— Dur...
— Não terminei. — A interrompo. — Sei que tenho muitas coisas para te contar, realmente tenho, mas tenha paciência comigo. Estou sendo sincero, pois odeio mentiras e se exijo a verdade de você o mínimo que posso fazer é lhe dar a verdade. Eu sou um homem de quarenta anos que está se sentindo perdido por uma mulher de vinte e dois. Nesses longos anos da minha vida nunca me senti tão bravo como me senti hoje. Eu preciso que seja sincera comigo, o que aconteceu? Necessito da verdade, pois não quero ser rude e descobrir tudo sozinho e você sabe que irei. — Suplico a observando.
Ela desvia os olhos dos meus e suspira enrolando uma mecha de seus cabelos loiros entre os dedos. Sua atitude me preocupa e não quero ser rude como fui há pouco, mas me sinto desestabilizado. Tenho o controle de tudo dentro dessa casa, porém as coisas com Alexia são diferent
DurvalLevo Alexia até o quarto e com cuidado a deixo deitada sobre a cama, dou um suave beijo em sua testa acariciando os seus longos e macios cabelos com calma.— Volto logo querida. — Sorrio passando o polegar por suas bochechas com delicadeza.— Promete que não fará nada à Matheo. — Segura minha mão me olhando com aqueles lindo e grandes olhos que agora estão inchados e avermelhados por tanto chorar.— Terei uma conversa com ele, mas não irei fazer nada que o machuque, minha querida. Matheo é um dos meus protegidos, eu praticamente o criei e conheço muito bem as intenções daquele coração enorme, ainda assim, não posso deixar que me desrespeite por achar que é simplesmente certo. Contudo, não posso garantir o mesmo para Alfie. — A observo arrumando meu chapéu em minha cabeça.<
Assim que coloco os pés na porta vejo Alexia na parte superior onde observa todos os meus homens em silêncio. Matheo, Tarso e Theodoro imobilizam Alfie enquanto apontam suas armas diretamente em sua cabeça.Os outros permanecem em silêncio e é visível a tensão no corpo de cada um deles. Em todos esses anos tive apenas um traidor e sua morte foi um grande espetáculo para os que estavam presentes.Já os recém-chegados estão obviamente assustados com o que estão vendo, pois jamais imaginaram presenciar uma cena dessas dentro da nossa família, onde prezo o respeito e boa convivência com os seus irmãos.— Como podem ver meus caros, não costumo esconder os meus traidores. — Digo em alto e bom som causando um grande alarde e muitos murmurinhos.— Silêncio. — Grito e todos se calam. — Alfie quebrou toda a nossa tabela de
— Vamos ver se ela irá gostar quando eu tomar o seu lugar e forçá-la a se deitar comigo enquanto grita desesperadamente. — Seu peito infla ao terminar de dizer e não tenho muito tempo para pensar.Sinto um estalo no ouvido e quando vejo envolvo com cuidado meus dedos em volta de sua traqueia impedindo qualquer passagem de ar para os seus pulmões. Alfie desfere vários socos no local onde fui baleado, mas no momento a dor é algo agradável e me faz ter o mínimo de consciência possível, pois por mim já teria o matado há muito tempo.— Eu gostava de você Alfie, sempre te achei um soldado dedicado às tarefas que passava. Mas vou te contar um segredo já que você quer tanto saber sobre o meu passado. Eu abomino qualquer tipo de assédio sexu
DurvalAo chegar no quarto, retiro minha camisa a jogando em um lugar qualquer fazendo o mesmo com a calça suja de sangue vivo.A ferida que Alfie causou em minha perna renderá um longo período sem caças. O que acaba me deixando ainda mais irritado somente por pensar e cogitar a possibilidade de ser obrigado a fazer repouso.Pego um pedaço de pano e amarro com força na perna tentando parar o sangramento. Não estava a fim de chamar Lourenço para dar pontos e conhecendo bem aquele cabeça dura, ele com toda certeza iria querer colocar uma bolsa de sangue pela demora do curativo.Faço uma careta somente de imaginar.Após alguns minutos vejo que surtiu um bom efeito amarrar o pano para conter o sangramento, aproveito o momento para ir até o banheiro lavar minhas mãos que estavam sujas de sangue.Enxáguo bem as mãos e resolvo a
AlexiaProcuro o cartão de Lourenço na gaveta de Durval e acabo achando duas alianças e uma foto antiga, porém conservada.Me surpreendo ao ver Durval abraçado a uma mulher baixinha de intensos olhos azuis e cabelos negros com um estilo de corte Long Bob curto. Ela é uma mulher magra e muito delicada e a imagem de Durval ao seu lado me surpreende. Ele é completamente diferente de hoje, além de estar fardado o que me deixa surpresa.Brinco com as duas alianças em meus dedos e sorrio observando os dois.Lana é linda...Sinto meus olhos transbordarem automaticamente por imaginar a dor que Durval carrega e nesse momento só consigo pensar o quão forte e incrível ele é. Toco minhas bochechas limpando as lágrimas que insistem em escorrer.Ele se culpa por ter visto a esposa ser abusada diante dos seus olhos. Deus, como
Durval Lourenço abre a porta com cuidado, colocando somente a cabeça para dentro do quarto enquanto observa a mim e Alexia.— Nós ainda precisamos conversar. — Insiste no assunto.— Já encerramos esse assunto. — Suspiro.— Não encerramos não. — Ela respira profundamente cerrando os olhos e os lábios.Lourenço permanece parado próximo a porta nos encarando um tanto quanto surpreso.— Alexia, Lourenço acabou de chegar. Não vamos começar uma discussão agora. — Tento tocar seus cabelos, mas ela se afasta me observando com um olhar entristecido.— É sempre assim, você sempre evita nossas conversas Durval. Eu só estou te pedindo que me ensine coisas básicas. Eu não quero ser sempre um peso para você. — Ela observa minha expressã
— Farei tudo o que estiver ao meu alcance por aquele velho rabugento. — Resmungo de cabeça baixa ainda brava com Durval por não me treinar.— Eu sei. Você já faz. Você pode não perceber, mas já fez muito. A morte de Alfie seria três vezes pior do que você viu. Ele ficaria dependurado do lado de fora da casa e seria torturado a sangue frio, depois seria jogado na floresta para os animais selvagens se divertirem e...— Pare Matheo, está me assustando... — Arregalo os olhos assustada.Com um sorriso no rosto ele bate a mão em minha cabeça.— Você faz uma grande diferença nessa casa. — Ele abre um sorriso ainda maior.— Fica quieto. — Resmungo batendo a mão em sua mão, para que ele pare de dar ta
AlexiaFaz três dias que Matheo concordou em me ajudar a chegar até Shion.Para não parecer suspeito resolvi esperar e deixar que Durval se acalmasse. Ele anda muito nervoso e irritado por não poder movimentar-se livremente como é acostumado devido aos pontos na perna.O corte parece algo simples, mas foi mais sério do que ele mesmo esperava.A dor é intensa e mesmo com anti-inflamatórios e analgésicos ele é obrigado a não se esforçar e repousar.Apesar de ser insuportável aguentá-lo nesse estado crítico de pura calamidade, ele fica extremamente instável e seu humor muda drasticamente. Eu particularmente acho bom, pois agora ele está sendo obrigado a descansar. Coisa que ele não faz quando está em um estado bom de saúde.Apesar de tudo, ele ainda fica a maior parte do tempo enfiado em seu