Nos dias que se seguiram, Isabella tentou manter a rotina dos gêmeos intacta. Lucas e Luna ainda não entendiam totalmente o que estava acontecendo, mas perceberam que algo havia mudado. Eles faziam perguntas esporádicas sobre "aquele homem legal" que tinham encontrado na livraria, e Isabella, com o coração apertado, respondia da melhor forma que conseguia.

Leonardo, por outro lado, estava determinado a seguir em frente com sua promessa. Ele não pressionava Isabella, mas fazia questão de estar presente, aparecendo discretamente pela cidade, sempre atento a uma oportunidade de ver os gêmeos. E foi assim que, pouco a pouco, ele começou a se aproximar deles.

Em uma tarde ensolarada, Leonardo encontrou Isabella e os gêmeos na pequena pracinha da cidade. Lucas e Luna corriam e brincavam pelo gramado, rindo alto enquanto Isabella os observava de um banco próximo. Leonardo se aproximou com um sorriso suave.

"Você se importa se eu me juntar a eles?" ele perguntou, a voz baixa, como se temesse quebrar a paz do momento.

Isabella olhou para ele, surpresa pela pergunta delicada. Era difícil para ela se acostumar com essa nova realidade, mas ela sabia que era inevitável. "Claro," ela respondeu, forçando um sorriso. "Eles vão gostar disso."

Leonardo acenou e caminhou até as crianças. Ele as observou por um momento, percebendo o quanto já havia perdido, antes de se abaixar ao nível delas.

"Posso brincar com vocês?" ele perguntou, sua voz suave e amigável.

Lucas e Luna pararam de correr e o encararam com curiosidade. "Você sabe jogar esconde-esconde?" Lucas perguntou, os olhos brilhando de animação.

"Eu sou ótimo nisso," Leonardo respondeu com um sorriso genuíno. "Mas vocês têm que me prometer que não vão me achar tão rápido."

Luna riu, sua risada inocente enchendo o coração de Leonardo de alegria. "A gente sempre acha todo mundo!"

E assim, o jogo começou. Isabella observava de longe, seu coração misturado em uma confusão de sentimentos. Ela nunca tinha visto Leonardo tão à vontade com as crianças, e era difícil negar que eles pareciam uma família, mesmo que apenas por um breve momento.

Enquanto o sol começava a se pôr, Leonardo se sentou na grama ao lado de Isabella, observando os gêmeos que agora estavam exaustos e rindo entre si.

"Obrigado por me deixar fazer parte disso," ele disse suavemente, sem tirar os olhos dos filhos.

Isabella suspirou, lutando para manter as emoções sob controle. "Eles gostam de você. É difícil não deixar."

Leonardo se virou para ela, seus olhos cheios de uma mistura de gratidão e arrependimento. "Eu quero estar presente para eles, Isabella. Eu quero ser o pai que eles merecem."

Isabella sabia que ele estava sendo sincero. Ela podia ver o esforço que ele estava fazendo para se reconectar, não apenas com os gêmeos, mas também com ela. "Eu sei," ela respondeu finalmente. "Mas isso vai levar tempo, Leonardo. Para todos nós."

Ele assentiu, respeitando o espaço que ela pedia. "Estou disposto a esperar. Eu só quero que você saiba que eu não vou a lugar nenhum."

Os dias seguintes foram uma combinação de momentos como esses — pequenas interações onde Leonardo se aproximava mais dos gêmeos, sem forçar nada, apenas sendo parte de suas vidas de uma maneira que ele nunca tinha tido a chance de ser. Isabella, por mais que ainda estivesse receosa, começou a perceber que a presença de Leonardo estava fazendo bem aos filhos.

Mas essa paz recém-descoberta estava prestes a ser abalada.

Em uma noite, enquanto Isabella estava preparando o jantar, Lucas entrou na cozinha com uma expressão séria que não combinava com sua idade. "Mãe, a gente pode perguntar uma coisa?"

Isabella se agachou para ficar na altura dele. "Claro, meu amor. O que você quer saber?"

"Por que a gente nunca conheceu o papai antes?" A pergunta foi feita com uma simplicidade que partiu o coração de Isabella. Ela sabia que esse momento chegaria, mas ainda assim, não estava preparada.

Luna, que estava próxima, se aproximou, igualmente curiosa. "A gente não sabia que tinha um papai. Ele vai embora de novo?"

Isabella respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas. "Não, ele não vai embora de novo. Ele quer ficar com a gente agora. E o motivo de vocês não terem conhecido ele antes... foi complicado, mas nunca foi culpa de vocês."

As crianças ficaram em silêncio, processando a informação. Isabella sentiu uma mistura de alívio e culpa ao ver que eles pareciam aceitar a resposta. Mas ela sabia que, à medida que crescessem, as perguntas ficariam mais difíceis de responder.

Mais tarde naquela noite, após colocar Lucas e Luna na cama, Isabella sentou-se à mesa da cozinha, perdida em pensamentos. Ela sabia que o próximo passo seria inevitável. Precisava confrontar o passado, não só por ela, mas também por seus filhos. A verdade não podia ser escondida para sempre, e o relacionamento entre ela e Leonardo não poderia avançar até que tudo estivesse às claras.

Quando Leonardo ligou naquela noite, Isabella sabia que estava pronta para dar o próximo passo, por mais assustador que fosse.

"Precisamos conversar," ela disse, sua voz firme, mas cheia de incerteza.

Do outro lado da linha, Leonardo respirou fundo, sentindo que algo significativo estava prestes a acontecer. "Sim, precisamos."

E assim, com o coração pesado, mas determinada, Isabella se preparou para enfrentar as verdades do passado, sabendo que o futuro dela e dos gêmeos dependia disso.