Noelle organizou seus poucos pertences. Pegou o celular que comprara no dia anterior. Tinha sido um dia bem intenso. Com isso, nem mesmo aproveitara os benefícios daquele aparelho. Apesar de não ser o que ela esperava, já era um começo. Com ele, poderia pelo menos acessar tudo que precisava: e-mails, redes sociais e as notícias atualizadas. Sempre entrava com um perfil fake, feito para isso. Não queria que as pessoas a encontrassem. Nem que tivessem informações reais sobre ela. Queria apenas acessar com tranquilidade aquelas redes.
Enquanto pesquisava, descobriu diversas informações diferentes sobre a empresa e sobre aqueles que lá trabalhavam. Inclusive sobre Paulo, o motivo de sua pesquisa. Ela sabia que aquele homem seria uma porta de entrada para tudo que ela desejava.
– Vejamos. Paulo. Solteiro. Gosta de futebol. Tem licença como segurança. Tem porte de armas. Reservad
Noelle pegou sua bolsa preta. Colocou dentro o celular, alguns documentos, pegou também os cartões de crédito que usava e um pouco de dinheiro que tinha em mãos. Desceu pelo elevador, saindo na portaria, onde seu Zé já estava arrumando seus papéis.– Bom dia, seu Zé. – Ela sempre cumprimentava o velho senhor desde o dia em que chegara ali no prédio e fora bem recebida por ele.– Bom dia, senhorita Noelle – ele respondeu, educadamente. – A senhorita está muito bem arrumada hoje, onde vai tão bela?Ela sorriu para aquele simpático senhor que seria muito importante em todas as suas ações futuras:– Eu tenho uma entrevista de emprego. Na verdade, pelo que entendi, eles vão me dar o emprego. Mas preciso ir hoje na empresa para fazer uma entrevista pessoal e conversar com eles.– Muito bem, menina – ele
Noelle se levantou calmamente. Seguiu para a sala indicada. Era uma porta branca com o número 1 em preto, uma placa de metal presa. Ela passara na frente da sala antes de chegar onde estava esperando. Parou na frente da sala, bateu na porta e ouviu uma voz feminina:– Pode entrar.Ela entrou, devagar, com o cartão com o número nas mãos e seus pertences:– Com licença – disse Noelle, mostrando toda educação e delicadeza.– Entre e sente aqui. Seu nome é...– Noelle. Eu deixei um currículo aqui na semana passada.A entrevistadora pegou os papéis, em ordem alfabética, e separou o dela:– Ah, sim. Que bom. Aqui está. Vejamos. Você está sendo chamada para uma vaga na área de serviços gerais, pois essa equipe está precisando de uma pessoa para ajudar em toda a manutenção do p
Com toda a documentação em mãos, descansada e preparada para encarar seu dia, Noelle saiu de casa cedo. Andou em direção à saída, se deparando com seu Zé na porta, como quase todos os dias:– Bom dia, seu Zé!– Bom dia, senhorita Noelle. E como foi na entrevista de emprego?Noelle sorriu para aquele velho homem, mostrando a pasta com todos os documentos e exames que realizara no dia anterior:– Fui contratada. Estou levando a documentação para começar logo.– Que bom, minha jovem! Fico muito feliz! Que seja um trabalho que renda frutos para você! Estou torcendo para que veja o resultado logo e que isso traga bons frutos.– Amém, seu Zé. Espero também que consiga realizar o que esperam de mim. E farei o possível para que tudo esteja melhor para todos. Tenho uns assuntos a resolver. Então, q
Maria olhou para aquela jovem vestida com o uniforme de limpeza da empresa. Ela disse naquele instante:– Menina, você é tão bonita para estar nesse cargo! Merece coisa melhor! Por que aceitou esse emprego?Noelle fez uma expressão de coitada. Fungou o nariz, passando a mão no olho como se estivesse quase chorando de emoção. Era uma forma de fazer com que Maria tivesse pena dela desde então e a ajudasse:– Ah, Maria. Eu preciso desse emprego. Acabei de me mudar para o Rio de Janeiro. Quero me estabilizar aqui, tenho uma série de coisas que preciso fazer, que quero estudar. Por conta disso, eu estava procurando um emprego e surgiu essa oportunidade. Quem sabe onde poderemos chegar, não é? Se por um acaso tiver uma oportunidade, tentarei outras coisas. Quero crescer sim, mas tenho que começar de algum lugar e vai ser daqui.Maria sacudiu a cabeça, suspirand
A hora do almoço de Noelle finalmente chegou. Ela havia limpado o primeiro andar mais de quinze vezes. Contara cada uma, pois queria ter uma ideia da quantidade de esforço que faria naquele lugar durante o dia. Isso a deixou bem cansada e ainda tinha toda a parte da tarde para trabalhar. Imaginava que estava sendo observada, principalmente quando viu uma câmera de segurança se mover em sua direção. Como estava acostumada com aquelas situações, sempre atenta a tudo em sua volta, sabia do que se tratava. Alguém de olho em seu serviço.“Como se eu não soubesse que estão me vendo. Tem que ser muito burro para não imaginar isso. Como podem ser assim? Tem tantas formas mais discretas de trabalhar. Ainda mais uma empresa de segurança.”Ela continuou seu trabalho até que Maria a chamou. Disse que ela podia se trocar e que voltasse às 14h. Noelle sorriu, ag
Patrick acordou cedo no dia seguinte. tinha milhares de assuntos da empresa para resolver e sabia que não poderia, mais uma vez, contar com Jarbas. Sua esposa mais uma vez solicitara a presença dele para a levar em alguns eventos. Então, ele resolveu sair cedo, fazendo algo que não fazia há tempos: dirigir o próprio carro. Sempre tinha alguém para o levar para os lugares, o que não dava tanta necessidade de dirigir.Estava um pouco revoltado atualmente. Cada vez mais sua esposa usava Jarbas em suas atividades de moda, deixando-o sem seu motorista e segurança quase que toda a semana. Não era esse o objetivo da presença dele dentro da empresa. Mas sabia que era muito pior se caso reclamasse.Pelo menos seus filhos foram levados por ela no carro, o que já lhe facilitaria. O mais velho estava na faculdade de economia e o mais novo na escola. Estavam estudando, isso era bem importante para o
Patrick atendeu ao telefone, enquanto via Noelle sair de sua sala. Aquilo o irritou, já que Mariana não disse que iria para o escritório naquela manhã e sempre que ela ligava para seu telefone pessoal era porque estava indo para lá, pedindo que ele ativasse o controle do elevador.– Oi, Mariana – ele disse, tentando não demonstrar a revolta em ter perdido a chance com Noelle.– Oi digo eu – ela respondeu, irritadíssima. – Tem várias chamadas suas em meu celular. O que você quer comigo que não podia esperar? Não já te falei que quando não estou aí eu estou fazendo o meu trabalho?A fúria consumiu Patrick. Não acreditava naquilo. Não, ele não tinha ligado para ela:– Você está louca? Eu não liguei para você. Estava aqui muito ocupado. Pare com suas loucuras, já lhe f
Mais algumas semanas passaram sem muitas novidades. Em casa, quando estava sozinha, mexia em seu novo notebook. Já havia instalado os programas que precisava e, ainda que com muita raiva por conta do ocorrido, pegou o vídeo gravado, cortando os pedaços que realmente lhe importava. Os comprometedores, mostrando Patrick tentando abusar dela.“Consegui o ângulo perfeito. Isso já vai contar na hora que eu precisar de provas contra aquele desgraçado.”Fez um backup, salvando no próprio notebook e em drives virtuais. Assim, não corria o risco de perder seu material mesmo que algo acontecesse.Os planos de Noelle estavam caminhando muito bem. Por mais que ela ainda tivesse que se sujeitar a muitas coisas, sabia que a resposta final seria sua vitória. Estava ainda irritada com Patrick. Ainda sentia o toque das mãos dele em suas pernas, esse pudesse é ela portaria cada um dos dedos de