Enquanto o carro nos levava de volta para casa eu só conseguia pensar em quantas loucura havia acontecido naquela noite. Em todos os perigos que corri e no quão estúpida eu fui, ser imprudente daquela forma não fazia parte da minha vida. Mas me esfregar nua em cima de um homem também não fazia meu estilo, ainda sim havia acontecido aquela noite.Eu olhei de relance para o homem ao meu lado, que parecia concentrado no celular, e senti meu rosto queimar com as lembranças do que fizemos, mesmo que seus dedos descessem e subissem acariciando meu braço de forma distraída.Marco estava causando um efeito em mim que eu não esperava, todas as minhas ações ao redor dele iam contra tudo o que eu fui ensinada, eu agia como uma pessoa completamente diferente.Me virei para a janela, precisando me concentrar em algo que não fosse meu comportamento perto dele, pois isso levaria meus pensamentos a minha família e eu não queria imaginar o que estaria acontecendo com todos e muito menos o que meu pai
— Me mostre o verdadeiro Marco.Pobre criança boba não tinha ideia do que estava pedindo, ela não queria conhecer o verdadeiro Marco, no dia que isso acontecesse Angela fugiria de mim como o diabo foge da cruz.Mas enquanto ela me pediu para revelar o motivo da minha cicatriz, eu me esforçava para manter as lembranças daquela noite escondidas.Cada minuto do inferno que vivi ameaçava vir a tona e o toque dela estava fazendo um ótimo trabalho me distraindo, justo quando eu precisava de toda a concentração para não deixar aflorar todo ódio, nojo e tristeza do pior momento da minha vida.— Porque não me deixa entrar? — ela perguntou baixinho, sua respiração quente batendo contra a minha enquanto os olhos castanhos esquadrinhavam meu rosto.— Porque é onde eu guardo meus demônios, e alguém como você não deveria entrar em um lugar assim, nunca. — fui sincero e novamente agarrei seu pulso, querendo impedir que me tocassem, já era horrível ter que pensar naquelas coisas quando ela estava ao
Eu soube que ainda havia algo que Marco estava escondendo de mim, mas eu não ia forçá-lo a revelar tudo em uma noite, principalmente depois de ver o quanto aquilo o afetava.Nunca pensei que veria um mafioso tenso a ponto de ranger os dentes ao contar sobre uma lembrança de quando era criança. Ele me surpreendeu contando aqui e principalmente sobre a perda da mãe. Jamais pensaria que o Demônio da Camorra sentia tanto a morte de alguém, mesmo que próximo a ele.Aque era um lado que meu pai jamais deixaria transparecer, ou talvez ele apenas não tivesse um coração. Coisa que Marco me mostrou que tem.Dormir tão confortável sobre o peito dele foi mais uma coisa que me surpreendeu naquela noite. Seu braço envolveu meu corpo e eu podia ouvir as batidas calmas do coração dele me embalando até adormecer.— Não adianta ficar de olhos fechados fingindo dormir, não vai se livrar do treinamento hoje. — ele murmurou contra o topo da minha cabeça, me fazendo sorrir.— Não estou querendo fugir. — me
Angela se manteve estranhamente quieta ao meu lado, não perguntando nada sobre o que estávamos prestes a fazer. Acreditei que estivesse nervosa, então apenas aproveitei aquele tempo para analisei mais uma vez a nossa oferta para o carregamento dos mexicanos.Perder aquela meia tonelada havia me atrasado além do que imaginei e precisávamos de produto além do que o nosso fornecedor poderia nos entregar agora.O cartão tinham o segundo melhor produto do mercado e eu sabia que poderia acabar ganhando mais inimigos por isso, mas não podia parar meus negócios e esperar, especialmente com Mancini na minha cola.— Você está bem? — questionei assim que o carro parou e todos começaram a conferir suas armas.— Estou ótima. — foi tudo o que ela disse, sem manter os olhos em mim, desviando como se não me conhecesse há semanas e como se as últimas horas não tivessem acontecido.— Nunca fizemos acordo com eles, não sabemos o que pode acontecer então quero que fique com isso. — entreguei minha Glock
Eu me concentrei na situação que se desenrolava a minha frente, eu queria entender como funcionava seus acordos e quem eram os seus aliados. Mas meus pensamentos voltaram para as palavras de Frank.Quem poderia ser a mulher por quem ele foi apaixonado? Que mexeu com sua cabeça a ponto de perturbá-lo como eu faço?Marco me encontrou no momento em que eu o encarava, como se seu corpo fosse me dar a respostas para minhas perguntas. Eu estava sendo tola, uma completa boba me preocupando com isso.Desviei o olhar e me afastei, precisando pensar longe daqueles olhos inquisidores. Mas mesmo me afastando a voz dele chegava até a mim, a voz grossa e potente ecoava no galpão chegando até onde eu estava.Eu passei os olhos em algumas caixas e outros objetos que só podiam ser ilegais para ocupar aquelas prateleiras. Aquele seria o futuro ao lado de Marco, segredos, ilegalidade e sem conseguir me afastar da presença dele.— Está perdida, linda? — eu não tinha notado o homem a minha frente até esta
Foi duro ter que dizer a Angela o que o próprio pai havia me garantido, importar tão pouco assim para alguém que deveria lhe proteger deve ser horrível, eu nunca saberia como é isso, meu pai pode não ter sido perfeito, mas minha mãe deu a vida por mim literalmente.— Então ele vai me matar apenas para não te dar o gostinho de vencer. Deveria ter imaginado isso. — dava para sentir a tristeza na voz dela ao dizer aquilo. Meu pequeno anjo deixou os ombros caírem e baixou a cabeça encarando as próprias mãos.— Ainda temos uma chance, vamos conseguir sair daqui! — afirmei mesmo que não acreditasse nisso. O helicóptero poderia demorar a chegar e se os soldados de Mancini chegassem antes não sobreviveriamos.Mendoza se curvou sobre o primo e o pegou pelos ombros, começando a puxá-lo para longe dali.— O que está fazendo? — ouvi meu irmão questioná-lo enquanto o seguia de perto. — Vai usar o morto de escudo agora?— Não, mas vou deixá-lo pendurado do lado de fora como um aviso aos desgraçados
Eu entrei em casa marchando direto para o meu quarto. Estava me sentindo uma confusão de sentimentos, tristeza, alívio, choque, felicidade.Em uma manhã eu tinha me tornado uma assassina, enfrentei meu pai implorando pela vida de Marco e de seus homens, além de ver meu pai morrer.Me enfiei no chuveiro quente em busca de algum conforto, precisando de algo que fizesse aquela confusão ir embora. Eu preferiria estar nos braços de Marco, sendo abraçada, mas ele tinha muito o que resolver.— O que vai acontecer agora, meu Deus? — murmurei comigo mesma, enquanto a água cobria meu corpo.Minha mãe e meus irmãos precisavam de mim, sem meu pai para controlar a Cosa Nostra todos iriam começar a lutar e ver quem tomaria o seu lugar. Eles estavam correndo perigo em casa, mas como íamos invadir para tirá-los de lá?Estava me sentindo de mãos atadas, não tinha conseguido ajudar ninguém desde que cheguei, só havia problemas atrás de problemas. Como eu poderia proteger minha família quando não podia
Eu a beijei porque podia ver o turbilhão de questionamentos fervilhando em sua mente e não podia responder a todas nesse momento.A verdade é que eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas tirando o fato de estar feliz com a morte de Mancini, eu estava completamento aliviado por não tê-la perdido.Era estranho dizer isso, especialmente quando ela não deveria ter toda essa importância para mim, mas desde o momento em que me disseram que ela tinha fugido, um medo tem se alastrado dentro de mim. Medo de perder Angela Mancini.Não podia acreditar naquela merda acontecendo comigo, mas só de pensar em não ver mais aqueles olhos, não sentir seu perfume ou não ter nossas peles se tocando, uma força primitiva gritava dentro de mim. Era como se existisse uma fera selvagem dentro de mim que exigia ela.— Marco... — ela gemeu contra meus lábios quando a peguei no colo.— Me diga o que quer, anjo. Me diga e eu te darei! — ordenei, sentindo o calor de sua boceta contra o meu pau enquanto nos