Maria terminou de limpar os andares superiores. Desceu, chegando no andar privativo de Patrick. Limparia aquele andar inteiro e depois seguiria para o espaço onde a festa acontecera, seria o lugar onde teria mais trabalho.
Ela colocou o esfregão e a vassoura apoiados na parede. Passou a mão na testa, secando o suor de um dia inteiro de trabalho que se estendia até a parte noturna. Sabia que seria cansativo, mas não esperava que tanto. Mas não achava justo manter outras da sua equipe naquele lugar.
Enquanto limpava o corredor, surpreendentemente viu o elevador parando naquele andar. Quem estaria ali naquela hora? A porta se abriu e desceu Patrick, que tirava a gravata borboleta do pescoço, deixando a blusa branca meio aberta e o terno um pouco bagunçado.
– Maria? O que está fazendo aqui a essa hora? – ele questionou, realmente preocupado em ver uma funcionária trabalhando tão
Depois de um dia de descanso, Maria acordou cedo para voltar ao serviço. Sentia-se ainda leve, como uma menina sonhadora que encontrara o príncipe encantado. Era mais um dia quente no Rio de Janeiro e ela caminhava tranquilamente pelas ruas para chegar no prédio novo. Ainda conseguia sentir o toque de Patrick em seu corpo e aquela sensação maravilhosa dos seus lábios. Só de imaginar que passara uma noite tão intensa com ele, ela se arrepiava toda. E esperava para ver como seria aquele dia na empresa depois daquele fato.O que ela não esperava era passar pela banca e ver a foto de Patrick ao lado de Mariana estampada nas principais capas de jornais. Em um dos tabloides, estava a seguinte legenda: “Empresário jovem e sua linda secretária: relacionamento além do profissional”.Aquela notícia soou como uma facada em seu coração. Patrick e a secretária
A expressão de espanto no rosto da tia Marta foi imensa. Jamais esperaria que a sobrinha estivesse grávida. Isso tinha uma série de significados, de mudanças. Mas, antes de mais nada, ela iria abraçar e proteger Maria das Dores. Então, ela perguntou:– Mas, Maria, eu nem sabia que você tinha um namorado...Maria das Dores, envergonhada, desesperada, chorando e sem saber o que fazer da sua vida, sentou ao lado da tia. Caiu com o rosto no colo, tendo aquele alento maternal que a idosa sempre lhe deu desde a morte de sua mãe e de sua ida ao Rio de Janeiro:– Tia, é uma história muito complicada. Muito mesmo. Não, isso não poderia estar acontecendo. Não comigo. Nem sei o que fazer agora...Tia Marta, acariciando os cabelos da jovem, respondeu:– Agora você tem que se acalmar e avisar ao rapaz com quem você se relaciona que ele s
Maria das Dores passou pela Igreja da Candelária mais uma vez. Olhou para a grande construção e repetiu as palavras que ouvira em uma mensagem no rádio:– Deus meu, por que me abandonaste?Chorando, seguiu seu trajeto até chegar em casa. Entrou pelo apartamento, desesperada. A tia Marta, ao ver a sobrinha naquele estado, se assustou:– O que aconteceu com você?– Ah, tia! – As lágrimas insistiam em cair e ela não conseguia controlar. – Eu contei para ele do bebê. Acredita que ele queria que eu tirasse? Disse que tinha um médico que faria o aborto sem problemas.– Mas que filho da puta! – ela respondeu, revoltada em ouvir aquela fala da sobrinha. – Ele deveria assumir você e o bebê. Com certeza gostou de fazer, agora não quer cuidar?– Eu pedi demissão, tia – Maria das Dores balbuciou. &ndas
2020Noelle ajeitou os óculos escuros no rosto. Olhava pela janela fechada do ônibus a paisagem daquela cidade conhecida com Rio de Janeiro. Devido à pandemia, poucos eram os passageiros do ônibus e todos usavam máscaras de tecido. Ela, como sempre, mantinha uma máscara preta, que combinava com seu vestido curto e sua sapatilha macia. Sempre de roupas negras, com aqueles cabelos soltos. Os óculos escondiam os olhos claros, que não iriam ficar sofrendo com o intenso sol da capital.Havia algo especial naquela viagem. Era o momento de finalizar tudo que começara alguns anos antes. Faltava pouco para seu plano, mas aquele era o momento crucial e o mais difícil de realizar. Tinha diversas ideias na mente, mas não sabia se conseguiria fazer com que alguma delas funcionasse naquele lugar.Recostou no banco. Fechou os olhos por um instante. Lembranças percorreram sua ment
O velho senhor abriu a porta do antigo apartamento. Era pequeno. Uma sala, um banheiro e uma cozinha. Poucos móveis que estavam cobertos por panos. Bastante poeira estava no lugar. Isso confirmava a teoria de Noelle:– Quando foi a última vez que entraram aqui? O senhor sabe?– Ah, minha jovem – ele respondeu. – Depois que sua tia Marta faleceu, poucas foram as vezes que vi pessoas entrando aqui. Parece que alguns parentes, mas nada muito frequente. A última vez deve ter pelo menos uns cinco anos ou mais.– Por isso que está tudo nesse estado! Já vi que terei bastante trabalho em colocar o apartamento do meu jeito! Ah, que belo modo de começar a minha vida aqui na cidade grande!O velho senhor sorriu, um pouco acanhado:– Não sabia da sua vinda, senão teria contratado alguém para fazer a limpeza. Mas, se quiser, posso lhe indicar uma pessoa que daria
Após preencher toda a ficha, Noelle pegou seu currículo e anexou. Chegou para a jovem no balcão e disse:– Eu realmente estou precisando de um emprego. Será que consigo uma vaga aqui? Não me importa o setor, eu só quero realmente é trabalhar, pois preciso disso para me sustentar na cidade.A atendente pensou um pouco. Disse, com um certo ar de desprezo para ela:– Eu ouvi falar que algumas pessoas da equipe de limpeza foram mandadas embora. Não é um setor muito procurado, até porque não é o melhor salário, mas, se realmente quiser uma vaga mais rápido, posso falar com a pessoa que contrata e entro em contato com você.Uma vaga de faxineira. Aquilo parecia um tanto irônico, mas era algo que fazia parte do seu destino. Sempre foi assim. Era como havia começado com sua mãe e como ela também teria que começ
Patrick entrou em seu escritório. Aquele lugar se tornara sua moradia os últimos anos. Passava mais tempo ali do que realmente na sua casa. E isso, por vezes, o incomodava. Mas era o preço que pagava para fazer com que a empresa crescesse tanto.Desde que assumira a Barrier, com a morte do pai, ele tinha super valorizado todas as ações. Estava em constante crescimento e, quando se mudaram para aquele prédio, a sede criada em 1995, tudo entrou em expansão. Era o seu orgulho, o lugar de onde saíram todas as filiais pelo país. Ainda que outros lugares tivessem prédios maiores, a sede era o lugar que ele preferia ficar devido ao fato de que lembrava da trajetória desde o início da construção e o patamar que atingiram naquele lugar. Além disso, havia a questão de ter, ali, um andar só para ele. O lugar onde ele ficava bem, feliz, com tudo reservado. Se quisesse, p
Noelle organizou seus poucos pertences. Pegou o celular que comprara no dia anterior. Tinha sido um dia bem intenso. Com isso, nem mesmo aproveitara os benefícios daquele aparelho. Apesar de não ser o que ela esperava, já era um começo. Com ele, poderia pelo menos acessar tudo que precisava: e-mails, redes sociais e as notícias atualizadas. Sempre entrava com um perfil fake, feito para isso. Não queria que as pessoas a encontrassem. Nem que tivessem informações reais sobre ela. Queria apenas acessar com tranquilidade aquelas redes.Enquanto pesquisava, descobriu diversas informações diferentes sobre a empresa e sobre aqueles que lá trabalhavam. Inclusive sobre Paulo, o motivo de sua pesquisa. Ela sabia que aquele homem seria uma porta de entrada para tudo que ela desejava.– Vejamos. Paulo. Solteiro. Gosta de futebol. Tem licença como segurança. Tem porte de armas. Reservad