DENISE ERA UMA MORENA de quarenta anos extraordinariamente bela e inteligente. Quando tinha quinze anos iniciou uma promissora carreira de modelo e conseguiu ser capa de diversas revistas especializadas.
Mesmo nova, foi obrigada a se mudar para Nova York em uma colônia de garotas, também modelos, eram todas lindas e cheias de planos, porém, dia após dia, semana após semana, com a mesma intensidade em que garotas cheias de planos chegavam, outras ainda mais iludidas iam embora, muitas delas grávidas de celebridades e subcelebridades que lhes prometiam o mundo, mas depois que haviam conseguido o que queriam, simplesmente sumiam, mas Denise Richards nunca foi uma garota que caiu no canto da sereia, havia sido muito bem orientada quanto a isso.
Para uma garota linda e talentosa, conquistar o mundo parecia uma tarefa doméstica simples, todos ao seu redor estavam sempre querendo agradá-la, faziam mil promessas em troca de sua vida ou de um momento, mas essa não era a vida que havia sonhado para si, era a vida que sua mãe havia sonhado.
Caroline Richards foi uma garota que havia caído no canto da sereia, que orientara tão cuidadosamente sua filha, pois foi exatamente isso que havia acontecido, acreditou em um figurão do mundo da moda e se entregou de corpo e alma àquele romance, porém, quando a gravidez veio, ele simplesmente cortou todos os seus contratos e a deixou à mingua e nunca mais conseguiu se levantar no mundo da moda, até quando sua filha completou catorze anos de idade e tudo parecia novamente um conto de fadas, até que a vida quis lhe dar uma nova rasteira.
Em uma bela tarde quando foi buscar sua filha e em um momento de distração, foi atropelada por um ônibus.
A notícia chegou em Denise como se fosse o mesmo ônibus, porém, estava passando por cima de sua alma.
Todos da agência fizeram uma vaquinha e pagaram o enterro de sua mãe, a partir desse momento, ela seguiu sem impedimentos em sua carreira, mesmo seu coração apontando em outra direção, mas ela sabia que seria questão de tempo realizar seus sonhos.
COM A VIDA AGITADA do marido, Denise se dedicava quase que exclusivamente à família, principalmente depois do nascimento de Wendy, a caçula do casal, pois ela havia ficado muito doente, mas graças aos melhores médicos do mundo a garotinha da família Spencer havia ficado curada e era a menina dos olhos do casal.
Denise nunca se arrependeu de largar sua promissora carreira para se dedicar aos filhos, mas sentia um vazio dentro dela e sabia que esse vazio era a insatisfação pessoal por não conseguir realizar alguns de seus projetos pessoais, que ela tinha certeza absoluta que iriam frutificar.
Mas assim, coo acontecia com todos ao seu redor, sua vida também girava em torno de Evan e suas mais banais e irrestritas vontades...
Mesmo assim, com os milhões que o marido ganhava com seus livros ela pôde ingressar numa carreira extraordinariamente bem-sucedida de socialite onde promove inúmeras festas beneficentes das mais diversas causas, as preferidas dela são as festas onde ajuda crianças e animais desamparados.
Jullian, o primogênito do casal, era vocalista e guitarrista de uma banda, mas nem seu pai, muito menos sua mãe, confiavam muito nesse talento, pois o garoto vivia sendo chamado pela diretora da escola, o que fazia Denise desconfiar de tudo o que o filho realizava.
DENISE, AO CONTRÁRIO do marido, não gostava muito da badalação que estava sempre rodeando o marido, ela o amava loucamente, tinham vivido uma história de amor que poucas pessoas tinham ousado viver, porém, em algum determinado momento de suas histórias tudo tinha mudado, ela sentia que continuava a mesma, seu marido por sua vez mudou em um aspecto estranho, era o Evan de sempre, porém, comparado com o Evan que conheceu, era uma pessoa completamente diferente daquela do parque.
O DIA ESTÁ PERFEITO... – pensou Denise enquanto estava sentada encarando as crianças brincando com seus cachorros.
Um jovem músico estava correndo com seu instrumento a tiracolo, quando tropeçou e espalhou toda a comida que ela cuidadosamente tinha colocado ao seu lado.
Os dois se olharam estranhamente, mas demorou poucos segundos até entenderem que suas vidas jamais seriam as mesmas.
— Desculpe – disse o garoto que imediatamente tentou organizar a comida, porém, metade dela estava em sua blusa.
Denise sorriu gentilmente.
— Acontece... só estou preocupada, pois...
Ela apontou para o peito dele, que estava repleto de comida.
— Mas que droga... tudo está dando errado hoje...
Ele percebeu a gafe que tinha cometido.
— Quer dizer...
— Relaxa...
Ela tirou a blusa que era unissex, porém, de cor salmão e lhe entregou.
Se você vestir isso vai conseguir ir ao seu concerto.
Ele imediatamente tirou a camisa e ela pode contemplar um jovem atleticamente musculoso e ao vestir a blusa, que ficou colada, sentiu incomodado.
— Não está estranho?
— Digamos que está... diferente.
— É isso ou nada... então... quer ir?
Ele nem esperou a resposta dela, a segurou pela mão e saiu correndo segurando sua mão e quinze anos depois ainda estavam de mãos dadas.
— PAI, O SENHOR está escrevendo qual livro agora? Wendy perguntou tentando puxar um assunto qualquer com seu pai. Evan sabia que sua filha não gostava de ler, o que era muito estranho, por ela ser filha de um grande escritor como ele, mas Evan não se preocupava com isso, só a voz adocicada dela já o acalmava. — Estou escrevendo um novo romance, meu anjo – responde Evan com um suave sorriso no rosto olhando para a sua filha de oito anos, gostando de vê-la interessada em seu trabalho. Jullian estava emburrado no banco do passageiro. — O livro fala de um homem que não dava muito valor à sua família, mas depois percebeu o seu erro e faz de tudo para que
JULLIAN TINHA PUXADO a carreira de cocaína e estava começando a sentir os efeitos que aquela substância proporcionava. A viagem (como chamavam) o tirava do olho do furacão que vivia com sua família, em especial, com seu pai famoso. Evan era tudo o que Jullian gostaria de ser, mas se sentia incapaz de alcançar os lugares altos que o pai alcançava aparentemente sem esforço, para ele, seu pai ficava sentado de madrugada escrevendo umas baboseiras que todos achavam legal... Ele poderia fazer isso sem problemas. Toda vez que Jullian usava drogas não conseguia tocar direito, o que gerava comentários de todos.CERTA VEZ ELE OUVIU: &mdash
CAMILA ESTAVA DEITADA AO LADO de seu cliente, ele adorava quando ela ficava deitada nua, roçando seu corpo macio no dele, era um de seus principais clientes, apesar de não poder pagar tudo quanto gostaria, com ele era mais relacionado com prazer do que puramente negócios. — Então? – Começou ele – já pensou em minha proposta? — Você sabe que não posso. — Porque não pode? — Já disse o porquê. — Não é suficiente, Camila. — Fazemos o que temos de fazer e é assim que seguimos a vid
O CELULAR DE EVAN TOCA e ele atende de uma maneira feliz por saber quem era do outro lado da linha – seu identificador de chamadas anunciou escandalosamente quem era a felizarda daquele privilégio único na vida dele. "Oi, meu amor, adivinha quem está falando?" – Disse uma voz sedutora ao telefone.CAMILA MACPHERSON era a mulher com quem Evan tinha um relacionamento extraconjugal havia três anos e meio. Evan a conheceu em uma festa para grandes empresários, patrocinada por Willian Johnson e Donald Dunhill, onde ele faria uma pequena apresentação sobre criatividade e dinâmica textual. Naquele dia em especial não cobrou nada, pois era um favor que estava devendo para um grande amigo de infância, exatamente apresentar o editor que publicou seu primeiro roman
CHEGANDO NA CASA de Camila poucos minutos depois de ter desligado o telefone. Camila estava na porta o esperando com o roupão que Evan tinha dado a ela de presente em seu último aniversário – junto com um colar de pérolas tão caro quanto o carro que Evan dirigia. Evan sabia que ela estava nua por debaixo dele, esse era um dos acordos que tinha feito ao dá-lo a ela, por pior que fosse um acordo entre eles, todos teciam conotações sexuais, e para ambos a única coisa que importava era estarem ligados sexualmente. Evan nunca havia visitado Camila para conversar, ou para passear no shopping para ter um momento agradável, seu único e exclusivo interesse era em seu corpo e o que ele poderia fazer em seu favor. Camila se jogou nos braços de Evan e o beijou calorosamente — de
TODA VEZ QUE EVAN SAÍA da casa de Camila, ficava um tanto quanto chateado consigo mesmo pela situação – afinal, ele não estava fazendo nada para melhorar seu casamento, muito pelo contrário, se Denise soubesse o que andava fazendo por aí à surdina, tudo estaria realmente acabado. E esse era o seu maior medo na vida... Evan amava demais Denise, só que sentia que algo o desviou de seu caminho, e seu orgulho não o fazia voltar com seus passos para recuperar o tempo perdido com a mulher da sua vida. O que ele sentia não era que seu casamento tivesse acabado... Mas agia como se tivesse realmente acabado... Denise sempre o fizera se sentir um homem de s
PARA EVAN, SEU CASAMENTO estava muito ruim – enquanto seus livros vendiam cada vez mais – mas era como se a felicidade paternal e realização profissional compensassem o fracasso em seu casamento. No fundo, Evan sabia que tudo estava mal por sua culpa. "Exclusivamente sua culpa..." Evan sempre foi uma pessoa sentimentalmente longe demais das pessoas, e a fama piorou ainda mais seu comportamento, ele acabou ficando acostumado a ter as pessoas ao seu redor oferecendo tudo o que quisesse. Evan sabia que tudo aquilo o estava levando a um imenso vazio sem fim, para não dizer, num verdadeiro inferno. Denise já era o contrário do que ele era, ela acreditava nele incondicionalmente, para Denis
EVAN FOI BUSCAR OS FILHOS na escola como se nada de ruim tivesse acontecido – mas ele sabia muito bem o porquê seu coração estava pesado em remorsos. Enquanto esperava as crianças, Evan chorou como nunca havia chorado antes em toda sua vida, sentiu saudades de sua mãe, e de tudo que ambos viveram no passado, chorou por estar fazendo tudo àquilo com sua esposa que amava tanto, mas, de repente, Wendy entra toda feliz no carro. — Oi, papai! – Gritou Wendy, parecendo felicíssima de emoção – Foi tão divertido a escola hoje... – ela para de falar por um momento para prestar atenção ao seu pai – o senhor estava chorando, papai? Evan enxugou as lágrimas do rosto e deu um sorriso cativ