Cris — Ai meu Deus! Ai meu Deus! — Desperto com a voz apavorada da minha namorada. — Cris, acorda! — O que? O que foi, Jenny? — resmungo atordoado e me levando, olhando ao meu redor. — Ai minha santinha, me acode! — Ela puxa o cobertor para se cobrir e fica de pé, lançando olhares espantados para todos os lados da praia. — Porra, Jenny, você quer me matar do coração?! — rosno exasperado. — Pode me dizer o que está acontecendo? — questiono quando percebo que tudo está na mais perfeita tranquilidade. — Nós dormimos! — A encaro quando ela diz o óbvio. Contudo ela cora violentamente, agarrada ao cobertor como se ele fosse o seu bote salva vidas. — Sim, dormimos — confirmo sem entender onde ela quer chegar. — É que... nós estamos. Estamos... nus e... em uma praia... Por Deus, Cris, alguém pode nos ver aqui! — Ela exaspera, atropelando as palavras, enquanto seus olhos dançam a procura de alguém. Não seguro uma risada sonora. Entretanto, Jenny me encara interrogativa, ou seria esca
Cris— É uma pena que está acabando! — Jenny lamenta baixinho, com a sua cabeça apoiada no meu peitoral e fazendo pequenos círculos em minha pele.Ela está certa. Logo estaremos de volta a nossa vida real. Ela focada no seu curso e eu no meu trabalho.Beijo calidamente os seus cabelos e suspiro alto.— Temos que começar a juntar as nossas coisas — digo ouvindo o seu miado. — Vá tomar um banho, tempestade. Eu vou preparar algo para comermos. — Ela suspira e pensa em sair da cama, porém, a puxo para mais um beijo demorado e então ela se vai.Saio da cama, porém, antes de sair do quarto olho para a nossa bagunça e sorrio satisfeito. Em algumas horas pegaremos a estrada para voltar para o Rio e amanhã cedo estaremos dentro de um avião de volta para Nova York. Assim que escuto o barulho da água caindo no banheiro, vou para a cozinha fazer o nosso lanche. Não tem como negar. Foi simplesmente inesquecível cada segundo que ficamos aqui longe dos problemas e do trabalho. Não demora e eu tenho
CrisMinutos depois, entro em um Sushi-bar que fica em frente ao shopping e procuro Bianca entre alguns clientes. Ela está acomodada em uma mesa reservada.Isso é bom. Penso enquanto caminho até a mesa e assim que me vir, me lança um sorriso que eu considero sexy. Logo que me aproximo ela se levanta da cadeira e me recebe com um abraço que eu faço questão que seja breve. É impossível não perceber o vestido negro colado ao seu corpo e o decote avantajado na altura da sua coxa direita.— Pedi uma mesa reservada para conversamos melhor. — Ela diz, porém, faço um gesto desdenhoso para essa sua informação.— Por mim tudo bem. Já fez os pedidos? — inquiro. Ela sorri.— Sim e espero que não fique chateado. Eu pedi o seu prato preferido. — Apenas assinto.— Eu não estou.— Cris, eu conversei com o Thiago, mas ele não gostou de eu ter falado do Duda pra você.— Eu imagino. Ele cuida do garoto como se fosse o pai dele desde que nasceu e o tem como um filho.— Pois é, mas estamos nos separando.
Cris— Do que você está falando, Thiago?— Vai negar Cristopher? Eu vi, ninguém me falou — esbraveja entre dentes.— Eu não sei do que você está falando! — rebato furioso, porém, ele me lança um olhar assassino, abrindo um envelope em seguida e começa a jogar algumas fotos ao vento. Fico impactado quando vejo as imagens de Bianca no restaurante me recebendo com um abraço, depois, tocando intimamente na minha mão e até sorrindo de um jeitinho insinuoso. As imagens insinuam um encontro romântico que não existiu realmente. Jenny se aproxima e segura uma das fotos, mas ao erguer os seus olhos, os encontro em lágrimas.— Jenny, não é o que você está pensando — digo na esperança de que ela acredite em mim. — Jenny, por favor... — Tento falar, mas ela sai correndo para longe de mim. — JENNY?! — grito e faço menção de sair atrás dela, mas Thiago vem para cima de mim outra vez e uma luta corporal começa.— Você não vai se safar dessa, seu canalha! — Thiago tenta me acertar outra vez, porém, so
Jenny... Vai negar Cristopher? Eu vi, ninguém me falou! ... Jenny, não é o que você está pensando! Eu quis acreditar que era desejável, que era a mulher perfeita para ele. Meu Deus, como pude me iludir tanto assim?Quanta ousadia me comparar a Bianca. Aquelas fotos, elas me mataram por dentro. Mostrou-me a minha realidade nua e crua. Mostrou-me que tudo que vivi não passou de um sonho, que eu não tinha o direito de viver. Agora estou aqui. Em uma praia qualquer do Rio de Janeiro derramando lágrimas de sangue.— Po9r que isso dói tanto? — resmungo secando as lágrimas que insistem em cair. — Você é tão burra, Jenny! — retruco com raiva de mim mesma.Burra!Burra!Burra!Respiro fundo e encaro o mar calmo, deixo que os minutos se arrastam até me recompor e decidir voltar para a mansão dos Ávila. Eu preciso descer desse pedestal onde me coloquei, juntas as minhas coisas e voltar para a minha casa. Contudo, preciso encarar o Cris também e essa com certeza será a parte mais difícil. No c
Jenny— Onde está o Adam? — pergunto tempos depois. Sim, estou curiosa, a fina, eles não se desgrudam nunca. Contudo, agora é a Amber quem começa a chorar. — Foi algo que eu disse?— Acabou, Jen! — Lanço lhe um olhar confuso. Entretanto, Amber vem para os meus braços.— Como assim acabou? O que houve?— Estávamos bem envolvidos e ele até que é um cara muito legal, sabe?— Não estou entendendo. — A minha amiga se afasta e seca as lágrimas, olhando bem dentro dos meus olhos.— Ele me pediu para ir morar com ele, Jen. — Arregalo bem os olhos. — Quem em sã consciência faria isso com menos de um mês de... de... Viu? Nem estamos namorando de verdade. Eu nem sei direito o que tínhamos.— Ele te chamou para ir morar com ele? — repito a sua pergunta porque estou pasma.— Eu não sei, eu acho que surtei na hora e eu disse que não. Nós discutimos e eu...— Oh, meu Deus!— Eu disse coisas pra ele. Você sabe como eu sou quando surto. Eu acabei tudo entre a gente e pedi que não me procurasse mais. J
Jenny— Preste bastante atenção, Jenny. Eu quero que fique bem atenta.— É doutora Reinhold, Doutor Ávila! — O corrijo e ele me encara.— É claro, doutora! — Ele rebate irônico.— Pinça. — Ávila pede e a cirurgia começa. Devo dizer que é incrível poder ver tão de perto um coração tão minúsculo em sua função normal. Pulsar e bombear. Observo Cristopher manejar a pinça e outros instrumentos com uma maestria de um cirurgião formado. De onde estamos, somos acompanhados constantemente pelos olhos de águia do Doutor John que está em uma cabine de vidro transparente e para a minha surpresa, Doutor Ávila me tirar o chão.— Venha aqui, Doutora.— O que?Sim, eu entrei em pânico.— Eu quero que faça a incisão do ventrículo.Engulo em seco, o olhando com perplexidade.— Você ficou maluco? — ralho o mais baixo possível. — Eu não posso fazer isso!— É claro que pode.— Doutor Ávila...— Doutora, a Senhora está demorando muito e o paciente não pode esperar. — Ele rebate um tanto ríspido.Solto o ar
Jenny... Eu traí não você, pequena tempestade. Eu juro que não aconteceu nada no meio daquele jantar. O simples fato de ele mencionar esse assunto me faz criar forças para afastá-lo de mim.— Como você tem coragem de negar? Eu vi aquelas fotos.— Não era o que parecia ser, Jenny. Me escuta por favor!— Não, eu não vou me deixar você enganar outra vez, Cris. Sai daqui.— Jenny, se me der uma chance...— Só sai daqui, por favor! — Ele me encara sério por curto espaço de tempo. Depois assente, soltando um suspiro audível. — E, não me chama mais assim, as pessoas estão falando e eu... não quero me prejudicar.— Essa é a sua última palavra? — Eu engulo em seco.Tenho vontade de dizer que não. De dizer que o quero com todas as minhas forças, que o amo com o meu corpo e a minha alma, mas eu não posso fazer isso. Definitivamente eu não posso. Sinto o meu peito se comprimir com esse pensamento e sinto vontade chorar.— É — digo com um fio de voz.— Tudo bem! Eu prometo que manterei distância