O silêncio entre eles era espesso, preenchido por uma avalanche de emoções e memórias. Isabella sentia seu coração disparar, enquanto Leonardo, com os olhos presos nela, parecia buscar palavras que não vinham. Ele havia se preparado para dias tranquilos e introspectivos, mas jamais esperou encontrar Isabella ali, na mesma cidade onde ele esperava reencontrar a paz.
Leonardo a observava com um olhar que ela não via há anos — um olhar doce, repleto de lembranças dos tempos em que estavam juntos, quando tudo parecia tão certo entre eles. Ele lembrou-se do sorriso dela, da forma como os olhos dela brilhavam quando falava de algo que amava, do calor que sentia quando estava ao seu lado. Por um breve instante, tudo aquilo voltou com força total, desarmando-o. Ele não esperava que vê-la pudesse mexer tanto com ele, mas a verdade era que, apesar de tudo, aquele amor nunca havia realmente desaparecido.
Isabella, por sua vez, lutava para manter a compostura. Ela sabia que aquele momento eventualmente chegaria, mas não estava preparada para isso agora, não com Leonardo olhando para ela como se nada tivesse mudado. Mas as coisas tinham mudado. A vida de Isabella girava em torno de Lucas e Luna, e ela não podia se permitir reviver aquele passado. Havia muito mais em jogo agora.
Leonardo finalmente encontrou sua voz, e com um leve sorriso, ele quebrou o silêncio, tentando suavizar o clima pesado.
“Você está bem, Isabella?” A pergunta era simples, mas carregava um peso imenso. Ele não estava apenas perguntando se ela estava bem hoje, mas se ela tinha ficado bem durante todos esses anos que estiveram separados.
“Estou”, ela respondeu rapidamente, talvez rápido demais. Isabella sabia que estava mentindo, mas não podia deixar Leonardo ver isso. Ela se virou para os filhos, tentando usar a presença deles como escudo. “Estes são meus filhos, Lucas e Luna.”
O olhar de Leonardo se desviou para as crianças, e de repente, algo dentro dele pareceu estalar. Ele olhou para Lucas, depois para Luna, e então de volta para Isabella, como se estivesse tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que não fazia sentido. Os olhos verdes das crianças refletiam os seus, e isso o atingiu como um raio. O sorriso em seu rosto começou a desaparecer lentamente enquanto ele assimilava a semelhança.
“Seus filhos…” Ele murmurou, quase para si mesmo, mas o choque em sua voz era inegável.
Isabella sentiu o pânico crescendo dentro dela, mas forçou-se a manter a calma. Ela não podia deixá-lo saber a verdade, não ali, não agora. “Sim, meus filhos. Temos uma vida tranquila aqui.”
Leonardo se calou por um momento, tentando processar a informação. As crianças tinham cinco anos, exatamente o tempo desde que eles se separaram. As perguntas começaram a se formar na mente dele, mas ele não sabia como começar. Havia uma parte de si que queria explodir em questionamentos, mas a outra parte — a parte que ainda nutria sentimentos por Isabella — queria acreditar que aquilo não era possível.
“Eles… Eles têm a sua beleza.” Ele finalmente disse, o olhar suave retornando ao rosto dela. Era uma forma de mostrar que ele ainda se importava, que ainda via nela aquela mulher que ele havia amado. E, por um breve momento, Isabella viu nos olhos dele o mesmo homem pelo qual havia se apaixonado.
Mas ela sabia que aquele momento de ternura era apenas o começo de algo muito maior, algo que ela não sabia se estava preparada para enfrentar. Ela precisava de tempo para pensar, para processar o que aconteceria a seguir. O passado estava ali, batendo à porta, e ela não sabia como manter Leonardo à distância sem machucar seus filhos no processo.
“Eu... eu preciso ir. Os meninos precisam comer,” ela disse, sua voz soando trêmula. Sem esperar por uma resposta, Isabella pegou Lucas pela mão e fez sinal para Luna a seguir. Antes de se afastar, ela deu um último olhar para Leonardo, como se estivesse tentando gravar aquele momento na memória, antes de virar e ir embora.
Leonardo ficou ali, parado, vendo Isabella se afastar com as crianças. O coração dele estava pesado com perguntas e uma dor que ele pensou que havia superado. Ele sabia que não poderia simplesmente deixá-la ir, não sem respostas, mas também sabia que forçar a situação não seria a solução. Ele precisaria encontrar outra maneira de descobrir a verdade. O passado que eles compartilharam estava de volta, e Leonardo estava determinado a entender tudo, por mais doloroso que fosse.
Isabella estava ocupada na pequena livraria-café onde trabalhava, ajustando as flores frescas no balcão ao lado da máquina de café expresso. Era uma manhã tranquila de sábado, e o sol brilhava suavemente através das grandes janelas que davam para a rua movimentada da cidade. Lucas e Luna estavam em uma mesa perto do fundo, rabiscando desenhos em seus blocos de papel, rindo e conversando entre si. Para Isabella, era um dia como qualquer outro, um breve momento de paz em sua vida agitada de mãe solteira.Ela estava absorta em seus pensamentos, quando a sineta da porta soou, sinalizando a entrada de um cliente. Isabella sorriu automaticamente, sem erguer os olhos, enquanto terminava de organizar as flores."Bom dia, posso ajudá-lo?" ela disse, finalmente levantando a cabeça para atender o novo cliente.Os olhos de Isabella congelaram no instante em que encontraram os de Leonardo. O mundo ao seu redor parecia parar. O café estava subitamente silencioso, e tudo o que ela podia ouvir era o
Leonardo segurava o desenho de Lucas nas mãos, tentando não tremer enquanto seus pensamentos rodopiavam descontroladamente. Ele observava o sorriso inocente no rosto do menino, sem conseguir desviar o olhar. Era surreal pensar que ele tinha perdido os primeiros anos da vida de seus filhos, e agora, aqui estava ele, diante deles pela primeira vez, com uma montanha de emoções que ameaçava desmoronar sobre ele.Luna se aproximou timidamente, ficando ao lado do irmão, curiosa para saber o que estava acontecendo. Isabella observava de perto, com o coração na garganta, tentando manter a calma. Ela sabia que, em breve, teria que lidar com as perguntas inevitáveis das crianças, mas por enquanto, era Leonardo quem mais a preocupava."Ele gosta de desenhar, como você," Isabella disse, sua voz suave, mas tensa. Ela queria quebrar o silêncio, aliviar um pouco da tensão esmagadora que pairava sobre eles.Leonardo ergueu os olhos para ela, e por um breve momento, Isabella viu a vulnerabilidade nele
Nos dias que se seguiram, Isabella tentou manter a rotina dos gêmeos intacta. Lucas e Luna ainda não entendiam totalmente o que estava acontecendo, mas perceberam que algo havia mudado. Eles faziam perguntas esporádicas sobre "aquele homem legal" que tinham encontrado na livraria, e Isabella, com o coração apertado, respondia da melhor forma que conseguia.Leonardo, por outro lado, estava determinado a seguir em frente com sua promessa. Ele não pressionava Isabella, mas fazia questão de estar presente, aparecendo discretamente pela cidade, sempre atento a uma oportunidade de ver os gêmeos. E foi assim que, pouco a pouco, ele começou a se aproximar deles.Em uma tarde ensolarada, Leonardo encontrou Isabella e os gêmeos na pequena pracinha da cidade. Lucas e Luna corriam e brincavam pelo gramado, rindo alto enquanto Isabella os observava de um banco próximo. Leonardo se aproximou com um sorriso suave."Você se importa se eu me juntar a eles?" ele perguntou, a voz baixa, como se temesse
Lúcia Strozzi estava em seu luxuoso apartamento em Milão, folheando distraidamente uma revista de moda enquanto saboreava uma taça de vinho. Seus pensamentos, porém, estavam longe dali. Desde que Leonardo havia saído em uma "viagem de negócios" sem maiores explicações, Lúcia sentia uma inquietação que ela não conseguia ignorar. Eles estavam noivos, um relacionamento cuidadosamente planejado que unia duas das mais influentes famílias da Itália. Contudo, ela sempre soube que, para Leonardo, o compromisso era mais uma obrigação social do que um desejo genuíno.O celular de Lúcia vibrou, interrompendo seus devaneios. Era uma mensagem de uma amiga, acompanhada de uma foto.**"Olha quem eu encontrei na pequena cidade costeira de Praia do Sol!"**Lúcia quase derrubou a taça quando abriu a imagem. Era Leonardo, sentado em uma mesa de café ao ar livre, aparentemente despreocupado. Ele estava em Praia do Sol, a cidade onde morava Isabella, a mulher que, segundo rumores antigos, havia sido o gra
Lúcia sentava-se em sua luxuosa suíte de hotel em Praia do Sol, observando o horizonte com um olhar frio e calculista. Desde sua chegada à pequena cidade costeira, seus pensamentos haviam se tornado cada vez mais sombrios e perigosos. O reencontro inesperado entre Leonardo e Isabella havia acendido em Lúcia uma chama de ciúme e ressentimento que ela nunca havia sentido antes, e agora, tudo o que ela queria era vingança.O celular de Lúcia vibrava incessantemente, com mensagens e ligações da família e dos amigos de Leonardo, preocupados com o sumiço dele. Ela ignorava todas, focada apenas no que precisava fazer. Leonardo havia feito a pior escolha possível ao retornar para o passado e se envolver com Isabella novamente. Pior ainda, ele tinha duas crianças que, aparentemente, eram dele. Duas crianças que podiam facilmente destruir tudo o que Lúcia e ele haviam construído. Ou assim ela pensava.Lúcia se levantou e começou a andar pelo quarto, incapaz de controlar o fluxo de pensamentos.
Leonardo caminhava pela orla da pequena cidade costeira, seu olhar perdido no horizonte. O sol se punha, tingindo o céu de laranja e vermelho, mas ele mal percebia a beleza ao seu redor. A conversa com Lúcia ainda ecoava em sua mente como um veneno silencioso, infiltrando-se em cada pensamento.— E se Lucas e Luna não forem meus filhos?Ele tentou afastar a ideia, mas a dúvida havia sido plantada. Quanto mais pensava, mais perguntas surgiam. Por que Isabella nunca o procurou para contar sobre os gêmeos? Será que havia algo mais por trás do silêncio dela? Leonardo sabia que não poderia seguir em frente sem respostas.Decidido a esclarecer as coisas, ele pegou o telefone e começou a fazer ligações. Se havia algo que o poder e o dinheiro lhe proporcionavam, era acesso a informações. Precisava descobrir tudo sobre o que aconteceu com Isabella nos últimos cinco anos. Quem estava em sua vida? Com quem ela havia se envolvido?Leonardo começou pelo básico. Contratou um investigador particular
Leonardo estacionou seu carro alugado na frente da pequena escola que ficava no centro da cidade. O prédio, com suas paredes de tijolos vermelhos e janelas grandes, exalava um charme antiquado. Havia algo de acolhedor naquele lugar, muito diferente das estruturas modernas e impessoais das grandes cidades onde ele costumava circular. Ele olhou ao redor, tentando acalmar o turbilhão de emoções que sentia. Nunca imaginara que um dia se veria naquele cenário, em uma cidade costeira, à procura de respostas sobre a mulher que nunca conseguiu esquecer e, agora, sobre os gêmeos que mudariam sua vida para sempre.Após seu reencontro com Isabella, ele notou a tensão no ar, o desconforto que ela tentava esconder, mas, principalmente, a maneira como ela desviava os olhos sempre que os gêmeos, Lucas e Luna, apareciam no assunto. Leonardo não era tolo. Algo não estava certo, e sua intuição gritava que havia mais por trás daquela situação do que Isabella estava disposta a contar.Enquanto caminhava
Leonardo acelerou o carro em direção à casa de Isabella, a adrenalina pulsando em suas veias. Os pensamentos se acumulavam em sua mente como uma tempestade prestes a desabar. Ele não podia permitir que um estranho, como Gabriel, entrasse na vida de Isabella e dos gêmeos, assumindo um papel que sempre deveria ter sido seu. Ele precisava entender o que estava acontecendo, e mais do que isso, precisava fazer Isabella ver que ele ainda estava ali, disposto a lutar por eles.Ao chegar à pequena casa, um charme rústico com flores coloridas no jardim, a ansiedade tomou conta dele. Ele hesitou por um momento, observando a janela da sala, onde uma luz suave se filtrava. Os gêmeos deveriam estar em casa, e isso o fez sentir um aperto no coração. Ele queria ver Lucas e Luna, queria sentir a conexão que havia perdido durante todos aqueles anos.Determinando-se, ele saiu do carro e caminhou até a porta, sua mão tremendo levemente ao pressionar a campainha. O som ecoou no silêncio da tarde, e ele n