Leandro ficou parado na porta, sua figura alta e imponente imóvel, os olhos negros e profundos ligeiramente estreitados, fixos nela. Por um instante, ele também ficou atordoado, encarando ela sem piscar. Marília teve um apagão mental por três segundos. Quando finalmente reagiu, sentiu o sangue subir à cabeça. Instantaneamente, cruzou os braços sobre o peito num gesto defensivo e, completamente desnorteada, gritou: — V-você... por que não bateu na porta?! Leandro observou seu corpo nu sem demonstrar qualquer constrangimento. Seu olhar permaneceu fixo, e seus lábios se entreabriram ligeiramente antes que ele murmurasse, com a voz baixa e rouca: — Mandei minha secretária comprar roupas para você... Marília percebeu que ele segurava uma sacola, mas o olhar dele era simplesmente ousado demais. Ela se sentiu envergonhada e furiosa: — Coloque a sacola no chão e feche a porta! O homem assentiu, se abaixou para deixar a sacola no chão do quarto e, ao se levantar, não resistiu
Essas eram as roupas que ela tinha trocado. ... Assim que Marília chegou à loja, acessou o site oficial para procurar o preço das roupas que estava vestindo, planejando transferir o dinheiro. Foi então que viu a mensagem de Leandro no WhatsApp. [Você esqueceu suas roupas no meu carro.] Marília imediatamente se lembrou do vestido e da lingerie que havia trocado e respondeu sem demora: [Posso passar aí no meu intervalo de almoço para pegar?] [Eu te entrego à noite.] Ou seja, ele não queria que ela fosse até o hospital. Marília entendeu a indireta e não insistiu. Apenas realizou a transferência do valor. Se foram mais de vinte mil de uma vez. Seu coração apertou um pouco, ainda precisava pagar o aluguel, e o dinheiro parecia desaparecer rapidamente.Depois de deixar o celular de lado, decidiu se concentrar no trabalho. Com sorte, conseguiria fechar dois grandes pedidos hoje para recuperar um pouco do prejuízo. ... Zélia chegou à loja às dez da manhã. As duas se cum
Depois de jantar e voltar para casa, Marília baixou um aplicativo de busca por imóveis e começou a olhar apartamentos na região. Havia poucos com um quarto e uma sala; a maioria tinha dois ou três quartos. Os de dois ou três quartos eram mais caros. Marília passou a noite inteira pesquisando e, no fim, decidiu procurar uma corretora para ajudá-la. Nos três dias seguintes, ela visitou vários condomínios no centro da cidade, sempre acompanhada pela corretora. Os imóveis eram bons, mas os preços a deixavam hesitante. Custavam entre seis e sete mil. Sem contar os trabalhos extras, seu salário mensal era de apenas sete ou oito mil, e ela ainda precisava se sustentar. Ela queria um aluguel entre dois e três mil, mas, naquela região, isso era claramente inviável. A corretora sugeriu que ela considerasse dividir um apartamento. Zélia a aconselhou a não fazer isso, dizendo que as contas de água, luz e gás eram imprevisíveis, o que poderia aumentar bastante os custos, além de causar poss
Renato assentiu rapidamente. — Srta. Marília, pode ficar tranquila. Estou disposto a assinar o contrato com você. Marília percebeu que ele já havia dito tudo o que precisava e, como de fato não encontraria nada mais barato, simplesmente agradeceu. Naquela mesma noite, após assinarem o contrato, ela e Zélia jantaram juntas, e então Marília levou sua bagagem para o novo lar. Zélia deu uma olhada no apartamento e comentou que, pelo preço, tinha feito um ótimo negócio. Mas, afinal, Marília era uma mulher morando sozinha, e o proprietário era um homem, então Zélia sugeriu que ela trocasse a fechadura. Marília mencionou isso ao dono do imóvel, que compreendeu e concordou com a troca. Depois de trocar a fechadura e comprar os itens essenciais para o dia a dia, passou uma semana até que estivesse completamente instalada. Durante toda essa semana, ela não viu Leandro, e ele também não entrou em contato. Marília cogitou procurá-lo no hospital, mas, se lembrando do jeito frio e di
— Então, obrigado, veterano. Serafina pegou naturalmente o copo de café ao lado de Leandro, abriu a tampa, tomou um gole e fez uma careta de desgosto: — Doce demais, isso não é nada saudável. Você precisa beber menos. Ela colocou o copo de café de volta na mesa e começou a conversar com Leandro. Os dois falavam sobre assuntos médicos e especializados, e Marília não conseguia participar da conversa, apenas observava a proximidade entre eles. Diógenes puxou assunto com ela: — Mimi, você já alugou um apartamento? Marília respondeu: — Sim, já aluguei e já me mudei. — Em qual condomínio? — Jardins do Vale. — Quanto por mês? — Dois mil e quinhentos. Assim que ela disse isso, os outros dois pararam de falar e a olharam. Diógenes ficou surpreso: — Você alugou um apartamento inteiro, com um quarto e uma sala, ou está dividindo com alguém? — Aluguei inteiro. — Um apartamento inteiro por apenas dois mil e quinhentos? Pelo que me lembro, o aluguel nesse condomínio c
Marília olhou para Leandro. Diógenes falou novamente: — Leandro não. Ele é da Universidade São Lucas. Quando fez intercâmbio na Universidade Nova Horizonte, o orientador de Serafina o supervisionou por seis meses. Marília assentiu. ... Depois do almoço, Marília voltou para a loja. Diógenes subiu as escadas com Leandro e entrou com ele no consultório. — Leandro, você não acha que o que Serafina disse agora foi um pouco exagerado? Leandro não respondeu. Apenas pegou o relatório do pós-operatório de um paciente e começou a ler. Diógenes continuou falando sozinho: — Mas o Jardim do Vale é um conjunto habitacional reconstruído, e a administração desses lugares costuma ser bagunçada. Meus pais até pensaram em comprar um apartamento usado lá para mim, mas, quando foram ver, acharam que havia gente demais e preferiram um imóvel novo. Embora o senhorio da Mimi seja da Universidade Nova Horizonte, o acho suspeito. Me sinto um pouco inquieto. Além disso, a Mimi é uma garota so
Marília tirou do bolso o batom que havia preparado com antecedência e saiu, o segurando entre os dedos. O homem estava perto da janela panorâmica, fumando. Ao ouvir o barulho, virou a cabeça e disse com indiferença: — Achou o batom? Marília assentiu e estendeu a mão, mostrando o batom para ele. — Então, não há mais nada, certo? Marília lançou um olhar para a mesa de jantar e viu que ele estava comendo. Então, perguntou: — Você se importaria se eu jantasse com você? Leandro parou por um instante. Marília continuou: — Acho que você não vai conseguir comer tudo isso sozinho. Jogar fora seria um desperdício. Eu ainda não jantei, e cozinhar agora daria muito trabalho. Não acha? Na mesa, havia quatro pratos bem servidos, e Marília tinha certeza de que ele não daria conta de tudo. Além disso, sabia que Leandro não comia comida requentada. — Como retribuição, amanhã posso trazer o almoço para você. Assim, economiza uma refeição. Bem vantajoso, não acha? Dessa forma, el
Marília tinha muita confiança em suas habilidades culinárias. Naquele dia em que jantou com Leandro, ele comeu bem. Hoje, no entanto, seu apetite claramente não era o mesmo. Leandro não respondeu e permaneceu sentado ali, elegante e silencioso, descascando camarões. Marília insistiu: — Que tal pensar na minha proposta? Eu poderia cozinhar para você, e você só precisaria cobrir o valor dos ingredientes. Assim, resolveríamos as refeições do almoço e do jantar para nós dois. Comparado a contratar uma empregada, comer no refeitório ou pedir delivery, você economizaria bastante! Além disso, a comida que eu faço é saudável e higiênica. Posso preparar pratos variados todos os dias. Sei que seu estômago é sensível, então posso aprender receitas que ajudem na digestão. Se houver algo que você goste, é só me dizer que eu preparo. Se eu não souber fazer, aprendo na internet. Garanto que... Leandro a interrompeu: — Você também agradava o Anselmo desse jeito? Marília ficou sem palavra