Cris— Estávamos pensando em ir para um hotel. — Thiago fala após uma conversa divertida pós jantar.— Nada de hotel! — rebato imediatamente. — Temos alguns quartos de hóspedes aqui e vocês podem ficar conosco.— Tem certeza, filho? — Papai questiona como se fosse a primeira vez que isso acontece.— Temos certeza, Senhor Ávila, fiquem conosco. — Jenny reforça o meu pedido. Nossos convidados trocam olhares e sorriem.— Ok, já que vocês insistem! — Vick parece satisfeita.— Tio, pode brincar na varanda? — Edu pergunta animado com o seu brinquedo novo nas mãos.— Na verdade, está na hora de ir para a cama, Edu. — Victória o segura nos braços, beijando as suas bochechas logo em seguida.— Ah, mamãe só um pouco! — Ele reclama
Cris— Por que não podemos ir direto para casa? — inquire pela terceira vez.— Porque quero te um dar um presente de aniversário.— Mais um? Você me deu cinco presentes de aniversário essa manhã, Cris, fora as flores e os chocolates. Cris eu estou cansada — resmunga.— Prometo que será rápido — insisto, mas ela bufa cruzando os braços feito uma garotinha mimada.E quer saber, e amo essas birras e esses nossos pequenos confrontos. Na verdade, eu amo essa mulher de todas as formas. Minutos depois, estaciono o carro na garagem de uma loja de roupas femininas. Minha esposa olha para a fachada luminosa com curiosidade. No entanto, saio do carro e seguro em sua mão, entrando no estabelecimento com pouco movimento em seguida.— O que é isso? — Dou de ombros.— Uma loja de roupas — digo o óbvio. Ela revira os olhos e eu tenho vontade de rir. — Que tal esse? — sugiro, mostrando-lhe um vestido de tecido macio, com alcinhas e de um tom verde. Ela olha a peça de cima a baixo e faz uma cara enjoa
JennyO julgamento de Rachel – Primeiro dia.Visto um terninho azul marinho por cima da blusa branca, deixo os meus cabelos soltos e ponho os óculos escuros. Me olho no espelho e levo a mão a gargantilha de abelhinha, outro dezoito, que ganhei dos meu país ainda bebê... Uma lembrança que tinha guardada a sete chaves por longos anos, porém nunca usei. Acho que esse é o melhor momento. Observo a imagem do objeto reluzente... É como se eles fizessem parte de tudo isso. Como se me acompanhasse até o julgamento.Solto um suspiro audível.Meus olhos vão para a imagem da garota que por fora parece frágil, mas que por dentro é capaz de derrubar um batalhão. Está na hora. Penso, pegando a bolsa de mão sobre a cama e saio do quarto. Falta pouco menos de meia hora para o início do julgamento. A sua condenação, será o maior presente de aniversário que eu já recebi na vida. Na sala encontro as pessoas que me darão forças, no momento em que eu pensar em enfraquecer... Em desabar...Respiro fundo, q
Jenny— Por covardia. Por dinheiro. Tive medo que perder a minha carreira pelo pé. O senhor Reinhold, era um homem conhecido, era imponente, decisivo. Ele tinha uma amizade forte com o dono do hospital, pediu por tudo que a Lauren fosse bem cuidada... Como eu iria explicar que uma louca qualquer, de a invadir o quarto e... Matar a mulher? Depois, a Rachel me procurou, horas depois em meu consultório, ela me ofereceu dinheiro para mudar o laudo. Era a minha única chance. Eu fiz... Ainda pensei em voltar atrás e falar a verdade, mas... Fui um covarde.— Eu terminei, Senhor juiz. — Xavier avisa e volta ao seu lugarApós um relato seguido de várias perguntas, o médico é dispensado e uma enfermeira entra em seguida.— Me lembro bem daquela noite como se fosse hoje. — Ela diz. — Estava chovendo muito e a senhora Parker sentia muita dor. Ela queria esperar o pai da menina, que não veio nunca. Assim que entrei no quarto, na companhia do médico, fiquei apavorada, ao ver a senhora Linhares, que
JennySegundo dia de julgamento.— Senhores e Senhoras, está aberta mais uma sessão do caso Rachel Linhares. Hoje nós vamos averiguar um acidente de carro ocorrido há dezenove anos. A vítima Katy Reinhold, causa da morte traumatismo craniano, perfuração da pleura e hemorragia interna. Senhor promotor, o Senhor já pode começar. — O juiz diz.— Meritíssimo, peço que as pessoas aqui presentes analisem as imagens a seguir. — Ele mexe em uma pequena máquina e algumas fotos surgem na tela em uma parede. — Trata-se de um rapaz e usando um capuz, dentro de uma garagem e mexendo no carro da minha mãe.É a garagem da minha antiga casa. Constato, visualizando as várias imagens que passam como slides. Ele entra na garagem a noite, acende a luz, entra debaixo do carro, mexe em algo e depois desfaz tudo o que fez. Apaga a luz, sai da garagem e fecha a porta em seguida, como se nada tivesse acontecido. Contudo, não dá pra ver o seu rosto.— Protesto, Meritíssimo! Essas imagens não provam que a minha
JennyContudo, Cris entra na sala e eu sou forçada a encerrar essa nossa conversa. No minuto seguinte eu me deito na cama e converso com a minha filha internamente. Que você esteja bem, meu amor! A mamãe promete que quando tudo isso passar teremos momentos muitos, muito felizes.Minutos depois o ultrassom termina e vamos todos calados para a mesa da Alex. Ela me olha e depois para o meu marido.— A Nicole está bem. — Ela diz por fim e eu respiro aliviada. — Mas ela está um pouco agitada. Eu sugiro um banho relaxante, uma boa massagem e descanso por hoje, mamãe Janny.Sorrio.—Obrigada! — sibilo sem emitir som. No entanto, ela apenas me encara séria.Dentro do carro, Cris dirige calado e absorto em seus pensamentos e eu aproveito para refletir sobre o dia de hoje.***Terceiro dia de julgamento.— Senhores e Senhoras do júri esse será o último dia desse julgamento e será regido da seguinte forma. Os advogados plantaram as provas. Interrogaram os depoentes e por fim, daremos uma pausa d
JennyAlguns dias depois...— Tem certeza de que você quer fazer isso? — pergunto para Amber, olhando a fachada da penitenciária de segurança máxima.A verdade, é que recebemos um ofício há alguns dias pedindo para participar da execução de Rachel Linhares e Amber pediu para vê-la momentos antes da sua execução.— Sim, eu preciso saber por que, Jen. Eu quero saber por que a minha mãe morreu. — Ela rebate saindo do carro e logo caminhamos para dentro do prédio obscuro.De longe e possível ver além de uma grade estendida algumas detentas, andando por um tipo de pátio. Ao contrário do outro presídio, esse tem uma segurança reforçada com câmeras por todos os lados, guardas armados nas guaritas e cercas elétricas ladeando um muro alto. Somos encaminhadas para uma sala protegida por vidros grossos e transparentes.Amber se senta em uma cadeira e eu me acomodo do seu lado. Do outro lado do vidro, uma porta laranja se abre e Rachel entra acompanhada por uma policial. A mulher parece pálida e
CrisCrescendo juntos.O movimento aqui no hospital está bem tranquilo, o que me dá tempo para pensar na prova que a Jenny está fazendo nesse exato momento. Estou satisfeito que ela tenha progredido tanto. Ela está mais alerta, mais esperta e definitivamente mais ativa também e sabe o que quer? Ela vai para o sétimo período mês que vem e eu finalmente me formo. Serei em definitivo o Doutor Ávila, médico pediatra e cirurgião fetal e com mais três períodos a Jenny também conclui o seu curso.Olho as horas. O ponteiro parece ter grudado no mesmo lugar de minutos atrás. Entretanto, alguém bate na porta e a minha assistente passa por ela trazendo alguns prontuários e exames nas mãos.— Bom dia, Doutor Ávila, o doutor Hanson está lá e fora e deseja falar com o Senhor.Não imagino o que Hanson tenha pata falar comigo, porém, assinto para minha secretária, respondendo ao seu cumprimento e olhando para os papéis em minha mesa.— Peça-o para entrar. — Uso o meu tom profissional.Não demora para