Parte 1... Felipe terminou de passar a última demão de verniz no corrimão de madeira e suspirou olhando em volta a sala grande da nova casa. Ele e o irmão vinham construindo essa casa desde antes de conhecerem Anete. Queriam ter certeza de que achariam a mulher certa para eles e a levariam para morar em um lugar só deles. A casa onde agora moravam havia pertencido aos seus pais e era tão bonita quanto esta, mas eles queriam algo novo para uma vida nova. Tinham morado lá com as antigas esposas e agora não queriam misturar as energias. Por isso tiveram a ideia de uma nova casa alguns metros de distância da antiga. Tudo ali era novinho em folha. As paredes pintadas, os eletrônicos, eletrodomésticos, até mesmo cada telha do telhado havia sido comprada para aquele lugar. Não queriam nada de antes. A única coisa que queria de antes era o espírito livre de seus pais. Recordava cada abraço e risada que eles davam quando estavam juntos. Era muito bonito ver os três juntos, apesar de não e
Parte 2... — Não a mandaram embora? - Norberto levantou a sobrancelha. — Apenas sugerimos que saísse porque não queríamos mais ela em nossa casa. — E por que? - gesticulou chateado — Eu tentei falar com vocês mais de uma semana. Não atendiam ao telefone, fui à fazenda e vocês não estavam lá ou pelo menos mandaram dizer que não estavam. Ela não disse nada, vocês sumiram, como eu posso saber o que houve? Não posso julgar. Apenas dei tempo a vocês. — Tá, mas por que o resto do pessoal está de cara feia pra gente, também? — Isso pergunte a cada um deles, só posso falar por mim - pegou o copo com cerveja — Pergunte ao Mendonça. Os dois olharam para o homem gordo e grande parado do outro lado do balcão. — Eu gosto muito de vocês rapazes, mas o que fizeram deixando aquelas garotas sem proteção foi errado. — Garotas? Que garotas? - Pedro franziu a testa. — Vocês ficaram idiotas com a idade? Anete está abrindo a loja dela junto com a amiga. As duas estão morando naquele lugar apertado
Parte 3... A amiga de Anete estava agarrada nas costas de um homem e enfiava as unhas em seu rosto tentando pará-lo. Ele socava o rosto de Anete com força que estava inconsciente no chão e sangrava muito. Quase não dava para ver sua boca de tanto sangue. Foi horrível. O homem se mexeu e jogou Marlene longe que se bateu contra uma mesa de vidro que se quebrou e voltou a chutar o corpo de Anete. Estava louco, xingando. Antes dele conseguir dar outro chute Felipe voou em cima dele com toda raiva que estava sentindo e começaram a lutar enquanto Pedro socorria Anete. Quando Norberto entrou seguido pelos outros amigos, Felipe socava com força o agressor de sua mulher. Sua raiva não tinha tamanho. Norberto também não suportou ver a cunhada desacordada e sangrando e partiu pra cima do vagabundo, ajudando Felipe a espancá-lo. Precisava defender sua cunhada. Ele também tinha culpa por ter deixado que ficasse sozinha morando ali. Dois homens foram até Marlene e a levantaram. Tinha se cortad
Parte 4... Norberto teve um trabalho enorme para segurar a mulher antes que saísse dirigindo como insana até o hospital. Ela não parava de gritar e chorar, dizendo que a culpa era dele, dos irmãos, de Luiz, de todos. Ficou muito revoltada com o acontecido e quando soube dos ferimentos ficou ainda pior. Não queria acreditar que a irmã tinha sido vítima de uma violência tão absurda. Sempre via casos assim na mídia, mas nunca imaginou que teria um ao seu lado. Chorou, chorou muito e depois se calou. Não quis que ele a abraçasse por uns minutos e depois deixou que se chegasse. Estava revoltada. Culpou os irmãos por terem mandado Anete para longe e a deixarem fraca emocionalmente a ponto de se fechar de novo e ter dado espaço para que o ex se aproximasse. Foi para o hospital e ficou sentada calada na sala de espera enquanto a irmã fazia uma cirurgia. Uma enfermeira aparecia de vez em quando com informações sobre sua situação. Não quis falar com os irmãos, nem olhou para eles. — Sabia
Parte 5... — Ela nos traiu. Confiamos nela e ela chamou esse maluco pra cá. — Ela nunca faria isso – disse entre dentes — Você e seu irmão a usaram e quando se cansaram a mandaram embora. Eles olharam para o amigo. Ele parecia concordar. — Nós ficamos com raiva, foi um mal entendido. — Agora é fácil falar – fechou o semblante. — Nós até fomos no local onde ela está para conversar e resolver tudo, mas tinha um cara lá com ela e eles estavam rindo animados. — Aquele é meu primo João. — Sabemos disso agora. — Mas e por que o ex estava lá? — Ele vem incomodando Anete atrás de dinheiro e acabou descobrindo onde estávamos. — Nós a ouvimos dizer que estava com saudade e que viesse logo... Que o amava – disse triste. — Ela disse isso pra mim – bateu o pé — Meu Deus, vocês confundiram tudo! Era muito difícil, mas eles precisavam assumir que haviam feito uma cagada enorme e que resultou muito mal. Felipe segurou sua mão e a puxou para sentar ao seu lado. — Pode nos contar mais pr
Parte 1... Eles se revezaram na sala de espera. O médico só voltou a liberar visitas de novo depois que ela dormiu mais um pouco. Tinha ficado agitada com tudo o que Anita havia lhe contado e não era bom para o estado em que se encontrava. O medicamento a derrubou e ela dormiu. A enfermeira avisou aos irmãos que ela estava acordando. Anita e Norberto haviam levado Marlene para casa. Ficaria com eles até que pudessem retornar para a casa. Também não queria ficar sozinha. Anete agradeceu á enfermeira que ajeitou seu travesseiro. Gemeu ao se mexer sentindo dor. Todo o corpo estava dolorido. Piscou rápido para focar e viu os dois em pé ao lado da cama. — Está sentindo dor querida? Ela ouviu a voz suave de Felipe e tudo voltou à sua mente. Não quis responder e tossiu, doendo a garganta. — Onde está Marlene? – a voz estava rouca. — Ela está bem – pegou sua mão — Está com Anita e Norberto. — Daqui a pouco eles chegam – Pedro tocou seu rosto. Ela tentou se sentar e gritou com a dor f
Parte 2... — Ela me disse isso. — Ele me ligou querendo dinheiro e me ameaçou dizendo que eu devia isso a ele, mas não lhe devo nada – contou sobre a dificuldade para fazer com que saísse do apartamento — Ficou com raiva quando soube que eu estava abrindo uma filial em outro lugar. — E desde quando ele está na cidade? — Há uma semana. — Sério? – Anita a olhou bem feio — Uma semana e você não disse nada pra gente? – bateu a mão na cama — Sabe que Norberto estava de prontidão se precisasse. Tinha que ter nos dito isso. Você concordou. — Eu não queria te deixar preocupada. — Ah, bom trabalho – balançou a cabeça chateada. Anete quis se sentar de novo e acabou mexendo o braço quebrado e deu um grito de dor. Marco levantou para ajudar e a fez deitar, puxando o lençol branco por cima dela. Os três que estavam lá fora entraram. — Ouvimos você gritar – Felipe viu Marco ajeitando o lençol e não gostou. Sentiu ciúme. — Esse maluco já estava incomodando essa tonta há uma semana e ela n
Parte 3... — Obrigado pessoal – Norberto gostou do apoio das pessoas. Era importante manter a união em momentos como esse. — Se não fosse por vocês a gente teria tido dificuldade de botar o restaurante pra funcionar de novo – Daniel, um dos maridos de Valéria entregou guardanapos a ele. — Verdade – Jonas, seu segundo marido disse — Nos sentimos mal com o que aconteceu aqui. Espero que esse vagabundo fique preso. O terceiro marido, Luís, trouxe uma jarra de água gelada. — E esse infeliz ainda tem o mesmo nome que eu - torceu a boca em desaprovação — Vocês ajudam a todo mundo aqui, não são esnobes como alguns babacas que se acham melhor porque têm mais grana. — Deveríamos colocar uma tornozeleira em nossas mulheres e assim a gente fica sabendo cada passo delas – Jonas disse e logo recebeu uma resposta da esposa que o deixou vermelho. Isso aliviou o clima e começaram a rir. — Acho que hoje você vai dormir no sofá – Felipe riu. — Ah, não tem problema – olhou por cima do ombro — E