Nicklaus Sentado ao lado de Dimitri na bancada de mármore na cozinha, enquanto alguns soldados entram aos pouco intimidados pela nossa presença apenas, aceno em concordância para manterem a rotina. O chef apesar de tenso tenta manter o controle enquanto mexe nas panelas preparando o almoço, bato os dedos um pouco ansioso. O amanhecer tranquilo em meio às novas notícias que devem ter se espalhado como brasa, a morte de Carolina e o meu acesso de fúria durante a madrugada. A realidade é que cada um deles deseja saber o que acontecerá em seguida, estão curiosos para entender se ela é mais uma ou se fui finalmente afetado ao ponto de enlouquecer. E o mais frustrante disso é saber que eles acobertam um traidor, em um ninho de ratos.“Bom dia!” A voz de Yves atrai toda minha atenção. Ao contrário do habitual usa um vestido preto e por sobre o coque uma pequena rede preta envolvendo os fios, parece estar abatida enquanto atravessa o lugar puxando alguns utensílios ao lado do cozinheiro e
NicklausParalisado olhando para mulher aos meus pés, sem conseguir decifrar como conseguiu chegar tão longe. "Você só pode estar louca." Recobro os sentidos com o grito do meu irmão. As lágrimas caem pelo rosto de Yves, mas agora não sinto a menor piedade pela sua dor se é que consegue sentir algo."Ele disse que iríamos ficar juntos, mas o tempo foi passando,quando descobri a gravidez achei que finalmente ele iria abrir mão dela, e o que ele fez?" Ela bate as mãos no chão com raiva. "Me mandou para o interior, disse a Raenyra que havia traído ela, pediu perdão e aquela idiota aceitou, ela o aceitou de volta, quando ele te trouxe para essa casa aquela sonsa abriu os braços e te tratou como se fosse dela." Ela para sem fôlego balançando a cabeça a raiva deixando suas feições avermelhadas."Ela não merecia ser esposa, ela ficou com o homem que eu amava, com meu filho, não suportava ver a felicidade naquela trouxa." Ela seca as lágrimas. "Eu a envenenei todos os dias e quando morreu,
NicklausCaminho para fora da cozinha acompanhando Dimitri, os homens espalhados pelo gramado com olhares questionadores sem entender o que está acontecendo, mas atentos, prontos para um possível ataque.Atravessamos a delimitação das casas destinadas aos homens considerados honrados. Não espero um convite, apenas entro na casa padrão.A bagunça feita pelos soldados só não atrai mais atenção do que a maneira como Ludobrick segura Maya pelo pescoço balançando a garota de um lado para o outro rindo com Ramyr.“O que vocês imaginam estar fazendo?” A voz de Dimitri soa calma como uma brisa. Suspiro diante da situação, o rosto avermelhado denunciando a agressão que sofreu, seu vestido rasgado enquanto tenta segurar as pontas para cobrir os seios. “Yukov fugiu senhor, estamos brincando com essa traidora enquanto ela não começa a entregar o irmão.” Ludobrick ri passando a língua na bochecha dela. Dou alguns passos para o lado puxando uma cadeira jogada no meio da sala, sento-me cruzando a
A morada do divino habita em cada coração, foi o que disseram. Em meu coração habita um ser desleal, palpável no qual sinto suas garras perfurando de dentro para fora. Matando cada célula viva, fazendo a carne apodrecer enquanto estou em pé fingindo ser um homem. Ao meu redor os papéis estão jogados pelo chão, as fotos gritam tanto quanto o demônio implora pela caçada. A dor fina que atravessa a casca vazia do meu coração dilacera o que resta da máscara que uso para fingir ter sanidade. Maya está nua, os homens ao seu redor a tomam como apenas eu, deveria toma-la, eles a veem. O olhar estampado no rosto se traços joviais e finos, sem brilho, implorando pela morte. É esse o verdadeiro problema, a jovem implorou tanto pela morte que a besta adormecida escutou o chamado. Nem ao menos preciso virar o rosto para saber que está paralisada no meio das escadas envergonhada por descobrirmos a sujeira na qual foi criada. O olhar de Nicklaus não carrega condenação, mesmo assim, sei que ainda
NicklausObservo a garota parada no meio da escada com os olhos arregalados cheios de medo e vergonha, suas feições pálidas e marcadas pelo machucado. Percebo a maneira como Pytro abre e fecha as mãos impaciente com a situação, se vira de costas voltando a procurar no meio dos papéis. Dimitri encontra com meu olhar, consigo ver a besta solta pelas suas iris, por isso prefiro dar o meu consentimento ao invés de tentar segura-lo. Suspiro quando os dois estão longe das minhas vistas."Sabe que para Dimitri assumir o posto que era do último sub chefe ele precisa de um casamento firmado com alguma mulher que tenha família honrada aos olhos do que restou do conselho." Ele termina de falar sem desviar os olhos."Ainda não aceitou que perdeu?" Questiono.Ele cerra a mandíbula seu olhar é um misto de raiva e vergonha."O senhor aceitaria se não tivesse casado com Carolina?" Rebate. Ergo a sobrancelha para a coragem dele, nos últimos anos não mantive uma proximidade com Pytro, talvez cego dem
NicklausAdmiro a coragem da mulher em se manter firme diante do demônio, com uma arma apontada para sua cabeça não está chorando ou implorando como tantos homens. A raiva estampada em suas feições chega a ser fofa. "Não gostaria de se sentar para conversarmos?" Questiono com ironia.Ela bufa sem desfazer os braços cruzados, seus olhos disparam adagas na minha direção."Isso é invasão de propriedade." Acusa."É uma lástima que você não tenha poder suficiente para levar uma acusação dessas adiante." Rebato. Ergo a pizza do prato ignorando a raiva dela, talvez se Carolina não tivesse aparecido na minha vida poderia estar tentando dobrar essa mulher sobre os próprios joelhos. "Bem melhor do que parece." Falo ao terminar de comer puxando um guardanapo e limpo a boca."Não é todo mundo que tem dinheiro sujo para gastar com comida cara." Abro um sorriso para ela, percebendo o quanto fica desconcertada com a minha atitude."Você é obcecada demais por mim, Emmanuelle." "Se por obcecada
Nicklaus Chego em casa observando que alguns móveis foram colocados na sala, provavelmente por Dimitri que não iria admitir nenhum soldado entrando e saindo daqui sem ter a certeza de que são leais a Bratva. Retiro o terno jogando contra o sofá, sento e levo os dedos a testa em busca de acalmar os pensamentos. Alimentei monstros embaixo dos meus pés e sou retribuído com traição. O fato de Yukov ter estado esse tempo todo pensando no meu anjo, causa uma fúria letal. Ainda assim, não consigo crer que ele é realmente o idealizador de tudo, um homem de baixo status apesar de próximo o suficiente da minha família. Ele precisa ter conseguido um apoio, investimentos ou qualquer outra coisa para poder mostrar aos ratos pedaços de queijo atraentes o suficiente para trocar de toca. É isso que mais me indigna na traição, eles não se lembram de quem lhes estendeu a mão quando nada tinham ou quando suas mães, esposas e irmãs precisaram de médico, escola ou trabalho. Penso seriamente em fazer u
Carolina É um pouco atormentador sentir a tempestade chegando sem avistar as nuvens escuras, quando encerro a ligação, sinto o coração se partindo com a realidade. Maya, me olha com certa pena, não pelos fatos em si, mas talvez por entender que não faço parte desse mundo e dentro dele, não existe perdão. Algo do qual daria a Yves em um piscar de olhos, mesmo sabendo o quão cruel foi comigo. Mordo os lábios segurando o choro enquanto Dimitri reaparece de banho tomado e usando uma, golo polo azul que Nicklaus jamais deve ter usado, sua análise dessa vez não me causa vergonha. Estou aérea demais para prestar atenção em muita coisa, enquanto o filme de tudo o que vivo com Nicklaus se passa pela minha cabeça. Nesse meio tempo, Maya prepara uns sanduíches, escuto o som do elevador várias vezes. Na última, Dimitri volta para a cozinha, altero a minha atenção para ele comendo meia dezena de sanduíches e uma vitamina que Maya serve para ele, estranho essa maneira silenciosa de conversa entre