Ela observou o ambiente por um momento, como se tentasse absorver a tranquilidade daquele lugar antes de finalmente se voltar para o Supremo.— Primeiramente, quero me desculpar — começou Daphine, sua voz vacilando ligeiramente ao falar. — Não é fácil para mim lidar com tudo isso de forma natural. Eu tive um pai, por pouco tempo, mas tive um. — Ela fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas. Seus olhos expressavam um misto de saudade e determinação, um reflexo das batalhas internas que travava.O Supremo a escutou com atenção, sem interromper, seu olhar atento fixo nela, absorvendo cada palavra e cada nuance de seus gestos.— Porém, eu não vim aqui para falar sobre isso — continuou Daphine, endireitando-se um pouco. — Eu sei que esta noite é de grande importância para a alcateia, e para todos nós. Mas... eu não estou pronta para isso.Ela respirou fundo, suas mãos tremendo levemente enquanto tentava conter as lágrimas que ameaçavam cair.— Eu sei da responsabilidade que carr
O salão estava repleto de uma energia palpável, uma mistura de expectativas, tensão e uma solenidade silenciosa que pairava no ar. Vários grupos estavam reunidos ao redor das mesas longas e robustas, feitas de madeira escura, decoradas com velas tremeluzentes e taças de cristal. As alcateias estavam representadas em peso, cada uma delas com seus alfas sentados em posições de destaque. Os alfas eram figuras imponentes, carregando uma aura de autoridade que parecia emanar deles naturalmente. Cada um ostentava seu próprio estilo de liderança, desde os mais carismáticos, com sorrisos confiantes, até os mais reservados e sérios, cujo olhar transmitia sabedoria e respeito.No centro de tudo, na mesa principal, estava o Supremo. Ele era a figura mais imponente de todas, sentado em uma cadeira que parecia um trono, com as costas retas e o olhar atento percorrendo cada rosto presente. Ao seu lado, estavam Daphine e Alexander, que também emanavam uma presença notável, embora distinta. Alexander
O Supremo fechou os olhos por um breve segundo, sentindo a fúria borbulhar em seu interior como um vulcão prestes a entrar em erupção. Ele sabia exatamente quem estava por trás do ataque; o cheiro da traição estava impregnado no ar, e ele podia reconhecê-lo de longe. Aquilo não era apenas uma ameaça velada — era um desafio descarado, uma provocação direta à sua autoridade e à paz que ele tanto lutara para manter entre as alcateias. Cada fibra de seu ser clamava por vingança, mas ele sabia que precisava conter-se. A justiça, ainda que envolta em fúria, precisava ser aplicada com equilíbrio e precisão. Seu rosto permanecia inexpressivo, como uma rocha sólida, mas seus olhos ardiam com uma determinação gélida.Com uma voz firme e controlada, ele se dirigiu a um dos homens que lhe trouxera a notícia: — Onde está Pedro? — A pergunta ressoou no ar, carregada de autoridade e uma preocupação que ele tentava disfarçar.Um dos guardas, com o semblante pálido e os olhos arregalados pelo choque,
Daphine, ajoelhada ao lado de Pedro, concentrou-se na difícil tarefa de curar os ferimentos profundos que marcavam o corpo do jovem lobo. Suas mãos trabalhavam com precisão, um leve brilho emanando de seus dedos enquanto o poder curativo fluía por eles. A concentração dela era absoluta, mas as palavras do Supremo não passaram despercebidas, e ela sentiu um arrepio subir pela espinha. O som da voz autoritária do Supremo ao pronunciar a sentença para o intruso ressoava em sua mente, e ela sabia que aquela noite estava longe de acabar. O ataque era apenas um prenúncio de algo muito mais sinistro, uma ameaça que poderia desestabilizar a paz e a união que sua alcateia lutava tanto para preservar.O Supremo, então se aproximou de Daphine, observando sua filha trabalhar com uma dedicação inabalável. Ele podia ver a tensão nas linhas do rosto dela, mas também a força e o poder que ela possuía. A cena era carregada de um silêncio tenso, quebrado apenas pelo som irregular da respiração de Pedro
Assim que o Supremo se aproximou de Alexia, ele notou um leve tremor em suas mãos. A revelação de sua traição havia deixado a mulher visivelmente abalada, e ela, claramente, não havia antecipado que Daphine possuía habilidades tão poderosas para desmascará-la. Alexia tentou desesperadamente reunir forças para falar em sua própria defesa, suas mãos crispando as bordas do vestido como se agarrar ao tecido pudesse lhe dar coragem. No entanto, antes que pudesse proferir uma única palavra, a voz do Supremo, grave e implacável, reverberou por toda a sala, cortando o ar como uma lâmina afiada.— Não ouse falar, a menos que eu ordene — o Supremo declarou com uma autoridade inquestionável, seus olhos fixos em Alexia com uma intensidade que fez a mulher recuar involuntariamente.O tom severo e gelado de sua voz não deixou espaço para qualquer argumento, e Alexia engoliu em seco, sentindo o peso esmagador da culpa e do medo. O arrependimento era evidente em seu olhar, mas as palavras morreram em
O Supremo se reuniu com os alfas em uma sala privada, as portas maciças de madeira fechadas com um estrondo que ecoou pela pedra fria das paredes. A tensão no ar era palpável enquanto todos se acomodavam ao redor de uma mesa longa e robusta, o ambiente iluminado apenas por tochas que tremeluziam, lançando sombras dançantes nas expressões sérias de cada alfa presente. Eles sabiam que estavam ali para decidir o destino de Alexia, e a gravidade da situação pesava sobre cada um deles.Alexia, de pé em um canto, mantinha os olhos fixos no chão, evitando os olhares julgadores ao seu redor. Ela havia passado informações críticas sobre as alcateias para Frederick, informações que poderiam comprometer não apenas a segurança do castelo, mas de toda a estrutura que mantinha a paz entre os lobos. Sua traição tinha um propósito claro: enfraquecer a guarda e abrir caminho para que Frederick e seu grupo pudessem invadir o castelo. Mas agora, exposta e cercada pelos alfas mais poderosos, Alexia estav
Um estrondo. A explosão da porta da sala arrebentando para dentro com uma força avassaladora. Antes que alguém pudesse reagir, lobos ferozes invadiram a sala, suas presenças sombrias e violentas denunciando que não estavam ali para negociar. Era Frederick, liderando seu grupo de desertores. Ele vinha como uma tempestade, com a fúria de quem esperava ansiosamente por aquele momento.— Matem todos que se opuserem! — Frederick gritou, sua voz carregada de ódio e determinação. Ele sabia que era o momento perfeito para desestabilizar o Supremo, pegar a liderança de surpresa enquanto estavam vulneráveis.Os desertores avançaram com brutalidade, atacando qualquer um que estivesse à frente. Guardas foram arremessados contra as paredes, alfas tentavam reagir, mas o caos se espalhava rapidamente. O chão de pedra da sala estava logo coberto de sangue, gritos e sons de corpos colidindo preenchiam o ambiente.Daphine, vendo a investida, instintivamente buscou proteger o Supremo, mas foi puxada par
Com um movimento brutal, o Supremo lançou Frederick contra o chão, o impacto reverberando como um trovão. Ele se aproximou lentamente, sua figura imponente lançando uma sombra sobre Frederick, que agora tremia de medo e dor. Sem hesitar, o Supremo desferiu o golpe final — suas mãos se transformando em garras afiadas que rasgaram o peito de Frederick, dilacerando-o sem piedade.Caleb, filho de Frederick, estava na beira do círculo. Seus olhos estavam fixos no pai, a dor e o choque marcados em sua expressão. Ele sentiu as pernas vacilarem, o mundo ao seu redor parecia desmoronar. Quando viu o Supremo se preparar para o golpe final, Caleb fechou os olhos com força, incapaz de assistir ao momento em que seu pai seria quebrado ao meio pelo líder das alcateias. Ele sabia que, mesmo que não visse, o som e a presença daquele ato o perseguiriam para sempre.O Supremo, agora coberto de sangue, ergueu-se, respirando fundo enquanto seus olhos varriam os lobos ao seu redor. Havia um silêncio absolu