Nicklaus O casaco pesado sob os meus ombros protege contra o vento frio e os primeiros flocos de neve que caem perdidos no final da estação, avisando que o inverno chega a qualquer momento de uma maneira pesada e cruel. Ainda repasso na mente a maneira como senti o peso do aço tremer contra a minha mão pela primeira vez na vida. Nem mesmo quando estava aprendendo a atirar senti algo assim, passo a mão nos fios puxando com certa força buscando colocar alguma tranquilidade na minha mente alucinada. É a porra de um infinito de perguntas irritantes que continuam a todo momento voltando num tormento. CarolinaCarolinaSempre Carolina. Passo a língua nos dentes de maneira nervosa, ao redor as pessoas caminham livremente ignorando a maldade e a sujeira espalhada pela cidade, o problema é que daqui a alguns momentos quando tudo começar a incendiar e o caos reinar, estarão buscando o primeiro buraco para se enfiarem em busca de proteção.Ratos medrosos e irritantes, a vida enfadonha na mor
NicklausA sensação do líquido espesso escorrendo por entre as pontas dos meus dedos traz a paz que estava buscando, o grito de horror é como um cântico para os meus ouvidos que clamam pela carnificina.“Pare Nicklaus, por favor, lhe direi tudo o que quiser.” Implora desesperada.Abro um sorriso verdadeiro, não só pelo medo que causo mas pelo gosto da vitória.“Nós nem começamos ainda.” Murmuro contra a sua orelha. Ergo o pé esquerdo chutando a parte posterior da coxa direita, obrigando a mulher a se curvar com a dor, o grito doloroso é demais. A derrubo no chão com a perna quebrada tentando engatinhar para longe, aproveito para vasculhar a bolsa solta no sofá encontrando o celular. Coloco em cima da mesa de centro, ao lado da minha faca ensanguentada.Quando olho para Chyara, com o rosto cortado e sangue seco na face, os fios loiros sujos grudando na pele.“Alguém vai ouvir e irá trazer a policia é melhor parar Nicklaus.” Fala com resquícios de esperança em sair daqui viva.Sento na
NicklausNo banco traseiro do carro monto as armas que Dimitri mantém, encaixando o carregador no instante seguinte estamos dando a volta por alguns quarteirões próximos a praça vermelha na qual vários pontos de venda são organizados para os riquinhos e turistas que buscam diversão proibida.Bando de otarios !Dimitri abre um sorriso ridículo ao abrir o vidro, coloco a ponta da arma para fora e o caos se inicia, revendedores da minha droga se jogando no chão, usuários sendo atingidos, mães recebendo tiros para proteger os filhos, pessoas erradas no lugar errado em que o acerto de contas de inicia.Mas no final, todos sem exceção passam pelo julgamento.Do purgatório para o inferno uma única decisão, uma palavra e até um pensamento é capaz de causar a condenação.Adoro a maneira como o asfalto começa a ser manchado pelo sangue dos pecadores, sim, é o que somos, mesmo quando abrem a boca para defender um “pai de família” que trai a esposa todas as sextas ou a “mãe solteira e dedicada” q
CarolinaEstamos na cozinha com as mãos envolvendo duas xícaras de chá em.meio ao silêncio constrangedor dos questionamentos que existem. Mayra e eu, nos tornamos amigas tão rápido quanto duas desconhecidas, é doloroso a maneira como sinto esse distanciamento travando a garganta agora. Quero poder confiar nela e compartilhar segredos, mas a ponta da dúvida dentro do meu coração bate mais forte. Algo que os acontecimentos dos últimos dias fizeram perceber que muitas vezes precisamos confiar apenas nessas sensações. "Desculpe."Ergo o olhar encontrando a voz fraca, com os olhos curvados e a cabeça baixa."Pelo quê?" Questiono finalmente tomando um gole do chá que já está frio."Não busquei ficar próxima de você por desejar proteção ou amizade." Confessa em um suspiro. "Yukov queria informações sobre você e acostumada a acatar suas ordens, fiz o que mandou." Meus ombros pesam com a tensão e a certeza da sua traição."Nick te manteve viva." Não é uma pergunta, apenas afirmo, sei que e
Nicklaus O rosto marcado pelas lágrimas fazendo a pele da bochecha ficar avermelhada enquanto se contorce com dor, faz meu peito doer de uma maneira alucinante. Carregando ela no colo, mesmo dividido entre ficar para matar aquele infeliz ou a levar para o hospital.Carolina ergue os olhos cheios de dor, avermelhados, as lágrimas caindo e o pedido de socorro marcado nas suas íris. "Ele vai sobreviver." Digo de maneira firme terminando de descer as escadas.Saindo na lateral em que estacionamos, abro a porta colocando ela devagar no carro e dando a volta. "Está doendo muito Nick." Ela resmunga em meio ao choro. Aperto o volante saindo com o carro veloz pelas ruas, construí um império em cima dos pedaços deixados pelo meu pai. Durante anos e anos, segui tudo pela Bratva, casei pela organização, matei, roubei, quase morri.Carolina foi a única que levou algo além disso, saber que está grávida de um filho meu, ainda é estranho. Mas a porra da dor em seu olhar irrita, faz a porra do meu
NicklausAbro as portas do carro ainda sentindo o efeito da droga nos pulmões, espalhar o caos pelas ruas de Moscou não se compara a raiva que sinto só de imaginar aquele filho da puta tocando a minha mulher. Prendo duas glocks carregadas nas costas, abro as portas de emergência da escada pronto para destruir qualquer um no caminho. Quatro lances de escada acima sinalizo para que Dimitri pare, escutando o som de uma porta batendo no patamar de cima. Dois passos batendo contra os degraus ecoando pelas escadas, o rosto de Vladimir aparece, um dos soldados que estava nas fotos com Yukov destruindo a inocência de Maya. Antes que tome uma atitude, observo o punho enluvado do meu irmão atingindo ele, fazendo o homem cair de costas.A arma de Dimitri é jogada pelos degraus, reviro os olhos avançando para acabar com essa merda, o brilho da lâmina atrai a minha atenção, empurro o filho da mãe do caminho, sentindo o ardor no abdômen quando o metal atravessa o colete. Saco a arma das costas e
NicklausEstou quase gozando ao segurar o tecido molhado, Carolina morde os lábios cheia de malícia colocando as mãos nos meus ombros."Mamãe, eu quero um teté.." A vozinha imitando um bebê com a porta se abrindo faz Carolina gritar assustada.Ela se atrapalha caindo para o lado e quase acertando a bunda no chão, sem reação nenhuma para a loucura da mulher, fico paralisado com ela pegando a calcinha da minha mão e fechando a cara com raiva enquanto corre para o banheiro.Olho para a porta encontrando Maya com a boca aberta e Dimitri atrás dela tem os olhos furiosos."Você vai levar o meu sobrinho para Carolina amamentar ou quer terminar o serviço já que não para de olhar para o pau do meu irmão."Ergo a sobrancelha sem desviar o olhar dele, pelo canto dos olhos percebo a garota se movimentando assim que Carolina abre a porta, olho para ela, que agora tem uma expressão assassina ao me encarar e puxa a garota para fora do quarto junto com o bebê."Minha esposa poderia terminar o serviço
Carolina Abraço meu filho dentro do carro, colocando ele para arrotar, as ruas de Moscou ainda são diferentes, flores ainda são deixadas nas calçadas que foram banhadas de sangue. A mão forte de Nicklaus aperta o meu joelho, viro o rosto para encarar a cicatriz que marca a sua testa, tudo nele é ainda mais charmoso do que nunca. Nem ao menos parece que esteve tão perto de morrer. Com cuidado ele ergue as mãos enormes pegando o pacotinho azul sonolento e o encaixando no colo. Mordo os lábios admirando a sua maneira gentil se acalentar Dante, algumas vezes, o pego de surpresa sorrindo para cada abertura de boca torta que o filho faz. Mesmo após acordar, ainda ficamos mais uma semana direto no hospital para que ele fizesse alguns exercícios de fortalecimento da coluna, mas é necessário que continue por mais uns seis meses, provavelmente nosso motivo de briga definido. Reviro os olhos buscando aproveitar esse momento tranquilo. Acordar depois da imagem do sangue escorrendo pelas minh