OthonEncarei Karen, esperando ansiosamente por uma resposta à pergunta que estava me corroendo por dentro. Mesmo com os vidros escuros do carro, algo dentro de mim sabia que não era um homem quem estava lá dentro.A resposta de Karen veio carregada de uma frieza cortante. — Essa pergunta é ridícula, Othon. Você não tem nada a ver com a minha vida — disse ela, desviando o olhar.Antes que eu pudesse reunir uma resposta, a porta do carro se abriu e um homem emergiu de seu interior. Ele era alto, com uma postura confiante que imediatamente me fez perceber que ali estava um rival em potencial.— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que não deixava margem para dúvidas.Eu o encarei de volta, minha mandíbula cerrada com determinação. — Nada que você precise se preocupar — respondi, a minha voz firme o desafiando a prosseguir.No entanto, seu olhar parecia me desafiar, como se ele estivesse me avaliando, medindo-me em cada centímetro. E
KarenAo abrir os olhos e me deparar com a luz do sol que invadiu o quarto, pisquei várias vezes enquanto me debatia contra a dor de cabeça implacável que me atormentava. As lembranças do dia anterior não demoraram a vir à tona, trazendo consigo uma mistura de emoções. Lembrei-me de cada detalhe, desde o encontro tenso com Othon até o confronto com Max. Mas apesar da dor pulsante em minha cabeça, não consegui me arrepender. A verdade é que eu não tinha bebido o suficiente para justificar essa ressaca avassaladora. Concluí que a causa dessa dor era, na verdade, a noite mal dormida.Passei horas me revirando na cama, torturada por pensamentos sobre os últimos acontecimentos da minha vida. Mesmo com toda a agonia da noite insone, não pude deixar de sorrir ao recordar a expressão de surpresa no rosto de Othon quando Max desceu do carro para confrontá-lo. Aquela reação foi uma recompensa valiosa para mim, algo que considerei como uma pequena vitória.Ainda estava envolta em meus pensament
Colin Pressionei a campainha várias vezes, aguardando com paciência até que a porta fosse finalmente aberta por Valquíria, cujo rosto ostentava uma clara expressão de irritação. Ao me deparar com ela, não pude evitar notar o tom de reprovação nas suas palavras, ao dizer: — Não entendo todo esse desespero, Logan — ela reclamou — Eu já estava vindo abrir a porta, não era necessário me enlouquecer com todo esse barulho. . Ignorei o seu resmungo, pois entrou na casa sem esperar por um convite, deixando a porta entreaberta, como se indicasse que eu poderia entrar se assim desejasse. Aquela atitude por parte de Valquíria não foi exatamente uma surpresa para mim. Ao longo dos anos, eu havia me acostumado com o tratamento áspero que ela me dispensava, mas, dessa vez, algo dentro de mim se remexeu. Talvez eu estivesse farto de ser constantemente subestimado por ela. Deixando de lado a minha própria irritação, decidi seguir Valquíria para dentro da casa, na esperança de que a situação melho
OthonEntrei em minha casa com um sorriso radiante e me sentindo plenamente realizado após o domingo em família. Ver meus pais desfrutando dos momentos com meu filho, enchia meu coração de alegria. A presença dele parecia iluminar a minha vida com uma nova luz, e eu estava transbordando de felicidade.Não demorou muito para minha percepção ser comprovada pelas palavras de meu pai. Ele expressou o quanto tinha apreciado a companhia do neto e declarou seu desejo de visitar Curitiba com mais frequência, ansioso por manter uma relação próxima com Otávio.— Será maravilhoso poder acompanhar o crescimento do nosso neto de perto, querido — concordou Bárbara. — Não posso deixar de co
KarenAo tirar o carro da garagem naquela segunda-feira, percebi de imediato a movimentação de Valquíria e os pais de Logan colocando a bagagem no porta-malas do carro da família. Não precisei de muito para deduzir que estavam se preparando para partir rumo a São Paulo. Um alívio me invadiu, afinal, havíamos nos despedido adequadamente na noite anterior, então, apenas acenei em despedida e segui meu caminho em direção ao trabalho.Durante a manhã, enquanto trabalhava, pensei no passeio de domingo que tivemos com os Arraes no dia anterior. Eles haviam ido até minha casa e conversado com Otávio e meus pais. A ausência de Valquíria pareceu trazer uma tranquilidade inesperada à conversa. Pude perceber uma atmosfera mais leve, livre de tensões que parecem a acompanhar a irmã de Othon Ao refletir sobre o dia maravilhoso que tivemos, concluí que o verdadeiro problema residia na presença de Valquíria. Barbara, inclusive, teve a gentileza de pedir desculpas pelo comportamento da filha e por s
OthonEstou sentado em meu sofá, tentando desesperadamente me concentrar nas palavras do livro à minha frente, mas meus pensamentos insistem em vagar para a casa vizinha. É como se uma força magnética me puxasse naquela direção, mesmo que eu tente resistir.Decido então ligar para Karen. Preciso ouvir sua voz, mesmo que seja apenas por alguns minutos. Afinal, como é possível que dois vizinhos, que também trabalham no mesmo lugar, tenham passado o dia inteiro sem se ver? Essa ideia me incomoda profundamente.Quando Karen atende o telefone, sua voz soa estranhamente fria e distante. Um aperto se forma em meu peito instantaneamente. Algo está errado, tenho certeza disso. Não posso simplesmente ignorar esse pressentimento.Quando pergunto se há algo errado, aá uma pausa do outro lado da linha, que parece se estender por uma eternidade. Meu coração começa a bater mais rápido enquanto espero por uma resposta. Finalmente, Karen responde, mas sua voz soa hesitante, como se estivesse escolhend
KarenAo entrar no quarto de Othon, uma sensação de invasão misturada com timidez toma conta de mim. Fico envergonhada por ter sido eu quem sugeriu esse momento e questiono se foi a escolha certa estar ali naquele instante.Na tentativa de encontrar algo para me distrair do olhar atento de Othon, observo cada detalhe da decoração, uma paleta de cores em tons de terracota e cinza que se misturam de forma interessante.A cama imponente no centro do quarto parece dominar o espaço, bastante convidativa. Não consigo deixar de notar a organização impecável de tudo, como se cada objeto estivesse cuidadosamente posicionado em seu lugar. É o primeiro comentário que me vem à mente, uma tentativa de romper o silê
OthonEnquanto Karen descansava em meus braços, uma sensação de plenitude há muito esquecida inundou meu ser. Desejei que esse momento se prolongasse pela noite e além, mas entre nós, nada parecia simples. Mesmo assim, não custava tentar...— Dorme comigo?— Não posso, Othon — sua resposta foi carregada de tristeza — Não me sinto confortável em passar a noite fora... chegar em casa de manhã...Silenciei por um momento, ponderando suas palavras. Da última vez que estivemos juntos, Karen retornou para casa nas primeiras horas da manhã, temendo encontrar os pais acordados. Aquilo ainda não fazia sentido para mim, uma vez que somos adultos e pais de Otávio.— Estou refletindo sobre o que está faltando para que possamos finalmente ficar juntos, Karen — desabafei, deixando claro meu descontentamento com a situação.Karen levantou a cabeça, fitando-me nos olhos com um sorriso irônico.— Em momento algum ouvi você me propor um relacionamento entre nós, Othon.Suas palavras diretas cortaram o