrar menos.] [Isso não é cobrar menos, é cobrar a metade. Não é justo com você. Além disso...] Marília hesitou por um bom tempo antes de finalmente digitar o resto: [Tenho um namorado e não quero que ele pense mal.] Do outro lado, Renato ficou em s
— Anselmo, você tá maluco... — Leandro, estou aqui com a Mimi! Marília viu Leandro e Serafina se aproximarem com suas bandejas e rapidamente desligou o telefone, bloqueando o número. Leandro continuou sentado ao lado de Diógenes, enquanto Serafina se sentou ao lado dela. Marília não ficou surpresa ao ver Serafina ali. Já Serafina, ao notar sua presença, esboçou um sorriso falso e disse: — Srta. Marília, você por aqui novamente! Marília percebeu que a outra não gostava dela. Sabia que Serafina também estava interessada em Leandro, mas, como ele não tinha namorada, ainda podia competir por sua atenção. Antes que Marília pudesse responder, Diógenes falou por ela: — Mimi acabou de recarregar o cartão do refeitório. A partir de agora, vai almoçar conosco todos os dias! Serafina ergueu uma sobrancelha e sorriu ironicamente. — O refeitório daqui tem uma comida bem comum, né? Acho curioso que uma pessoa tão refinada como a Srta. Marília aprecie essas refeições... Será que
Serafina, claramente, não esperava que Marília dissesse algo assim e, por um momento, ficou sem palavras para rebater. Quando levantou a cabeça para olhar Leandro, que estava do outro lado, percebeu que ele estava fixamente concentrado em algo ao seu lado. A expressão em seu olhar era difícil de decifrar, e isso lhe causou uma inquietação inexplicável. Leandro notou o olhar de Serafina e, mantendo a mesma expressão neutra, desviou o olhar. Diógenes discordou: — Mimi, nem todos os homens são indignos de confiança. Ainda existem bons homens neste mundo... — Eu sei que existem bons homens, mas ninguém pode garantir que um homem bom será bom para mim para sempre. O futuro é incerto e, para falar a verdade, ter uma casa me dá muito mais segurança do que um homem! Diógenes acreditava que um homem deveria ter uma casa antes de casar. Afinal, era preciso ter um lar para formar uma família. Ele achava que a visão de Mimi era prática e sensata, mas também sentia que estar com uma ga
— N-não, ninguém... — Você tá escondendo alguma coisa? — Zélia conhecia Marília bem o suficiente para saber que ela não sabia mentir. Pelo jeito dela, estava claro que tinha algo que não queria contar. — Não me diga que arrumou um namorado novo! "Se não fosse isso, por que ela estaria saindo tanto ultimamente?" Marília abriu a boca, querendo se explicar, mas, antes que pudesse emitir um som, Zélia a interrompeu: — Fale a verdade! Se você mentir para mim, eu nunca mais falo com você! Marília hesitou por um instante. Ela sabia que Zélia não cortaria relações com ela de verdade. Mas esconder isso dela também não parecia certo. Afinal, ela precisaria continuar saindo. — Na verdade, não é bem um namorado... É que eu gosto dele e quero conquistá-lo! Zélia parou por um momento. Ela duvidava do que tinha acabado de ouvir. — Você quer conquistar ele? Marília assentiu. — Ainda não consegui. Mas quando eu conseguir, lhe conto. — E acrescentou. — Se não, vou passar muit
Dessa vez, Marília nem perguntou e já serviu duas tigelas de arroz, se sentando à mesa junto com ele. Leandro franziu as sobrancelhas e a observou. Seu olhar claramente a questionava: "Por que ela aparecia ali sem ser convidada novamente?" Marília fingiu não perceber a falta de boas-vindas. Pegou os talheres ainda limpos e colocou um quiabo no prato dele, sorrindo: — Esse prato é feito com frango e quiabo. Experimente e veja se gosta. Ao se deparar com o olhar cheio de expectativa e a tentativa de agradá-lo, Leandro se lembrou do jeito como ela lhe oferecera água com mel na hora do almoço. O mesmo olhar. Parecia um cachorrinho abanando o rabo, tentando ganhar sua simpatia. Ele sabia que não queria que ela se aproximasse, mas, desde aquela noite no hotel, quando lhe ligou, Marília começou a aparecer repetidamente em sua vida. Na verdade, ele não deveria tê-la levado para casa. — Uma garota como você não devia ficar vindo aqui o tempo todo. Era uma rejeição direta e clar
Marília se levantou para pegar o controle remoto e ligou a TV. Gostava de novelas dramáticas, mas, pensando em Leandro, escolheu um programa de variedades, um reality show com celebridades, no qual o clima era bem animado. — Vamos assistir a esse. Parece engraçado. Ela colocou o controle remoto de lado e voltou a comer. O volume da TV não estava muito alto, mas era suficiente para ser ouvido em toda a casa. No reality, havia um astro muito bonito. Marília já o havia visto interpretando um jovem frio e indiferente em um romance escolar, mas, para sua surpresa, no programa, ele era uma verdadeira figura cômica. Ela riu várias vezes por causa dele. Sempre que o programa a prendia, parava de comer e ficava vidrada na tela. Só quando terminava a parte que mais lhe interessava, voltava a se concentrar na comida. Leandro, ao vê-la sorrindo para o homem na tela, com os olhos brilhando, franziu o cenho, quase como se pudesse esmagar um mosquito entre as sobrancelhas. Marília não p