Após o ritual e a dispersão das cinzas de Andrei na floresta, o ambiente na casa de Alexander era de uma melancolia contida. Apesar da presença de todos os membros da alcateia, o peso da perda ainda pairava sobre eles, silenciosamente refletido nos olhares e nos gestos contidos enquanto se reuniam ao redor da longa mesa de jantar. Um banquete havia sido preparado para todos, com uma abundância de comida e bebida, mas o silêncio reinava, interrompido apenas pelo som dos talheres e copos, em um luto coletivo não declarado, mas fortemente sentido.Daphine, sentada em um dos cantos da mesa, mal tocava na comida. Sua mente estava longe, ocupada com os pensamentos sobre Caleb e as revelações inquietantes da noite. Ela sabia que precisava de um momento para conversar com ele, para tentar amenizar a tensão que certamente surgiria quando Caleb acordasse e se deparasse com o fato de ter sido trazido ali à força.Quando terminou de comer, Daphine se levantou silenciosamente e se aproximou de Alex
Caleb respirou fundo, tentando conter a raiva que ardia em seu peito. Ele desviou o olhar por um momento, lutando para processar o que Daphine estava dizendo. No fundo, ele sabia que havia algo errado, mas reconhecer que seu próprio pai o havia manipulado era doloroso demais para aceitar de imediato. Ele olhou para Daphine novamente, e a raiva em seus olhos começou a se dissolver, deixando espaço para a compreensão e a tristeza.— Eu... — Caleb começou, sua voz agora muito mais baixa e hesitante. — Eu não queria que as coisas acontecessem assim. É só que... a ausência do meu pai me causou tanta dor. Eu passei por tanta coisa...Daphine assentiu, seu coração apertado ao ver a vulnerabilidade em Caleb. Ela sabia o quanto ele havia sofrido, o quanto ele havia lutado para se tornar o homem que era. Com um suspiro profundo, ela se aproximou um pouco mais, falando com uma ternura que só ela poderia oferecer.— Eu sei, Caleb. Eu sei que foi difícil, mas olhe para você agora. Você superou tudo
BREVE RESUMO DO LIVRO 1Daphine sempre foi uma jovem alegre e determinada, mas sua vida mudou drasticamente após a morte de sua mãe. Em busca de um novo começo, ela se muda para Londres para cursar a universidade, onde conhece Ethan Backer, um rapaz cativante e irresistível por quem se apaixona perdidamente. Porém, Daphine logo descobre um segredo que muda tudo: ela não é uma humana comum, mas uma loba, e sua natureza sobrenatural desencadeia sentimentos intensos e ferozes que ela nunca experimentou antes. O romance entre Daphine e Ethan é abruptamente interrompido por um mal-entendido devastador, e o relacionamento dos dois fica sem um desfecho.Quase quatro anos depois, determinada a deixar o mundo sobrenatural para trás, Daphine retorna a Londres na esperança de viver como uma humana comum. Lá, ela conhece Charlote, uma amiga leal com quem cria um laço profundo e verdadeiro. Através dessa amizade, Daphine conhece Caleb, o atraente e misterioso irmão de Charlote. A conexão entre Dap
Minutos depois, Daphine entrou na casa apressada, cruzando pela porta lateral. Seus vestidos estavam completamente amassados e seus pés descalços denunciavam sua corrida pela floresta. Assim que atravessou a porta, percebeu que não estava sozinha; Theo e Paulo caminhavam em direção à sala e, ao vê-la naquele estado, suas expressões se encheram de curiosidade.Theo foi o primeiro a notar a aparência de Daphine, seus cabelos desarrumados e o semblante ligeiramente perturbado. Ela olhou para eles brevemente, sem dizer uma palavra, mas o silêncio não durou muito.— O Alexander quer todos no salão principal. As outras alcateias estão chegando. — informou Theo, sua voz neutra, mas seus olhos observando cada detalhe da chegada de Daphine.Daphine tentou manter a compostura, mas o constrangimento era evidente em seu rosto. Ela sabia que sua aparência denunciava a noite tumultuada que tivera.— Antes, eu preciso me trocar. — disse Daphine, sua voz firme, mas carregada de urgência. Ela tentou p
Daphine já havia terminado seu banho e estava quase pronta, se vestindo lentamente enquanto tentava organizar os pensamentos confusos sobre tudo o que tinha acontecido. Ela vestiu uma camisa limpa, sentindo o tecido fresco contra a pele, quando o som insistente do celular tocou sobre a cama. Ela olhou para o aparelho, hesitando. O nome de Charlote piscava na tela, e Daphine sentiu um nó se formar em seu estômago. Ela sabia que precisava falar com sua melhor amiga, mas não tinha ideia de como explicar a situação envolvendo Caleb.Com um suspiro profundo, Daphine pegou o celular e deslizou o dedo para atender.— Oi, Charlote! — ela disse, tentando soar o mais tranquila possível.— Oi, Daphine! — respondeu Charlote, sua voz cheia de preocupação. — Você tem notícias do meu irmão? Estou tentando ligar para ele, mas ele não atende nenhuma das minhas chamadas.Daphine engoliu seco, tentando encontrar as palavras certas. Ela não queria mentir para Charlote, mas também sabia que a verdade era
O clima do lado de fora estava carregado de expectativa e ansiedade enquanto todos se preparavam para sair. O som das conversas baixas e dos motores dos carros se aquecendo preenchia o ar frio da noite. Daphine se encontrava ao lado de Ethan, tentando manter uma expressão neutra, enquanto sentia os olhares furtivos de Caleb sobre ela. A tensão entre os três era palpável, quase sufocante, como uma corrente invisível que os mantinha amarrados em um ciclo de emoções complexas e não resolvidas.Alexander, sempre atento às dinâmicas da alcateia, observou os três com um olhar perspicaz. Ele percebeu que era preciso desviar aquela tensão para manter a ordem e o foco no que realmente importava naquela noite. Com passos firmes, ele caminhou até o carro principal e, ao se posicionar ao lado da porta aberta, sua voz ecoou autoritária, cortando qualquer murmúrio ao redor.— Theo, Daphine e Duck, venham comigo. — Alexander ordenou, com um olhar que não permitia questionamentos. — Aos demais, está
Ela observou o ambiente por um momento, como se tentasse absorver a tranquilidade daquele lugar antes de finalmente se voltar para o Supremo.— Primeiramente, quero me desculpar — começou Daphine, sua voz vacilando ligeiramente ao falar. — Não é fácil para mim lidar com tudo isso de forma natural. Eu tive um pai, por pouco tempo, mas tive um. — Ela fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas. Seus olhos expressavam um misto de saudade e determinação, um reflexo das batalhas internas que travava.O Supremo a escutou com atenção, sem interromper, seu olhar atento fixo nela, absorvendo cada palavra e cada nuance de seus gestos.— Porém, eu não vim aqui para falar sobre isso — continuou Daphine, endireitando-se um pouco. — Eu sei que esta noite é de grande importância para a alcateia, e para todos nós. Mas... eu não estou pronta para isso.Ela respirou fundo, suas mãos tremendo levemente enquanto tentava conter as lágrimas que ameaçavam cair.— Eu sei da responsabilidade que carr
O salão estava repleto de uma energia palpável, uma mistura de expectativas, tensão e uma solenidade silenciosa que pairava no ar. Vários grupos estavam reunidos ao redor das mesas longas e robustas, feitas de madeira escura, decoradas com velas tremeluzentes e taças de cristal. As alcateias estavam representadas em peso, cada uma delas com seus alfas sentados em posições de destaque. Os alfas eram figuras imponentes, carregando uma aura de autoridade que parecia emanar deles naturalmente. Cada um ostentava seu próprio estilo de liderança, desde os mais carismáticos, com sorrisos confiantes, até os mais reservados e sérios, cujo olhar transmitia sabedoria e respeito.No centro de tudo, na mesa principal, estava o Supremo. Ele era a figura mais imponente de todas, sentado em uma cadeira que parecia um trono, com as costas retas e o olhar atento percorrendo cada rosto presente. Ao seu lado, estavam Daphine e Alexander, que também emanavam uma presença notável, embora distinta. Alexander