— Farei tudo o que estiver ao meu alcance por aquele velho rabugento. — Resmungo de cabeça baixa ainda brava com Durval por não me treinar.
— Eu sei. Você já faz. Você pode não perceber, mas já fez muito. A morte de Alfie seria três vezes pior do que você viu. Ele ficaria dependurado do lado de fora da casa e seria torturado a sangue frio, depois seria jogado na floresta para os animais selvagens se divertirem e...
— Pare Matheo, está me assustando... — Arregalo os olhos assustada.
Com um sorriso no rosto ele bate a mão em minha cabeça.
— Você faz uma grande diferença nessa casa. — Ele abre um sorriso ainda maior.
— Fica quieto. — Resmungo batendo a mão em sua mão, para que ele pare de dar ta
AlexiaFaz três dias que Matheo concordou em me ajudar a chegar até Shion.Para não parecer suspeito resolvi esperar e deixar que Durval se acalmasse. Ele anda muito nervoso e irritado por não poder movimentar-se livremente como é acostumado devido aos pontos na perna.O corte parece algo simples, mas foi mais sério do que ele mesmo esperava.A dor é intensa e mesmo com anti-inflamatórios e analgésicos ele é obrigado a não se esforçar e repousar.Apesar de ser insuportável aguentá-lo nesse estado crítico de pura calamidade, ele fica extremamente instável e seu humor muda drasticamente. Eu particularmente acho bom, pois agora ele está sendo obrigado a descansar. Coisa que ele não faz quando está em um estado bom de saúde.Apesar de tudo, ele ainda fica a maior parte do tempo enfiado em seu
AlexiaFaz duas semanas que comecei a treinar com Shion, ainda estou assustada com aquele começo absurdo e extremamente exagerado.Passo inconscientemente a mão no pescoço balançando a cabeça para me esquecer do que aconteceu.Como Matheo disse, pegar leve era algo que Shion não sabia fazer quando se empolgava em um treinamento. Muitas vezes Matheo teve que interferir e segurar seus golpes ou eu estaria em verdadeiros maus lençóis.Até o momento Durval não tocou no assunto das minhas escapadas três vezes por semana, mas os seus sutis questionamentos sobre estar mentindo para ele me deixa em alerta.É como se ele soubesse de algo, mas está esperando pacientemente que eu lhe conte, porém, esses últimos dias ele anda tão concentrado em algo que vem acontecendo na Itália que até mesmo está me deixando um p
Alexia.Neste momento estou em pé sobre uma superfície instável com uma postura ereta — ou pelo menos tentando — encarando a parede em minha frente enquanto sou obrigada a ouvir os sermões de Shion.Ele ficou extremamente furioso pois eu cheguei atrasada em sua aula.O que eu poderia fazer? Correr de Durval como se não houvesse o amanhã e vir para o treinamento em ponto?Impossível, Durval me segurou com ele por mais de uma hora. E eu não estou nem um pouco arrependida, muito pelo contrário, estou completamente satisfeita.Durval não costuma demonstrar, mas a verdade é que ele é extremamente ciumento e possessivo.Ele gosta de exercer todo o seu poder sobre as pessoas. Não que eu esteja reclamando, pois isso o torna ainda mais sexy do que já é, mas às vezes ele poderia ser mais maleável.O
— É claro que se sua vida estivesse em risco eu lhe protegeria. — Falo por fim.— Eu sei criança é por isso que não lhe ensinei. As pessoas à minha volta são brutais demais, você perderia sua vida com facilidade. E eu não preciso carregar mais uma morte em meus braços. Eu nem mesmo suportaria. — Suas palavras são frias, mas a dor por trás delas é palpável.— Eu não sou Lana. — Digo com certo ódio e vejo que aquelas palavras lhe machucam.— Nunca disse que era. — O seu tom se torna ainda mais frio. — Apenas disse que não quero carregar seu corpo frio e sem vida em meus braços.— Me desculpa. — Abaixo a cabeça.Durval dá um passo à frente e Matheo apoia o braço em meu peito me empurrando para trás.— Senhor? — Ele ob
AlexiaO caminho até em casa foi feito em um completo e constrangedor silêncio. Por mais que eu queira me desculpar, simplesmente não sei o que dizer para reparar ou amenizar os meus erros.Eu sabia que as coisas ficariam feias caso ele descobrisse o meu treinamento secreto. Agora apenas irei arcar com as consequências antes que tudo fique ainda pior.Neste momento, Durval para a caminhonete em uma garagem única e exclusiva para ela.Procuro não o encarar muito, pois todas as vezes que fixo meus olhos em seu rosto acabo me arrependendo. Ele ainda tem aquela expressão assassina nos olhos e a irritação em seu semblante é completamente visível.— Vamos. — Ele se limita a dizer enquanto desce.Em silêncio faço o que ele manda e o sigo para casa. Subo as escadas sentindo meus olhos marejados pela culpa que está martelando mi
Quinto dia.Durval não deixou que eu descansasse enquanto não completasse as quatro voltas que ele ordenou.Eu resisti fortemente a todos os seus comandos e mostrei a ele que sou mais forte do que aparento ser, porém isso é uma completa mentira.A grama molhada de orvalho roçando minhas pernas deixou marcas vermelhas e pequenos cortes em minha pele.Meus pés estão machucados e doloridos por correr descalça.Durval está trazendo meu almoço e meu jantar, mas não sinto fome.Apenas me sinto enjoada e enojada.Eu sei que errei, mas estou cansada demais. Isso tudo é demais para mim. Eu não estou aguentando, porém continuarei conforme ele mandar.Eu irei até o fim, até finalmente não aguentar mais.Sexto diaDurval.Observo os fios
Durval.Observo Lourenço analisar e cuidar de cada ferida espalhada pelo corpo da minha menina.Me sinto um monstro e Lourenço já fez o favor de fazer com que esse sentimento se multiplique em no máximo um trilhão de vezes.— Como fez isso com essa jovem? — Ele continua a perguntar.Me mantenho em silêncio completamente inquieto e exasperado querendo ver os olhos de Alexia abertos.Eu não esperava aquela reação de Alexia e ver a mesmo desmaiar em meus braços me deixou afoito.De repente seus olhos estavam abertos e do nada seu corpo estava pesado em meus braços.Naquele momento, entrei em desespero e me senti completamente fraco e incapaz. A sensação de ver meu passado se repetindo me deixou extremamente assustado e por um momento fiquei paralisado sem saber o que fazer.Segurei Alexia com firmeza em meus bra&c
— Eu nunca temi a morte Lourenço, na verdade, sempre esperei que ela chegasse até mim com rapidez. Sempre lutei sem proteção, nunca me escondi dos meus inimigos e somente permaneço vivo para a conclusão da minha vingança, mas agora, bom, agora eu já não tenho tanta certeza se realmente não me importo em deixar este mundo. — Toco suavemente a mão de Alexia enquanto a observo dormir.Volto minha atenção a ele novamente.— Agora você entende? Eu aprendi a ter poder e força, aprendi a ser brutal e desumano, pois eu não tinha mais nada com o que me preocupar nesse mundo. Tudo havia sido levado de mim, mas hoje eu já não posso dizer o mesmo, porém ainda não consigo separar o meu lado irracional do racional e acabo machucando quem eu deveria proteger. — Passo suavemente o indicador no contorno das bochechas avermelh