Anne, — Ele estava nos seguindo, senhor. — Me desperto com a voz da Helen falando. Olho para frente e vejo o policial olhando para trás enquanto o carro do Cláudio ganha velocidade.— Sabem quem era o motorista que estava seguindo vocês? — Damos os dados do Cláudio que sabemos para ele, e eu peço para ele fazer a escolta até a igreja.Ele concorda e manda o motorista nos seguir. Espero que o Eduardo não tenha desistido do casamento. Depois desse sufoco todo, espero que ele esteja lá me esperando ainda no altar, todo lindo de terno e gravata.Assim que chegamos, eu não espero o carro parar e desço, indo até a escada principal da igreja. O policial e a Helen me seguem e ele confirma que mais policiais estão em busca do Cláudio. Solto um suspiro e olho para frente.Tenho uma má impressão ao começar a subir os degraus da escada da igreja, como se algo mandasse eu não abrir a porta, pois a surpresa lá dentro será grande. Meu coração acelera e minha mente trabalha a mil por hora, pedindo p
Anne,Fico olhando para ele sem entender as suas palavras. Ele vem se aproximando de mim, mas para no meio do caminho e balança a cabeça negando, não sei o que.— Me responde, onde está o seu amante? Escondeu ele embaixo da cama ou no armário?— Que amante, Eduardo? Helen e eu estávamos sendo perseguidas pelo Cláudio, por isso não entramos na igreja na hora marcada. Mas e você, onde estava até agora?Ele mais uma vez balança a cabeça negando, solta uma risada sem graça e, sem olhar para mim, ele se vira para subir as escadas. Ele vai segurando firme no corrimão, e a sorte dele é que tem, ou ele não ia chegar vivo no andar de cima.— Amiga, você quer que eu fique aqui com você? — Ele pergunta, segurando em meu ombro. Olho para ela sorrindo, sei que o Eduardo não vai fazer nada comigo, mas não garanto fazer nada com ele.— Não, Helen, eu preciso conversar com ele a sós. E se tiver que matá-lo, não quero testemunhas para me condenar.— Sabe que eu te ajudaria a enterrar o corpo e, juntas
Anne,Sinto seus dedos acariciando os meus cabelos e ele fala que sabe que eu não estou dormindo, pois como médico, ele reconhece pela respiração. Abro os meus olhos e me viro de costas para ele.— Não faça isso, não vire as costas para mim, isso é infantilidade. — Me viro, olhando para ele com raiva.— E o que é ser adulto para você? Sair do seu casamento com a sua ex para beber num barzinho? — Ele arregala os olhos, se afastando. Joguei um verde e colhi maduro. Maduro não, podre mesmo. Eu sabia que era ela, minha intuição não me enganou.— Quem te falou que era ela? Como você...— Você agora acabou de me contar. Poxa, Eduardo, eu fugindo para não ser pega pelo Cláudio, e você dando ousadia para a ex? Nosso casamento está em pausa, até você decidir o que quer da sua vida. Agora me dá licença.Me levanto e ele se levanta junto comigo, e me aperta em seus braços, mas eu não devolvo o abraço. Estou tão magoada, que até esse abraço dele está me dando raiva.— Eu só quero você. Eu não fiz
Eduardo,Algumas horas antes...Acordei de manhã com o meu celular despertando. Desligo antes que Anne acorde. Me levanto, faço a minha higiene matinal e quando eu termino de me arrumar, meu celular toca, pois encomendei o vestido da Anne, e pedi para que eles entregassem de manhãzinha.O meu terno também está pronto na loja, então, vou deixar que ela acorde com a surpresa. Desço as escadas, pego a caixa e levo para o quarto, deixando um bilhetinho fofo para ela, pois posso ver até o seu sorriso ao ler.Pego as chaves do carro e saio de casa quase na ponta dos pés para não estragar a surpresa. No meio do caminho, logo paro para a Helen vir ajudar ela a se arrumar, pois homem é fácil, mulher não.Chego na loja e já vou direto para os fundos, onde os vendedores me ajudam a me arrumar. Quando me olho no espelho, sorrio, pois é raro alguém me ver de terno e gravata. Ou estou com o uniforme do hospital ou com uma roupa mais eclética.Mesmo estando casado já com ela no civil, eu sinto que h
Eduardo — Vamos conversar como fazíamos antes, deixar os nossos corpos falar por nós... — Coloco a minha mão na frente antes que os lábios dela toquem nos meus.— Até a sua voz me enjoa, SAIIII.Ela não sai, me deixando irritado. Acelero o carro, para botar medo nela. Vou fazendo várias curvas de uma forma perigosa, quase batendo em outros carros. Ela grita, se segurando no banco do carro, mandando eu parar.Mas paro quando chego no bar, e dando cavalinho de pau, fazendo ela bater a cabeça no vidro. Não espero mais nada, abro a porta e saio do carro. Ela vem atrás de mim, reclamando que a cabeça está doendo, me pedindo para levar ela para o hospital.— Te vira, chama um Uber ou vai de pé, mas me deixe em paz. — Me levanto e deixo ela lá no balcão sozinha. Tudo que eu preciso é chorar a minha dor de ter sido trocado mais uma vez.— Eduardo, precisamos nos dar uma chance, eu sei que errei com você, mas tive medo de você não subir na vida, ter que passar necessidades com um marido enco
Anne,Ouvir ele contando tudo atentamente, prestando bem atenção, para ver se ele não vai vacilar, e acabar cortando partes. Mas pelo jeito que ele falou, sinto que falta algo nessa história. O celular dele volta a tocar, o mesmo número, e eu pego o celular da mão dele e atendo. Não vou deixar ninguém roubar meu marido, muito menos quem veio inferno só pra atazanar.— Alô?— O Eduardo, por favor. — Ela tem uma voz enjoativa, daquelas mulheres que são mimadas pelos pais e fazem tudo o que querem.— Sou a esposa dele, e quero que você pare de nós incomodar, porque tá feio para você vir dos cafundés do Judas, só para tentar conquistar o que você perdeu. — Quem disse que eu perdi? Eduardo veio para cá, porque queria tentar me esquecer, mas pelo jeito não conseguiu, já que saiu da igreja comigo e ainda bebemos a noite toda juntinhos.Olho para ele querendo mata-lo, quero acreditar nele, pois ela que fez o papel de mentirosa, e eu conheço ele e não ela.— Ah claro, com a mentira que você c
Anne,Chegamos na delegacia, e o delegado manda nos chamar, assim que entramos na sua sala, ele começa a falar. — Bom, eu perguntei se tinha mais alguém envolvido, ele disse que sim, mas só ia falar o nome da pessoa para as senhora Anne e para mais ninguém.— Nos já sabemos quem foi. — Eduardo conta em partes o que ele passou com a ex dele.— Então temos que prender ela também, já que os dois estavam juntos nessa. Sabe onde podemos encontra-la?— Não, só fomos até o bar mesmo, e de lá eu fui para minha casa fugindo dele ainda por cima. Não sei onde ela está hospedada, mas ela não mora aqui em São Paulo. — Certo, deixa o nome dela completo, e se tiver alguma foto, é melhor, para ajudar na procura.Eduardo marca no papel o nome completo dela, mas diz que não tem nenhuma foto. Então o delegado nos conduz até um policial, que começa a fazer o retrato falado dela, já que ela não tem parte na polícia. Eduardo ainda achou que o ex chefe dela tinha feito um boletim de ocorrência, mas o cara
Anne,Meu coração bate forte no peito, mas eu estou determinada. Eu sei que ela está tentando tomar o meu marido, e eu não podia permitir isso. Ou ela ou eu teríamos um nariz quebrado hoje. Assim que entro na rua que faz a divisa com a principal, saio procurando por uma pensão. Até que encontrei no final da rua, toda descascando. Com certeza esse sim é um belo esconderijo para ela.Desço do meu carro e sigo até a porta de madeira. Bato algumas vezes e uma mulher de cabelo grisalho me atende. Ela olha para mim de cima a baixo e fala:— Não temos mais quarto disponível, sinto muito.— Eu não vim alugar um quarto, vim visitar uma amiga minha. Ela mudou esses dias para cá, o nome dela é Janaína.— Pode entrar. — Ela sai da frente para que eu passe. — Ela está no terceiro andar, na segunda porta à esquerda.— Muito obrigada, senhora. — Vou caminhando até chegar na parte das escadas, pois aqui nem elevador tem. Olho para todos os lados. Esse prédio parece que vai cair a qualquer momento, co