Os meses simplesmente voaram. Uma rotina foi estabelecida, tanto na vida de Amélia e seu mascarado, quanto na vida de Cris e Nando. As duas amigas, trocavam mensagens uma vez ou outra, mas estavam distantes desde o último encontro há meses atrás.
— Sinto falta dela. – Cris suspirou jogada nos braços do marido, pela decima vez.
— Vai até ela. – Nando respondeu com carinho.
Estavam deitados no sofá da sala, o mês de julho ajudava os amantes. As tardes frias e as noites congelante, era propicio para lareira, vinho e colo, e nisso, o casal era perito. Estavam aninhados sob o grosso edredom e os suspiros e lamentações de Cris, despertava em Nando o desejo de cuidar e proteger sua amada, a cada nova reclamação, ele a enchia de beijos e a apertava ainda mais contra o peito.
— Ela não fala comigo direito Nando, mal responde minhas mensagens, com
Cris perdeu-se na intensidade dos olhos azuis, protegidos pela máscara. Por alguns segundos não conseguiu desviar sua atenção e entendeu por que a amiga estava perdida. Mas além do ar de mistério que ele despertava, havia mais naquele olhar, Cris somente não conseguia saber o que.— Oi, sou o marido. – Fernando disse sério, já colocando a mão entre Cris e o mascarado, tirando a esposa do transe.— O marido tem nome? – Marcelo perguntou, com um leve sorriso brincando no canto de seus lábios, parecia estar se divertindo com aquela situação.— Fernando. – Respondeu secamente e sem tentar disfarçar, puxou Cris para perto dele, sentando-se.— Marcelo? – Amélia sorria como uma colegial apaixonada, encarando o objeto do seu desejo, parado a sua frente.O mascarado aproximou-se um pouco mais, colando seus
Amélia saiu do clube batendo os pés e completamente descontrolada, nem em seu pior pesadelo imaginou que terminaria sua noite brigada com seu mascarado, ele nos braços de outra mulher e sua melhor amiga estragando tudo. Entrou no carro e bateu à porta com muito mais força do que o necessário, já estava a caminho de casa, quando decidiu que alguém precisava pagar por sua noite ter sido um fracasso e decidiu que seria Cris. Pegou o celular e ligou para a amiga, chamou até cair na caixa postal, mas Amélia não desistiu, queria brigar e estava decidida a colocar sua raiva para fora. Já estava na quarta tentativa e dentro do elevador do prédio onde morava, quando a voz estressada de Fernando atendeu o telefone.— Lia, agora não é um bom momento! – Disse ele sério.— Nem vem Nando, o momento é ótimo, se eu não acabei minha noit
Amélia acordou com uma ressaca moral assombrando seus pensamentos, a noite anterior não estava lhe dando trégua. A lembrança do seu mascarado com a outra mulher invadia a sua mente, imaginar que ele deu a outra o que deveria ser somente dela, a enlouquecia, para piorar tudo, conseguiu deixar Fernando chateado com ela.Espreguiçou-se na cama, sentindo os ossos estalar, estava decidida, iria aproveitar o domingo para ir conversar com Cris e ver se estava melhor, não deixaria nenhum relacionamento atrapalhar a amizade das duas, ela conhecia bem o passado de Cris e viu ele se repetir com Eduarda, não iria permitir que o mesmo acontecesse com ela.Uma hora depois, Amélia estava dentro do carro a caminho da casa de seus amigos, tomaria café da manhã com eles e com sorte, seria melhor do que a última tentativa.— Sabe que não precisa de nada disso. – Cris falav
Amélia sabia que elas teriam feito todo o possível em favor de Eduarda, moveriam o céu se ela precisasse. Passou dias se perguntando onde falhou, em que momento perdeu a amiga e não notou, nunca conseguiu responder suas próprias perguntas.— Posso te perguntar uma coisa? – As duas se olharam.— Claro.— Como consegue Cris?— Não entendi. – A confusão estava estampada em sua face.— Como consegue passar por tudo isso e se manter inteira? As coisas que viveu no passado, depois com a Eduarda.Ficaram em silencio por alguns segundos, nem mesmo Cris sabia como conseguiu passar por todas as situações que a vida havia lhe imposto e sair viva. Sabia que jamais se viu inteira, pois em cada uma daquelas situações, foi quebrada em tantos pedaços que seria impossível montá-la novamente. Mas estava viva e isso bastav
— Posso saber o motivo desse sorriso? – Marcelo dizia enquanto descia o zíper do vestido de Amélia.— Curioso você... – Ela brincou.— Não acredito que seja curiosidade, somente não quero que esteja comigo e seu pensamento, esteja em outro lugar.— Ciúmes?Perguntou, virando-se para ele, deixando o vestido cair no chão, revelando o corpo completamente nu.— Jamais. – Ele respondeu – Deite-se quero te comer amarrada hoje.— Hum...- Ela murmurou indo em direção a cama – Já parou para se perguntou que talvez eu não quisesse ser comida dessa forma hoje. – Mas suas palavras contradiziam suas ações, ela já estava deitada sobre a cama.— Você quer o que eu quiser te dar, então, fique quietinha.Seu lado racional sabia que aquele relacionamento era ab
Vivenciaram com intensidade cada momento, desde a escolha de nomes, Ana Clara se fosse menina, Pedro Henrique se fosse menino, aos detalhes do quarto, roupinhas, enfeites e brinquedos. Cris sempre acabava o dia, declarando ao marido que eles iriam à falência antes mesmo que o bebê nascesse, mas ele sabia que isso seria impossível, os negócios estavam indo muito bem, os eventos da empresa eram os mais recomendados da cidade de São Paulo, e mesmo gravida, Cris exercia o seu papel com maestria, deixando Fernando sempre orgulhoso e muito excitado enquanto ela desfilava de um lado ao outro pelos salões das festas. Escapar para os cantos escuros, já era rotina para eles, nem mesmo quando a barriga passou a ser a maior parte do corpo de Cris, eles conseguiam se conter diante do desejo que sentiam um pelo outro.Ela vivia o sonho de quase toda mulher, bem-casada, bem-sucedida, seu marido era lindo e gostoso, a desejava todos os di
Ela ouviu a voz baixa, como se estivessem falando com ela, mas em sussurro, não conseguia definir quem eram as pessoas que a rodeavam e a chamavam. Foi aos poucos forçando os olhos a se abrirem e a luz da sala iluminada irritou suas vistas.— Nando? – Chamou por ele.— Oi amor, estou aqui.Ainda sentindo-se tonta, ela sentou-se no sofá com a ajuda de Fernando, que ainda a olhava, esperando por uma resposta, alguma explicação para tudo aquilo que havia acontecido.— Vocês estão bem? – Ele perguntou baixinho, acariciando a barriga dela.— Não, jamais ficaremos bem com aquele monstro por perto.— Você pode me contar, por favor, o que está acontecendo? Do que está falando Cris?Ela respirou fundo, buscando dentro de si toda a força e coragem que precisava para reviver aqueles momentos dolorosos novamente.&mda
— O detetive Sergio está nos esperando. – Anunciou Fernando ao policial que os atendeu.Foram conduzidos até uma antessala, lá dentro estavam dois policiais, o detetive e um promotor. Amélia ainda estava de braços dados com Cris e Fernando andava atrás das duas, como se fosse amparar um possível queda. Uma grande janela ocupava toda a parede a frente, dando visão para outra sala, lá dentro estavam parados lado a lado, alguns homens com semelhança física e no centro da fila estava Marcelo. Ele olhava com desdém em direção ao vidro, fazendo Cris recuar dois passos, levando as mãos a barriga como se protegesse o bebê.— Calma amor. – A voz doce de Fernando sussurrou em seu ouvido.— Fique tranquila senhora, eles não podem vê-la. – O promotor colocou-se de frente para Cris, olhando diretamente em seus olhos,