Helena Luz
“Posso te ligar agora?” — Reli aquela mensagem e suspirei massageando as têmporas, eram quase onze horas da noite e eu me perguntava porque justamente naquele horário, afinal ele teve quase cinco dias para me explicar, e porque justamente agora? Olhei para Mariane ao meu lado que digitava eufórica algo em seu celular e chamei sua atenção mostrando a mensagem.
— O que você acha? — Indaguei e ela largou o próprio celular e segurou o meu.
— Você quer ouvir o que ele tem a dizer? — Perguntou e eu mordi o lábio inferior. Havia ficado decepcionada com Rodrigo, afinal ele havia ido embora sem nem se despedir, e sequer me enviou uma mensagem durante os demais di
Rodrigo DÁvilaAcariciei a mão da minha mãe que dormia tranquilamente na cama e suspirei mais relaxado enquanto me levantava checando o termômetro que estava abaixo do seu braço. Notei que sua temperatura estava ficando estável, pus o termômetro sobre a mesa de cabeceira e sai do quarto tentando fazer o mínimo de barulho possível. Ao fechar a porta do quarto da minha mãe encontro Alice, nossa vizinha, carregando uma bandeja com sopa e um copo d’água, apenas fiz um sinal pedindo para a mesma me seguir e ela entendeu.Descemos as escadas em silêncio e eu suspirei, estava exausto, havia dirigido por horas durante a madrugada e desde então ainda não tinha fechado os olhos para descansar, estava chegando ao meu recorde. Foram quarenta e oito horas acordado. Meu celular vibrou no meu bolso
Helena LuzComo eu poderia começar a descrever tudo o que aconteceu na minha vida nas últimas três semanas? Bom, eu havia terminado um namoro de anos, havia conhecido uma pessoa que admirava muito, e havia me tornado famosa da noite para o dia. Tudo isso graças a uma insônia. E bom, eu devo dizer que a minha vida não foi uma das melhores, afinal, eu estava quase me afogando em uma depressão e também em um relacionamento abusivo, mas tudo mudou quando ele, Rodrigo D'ávila entrou em minha vida. Primeiro ele foi preenchendo os espaços vazios que a falta de um entretenimento fazia em minha vida, depois, ele foi me encorajando a me libertar das algemas invisíveis que me prendiam, e no fim, ele me deu o apoio que eu precisava para as quebrar, e tudo isso de forma indireta.Nã
Como eu podia explicar a sensação que era estar com Rodrigo, mesmo de longe? Era estranho conversar com ele todos os dias, ouvir sua voz rouca quando acordava e saber que ele sempre dava um sorrisinho preguiçoso ao se levantar, e claro, não podia faltar o café com sua mãe, antes de iniciar todas as suas atividades. Sem dúvidas, eu já sabia a sua rotina, afinal eu a acompanhava todos os dias, e ao-vivo.Já não existia mais uma parede entre nós que nos impedisse de nos mostrar nossas essências. Aos poucos, fui me importando menos em falar polidamente, ou de sempre estar com os cabelos alinhados, ou até mesmo de pôr uma roupa mais agradável durante as chamadas de vídeo.Meu riso não era controlado, e totalmente espontâneo, e aos po
Helena LuzO que realmente é o amor? Eu, Helena Luz, me perguntava isso todas as noites antes de dormir. O que realmente era amar incondicionalmente e sentir aquele friozinho na barriga descrito em tantos livros e filmes? O que era dizer para alguém um verdadeiro "eu te amo." Viver ao lado de Luiz tantos anos, me fez perceber que eu verdadeiramente não sabia o que era amar, e confundia minha submissão por paixão, por isso olhá-lo agora, depois do término, me fez ter certeza que eu havia me tornado uma pessoa livre, livre das algemas carinhosamente chamadas de amor, por aquele que fez questão de desgraçar a minha vida, acabar com todos os bons sentimentos que eu tinha e matar a Helena feliz.Mas foi aí que ele chegou, como um raio de sol e de uma forma totalmente inusitada, Rodrigo D'Ávila apareceu na
Arfei ao ver o olhar indagativo de Rodrigo sobre os meus pulsos com algumas manchas roxas, e busquei fazer qualquer outra coisa, menos olhar nos seus olhos azulados que buscavam respostas. Mas o que eu poderia dizer ao moreno? Ele não iria compreender, e o mais importante disso tudo, aquilo não lhe dizia respeito, afinal, eram problemas unicamente meus, e já não bastava envolver Mariane em toda essa história, eu precisava também arrastar o Rodrigo para a bagunça que era minha vida?Puxei as mangas do casaco e suspirei dando as costas para o moreno, evitando mais uma vez os seus olhos e mordi os lábios inferiores. Senti as mãos suaves de Rodrigo sob os meus ombros, e então suas palavras soprou em meus ouvidos:— Não precisa guardar tudo para
Helena LuzEra quase duas da manhã e mais uma vez naquela semana eu estava sem sono. Meus amigos já haviam dormido há muito tempo, e eu não tinha com quem conversar, para as horas passarem depressa, inclusive meu namorado já deveria estar no décimo sono, já que ele enfrentaria mais uma semana de faculdade e trabalho em algumas horas. Já eu, me via perdida em uma dose de insônia diária, e sinceramente? Eu realmente queria entender o motivo para as insônias, e estava ficando irritada porque a cada dia elas estavam mais presentes, e a falta de sono deixava meu corpo extremamente cansado, minha voz embargada e meu humor era sempre estourado.Suspirei jogando meu corpo contra os travesseiros brancos e xingando pela milésima vez por não conseguir dormir. Vencida pela falta de sono e o téd
Eu li e reli a mensagem de Luiz umas dez vezes, não sabia o que responder, estava magoada pela sua atitude, e sentia a minha coluna doer pelo impacto da queda, assim como meus pulsos tomavam um tom arroxeados, e isso me impedia de esquecer a agressividade do meu namorado.Conheci Luiz no primeiro ano do ensino médio, ele sempre foi o príncipe da escola, o cara popular que todas corriam atrás, era gentil e educado, o aluno número. Nós fizemos dupla para um seminário de física e desde aquele dia acabamos nos apaixonando um pelo outro, e seis meses depois iniciamos um namoro. O casal perfeito... Era o que todos diziam, mas sinceramente somente ele era perfeito, e fazia questão de me atormentar quando suas notas eram máximas e as minhas na média, e com isso surgiu o primeiro defeito que eu odeio nele. Luiz agia como se fosse sup
Helena LuzEu havia chorado a noite toda, e não me lembro quando peguei no sono novamente, só recordo que acordei, sentindo como se minha cabeça fosse explodir e minha boca estava seca. Já era dia quando a barriga protestou de fome, me remexi na cama notando o quão bagunçada eu estava. Me levantei indo ao banheiro, enquanto me lembrava de tudo que aconteceu no dia anterior, senti a aliança dourada em meu dedo anelar e a removi com pesar, pondo na pia de mármore branco do banheiro e evitando pensar em Luiz novamente. Escovei os dentes e tomei um banho demorado, lavando meus cabelos loiros que batiam um pouco acima da cintura, os sequei com o secador enquanto escolhia uma música no celular, e pus um sorriso triste no rosto, eu finalmente começava a me sentir livre.Deixei o secador de lado e fui para o meu qua