KarenOs dias se desdobravam em uma nova rotina agradável, repleta de mudanças sutis que começavam a transformar nossa dinâmica familiar. Desde que Othon decidiu participar mais ativamente na vida de Otávio, as coisas pareciam ter tomado um rumo diferente, e eu não poderia estar mais grata por isso.Todas as manhãs, depois de deixar Otávio na escola, eu seguia para o trabalho. Othon agora fazia questão de ir buscá-lo na escola, uma mudança que eu não esperava, mas que acolhia com gratidão. Ele conseguia sair mais cedo do hospital do que eu, e ver seu empenho em estar presente na vida de nosso filho era reconfortante.Como Othon deixava Otávio na casa dos meus pais, eu estava confiante de que ele estava em boas mãos para me ajudar nos dava a oportunidade de seguir com as minhas responsabilidades.Quando eu chegava em casa no final do dia, era recebida por uma cena que aquecia meu coração. Otávio e Othon estavam ali, em frente à casa, compartilhando momentos de descontração juntos. Bart
KarenAo conhecer Valquíria, a irmã de Othon, algo dentro de mim se agitou. Não pude evitar sentir uma antipatia instantânea, o que me fez questionar a minha própria índole. Afinal, ela era a tia do meu filho, e não havia motivo aparente para essa reação tão negativa.Enquanto Othon a apresentava a Otávio, senti-me como se estivesse em terreno desconhecido, com cada palavra de Valquíria aumentando a minha tensão. Mas foi ao ouvir a sua voz que uma sensação de déjà-vu me invadiu, como se tivesse escutado aquelas mesmas palavras, ou talvez seja aquela voz, em algum momento do passado.— Querido, você é tão lindo como eu imaginei que seria! Estava ansiosa por conhecer você, sabia disso? Enquanto Valquíria expressava os seus sentimentos, eu lutava para esconder a minha inquietação. Uma sensação estranha me envolvia, como se algo estivesse fora do lugar. Mas não conseguia entender por que a presença dela me afetava tão profundamente.O desconforto com a presença de Valquíria continuava a
OthonEu olhei várias vezes para a casa de Karen, esperando vê-la se juntar a nós, mas ao invés disso, foi Margareth quem se aproximou para acompanhar Otávio. Karen permaneceu onde estava, e aquela ausência dela me deixou preocupado.Após a brincadeira animada com Otávio, meus pais convidaram o neto para um lanche em minha casa. Enquanto caminhávamos em direção à minha casa, eu não conseguia tirar da cabeça o momento tenso entre Karen e Valquíria. As palavras ásperas trocadas entre elas haviam deixado um gosto amargo em minha boca. Eu sabia que precisava confrontar os problemas não resolvidos entre Karen e eu, mas também reconhecia que havia mais em jogo do que apenas as minhas próprias mágoas. Aquela disputa de palavras me deixou diante de um impasse entre o amor que eu sentia por Karen e a lealdade que eu devia à minha família. Agora eu me senti dividido entre o desejo de confrontar Karen sobre a verdade e a necessidade de manter a paz entre minha família. No fundo, eu ainda não sa
KarenMeu coração ainda pulsava descompassado após o encontro tenso com a família de Othon. Quando meu celular tocou, trazendo o nome de Camila piscando na tela, uma onda de alívio varreu meu corpo. — Oi, Camila — murmurei, minha voz trêmula com a emoção mal contida.— Devo entender que o encontro com a família de Othon não foi nada agradável? — disse Camila do outro lado da linha, sua voz suave carregada de preocupação genuína.Ao concordar com a sua suposição, Camila disse que em alguns minutos estaria na minha casa e desligou o telefone sem mais demora. Ela cumpriu com a sua promessa e quando Camila chegou à minha casa, senti um enorme senso de alívio. Seus braços envolvendo-me em um abraço caloroso eram exatamente o que eu precisava naquele momento. Sem hesitação, deixei-me cair em seu conforto, permitindo-me finalmente desabar em lágrimas que eu vinha segurando com tanto esforço. Contei tudo para Camila e me senti um pouco mais leve ao compartilhar minha angústia com minha melh
OthonEncarei Karen, esperando ansiosamente por uma resposta à pergunta que estava me corroendo por dentro. Mesmo com os vidros escuros do carro, algo dentro de mim sabia que não era um homem quem estava lá dentro.A resposta de Karen veio carregada de uma frieza cortante. — Essa pergunta é ridícula, Othon. Você não tem nada a ver com a minha vida — disse ela, desviando o olhar.Antes que eu pudesse reunir uma resposta, a porta do carro se abriu e um homem emergiu de seu interior. Ele era alto, com uma postura confiante que imediatamente me fez perceber que ali estava um rival em potencial.— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que não deixava margem para dúvidas.Eu o encarei de volta, minha mandíbula cerrada com determinação. — Nada que você precise se preocupar — respondi, a minha voz firme o desafiando a prosseguir.No entanto, seu olhar parecia me desafiar, como se ele estivesse me avaliando, medindo-me em cada centímetro. E
KarenAo abrir os olhos e me deparar com a luz do sol que invadiu o quarto, pisquei várias vezes enquanto me debatia contra a dor de cabeça implacável que me atormentava. As lembranças do dia anterior não demoraram a vir à tona, trazendo consigo uma mistura de emoções. Lembrei-me de cada detalhe, desde o encontro tenso com Othon até o confronto com Max. Mas apesar da dor pulsante em minha cabeça, não consegui me arrepender. A verdade é que eu não tinha bebido o suficiente para justificar essa ressaca avassaladora. Concluí que a causa dessa dor era, na verdade, a noite mal dormida.Passei horas me revirando na cama, torturada por pensamentos sobre os últimos acontecimentos da minha vida. Mesmo com toda a agonia da noite insone, não pude deixar de sorrir ao recordar a expressão de surpresa no rosto de Othon quando Max desceu do carro para confrontá-lo. Aquela reação foi uma recompensa valiosa para mim, algo que considerei como uma pequena vitória.Ainda estava envolta em meus pensament
Colin Pressionei a campainha várias vezes, aguardando com paciência até que a porta fosse finalmente aberta por Valquíria, cujo rosto ostentava uma clara expressão de irritação. Ao me deparar com ela, não pude evitar notar o tom de reprovação nas suas palavras, ao dizer: — Não entendo todo esse desespero, Logan — ela reclamou — Eu já estava vindo abrir a porta, não era necessário me enlouquecer com todo esse barulho. . Ignorei o seu resmungo, pois entrou na casa sem esperar por um convite, deixando a porta entreaberta, como se indicasse que eu poderia entrar se assim desejasse. Aquela atitude por parte de Valquíria não foi exatamente uma surpresa para mim. Ao longo dos anos, eu havia me acostumado com o tratamento áspero que ela me dispensava, mas, dessa vez, algo dentro de mim se remexeu. Talvez eu estivesse farto de ser constantemente subestimado por ela. Deixando de lado a minha própria irritação, decidi seguir Valquíria para dentro da casa, na esperança de que a situação melho
OthonEntrei em minha casa com um sorriso radiante e me sentindo plenamente realizado após o domingo em família. Ver meus pais desfrutando dos momentos com meu filho, enchia meu coração de alegria. A presença dele parecia iluminar a minha vida com uma nova luz, e eu estava transbordando de felicidade.Não demorou muito para minha percepção ser comprovada pelas palavras de meu pai. Ele expressou o quanto tinha apreciado a companhia do neto e declarou seu desejo de visitar Curitiba com mais frequência, ansioso por manter uma relação próxima com Otávio.— Será maravilhoso poder acompanhar o crescimento do nosso neto de perto, querido — concordou Bárbara. — Não posso deixar de co