NicklausAdmiro a coragem da mulher em se manter firme diante do demônio, com uma arma apontada para sua cabeça não está chorando ou implorando como tantos homens. A raiva estampada em suas feições chega a ser fofa. "Não gostaria de se sentar para conversarmos?" Questiono com ironia.Ela bufa sem desfazer os braços cruzados, seus olhos disparam adagas na minha direção."Isso é invasão de propriedade." Acusa."É uma lástima que você não tenha poder suficiente para levar uma acusação dessas adiante." Rebato. Ergo a pizza do prato ignorando a raiva dela, talvez se Carolina não tivesse aparecido na minha vida poderia estar tentando dobrar essa mulher sobre os próprios joelhos. "Bem melhor do que parece." Falo ao terminar de comer puxando um guardanapo e limpo a boca."Não é todo mundo que tem dinheiro sujo para gastar com comida cara." Abro um sorriso para ela, percebendo o quanto fica desconcertada com a minha atitude."Você é obcecada demais por mim, Emmanuelle." "Se por obcecada
Nicklaus Chego em casa observando que alguns móveis foram colocados na sala, provavelmente por Dimitri que não iria admitir nenhum soldado entrando e saindo daqui sem ter a certeza de que são leais a Bratva. Retiro o terno jogando contra o sofá, sento e levo os dedos a testa em busca de acalmar os pensamentos. Alimentei monstros embaixo dos meus pés e sou retribuído com traição. O fato de Yukov ter estado esse tempo todo pensando no meu anjo, causa uma fúria letal. Ainda assim, não consigo crer que ele é realmente o idealizador de tudo, um homem de baixo status apesar de próximo o suficiente da minha família. Ele precisa ter conseguido um apoio, investimentos ou qualquer outra coisa para poder mostrar aos ratos pedaços de queijo atraentes o suficiente para trocar de toca. É isso que mais me indigna na traição, eles não se lembram de quem lhes estendeu a mão quando nada tinham ou quando suas mães, esposas e irmãs precisaram de médico, escola ou trabalho. Penso seriamente em fazer u
Carolina É um pouco atormentador sentir a tempestade chegando sem avistar as nuvens escuras, quando encerro a ligação, sinto o coração se partindo com a realidade. Maya, me olha com certa pena, não pelos fatos em si, mas talvez por entender que não faço parte desse mundo e dentro dele, não existe perdão. Algo do qual daria a Yves em um piscar de olhos, mesmo sabendo o quão cruel foi comigo. Mordo os lábios segurando o choro enquanto Dimitri reaparece de banho tomado e usando uma, golo polo azul que Nicklaus jamais deve ter usado, sua análise dessa vez não me causa vergonha. Estou aérea demais para prestar atenção em muita coisa, enquanto o filme de tudo o que vivo com Nicklaus se passa pela minha cabeça. Nesse meio tempo, Maya prepara uns sanduíches, escuto o som do elevador várias vezes. Na última, Dimitri volta para a cozinha, altero a minha atenção para ele comendo meia dezena de sanduíches e uma vitamina que Maya serve para ele, estranho essa maneira silenciosa de conversa entre
Nicklaus Alguns instantes atrás estava pensando sobre como se sente, como está sensível e o quanto se tornou tão importante ao ponto de colocar as minhas crenças de lado, apenas para te-la entre os braços e observar a respiração pesada enquanto dorme. Quando cansada demais depois do sexo acaba ressonando. Mas deveria imaginar, anjos como você não são feitos para trazer luz a homens como eu. Talvez essa tenha sido a maneira de pagar pelos meus pecados, não consigo lidar com as palavras repercutindo em minha mente. Então, diga se está doendo tanto quanto doí em mim, como se a carne queimasse a alma se despedaçasse ainda de uma maneira louca estou enfeitiçado pelo brilho dos dois diamantes preciosos. A acusação crua deixando claro, como gostaria que fosse outro alguém de como me mudaria sem ser capaz de enxergar cada um dos esforços para ser apenas dela. Estou tão alto na adrenalina da discussão, o monstro em meu peito deseja tantas coisas quanto o orgulho que berra no meu ouvido. En
CarolinaO mundo quebra ao meu redor, o toque quente e a visão do penhasco aberto no meio do nosso apartamento exibindo as pessoas tão minusculas lá embaixo enquanto o vidro fosco está destruído. Nem ao menos consigo perceber a minha respiração voltando ao normal ou as lágrimas secando com o vento frio, parece que estamos no inferno e realmente é de onde viemos parar culpando um ao outro mesmo sabendo que quando o sol nasce voltaremos aos braços do outro. Quero poder dizer que finalmente as suas palavras fazem sentido, que estou feliz em receber as chaves das algemas nas quais fui acorrentada, quero poder abrir um sorriso de felicidade por estar livre do meu capataz. Então que motivo louco é esse que me leva a adorar a cicatriz em seu peito, procurar os detalhes em seu rosto, odiar a maneira como desvia o olhar para não me encarar. O modo como parece estar despedaçado causando uma dor cruel dentro do meu peito. Que porra de amor é esse? Quando tudo que queria era receber amor, qu
CarolinaDescobrir o prazer em estar do lado errado é tão perturbador quanto saber o dia da própria morte, pois a moral da qual carregamos junto a toda hipocrisia se tornam um sopro distante, mas são as vozes julgadoras que continuam gritando. Deslizando a mão pelo pescoço dele, sinto que posso ser desfeita em partículas pequenas e ainda optaria pelo lado maldoso, a sensação de estremecer contra a suas investidas firmes. Nossas respirações estão rápidas demais e mesmo assim, Nick ergue uma das minhas coxas sem se importar com a visão que estamos dando. Com a panturrilha encaixada no ombro largo, grito em desespero pelo choque das nossas pelves, revirando os olhos embriagada no gosto doce causado na excitação. Perdida entre o medo de ser jogada dessa altura ao mesmo tempo, em que o coração palpita de confiança a esse homem tão cruel e dissimulado.Somos dois pedaços desfeitos se encaixando perfeitamente, a eletricidade que percorre os nossos corpos, transporta tantos sentimentos bons
Nicklaus O casaco pesado sob os meus ombros protege contra o vento frio e os primeiros flocos de neve que caem perdidos no final da estação, avisando que o inverno chega a qualquer momento de uma maneira pesada e cruel. Ainda repasso na mente a maneira como senti o peso do aço tremer contra a minha mão pela primeira vez na vida. Nem mesmo quando estava aprendendo a atirar senti algo assim, passo a mão nos fios puxando com certa força buscando colocar alguma tranquilidade na minha mente alucinada. É a porra de um infinito de perguntas irritantes que continuam a todo momento voltando num tormento. CarolinaCarolinaSempre Carolina. Passo a língua nos dentes de maneira nervosa, ao redor as pessoas caminham livremente ignorando a maldade e a sujeira espalhada pela cidade, o problema é que daqui a alguns momentos quando tudo começar a incendiar e o caos reinar, estarão buscando o primeiro buraco para se enfiarem em busca de proteção.Ratos medrosos e irritantes, a vida enfadonha na mor
NicklausA sensação do líquido espesso escorrendo por entre as pontas dos meus dedos traz a paz que estava buscando, o grito de horror é como um cântico para os meus ouvidos que clamam pela carnificina.“Pare Nicklaus, por favor, lhe direi tudo o que quiser.” Implora desesperada.Abro um sorriso verdadeiro, não só pelo medo que causo mas pelo gosto da vitória.“Nós nem começamos ainda.” Murmuro contra a sua orelha. Ergo o pé esquerdo chutando a parte posterior da coxa direita, obrigando a mulher a se curvar com a dor, o grito doloroso é demais. A derrubo no chão com a perna quebrada tentando engatinhar para longe, aproveito para vasculhar a bolsa solta no sofá encontrando o celular. Coloco em cima da mesa de centro, ao lado da minha faca ensanguentada.Quando olho para Chyara, com o rosto cortado e sangue seco na face, os fios loiros sujos grudando na pele.“Alguém vai ouvir e irá trazer a policia é melhor parar Nicklaus.” Fala com resquícios de esperança em sair daqui viva.Sento na