KarenOuço a pergunta de Othon com uma fúria contida. Será que ele está tentando me enlouquecer? Ele não sabe que Otávio é meu filho? Mas é claro que ele sabe e está apenas fingindo o contrário. A incredulidade me domina, mas mantenho a postura e respondo com firmeza:— Sim, Otávio é meu filho. E não quero que você se aproxime dele.Não vou ficar ali, em meio a uma conversa com aquele mentiroso. Seguro a mão do meu filho e me preparo para caminhar em direção à minha casa quando meu pai se aproxima, percebendo a tensão.— O que está acontecendo aqui? — pergunta ele, notando a atmosfera carregada de emoções.Olho para o meu pai com certa irritação, especialmente quando percebo que ele traz consigo um enorme cachorro. Então, o meu pai estava passeando com um animal de outra pessoa, enquanto deixou Otávio à mercê de estranhos? Aquilo é simplesmente inacreditável.— O que está acontecendo é que eu estou me perguntando como o senhor pode deixar Otávio sozinho com um completo estranho. Tem i
OthonA revelação de que Otávio é filho de Karen me atinge como um soco. Antes de eu conseguir articular uma resposta, ela puxa Otávio consigo para longe, ignorando minha presença. Fico ali, perplexo, processando a informação de que o pequeno amigo que eu tanto apreciava era, na verdade, filho da mesma mulher que tenho procurado há anos é atordoante.Observo com surpresa Karen conduzindo Otávio para dentro de casa, sua mão firmemente segurada pela dela, enquanto meu cérebro ainda tenta processar o que acabou de presenciar. "Surpresa" é a palavra que melhor descreve minha reação diante da cena.— Quero me desculpar, Dr. Arraes — interrompe o Sr. Atila, trazendo-me de volta à realidade — Este não é o comportamento típico da minha filha, acredite. Karen é normalmente gentil, educada e respeitosa.— Não há necessidade de se desculpar, Sr. Buarque — respondo, sentindo-me desconfortável — Talvez ela esteja apenas tendo um dia difícil.— Minha filha é muito protetora, e sua reação foi result
KarenO dia não começou nada bem para mim e deparar com Othon logo ao sair de casa não o torna nada promissor. Respiro fundo, tentando controlar a raiva que borbulha dentro de mim por todas as reviravoltas que o destino está me jogando. Meu carro não pegou, meu pai amanheceu com uma forte gripe, o que o impede de ajudar de alguma forma, e minha mãe precisa cuidar dele. Estou atrasada para deixar Otávio na escola e tentar chegar ao trabalho sem atrasos parece uma missão impossível.Estou com grande dificuldade para chamar um carro por aplicativo, e me parece que o universo está conspirando contra mim. A oferta de Othon seria perfeita em circunstâncias normais, mas nada é normal quando se trata dele. Eu jamais entraria dentro de um carro com ele e Otávio, por mais conveniente que fosse. Sinto o olhar de Othon e Otávio sobre mim, e um arrepio percorre minha espinha. Otávio é a cópia fiel de Othon, o que me deixa novamente atordoada. Ainda não consigo entender como os meus pais ainda não
OthonCheguei do trabalho no horário de sempre, mas hoje estava mais ansioso do que nunca. Ao passar em frente à casa dos vizinhos, notei que havia algo incomum: Karen e Otávio estavam juntos. Essa mudança me deixou intrigado, já que eram sempre os avós que cuidavam de Otávio nesse horário. Decidi não fazer alarde e aproveitar a oportunidade para encontrar Karen e conversar com ela. Troquei de roupa às pressas e sai para passear com Bart. Como poderia ela não me reconhecer? No entanto, ao chegar em frente à minha casa, a decepção tomou conta de mim. Karen e Otávio já não estavam mais lá. Certamente Karen viu a minha chegada e resolveu não continuar com Otávio no mesmo lugar. Era evidente que ela estava me evitando, não restavam dúvidas.Fiquei contrariado com a situação, porém optei por não me deixar abater e prosseguir com meu passeio com Bart. Sabia que Karen não poderia evitar um encontro por muito tempo. Além disso, como vizinhos, logo nos encontraremos novamente, especialmente
KarenAo me sentar na mesa daquela boate badalada ao lado de Camila, comecei a questionar novamente se aquela era realmente uma boa ideia. Camila, sempre perceptiva aos meus dilemas internos, me repreende com um sorriso travesso, dizendo que eu não estou morta e preciso aproveitar a vida um pouco mais. Solto uma risada diante do exagero dela, mas decido não contestar. Conheço Camila o suficiente para saber que quando ela decide algo, é melhor não ir contra.Camila tinha decidido que precisávamos comemorar minha recente conquista: o novo emprego no Hospital Central. E Camila não aceitaria um "não" como resposta. Meus pais também insistiram que eu deveria sair um pouco, algo raro de acontecer desde que Otávio nasceu.Então, ali estávamos nós, em meio à música pulsante e luzes coloridas, celebrando uma nova fase da minha vida que mal tinha começado. Eu me sentia grata por ter uma amiga como Camila, sempre disposta a me arrastar para fora da minha zona de conforto, mesmo quando eu resisti
OthonEu me sentia perplexo com a reviravolta da noite; estava dançando com Karen! Era uma surpresa tão grande que parecia flutuar diante de algo tão inesperado. Quando concordei em acompanhar meus amigos até a boate, estava longe de imaginar que acabaria nessa situação. Mas sabia que precisava aproveitar aquela oportunidade única que o destino havia preparado para mim.No entanto, não sabia ao certo como agir. Karen claramente tentava se esquivar de mim desde o primeiro momento em que nos reencontramos, no dia anterior. Eu não queria assustá-la, mas precisava abordar a questão de alguma forma. Decidi apostar em uma abordagem direta.— Eu sei que você lembra de mim.O olhar de Karen mostrou surpresa e um leve toque de apreensão, mas não desviei o olhar. — Está enganado, Dr. Arraes — Karen responde com firmeza — Eu nunca o vi antes de nosso esbarrão ontem, no Hospital Central.Como eu esperava, Karen nega minha sugestão direta, mas isso não me abala. Continuo avançando, aproveitando o
KarenEnquanto dançava com Othon, meu maior desejo era confrontá-lo, perguntar a ele sem rodeios o que aconteceu com a noiva e o filho que eu esperava. Cheguei até a imaginar o momento em que ele responderia com um sorriso irônico "que noiva?", como se fosse inocente, e eu diriaa ele que descobri suas mentiras, que sabia que ele era um grande mentiroso. Mas eu não teria coragem de ir tão longe. A verdade era que eu temia sua reação e não queria reviver as emoções dolorosas daquele passado.Sendo uma grande covarde, penas fingi que não o conhecia, tentando ignorar a sensação de que ele sabia mais do que estava deixando transparecer.Quando finalmente consegui escapar dos braços de Othon, senti um alívio temporário. Mas logo percebi que precisava fazer algo para que ele entendesse que eu não estava interessada nele. Ele não podia continuar insistindo em lembrar-me do nosso encontro em Fernando de Noronha. Não sabia até quando conseguiria resistir aos seus avanços, e precisava encontrar
OthonEu estava decidido a levar Karen para casa. Afinal, não fazia sentido algum ela ir de táxi quando morávamos tão perto um do outro. Porém, eu já tinha percebido que as chances de Karen aceitar qualquer coisa da minha parte eram praticamente nulas. Então, usei um tom de voz determinado, que não deixava margens para contestação, ao avisar a todos que eu mesmo a levaria para casa.A minha determinação não pareceu abalar Karen, pois ela protestou de iediato, como eu já imaginava que faria. — Você não precisa me levar em casa. Eu vou pegar um táxi — ela insistiu, tentando se desvencilhar.— Não, você não vai de táxi quando moramos vizinhos, Karen!. Vou te levar. É o mínimo que posso fazer — insisti, segurando gentilmente em seu braço, determinado a convencê-la.— Mas… — ela começou, mas eu a interrompi.— Sem discussão. Vamos — disse, guiando-a em direção ao meu carro. Era hora de mostrar a ela que eu podia ser insistente quando achava necessário. Mesmo que ela não quisesse minha co