Parte 2... — Não a mandaram embora? - Norberto levantou a sobrancelha. — Apenas sugerimos que saísse porque não queríamos mais ela em nossa casa. — E por que? - gesticulou chateado — Eu tentei falar com vocês mais de uma semana. Não atendiam ao telefone, fui à fazenda e vocês não estavam lá ou pelo menos mandaram dizer que não estavam. Ela não disse nada, vocês sumiram, como eu posso saber o que houve? Não posso julgar. Apenas dei tempo a vocês. — Tá, mas por que o resto do pessoal está de cara feia pra gente, também? — Isso pergunte a cada um deles, só posso falar por mim - pegou o copo com cerveja — Pergunte ao Mendonça. Os dois olharam para o homem gordo e grande parado do outro lado do balcão. — Eu gosto muito de vocês rapazes, mas o que fizeram deixando aquelas garotas sem proteção foi errado. — Garotas? Que garotas? - Pedro franziu a testa. — Vocês ficaram idiotas com a idade? Anete está abrindo a loja dela junto com a amiga. As duas estão morando naquele lugar apertado
Parte 3... A amiga de Anete estava agarrada nas costas de um homem e enfiava as unhas em seu rosto tentando pará-lo. Ele socava o rosto de Anete com força que estava inconsciente no chão e sangrava muito. Quase não dava para ver sua boca de tanto sangue. Foi horrível. O homem se mexeu e jogou Marlene longe que se bateu contra uma mesa de vidro que se quebrou e voltou a chutar o corpo de Anete. Estava louco, xingando. Antes dele conseguir dar outro chute Felipe voou em cima dele com toda raiva que estava sentindo e começaram a lutar enquanto Pedro socorria Anete. Quando Norberto entrou seguido pelos outros amigos, Felipe socava com força o agressor de sua mulher. Sua raiva não tinha tamanho. Norberto também não suportou ver a cunhada desacordada e sangrando e partiu pra cima do vagabundo, ajudando Felipe a espancá-lo. Precisava defender sua cunhada. Ele também tinha culpa por ter deixado que ficasse sozinha morando ali. Dois homens foram até Marlene e a levantaram. Tinha se cortad
Parte 4... Norberto teve um trabalho enorme para segurar a mulher antes que saísse dirigindo como insana até o hospital. Ela não parava de gritar e chorar, dizendo que a culpa era dele, dos irmãos, de Luiz, de todos. Ficou muito revoltada com o acontecido e quando soube dos ferimentos ficou ainda pior. Não queria acreditar que a irmã tinha sido vítima de uma violência tão absurda. Sempre via casos assim na mídia, mas nunca imaginou que teria um ao seu lado. Chorou, chorou muito e depois se calou. Não quis que ele a abraçasse por uns minutos e depois deixou que se chegasse. Estava revoltada. Culpou os irmãos por terem mandado Anete para longe e a deixarem fraca emocionalmente a ponto de se fechar de novo e ter dado espaço para que o ex se aproximasse. Foi para o hospital e ficou sentada calada na sala de espera enquanto a irmã fazia uma cirurgia. Uma enfermeira aparecia de vez em quando com informações sobre sua situação. Não quis falar com os irmãos, nem olhou para eles. — Sabia
Parte 5... — Ela nos traiu. Confiamos nela e ela chamou esse maluco pra cá. — Ela nunca faria isso – disse entre dentes — Você e seu irmão a usaram e quando se cansaram a mandaram embora. Eles olharam para o amigo. Ele parecia concordar. — Nós ficamos com raiva, foi um mal entendido. — Agora é fácil falar – fechou o semblante. — Nós até fomos no local onde ela está para conversar e resolver tudo, mas tinha um cara lá com ela e eles estavam rindo animados. — Aquele é meu primo João. — Sabemos disso agora. — Mas e por que o ex estava lá? — Ele vem incomodando Anete atrás de dinheiro e acabou descobrindo onde estávamos. — Nós a ouvimos dizer que estava com saudade e que viesse logo... Que o amava – disse triste. — Ela disse isso pra mim – bateu o pé — Meu Deus, vocês confundiram tudo! Era muito difícil, mas eles precisavam assumir que haviam feito uma cagada enorme e que resultou muito mal. Felipe segurou sua mão e a puxou para sentar ao seu lado. — Pode nos contar mais pr
Parte 1... Eles se revezaram na sala de espera. O médico só voltou a liberar visitas de novo depois que ela dormiu mais um pouco. Tinha ficado agitada com tudo o que Anita havia lhe contado e não era bom para o estado em que se encontrava. O medicamento a derrubou e ela dormiu. A enfermeira avisou aos irmãos que ela estava acordando. Anita e Norberto haviam levado Marlene para casa. Ficaria com eles até que pudessem retornar para a casa. Também não queria ficar sozinha. Anete agradeceu á enfermeira que ajeitou seu travesseiro. Gemeu ao se mexer sentindo dor. Todo o corpo estava dolorido. Piscou rápido para focar e viu os dois em pé ao lado da cama. — Está sentindo dor querida? Ela ouviu a voz suave de Felipe e tudo voltou à sua mente. Não quis responder e tossiu, doendo a garganta. — Onde está Marlene? – a voz estava rouca. — Ela está bem – pegou sua mão — Está com Anita e Norberto. — Daqui a pouco eles chegam – Pedro tocou seu rosto. Ela tentou se sentar e gritou com a dor f
Parte 2... — Ela me disse isso. — Ele me ligou querendo dinheiro e me ameaçou dizendo que eu devia isso a ele, mas não lhe devo nada – contou sobre a dificuldade para fazer com que saísse do apartamento — Ficou com raiva quando soube que eu estava abrindo uma filial em outro lugar. — E desde quando ele está na cidade? — Há uma semana. — Sério? – Anita a olhou bem feio — Uma semana e você não disse nada pra gente? – bateu a mão na cama — Sabe que Norberto estava de prontidão se precisasse. Tinha que ter nos dito isso. Você concordou. — Eu não queria te deixar preocupada. — Ah, bom trabalho – balançou a cabeça chateada. Anete quis se sentar de novo e acabou mexendo o braço quebrado e deu um grito de dor. Marco levantou para ajudar e a fez deitar, puxando o lençol branco por cima dela. Os três que estavam lá fora entraram. — Ouvimos você gritar – Felipe viu Marco ajeitando o lençol e não gostou. Sentiu ciúme. — Esse maluco já estava incomodando essa tonta há uma semana e ela n
Parte 3... — Obrigado pessoal – Norberto gostou do apoio das pessoas. Era importante manter a união em momentos como esse. — Se não fosse por vocês a gente teria tido dificuldade de botar o restaurante pra funcionar de novo – Daniel, um dos maridos de Valéria entregou guardanapos a ele. — Verdade – Jonas, seu segundo marido disse — Nos sentimos mal com o que aconteceu aqui. Espero que esse vagabundo fique preso. O terceiro marido, Luís, trouxe uma jarra de água gelada. — E esse infeliz ainda tem o mesmo nome que eu - torceu a boca em desaprovação — Vocês ajudam a todo mundo aqui, não são esnobes como alguns babacas que se acham melhor porque têm mais grana. — Deveríamos colocar uma tornozeleira em nossas mulheres e assim a gente fica sabendo cada passo delas – Jonas disse e logo recebeu uma resposta da esposa que o deixou vermelho. Isso aliviou o clima e começaram a rir. — Acho que hoje você vai dormir no sofá – Felipe riu. — Ah, não tem problema – olhou por cima do ombro — E
Parte 4... — Eu sei amiga, mas você precisa mesmo descansar - torceu o pescoço de lado — E eles vão te ajudar, vão cuidar de você. Depois volta - deu um pequeno sorriso — Aqui você vai ser bem cuidada, vai tomar seus remédios na hora certa, vai se alimentar direito. Sabe que eu tenho a cabeça avoada quando começo a mexer com os produtos. Não quero que fique sentindo dor se eu me esquecer do horário do remédio. E aqui eu fico tranquila que está bem. — Não gosto de você dormindo lá sozinha. — Não quero dar trabalho à sua irmã. Eu ficarei bem. Vou ligar pra ela e explicar. — Eu posso tomar conta dela na loja - Paulo disse dando um passo à frente. — Sem querer ofender, mas não preciso que você tome conta de mim. Ele estreitou os olhos e um leve sorriso surgiu. — Você aceita que Paulo cuide de você ou vai ficar com Anita - Felipe disse — Escolha. Pode ficar aqui também se quiser, é bem-vinda, mas sozinha o tempo todo não vai ficar. Anete é nossa mulher, vocês são amigas, portanto ta