Ricardo
Acabo me desligando dos meus pensamentos quando meu telefone tocou, o pego e fico olhando para a tela antes de atender, mas depois de alguns segundos atendo.
– Oi Babi… digo.
– Cadu… eu queria muito conversar, podemos?
– Não sei se é uma boa ideia Babi.
– Por favor, eu sinto sua falta, você não sente a minha?
– Babi… já falamos sobre isso, combinamos que dariamos um tempo e precisamos nos dar esse tempo.
– Mas eu estou com saudades, não podemos nem nos ver como amigos? Eu preciso conversar com alguém… disse ela.
– Está certo… como amigos… estou em casa agora.
– Ok… estou indo pra ir… disse ela toda contente.
Babi e eu éramos namorados até pouco tempo, mas eu achei que nosso relacionamento não estava saudável, Babi era muito ciumenta e quase sempre brigávamos por isso e desse jeito não estava legal, então eu resolvi dar um tempo e ver o que aconteceria depois disso… Ela mora no mesmo prédio que eu, três andares a baixo, o que dificulta muito ficar longe dela, pois a todo momento nos vemos no prédio… mas, eu não devo esquecer que ela sempre foi uma boa amiga e namorada, apesar das crises de ciúmes, e que eu gosto dela, mas não sei se vai dar certo com toda essa falta de confiança em mim.
Me levanto da cama e vou até a sala.
– Filho, já viu que chuva está pra cair? Diz minha mãe olhando pela janela da sala.
– Sim, vi… por isso vim embora da praia, as ondas estavam muito boas, mas algo lá interessou mais que as ondas… eu disse me sentando no sofá.
– Algo? Perguntou ela curiosa.
– Alguém pra ser mais claro… eu disse.
– Quem? Babi?
– Não… mas, não quero criar expectativas ainda.
– Se apaixonou à primeira vista filho? Perguntou ela vindo até mim toda sorridente.
– Mais ou menos… sei lá… eu… fiquei encantado, hipnotizado, foi isso, me senti atraído.
– Que lindo! Quem é ela, qual o nome dela? Me fala, me conta tudo filho!
– Mãe… eu disse rindo… sem expectativas lembra? Ela parece não está aberta para isso agora.
– Bom… sei que ela não vai resistir ao meu loiro de olhos verdes… disse ela e eu ri.
– E o Henrique? Ligou hoje? Perguntei.
– Ainda não… essa semana ele ligou apenas uma vez, seu irmão está cada vez mais distante de nós… disse ela e seu semblante mudou.
– Ele só precisa de um tempo mãe… eu disse.
– Não sei porque ele ficou desse jeito.
– Talvez a morte do pai tenha afetado muito mais a ele do que pensamos… eu disse.
– Talvez sim, mas ele deveria ficar com sua família, com os que o amam… disse ela.
– Mas ficar sozinho também faz bem, fique calma mãe, tudo vai passar… eu disse e a campainha tocou… – Deve ser Babi.
– Chamou ela? Pensei que vocês tinham dado um tempo.
– E demos, mas ela insistiu que precisava de um amigo, então… eu disse me levantando e indo até a porta.
– Bom, vou pro meu quarto ler meus livros… disse minha mãe saindo.
E com isso não pude evitar lembrar de Nena e sorrir sozinho… como pode uma menina que vi somente uma vez na vida, me fazer sentir essas coisas? Novamente a campainha tocou e eu me assustei, fui até a porta e abri.
– Oi... disse Babi sorrindo.
– Oi… entra… eu disse lhe dando passagem e depois que ela entrou fechei a porta.
– E sua mãe? Onde está?
– No quarto dela… eu disse.
– Hum… será que podemos conversar no seu quarto? É melhor lá.
– Ok… eu disse e fomos até meu quarto.
– Cadu, minha casa parece até um campo de guerra… disse ela.
– Seus pais brigando novamente?
– Sim, eles parecem dois inimigos mortais, sempre disputando com o que cada um vai ficar e nenhum deles abre mão da casa, o que torna a convivência impossível… disse ela.
– Sinto muito Babi… eu disse.
– Só me abraça e me ajuda a esquecer tudo isso, você sabe como fazer isso tão bem… disse ela me abraçando.
– Se acalme… bom… podemos ver um filme… eu disse.
– É uma boa… disse ela.
Escolhemos um filme e colocamos para assistir… e acabamos pegando no sono, pois quando despertei já era noite, e estava chovendo muito pois dava pra ouvir o barulho da chuva batendo na janela do meu quarto.
Me levantei devagar para não acordar Babi e fui até a cozinha, estava com fome, peguei uma maçã e voltei para a sala… Fiquei olhando pelo vidro da sacada a chuva caindo e os raios e clarões cortando o céu… de repente ouvi meu celular tocar, estava no sofá da sala, fui até lá e o peguei, era um número que eu não conhecia.
– Alô… eu digo.
– Fiquei com medo da chuva e resolvi ligar pra um anjo… disse uma voz doce e eu ao ouvir já sorri.
– Ligou certo… Anjo falando... eu disse e pude ouvir sua risada.
– Oi… disse ela… que chuva não!
– Sim, está bem forte… está melhor?
– Melhor? Do que mesmo? Perguntou ela e eu ri.
– Parece que sim… fico feliz… quero ver como a Nena é de verdade.
– E verá… obrigada mais uma vez… disse ela.
– Não foi nada… eu disse… bom… a semana vai ser corrida pra mim, então … será que no sábado a tarde podemos nos ver?
– Claro, onde?
– Vou te esperar no calçadão, em frente ao lugar que nos conhecemos.
– Ok… estarei lá… disse ela.
– Combinado… Ah… o medo vai passar, é só fechar os olhos e pensar em coisas boas… eu disse.
– Está certo… obrigada anjo… boa noite!
– Boa noite Nena.. eu disse e ela desligou.
Coloquei o celular ao lado e me joguei pra trás no sofá, coloquei as mãos no rosto e sorri feito um bobo, que sentimento é esse que me fez ficar assim feito um tonto? Não faço idéia, mas é algo bom de sentir, é diferente do que já senti, é novo e eu me sinto bem e feliz.
– Cadu… disse Babi me observando.
– Oi! Eu disse me sentando no sofá.
– Estava falando com alguém? Perguntou ela.
– É… eu… tava falando com o Júnior, amanhã temos uma proposta pra entregar na empresa.
– Hum… entendi… bom, acho melhor eu ir pra casa.
– É, já está tarde… eu disse.
– Bom, já vou, nos vemos então… disse ela indo até a porta.
– Até mais Babi… eu disse indo até a porta com ela, abri a mesma e antes dela sair me deu um beijo na bochecha, sorri e retribui, depois fechei a porta e fui pro meu quarto.
Uma longa semana de trabalho me espera… algo me diz que será a mais longa semana, pois eu nunca quis que o sábado chegasse tão rápido como agora.
...
Dias depois… Manhã de sábado - NênalyA semana passou depressa, até mais depressa do que eu esperava.Até que eu fui forte, eu consegui ver novamente o Fernando na faculdade e não chorar… claro que, ainda doía, pois eu ainda gosto dele, mas eu consegui me segurar.Eu tinha que superar isso, ele estava tão bem, parecia que não havia acontecido nada, só eu é que estava mal, só eu é que estou sofrendo, com certeza ele está esperando que eu vá até ele e peça pra conversarmos e resolvermos as coisas, mas eu não farei isso, eu não vou me rebaixar, ele errou comigo e eu não sou a culpada por isso.Enfim… não quero mais falar sobre ele, eu quero esquecê-lo, eu quero pensar somente em mim e no meu futuro agora, não quero mais sofrer por ninguém.Por outro lado eu estava feliz, pois eu iria encontrar o Cadu hoje, o
NênalyFoi uma noite perfeita!Eu não havia me divertido tanto assim faz tempo… Nós fomos em todos os brinquedos possíveis do parque, jogamos em alguns e até ganhamos um ursinho, Cadu era bom nesses jogos e conseguimos ganhar um ursinho, que ele me deu, como lembrança do dia legal que tivemos.Foi tão legal, depois de nos divertimos muito fomos comer algo, e comemos como se não houvesse amanhã, comemos muito! Nossa, o Cadu era tão legal, tão divertido, eu me senti tão bem com ele, ele me fez rir o tempo todo, definitivamente eu amei essa noite… mas já estava tarde e estava na hora de voltar pra casa.Voltamos ao estacionamento e pegamos sua moto para irmos embora… passei o meu endereço pra ele e fomos.Chegando ao meu condomínio ele estacionou e descemos da moto tirando os capacetes.– Foi incrível Cadu… obrigada! Eu disse.– Que nada… eu
RicardoTomei um banho bem rápido e me arrumei, depois sai feito um furacão, não via a hora de ver a minha Nena, pelo jeito eu estava mesmo me apaixonando por ela, porque nunca senti nada igual, nunca senti toda essa aflição, essa vontade de estar perto, de saber tudo sobre a pessoa, nem com a Babi foi assim, é totalmente diferente do que eu já senti por uma garota… Mas, por enquanto, eu sei que isso tem que ficar guardado só pra mim.Peguei minha moto e fui em direção a sua casa… chegando no condomínio eu pedi que me anunciasse e o porteiro liberou minha entrada, perguntei a ele o número da casa e ele me disse e logo eu estava lá, estacionei a moto em frente e desci indo até a campainha… toquei e fiquei esperando.– Oi… disse uma senhora, que deveria ser a mãe da Nena, ela estava sorrindo e me olhou de cima a baixo, eu fiquei até sem graça.– Oi… eu disse sem jeito… eu sou Cadu, vim ver a Nen
Não demorou muito e eu cheguei a festa… entrei e o pessoal da faculdade estava lá… logo que cheguei Júnior que estava no bar de sua casa veio até mim.– Enfim mano… disse ele me cumprimentando.– Lembrando que só vim por chantagem… eu já ia dormir, estava casado… eu disse.– Me fala dessa garota, quem é ela? Onde a conheceu? Por ter prendido a sua atenção deve ser uma gata e tanto.– Ah, depois eu te falo sobre isso… eu disse… tenho uma bomba pra te falar antes.– Vamos beber alguma coisa, mas vai falando… disse ele e fomos até o bar.– Henrique, ele está voltando, chega amanhã… eu disse pegando uma bebida.– Que? Sério mesmo? O que deu nele?– Não faço idéia… com certeza ele está vindo por algo da empresa, não porque está com saudades.– Odeio concorda, mas é verdade… disse ele.– Já vi que essas férias não serão n
Noite de Segunda-Feira - Ricardo.Depois do dia longo de trabalho e faculdade eu cheguei em casa morto, mas também ansioso, porque será que Henrique voltou, o que ele pretendia com essa volta? Saudades ele não estava sentindo, tenho certeza, mas eu iria dizer isso perto da minha mãe, ela está tão feliz, mas eu sei que não é por isso.Minha mãe estava na cozinha fazendo o jantar, então fui pro meu quarto e tomei um banho, me vesti e deitei um pouco pra descansar antes que o Henrique chegasse.Peguei meu celular e fiquei olhando as mensagens e ligações… senti a enorme vontade de ligar pra Nena, pra contar sobre a volta do meu irmão e claro, saber como ela estava, se estava melhor, como foi o seu dia… mas será que devo ligar? Bom… porque não né? Disquei seu número e esperei.– Oi Cadu… disse ela atendendo.– Oi Nena… eu disse… como está? Melhor?
Ficamos caminhando pela praia e conversando, e na maioria do tempo eu fiquei pensando no que Helô havia me falado… se eu parasse um pouquinho e olhasse diferente pro Cadu, eu veria o quanto ele era lindo, o quanto ele chamava a atenção de qualquer garota por onde ele passava, e eu percebi isso hoje, ele era sim um cara perfeito, que qualquer menina gostaria de ter… será que depois do que ela me falou, eu consigo não pensar dessa forma? Não sei… me despertou o interesse, mas mesmo assim eu tenho medo de me magoar de novo.– O que foi Nena? Você parece distante… disse ele.– Hã? Eu? Não, eu tava pensando uma bobagem aqui, nada de mais… eu disse envergonhada.– Sabe Nena… eu acho que você ainda não me disse porque estava mal naquele dia na praia… disse ele e eu fiquei em silêncio… – Por acaso foi um relacionamento que não deu certo? Perguntou ele e eu arregalei os olhos pensando, como ele sabia?– É… foi isso… eu
Manhã de sábado - RicardoA noite ontem não podia ter sido melhor… o que eu mais queria aconteceu, Nena e eu ficamos, eu finalmente disse a ela tudo que eu tava sentindo, a princípio ela ficou medo, mas no fim acabou cedendo e me beijou, claro que não neguei, era o que eu queria, agora eu não sei o que vai acontecer, porque não falamos nada ontem a noite, apenas ficamos aproveitando o momento… sei que ela está insegura e com medo, pelo que aconteceu, e falando nisso, eu não podia acreditar que o Fernando havia feito aquilo com ela, logo ele que me parecia um cara bacana, realmente não conhecemos as pessoas, as aparências enganam… vai ser difícil ela confiar em alguém assim rapidamente, mas com o tempo isso vai passar, e em mim ela pode confiar eu jamais faria algo assim, ainda mais com ela que é uma menina maravilhosa.– Filho! Diz minha mãe batendo a porta.
As lágrimas já brotavam em meu olhos, eu não conseguia parar de olhar aquilo… Helô percebeu e também viu o que eu estava vendo…– Não posso acreditar… disse ela.Mas eu não consegui dizer nada, apenas me levantei e saí dali correndo, eu não queria ver aquilo, era demais pra mim, eu me senti a pessoa mais idiota do mundo, a mais boba, a mais tonta, como eu pude acreditar no que ele me disse? Aquele papinho de anjo e tudo mais… eu sou um ingênua isso sim, muito ingênua, muito idiota, eu estava com uma raiva imensa de mim mesma… a tristeza novamente tomou conta do meu coração, eu novamente fui passada pra trás… como eu deixei isso acontecer de novo?Helô me chamava, mas eu não dava ouvidos, eu saí dali e corri pela praia na direção oposta onde eles estavam… eu só queria sumir dali, não lembrar que vi aquilo.Eu estava chorando e de cabeça baixa, nem percebi que bati de frente com alguém que estava saindo do mar.<