Manhã de domingo - Nênaly
Eu estava muito mal, pois o meu relacionamento de 1 ano havia terminado, e eu está a pensando, o que fiz de errado? Porque ele me traiu? Porque fez isso comigo que nunca dei motivos? Eu me senti a pior pessoa do mundo, sendo trocada, sendo enganada e iludida… Meu coração estava em pedaços, eu só queria chorar e chorar, de raiva e de tristeza.
– Querida! Diz minha mãe batendo a porta do meu quarto.
– Sim mãe… respondo.
– O café já está servido, desça… disse ela.
– Já estou indo… eu digo me levantando.
Eu tinha que ser forte na frente da minha família, eu não podia me mostrar como eu realmente estava senão causaria um problema para todos e eu não queria isso.
Então eu me levantei da cama e fui tomar um banho quente, pois o dia estava frio… depois me vesti, coloquei uma calça jeans, blusa de crochê branca e um casaco cinza por cima e desci para o café da manhã.
– Bom dia… digo entrando na cozinha onde estão minha mãe e meu irmão mais velho Leandro.
– Bom dia querida, dormiu bem? Pergunta minha mãe.
E eu parei para pensar… será que devo responder que sim só pra ela não se preocupar, ou devo responder que nem consegui pregar os olhos essa noite?
– Parece que você não dormiu nada Nena, está com os olhos inchados e sua expressão é de pura tristeza… disse Leandro e eu nem tive como rebater, pois era isso mesmo, eu estava exatamente como ele descreveu.
– Eu vou ficar bem… digo me sentando a mesma e me servindo de chocolate quente.
– Quer ir comigo ao clube de mães hoje? Podemos fazer crochê e aprender artesanatos… disse minha mãe.
Ótimo, iria me ajudar muito, só que não.
– Acho que não mãe, vou caminhar um pouco, vai me fazer bem, vou com a Helô.
Heloísa era a minha melhor amiga, nos conhecemos desde o jardim de infância… ela tem uma quedinha pelo meu irmão e eu sempre torci pra que eles ficassem, mas meu irmão sempre dá a desculpa de que ela é novinha demais, coisa que a gente sabe que não tem nada a ver… enfim… eu não iria sair com ela, foi só uma desculpa mesmo, eu precisava era ficar sozinha agora e sabia que Helô poderia me cobrir.
– Vá sim minha querida, você precisa se distrair e não pensar mais no Fernando, esqueça que ele existiu! Disse minha mãe.
Mas, era um pouco difícil esquecer de um dia pro outro de alguém que você dedicou 1 ano da sua vida, sem reservas e sem mentiras, mas que mentiu pra você, mesmo que não tenha sido todo esse tempo, mas mentiu e não importa quando, mas isso num relacionamento é inaceitável, mentira e traição é inaceitável.
– Bom, eu já vou… eu disse me levantando.
– Onde vai com Heloísa?
– Por aí, sei lá, nós vamos ver… eu disse e dei um beijo em cada um antes de sair.
– Se cuida filha, se precisar liga… disse minha mãe antes que eu fechasse a porta atrás de mim.
Saindo do condomínio eu fui caminhando até o calçadão, as nuvens escuras deixavam o céu triste, e eu queria ir até o mar, pois com certeza as ondas estão bem grandes e violentas e eu me identificaria com o que está acontecendo lá, pois era isso que estava acontecendo dentro de mim, eu estava feito aquelas ondas, querendo destruir todo o sentimento que eu tinha pelo Fernando.
Chegando a praia eu desci para as areias e fui caminhando até a beira, mas não cheguei muito perto pra não molhar os pés pois as ondas estavam mesmo muito fortes… então procurei um lugar onde eu pudesse ver bem a vista do céu escuro e do mar violento e me sentei pra admirar… as lembranças me vinham a mente, e eu não pude conter as lágrimas, eu estava chorando novamente e de raiva pois eu fui uma boba, eu fiquei o tempo todo tentando salvar uma relação que só eu amava, só eu me importava, só eu queria pois ele não queria mais e por isso me traiu, me trocou por uma bem melhor, mais velha, mais madura e muito mais bonita.
Abaixei a cabeça entre minhas pernas e as abracei chorando, eu só queria chorar e desabafar e deixar toda essa tristeza e raiva saírem de dentro de mim, eu não queria mais sentir isso.
De repente ouvi um barulho ao meu lado, como se fosse alguém pigarriando para chamar a minha atenção, levantei o rosto e olhei, era um homem meio loiro, alto, forte, vestia uma roupa de surfista e estava todo molhado, havia uma prancha ao seu lado também, ele estava me olhando fixo e pude ver que seus olhos eram verdes e bem claros.
– Sei o que está acontecendo com você… disse ele desviando o olhar para o mar.
– Sabe? Perguntei curiosa.
– Sei… é como o mar… revoltado, violento, querendo levar tudo que vê pela frente, mas ao mesmo tempo triste, desapontado, querendo conter sua força mas não consegue… disse ele e eu fiquei impressionada.
Como ele sabia se nem me conhecia? Da onde ele surgiu? Eu tô sonhando ou isso é de verdade?
– Sou Cadu… disse ele voltando a olhar pra mim.
– Da onde você surgiu? Perguntei.
– Acredita em anjo? Pois é, sou o seu… disse ele sorrindo e eu sorri de lado, em tom de deboche.
– Consegui… disse ele.
– Conseguiu o que? Perguntei.
– Que você desse um sorriso, nem que fosse pequeno e debochado, mas deu… disse ele.
– Como você sabe o que eu tô sentindo? Perguntei.
– Eu não sei... Mas posso te dizer que vai passar, seja o que for, tudo na vida passa… disse ele.
– Eu espero… e também é o que eu quero, que passe, que eu esqueça e que nunca mais pense nisso.
– Só depende de você… disse ele e eu olhei pro mar novamente… – E o seu nome?
– Ah… é Nênaly, mas me chamam mais de Nena.
– Nênaly… a primeira vez que ouço esse nome… mas é um nome muito bonito, combina com você… disse ele e sorriu.
– Aposto que seu nome é Ricardo… eu disse.
– Acertou… todo Ricardo tem o apelido de Cadu não é? Disse ele rindo, e dessa vez eu reparei em seu sorriso, era espontâneo e dava vontade de rir junto de tão contagiante.
– Pois é… eu disse… enfim, obrigada Cadu, pela força.
– Anjos são pra essas coisas… disse ele se levantando… – Eu já volto, me espera aqui?
– Está bem… eu disse e ele pegou sua prancha e correu até o mar se jogando na água.
Nossa, ele era bom, pegou várias ondas e quase não caiu, devia ser um surfista profissional… não sei da onde ele surgiu, mas… ele me fez esquecer por uns minutos da raiva, dá tristeza, me distraiu e ainda me disse coisas boas, até arrancou um leve sorriso de mim, mesmo que fosse de deboche por ele ter dito que era o "meu anjo"... como pode um cara que nunca vi, fazer isso em meio a tanto caos? Não sei, só sei que foi isso que ele fez.
Depois de alguns minutos ele voltou até onde eu estava e se sentou novamente.
– Você manda bem… eu disse.
– Valeu, são anos de prática, eu sou um peixe… disse ele sorrindo.
– Até pouco tempo era um anjo e agora já é um peixe… eu disse e ele gargalhou.
Era tão engraçado, ele ria de tudo, era espontâneo, nada forçado.
– Bom… digamos que sou um anjo que gosta de água… disse ele.
– Entendi… eu disse.
– Eu adoro surfar… e você, o que gosta de fazer?
– Escreve… eu amo escrever, é minha paixão e espero um dia ser a minha profissão… eu disse.
– Uau, que maneiro… disse ele… aposto que você escreve romances.
– É, eu escrevo, mas gosto de tudo um pouco, sempre tento colocar muitas coisas nas minhas histórias… eu disse.
– Hum… legal… uma futura escritora… disse ele.
– É… meu sonho é ir para Nova York, trabalhar na escritora mais famosa de lá e publicar meus livros um dia… eu disse.
– Nova York… disse ele pensativo… eu tenho um irmão gêmeo que mora lá.
– Irmão gêmeo? Jura que tem um irmão gêmeo? Perguntei curiosa.
– Tenho… se chama Henrique, ele e eu somos idênticos, mas… só na aparência mesmo, pois… não nos damos muito bem.
– Nossa… que chato… irmãos gêmeos não devem ser ligados e tals, sentir o que o outro senti, essas coisas…
– Até sentíamos, mas de uns tempos pra cá não seguimos uma mesma linha de opiniões e ele decidiu ir embora.
– Que pena… deve ser ruim ficar longe de um irmão, ainda mais gêmeo.
– É, mas… eu já me acostumei… enfim…
Cadu e eu ficamos conversando e conversando e nem percebemos a hora passar, ele era muito legal, eu nunca imaginaria que ele tivesse um irmão gêmeo, coisa de louco mesmo, ele me contou que mora com sua mãe e que seu pai faleceu, e que depois que isso aconteceu as coisas nunca mais foram as mesma entre ele e seu irmão, e então ele decidiu ir embora… Ele me disse que tinha 22 anos, que trabalhava na empresa que seu pai deixou e estudava também, estava na faculdade, fazendo administração, para um dia poder cuidar 100% de tudo que foi do seu pai, seu irmão cuidava da parte dele pela internet e também estudava lá em Nova York… e eu também contei que estava cursando Letras, pra poder ser escritora um dia… eu até quis contar sobre o que estava acontecendo comigo, mas achei que era cedo demais, eu não conseguiria falar.
Depois de muito conversarmos, tivemos que nos despedir pois o céu já estava carregado e viria uma chuva daquelas pela frente.
– Eu já vou antes que a chuva caia Cadu… eu disse me levantando.
– Está bem… mas antes, anota meu número? Caso você precise falar com um anjo essa noite… disse ele.
– Bom… é sempre bom ter um disk anjo… eu disse pegando meu celular em meu bolso e lhe dando, ele anotou seu número e me devolveu.
– Pronto, disk anjo anotado.
– Obrigada… então… até mais Cadu… eu disse.
– Até mais Nena… disse ele sorrindo.
Continua…
RicardoNaquela tarde eu não sei o que aconteceu comigo, mas quando sai pra surfar não imaginava que iria encontrar alguém que me chamasse tanto a atenção, que no instante em que vi eu senti que precisava chegar perto e ver o que eu poderia fazer… e foi o que eu fiz… e quando a conheci, quando a vi, mesmo que com o olhar triste e confuso, com lágrimas no rosto, com tristeza no coração eu não pude deixar de enxergar sua beleza, seu ar de menina inocente, com aqueles olhos enormes que me olhavam com curiosidade, querendo saber da onde surgiu esse cara que nunca vi na vida, querendo puxar assunto comigo, me dizendo que sabe o que estou passando? E acho que eu sabia mesmo, com certeza alguém que não a merecia a magoou e muito… fiquei muito feliz quando não fui ignorado por ela e quando ela começou a falar comigo mesmo sem saber quem eu era ou o que eu estava fazendo ali, sinal de que ela percebeu que eu n
Dias depois… Manhã de sábado - NênalyA semana passou depressa, até mais depressa do que eu esperava.Até que eu fui forte, eu consegui ver novamente o Fernando na faculdade e não chorar… claro que, ainda doía, pois eu ainda gosto dele, mas eu consegui me segurar.Eu tinha que superar isso, ele estava tão bem, parecia que não havia acontecido nada, só eu é que estava mal, só eu é que estou sofrendo, com certeza ele está esperando que eu vá até ele e peça pra conversarmos e resolvermos as coisas, mas eu não farei isso, eu não vou me rebaixar, ele errou comigo e eu não sou a culpada por isso.Enfim… não quero mais falar sobre ele, eu quero esquecê-lo, eu quero pensar somente em mim e no meu futuro agora, não quero mais sofrer por ninguém.Por outro lado eu estava feliz, pois eu iria encontrar o Cadu hoje, o
NênalyFoi uma noite perfeita!Eu não havia me divertido tanto assim faz tempo… Nós fomos em todos os brinquedos possíveis do parque, jogamos em alguns e até ganhamos um ursinho, Cadu era bom nesses jogos e conseguimos ganhar um ursinho, que ele me deu, como lembrança do dia legal que tivemos.Foi tão legal, depois de nos divertimos muito fomos comer algo, e comemos como se não houvesse amanhã, comemos muito! Nossa, o Cadu era tão legal, tão divertido, eu me senti tão bem com ele, ele me fez rir o tempo todo, definitivamente eu amei essa noite… mas já estava tarde e estava na hora de voltar pra casa.Voltamos ao estacionamento e pegamos sua moto para irmos embora… passei o meu endereço pra ele e fomos.Chegando ao meu condomínio ele estacionou e descemos da moto tirando os capacetes.– Foi incrível Cadu… obrigada! Eu disse.– Que nada… eu
RicardoTomei um banho bem rápido e me arrumei, depois sai feito um furacão, não via a hora de ver a minha Nena, pelo jeito eu estava mesmo me apaixonando por ela, porque nunca senti nada igual, nunca senti toda essa aflição, essa vontade de estar perto, de saber tudo sobre a pessoa, nem com a Babi foi assim, é totalmente diferente do que eu já senti por uma garota… Mas, por enquanto, eu sei que isso tem que ficar guardado só pra mim.Peguei minha moto e fui em direção a sua casa… chegando no condomínio eu pedi que me anunciasse e o porteiro liberou minha entrada, perguntei a ele o número da casa e ele me disse e logo eu estava lá, estacionei a moto em frente e desci indo até a campainha… toquei e fiquei esperando.– Oi… disse uma senhora, que deveria ser a mãe da Nena, ela estava sorrindo e me olhou de cima a baixo, eu fiquei até sem graça.– Oi… eu disse sem jeito… eu sou Cadu, vim ver a Nen
Não demorou muito e eu cheguei a festa… entrei e o pessoal da faculdade estava lá… logo que cheguei Júnior que estava no bar de sua casa veio até mim.– Enfim mano… disse ele me cumprimentando.– Lembrando que só vim por chantagem… eu já ia dormir, estava casado… eu disse.– Me fala dessa garota, quem é ela? Onde a conheceu? Por ter prendido a sua atenção deve ser uma gata e tanto.– Ah, depois eu te falo sobre isso… eu disse… tenho uma bomba pra te falar antes.– Vamos beber alguma coisa, mas vai falando… disse ele e fomos até o bar.– Henrique, ele está voltando, chega amanhã… eu disse pegando uma bebida.– Que? Sério mesmo? O que deu nele?– Não faço idéia… com certeza ele está vindo por algo da empresa, não porque está com saudades.– Odeio concorda, mas é verdade… disse ele.– Já vi que essas férias não serão n
Noite de Segunda-Feira - Ricardo.Depois do dia longo de trabalho e faculdade eu cheguei em casa morto, mas também ansioso, porque será que Henrique voltou, o que ele pretendia com essa volta? Saudades ele não estava sentindo, tenho certeza, mas eu iria dizer isso perto da minha mãe, ela está tão feliz, mas eu sei que não é por isso.Minha mãe estava na cozinha fazendo o jantar, então fui pro meu quarto e tomei um banho, me vesti e deitei um pouco pra descansar antes que o Henrique chegasse.Peguei meu celular e fiquei olhando as mensagens e ligações… senti a enorme vontade de ligar pra Nena, pra contar sobre a volta do meu irmão e claro, saber como ela estava, se estava melhor, como foi o seu dia… mas será que devo ligar? Bom… porque não né? Disquei seu número e esperei.– Oi Cadu… disse ela atendendo.– Oi Nena… eu disse… como está? Melhor?
Ficamos caminhando pela praia e conversando, e na maioria do tempo eu fiquei pensando no que Helô havia me falado… se eu parasse um pouquinho e olhasse diferente pro Cadu, eu veria o quanto ele era lindo, o quanto ele chamava a atenção de qualquer garota por onde ele passava, e eu percebi isso hoje, ele era sim um cara perfeito, que qualquer menina gostaria de ter… será que depois do que ela me falou, eu consigo não pensar dessa forma? Não sei… me despertou o interesse, mas mesmo assim eu tenho medo de me magoar de novo.– O que foi Nena? Você parece distante… disse ele.– Hã? Eu? Não, eu tava pensando uma bobagem aqui, nada de mais… eu disse envergonhada.– Sabe Nena… eu acho que você ainda não me disse porque estava mal naquele dia na praia… disse ele e eu fiquei em silêncio… – Por acaso foi um relacionamento que não deu certo? Perguntou ele e eu arregalei os olhos pensando, como ele sabia?– É… foi isso… eu
Manhã de sábado - RicardoA noite ontem não podia ter sido melhor… o que eu mais queria aconteceu, Nena e eu ficamos, eu finalmente disse a ela tudo que eu tava sentindo, a princípio ela ficou medo, mas no fim acabou cedendo e me beijou, claro que não neguei, era o que eu queria, agora eu não sei o que vai acontecer, porque não falamos nada ontem a noite, apenas ficamos aproveitando o momento… sei que ela está insegura e com medo, pelo que aconteceu, e falando nisso, eu não podia acreditar que o Fernando havia feito aquilo com ela, logo ele que me parecia um cara bacana, realmente não conhecemos as pessoas, as aparências enganam… vai ser difícil ela confiar em alguém assim rapidamente, mas com o tempo isso vai passar, e em mim ela pode confiar eu jamais faria algo assim, ainda mais com ela que é uma menina maravilhosa.– Filho! Diz minha mãe batendo a porta.