Marília ouviu aquelas palavras e sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Ela queria estar com Anselmo, principalmente porque desejava fazer parte daquela família. Afinal, a tia e o tio sempre a trataram como uma filha. — Mimi, a tia não vai mais se meter nos assuntos entre você e o Anselmo, mas você precisa voltar para casa. Os tempos estão perigosos, e eu não fico tranquila com você, uma menina, morando fora! — Tia, eu estou morando com a Zélia agora. Não se preocupe comigo, estou muito bem! — Zélia? — Madalena sabia que a melhor amiga de Mimi era a garota da família Barbosa. — Ela está morando fora de casa? — Sim, a Zélia comprou uma casa, e agora moramos juntas. Estamos muito felizes juntas. Madalena sabia que a família Barbosa era rica e que Zélia, filha única, tratada como uma joia preciosa. Se Mimi estava morando com ela, provavelmente não haveria problema. Mesmo assim, Madalena suspirou: — Mas você não está aqui, e eu sinto sua falta! Que tal se eu mandar o An
— Se você acha que esse filho biológico não vale tanto quanto uma filha adotiva para vocês, então eu também posso sair de casa! Anselmo se virou e começou a sair. Madalena tremia de raiva: — Anselmo, você vai se arrepender! Anselmo parou por um instante, mas logo saiu em passos largos. ... Marília voltou para a loja com o café. O ambiente parecia um pouco estranho, e ela perguntou, sem entender: — O que aconteceu? — O chefe passou aqui para inspecionar a loja. Marília assentiu. Zélia havia dito que viria à loja para encontrá-la hoje. — E onde ela está agora? — Já foi embora. Os colegas dividiram o café. Um deles tomou um gole e continuou: — A chefe estava de mau humor hoje, deu uma baita bronca. A Dalva saiu chorando. — Eu não chorei! — Seus olhos estavam vermelhos! Outro colega também confirmou com um aceno a cabeça, ainda com uma expressão apreensiva: — Quando a chefe está brava, é assustador. Eu nem tive coragem de abrir a boca. Será que ela está
O céu começava a escurecer, e todos corriam para voltar para casa. Sempre que o ônibus parava na estação, uma multidão se amontoava para entrar, enquanto os rostos na plataforma mudavam constantemente, um após o outro. No final, só restou ela. Marília não sabia para onde ir. Um Maybach preto parou ao lado da estação de ônibus. A janela se abaixou, revelando o rosto familiar e elegante de um homem. — Entre. Marília ficou paralisada por um momento, mas logo se recompôs, respondendo: — Ah. — Pegou sua bolsa, se levantou e entrou no banco do passageiro da frente. Leandro dirigiu o carro para longe da estação. Observando a direção em que ele seguia, Marília disse apressadamente: — Você pode parar em um hotel, não precisa me levar muito longe. — E acrescentou logo em seguida. — Não precisa ser um hotel cinco estrelas, pode ser uma daquelas redes econômicas. Algo em torno de duzentos ou trezentos reais por noite já está bom. Leandro parou o carro em um cruzamento e se viro
Marília finalmente entendeu por que a geladeira estava tão cheia: Leandro tinha contratado uma senhora para cozinhar. Ela viu a mulher empacotar os alimentos que ainda estavam bons para levar embora. — Vai jogar isso fora? — O Dr. Leandro tem problemas no estômago, ele não pode comer comida de um dia para o outro. Marília tinha acabado de preparar o jantar com comida do dia anterior. Afinal, os ingredientes comprados no mercado ou supermercado nem sempre eram frescos do mesmo dia. Para ela, aquilo era um enorme desperdício. — Senhora, que tal deixar essas comidas para mim? Eu levo amanhã! A senhora hesitou e olhou para Leandro. — Tem mais na geladeira, pode levar. — Certo. — A senhora imediatamente pegou os sacos e se preparou para sair. Antes de atravessar a porta, se voltou com um sorriso. — É a primeira vez que vejo o senhor trazer uma moça para casa. Sua namorada é muito bonita! Marília estava acostumada a ouvir elogios sobre sua beleza, mas a senhora tinha acabad
Leandro ficou parado na porta, sua figura alta e imponente imóvel, os olhos negros e profundos ligeiramente estreitados, fixos nela. Por um instante, ele também ficou atordoado, encarando ela sem piscar. Marília teve um apagão mental por três segundos. Quando finalmente reagiu, sentiu o sangue subir à cabeça. Instantaneamente, cruzou os braços sobre o peito num gesto defensivo e, completamente desnorteada, gritou: — V-você... por que não bateu na porta?! Leandro observou seu corpo nu sem demonstrar qualquer constrangimento. Seu olhar permaneceu fixo, e seus lábios se entreabriram ligeiramente antes que ele murmurasse, com a voz baixa e rouca: — Mandei minha secretária comprar roupas para você... Marília percebeu que ele segurava uma sacola, mas o olhar dele era simplesmente ousado demais. Ela se sentiu envergonhada e furiosa: — Coloque a sacola no chão e feche a porta! O homem assentiu, se abaixou para deixar a sacola no chão do quarto e, ao se levantar, não resistiu
Essas eram as roupas que ela tinha trocado. ... Assim que Marília chegou à loja, acessou o site oficial para procurar o preço das roupas que estava vestindo, planejando transferir o dinheiro. Foi então que viu a mensagem de Leandro no WhatsApp. [Você esqueceu suas roupas no meu carro.] Marília imediatamente se lembrou do vestido e da lingerie que havia trocado e respondeu sem demora: [Posso passar aí no meu intervalo de almoço para pegar?] [Eu te entrego à noite.] Ou seja, ele não queria que ela fosse até o hospital. Marília entendeu a indireta e não insistiu. Apenas realizou a transferência do valor. Se foram mais de vinte mil de uma vez. Seu coração apertou um pouco, ainda precisava pagar o aluguel, e o dinheiro parecia desaparecer rapidamente.Depois de deixar o celular de lado, decidiu se concentrar no trabalho. Com sorte, conseguiria fechar dois grandes pedidos hoje para recuperar um pouco do prejuízo. ... Zélia chegou à loja às dez da manhã. As duas se cum
Depois de jantar e voltar para casa, Marília baixou um aplicativo de busca por imóveis e começou a olhar apartamentos na região. Havia poucos com um quarto e uma sala; a maioria tinha dois ou três quartos. Os de dois ou três quartos eram mais caros. Marília passou a noite inteira pesquisando e, no fim, decidiu procurar uma corretora para ajudá-la. Nos três dias seguintes, ela visitou vários condomínios no centro da cidade, sempre acompanhada pela corretora. Os imóveis eram bons, mas os preços a deixavam hesitante. Custavam entre seis e sete mil. Sem contar os trabalhos extras, seu salário mensal era de apenas sete ou oito mil, e ela ainda precisava se sustentar. Ela queria um aluguel entre dois e três mil, mas, naquela região, isso era claramente inviável. A corretora sugeriu que ela considerasse dividir um apartamento. Zélia a aconselhou a não fazer isso, dizendo que as contas de água, luz e gás eram imprevisíveis, o que poderia aumentar bastante os custos, além de causar poss
Renato assentiu rapidamente. — Srta. Marília, pode ficar tranquila. Estou disposto a assinar o contrato com você. Marília percebeu que ele já havia dito tudo o que precisava e, como de fato não encontraria nada mais barato, simplesmente agradeceu. Naquela mesma noite, após assinarem o contrato, ela e Zélia jantaram juntas, e então Marília levou sua bagagem para o novo lar. Zélia deu uma olhada no apartamento e comentou que, pelo preço, tinha feito um ótimo negócio. Mas, afinal, Marília era uma mulher morando sozinha, e o proprietário era um homem, então Zélia sugeriu que ela trocasse a fechadura. Marília mencionou isso ao dono do imóvel, que compreendeu e concordou com a troca. Depois de trocar a fechadura e comprar os itens essenciais para o dia a dia, passou uma semana até que estivesse completamente instalada. Durante toda essa semana, ela não viu Leandro, e ele também não entrou em contato. Marília cogitou procurá-lo no hospital, mas, se lembrando do jeito frio e di