Durval
Ao chegar no quarto, retiro minha camisa a jogando em um lugar qualquer fazendo o mesmo com a calça suja de sangue vivo.
A ferida que Alfie causou em minha perna renderá um longo período sem caças. O que acaba me deixando ainda mais irritado somente por pensar e cogitar a possibilidade de ser obrigado a fazer repouso.
Pego um pedaço de pano e amarro com força na perna tentando parar o sangramento. Não estava a fim de chamar Lourenço para dar pontos e conhecendo bem aquele cabeça dura, ele com toda certeza iria querer colocar uma bolsa de sangue pela demora do curativo.
Faço uma careta somente de imaginar.
Após alguns minutos vejo que surtiu um bom efeito amarrar o pano para conter o sangramento, aproveito o momento para ir até o banheiro lavar minhas mãos que estavam sujas de sangue.
Enxáguo bem as mãos e resolvo a
AlexiaProcuro o cartão de Lourenço na gaveta de Durval e acabo achando duas alianças e uma foto antiga, porém conservada.Me surpreendo ao ver Durval abraçado a uma mulher baixinha de intensos olhos azuis e cabelos negros com um estilo de corte Long Bob curto. Ela é uma mulher magra e muito delicada e a imagem de Durval ao seu lado me surpreende. Ele é completamente diferente de hoje, além de estar fardado o que me deixa surpresa.Brinco com as duas alianças em meus dedos e sorrio observando os dois.Lana é linda...Sinto meus olhos transbordarem automaticamente por imaginar a dor que Durval carrega e nesse momento só consigo pensar o quão forte e incrível ele é. Toco minhas bochechas limpando as lágrimas que insistem em escorrer.Ele se culpa por ter visto a esposa ser abusada diante dos seus olhos. Deus, como
Durval Lourenço abre a porta com cuidado, colocando somente a cabeça para dentro do quarto enquanto observa a mim e Alexia.— Nós ainda precisamos conversar. — Insiste no assunto.— Já encerramos esse assunto. — Suspiro.— Não encerramos não. — Ela respira profundamente cerrando os olhos e os lábios.Lourenço permanece parado próximo a porta nos encarando um tanto quanto surpreso.— Alexia, Lourenço acabou de chegar. Não vamos começar uma discussão agora. — Tento tocar seus cabelos, mas ela se afasta me observando com um olhar entristecido.— É sempre assim, você sempre evita nossas conversas Durval. Eu só estou te pedindo que me ensine coisas básicas. Eu não quero ser sempre um peso para você. — Ela observa minha expressã
— Farei tudo o que estiver ao meu alcance por aquele velho rabugento. — Resmungo de cabeça baixa ainda brava com Durval por não me treinar.— Eu sei. Você já faz. Você pode não perceber, mas já fez muito. A morte de Alfie seria três vezes pior do que você viu. Ele ficaria dependurado do lado de fora da casa e seria torturado a sangue frio, depois seria jogado na floresta para os animais selvagens se divertirem e...— Pare Matheo, está me assustando... — Arregalo os olhos assustada.Com um sorriso no rosto ele bate a mão em minha cabeça.— Você faz uma grande diferença nessa casa. — Ele abre um sorriso ainda maior.— Fica quieto. — Resmungo batendo a mão em sua mão, para que ele pare de dar ta
AlexiaFaz três dias que Matheo concordou em me ajudar a chegar até Shion.Para não parecer suspeito resolvi esperar e deixar que Durval se acalmasse. Ele anda muito nervoso e irritado por não poder movimentar-se livremente como é acostumado devido aos pontos na perna.O corte parece algo simples, mas foi mais sério do que ele mesmo esperava.A dor é intensa e mesmo com anti-inflamatórios e analgésicos ele é obrigado a não se esforçar e repousar.Apesar de ser insuportável aguentá-lo nesse estado crítico de pura calamidade, ele fica extremamente instável e seu humor muda drasticamente. Eu particularmente acho bom, pois agora ele está sendo obrigado a descansar. Coisa que ele não faz quando está em um estado bom de saúde.Apesar de tudo, ele ainda fica a maior parte do tempo enfiado em seu
AlexiaFaz duas semanas que comecei a treinar com Shion, ainda estou assustada com aquele começo absurdo e extremamente exagerado.Passo inconscientemente a mão no pescoço balançando a cabeça para me esquecer do que aconteceu.Como Matheo disse, pegar leve era algo que Shion não sabia fazer quando se empolgava em um treinamento. Muitas vezes Matheo teve que interferir e segurar seus golpes ou eu estaria em verdadeiros maus lençóis.Até o momento Durval não tocou no assunto das minhas escapadas três vezes por semana, mas os seus sutis questionamentos sobre estar mentindo para ele me deixa em alerta.É como se ele soubesse de algo, mas está esperando pacientemente que eu lhe conte, porém, esses últimos dias ele anda tão concentrado em algo que vem acontecendo na Itália que até mesmo está me deixando um p
Alexia.Neste momento estou em pé sobre uma superfície instável com uma postura ereta — ou pelo menos tentando — encarando a parede em minha frente enquanto sou obrigada a ouvir os sermões de Shion.Ele ficou extremamente furioso pois eu cheguei atrasada em sua aula.O que eu poderia fazer? Correr de Durval como se não houvesse o amanhã e vir para o treinamento em ponto?Impossível, Durval me segurou com ele por mais de uma hora. E eu não estou nem um pouco arrependida, muito pelo contrário, estou completamente satisfeita.Durval não costuma demonstrar, mas a verdade é que ele é extremamente ciumento e possessivo.Ele gosta de exercer todo o seu poder sobre as pessoas. Não que eu esteja reclamando, pois isso o torna ainda mais sexy do que já é, mas às vezes ele poderia ser mais maleável.O
— É claro que se sua vida estivesse em risco eu lhe protegeria. — Falo por fim.— Eu sei criança é por isso que não lhe ensinei. As pessoas à minha volta são brutais demais, você perderia sua vida com facilidade. E eu não preciso carregar mais uma morte em meus braços. Eu nem mesmo suportaria. — Suas palavras são frias, mas a dor por trás delas é palpável.— Eu não sou Lana. — Digo com certo ódio e vejo que aquelas palavras lhe machucam.— Nunca disse que era. — O seu tom se torna ainda mais frio. — Apenas disse que não quero carregar seu corpo frio e sem vida em meus braços.— Me desculpa. — Abaixo a cabeça.Durval dá um passo à frente e Matheo apoia o braço em meu peito me empurrando para trás.— Senhor? — Ele ob
AlexiaO caminho até em casa foi feito em um completo e constrangedor silêncio. Por mais que eu queira me desculpar, simplesmente não sei o que dizer para reparar ou amenizar os meus erros.Eu sabia que as coisas ficariam feias caso ele descobrisse o meu treinamento secreto. Agora apenas irei arcar com as consequências antes que tudo fique ainda pior.Neste momento, Durval para a caminhonete em uma garagem única e exclusiva para ela.Procuro não o encarar muito, pois todas as vezes que fixo meus olhos em seu rosto acabo me arrependendo. Ele ainda tem aquela expressão assassina nos olhos e a irritação em seu semblante é completamente visível.— Vamos. — Ele se limita a dizer enquanto desce.Em silêncio faço o que ele manda e o sigo para casa. Subo as escadas sentindo meus olhos marejados pela culpa que está martelando mi