Será que é Alex? Não tem como ser outra pessoa batendo à minha porta a essa hora. E é com surpresa que, quando a abro, encontro o meu ex-noivo no outro lado, com o olhar agitado e os cabelos bagunçados.
— Caio?! O que você está fazendo aqui?Ele me olha da cabeça aos pés, percebendo que acabo de chegar da rua.— Posso entrar? — pergunta, com certo receio.E só de sentir o seu cheiro, já me sinto em casa. Meu coração acelera como da primeira vez. Não há como Alex competir com isso..., com essa sensação de pertencimento que só Caio me proporciona.— Não sei se é uma boa ideia — digo. — Não seria melhor você vir amanhã?— Manu, eu dirigi sem parar por quase três horas. Por favor, não me negue a oportunidade de falar com você.Ele parece tão abatido...— Entre — acabo dizendo —, mas não vamos demorar.Ele concorda e abre um pequeno sorriso. E quando nos sentamos nas poltronas, ele me olha em silêncio, até que, por fim, se pronuncia.— Estava com tanta saudade sua. Só viria amanhã de manhã, pois já estava tarde, mas de última hora decidi que não podia esperar mais. — Caio segura a minha mão. — Manu, eu não sei viver sem você. Eu te amo. Quero você de volta.— Não tem como esquecer o que aconteceu, Caio. — Viro o rosto, sentindo as lágrimas surgindo. — Não dá pra passar uma borracha e apagar essa parte das nossas vidas. Infelizmente.— Eu não estou pedindo pra você esquecer, estou pedindo pra me perdoar. Ou pelo menos me deixar ficar perto de você. De uma hora pra outra você foge da cidade e leva meu coração junto.Tenho que usar todo o meu autocontrole para não pular em seu colo e me aconchegar em seu peito. Como sinto falta de ouvir os seus batimentos, de sentir os seus braços em volta de mim.— Você falando assim só complica mais as coisas.Ele se ajoelha na minha frente e coloca a cabeça em meu colo.— Não estou tentando complicar, mas sim resolver. Eu te amo e quero você do meu lado. Quero me casar e ter nossa casa e nossa família. Eu sei que você também quer. Você não pode ter deixado de me amar assim da noite pro dia. Me dá mais uma chance, por favor. — Ele levanta o rosto e olha em meus olhos, e percebo que não sou a única a chorar.— Se você não tivesse aberto aquela porta e deixado Dulce entrar... tudo seria diferente. Eu... — O empurro e, sem olhar para trás, corro para o banheiro e me debruço sobre a privada, colocando para fora tudo que comi minutos antes.Desde que descobri a gravidez, essa foi a primeira vez que enjoei.— Você está bem? — Ouço a voz de Caio atrás de mim.— Estou. — Me levanto, tampo o vaso, dou descarga e vou até a pia; minhas mãos buscam a escova de dentes enquanto fujo de seus olhos no espelho.— Quer que eu te leve ao médico? — pergunta, preocupado.Esse é o momento. Eu preciso contar a ele sobre o bebê. Termino de me escovar e, com um último suspiro, prendo os meus dedos aos seus e o levo à minha cama, o tempo todo sentindo a tensão em seu corpo.— Eu tenho uma coisa muito importante pra te dizer. — Respiro fundo, tomando coragem. — Caio, eu estou grávida.Ele fica em silêncio, com uma expressão de absurda surpresa no rosto.— Fala alguma coisa — peço, temerosa. — Você está me assustando.Então, de repente, ele abre um sorriso.— Minha princesa — diz, e há tanta emoção em sua voz. — Eu não acredito que vamos ter nossa família.— Caio, não é bem assim. — Solto a sua mão e vejo com um aperto no peito o seu sorriso diminuir. — Não é porque estou grávida que vou esquecer tudo o que passou.— Não fala isso, Manu. — Caio me puxa para os seus braços. — Eu já não conseguia ficar sem você antes, imagina agora. Quero ficar do seu lado e do lado do nosso filho.Eu mal consigo pensar com os seus braços me rodeando.— Eu sei que errei — ele continua. — Não posso voltar atrás. Mas aprendi a lição e não quero te perder. Você é tudo pra mim. É a pessoa que sempre esteve ao meu lado, a mulher que conquistou meu coração e me fez ser um homem melhor. Sem você eu não sou nada. Meu amor, me deixa dormir aqui com você hoje? Eu só quero passar um tempo ao seu lado. Prometo me comportar. — Suas palavras saem como súplica. E minha mente diz para mandá-lo embora, mas meu coração pede para ele ficar. — Por favor — sussurra, tão perto do meu ouvido.— Tudo bem. Mas só vamos dormir. Nada além disso — digo em tom sério e ele aquiesce.Me levanto, pego uma camisola e volto para o banheiro, ignorando o olhar confuso de Caio. Ele não entende que não posso me trocar na frente dele se quero manter os meus desejos sob controle? É melhor evitar qualquer risco. Não quero fazer nada para me arrepender depois.Quando saio, ele já está deitado sem camisa, e olha todo o meu corpo sem nem mesmo disfarçar. Que merda! Como ele consegue fazer isso? Fazer eu me sentir dessa forma, quente, depois de tudo... Acho que não foi uma boa ideia permitir a sua permanência. Mas agora já é tarde demais. Não posso simplesmente expulsá-lo.Apago a luz do quarto e vou em direção a cama e me deito virada para ele. Mesmo com a pouca iluminação, posso ver que está sorrindo.
— Como você me achou? — questiono, só para confirmar a minha suspeita.— Fui à casa de Camila e tivemos uma breve conversa, e ela então me passou o endereço. Chegando aqui, foi só perguntar na recepção qual era o seu quarto. Eu tentei te ligar quando já estava chegando, mas você não atendeu. Nem em todas as outras vezes que liguei. Sempre ia pra caixa postal, e isso me doía tanto. Eu só queria ouvir a sua voz, me sentir próximo a você novamente. — Sua mão acaricia os meus cabelos. — Nem acredito que vamos ter um bebê. Minha ficha ainda não caiu. Você sabe que cresci sem ter um pai pra usar de exemplo, mas vou tentar ser o melhor pai do mundo.— Se tenho certeza de uma coisa, é que você será um ótimo pai, Caio.— Obrigado. É muito importante ouvir isso de você. Tenho muito medo de decepcionar nosso filho assim como fiz com você.Meu coração se parte em dois quando ouço isso.— Eu posso ficar abraçado com você? — pede, meio sem jeito. Faço que sim com a cabeça e ele estende o braço, me puxando para o seu peito. Caio me abraça com carinho e beija a minha cabeça. — Manu, posso te falar uma coisa?— Pode — respondo, mesmo sabendo que deveria resistir, que não deveria estar tão confortável, tão à vontade.— Só tem uma pessoa no mundo que vai te amar mais do que eu, e essa pessoa é o nosso filho.Fico completamente sem palavras e, ao mesmo tempo, encantada.Acordo sentindo meus cabelos sendo acariciados, e quando abro os olhos, encontro os de Caio já fixos em mim.— Bom dia, minha princesa — ele diz, e beija a minha testa.— Bom dia — murmuro, tentando me livrar da sonolência.— Quer tomar café aqui no quarto ou descer pro restaurante do hotel? — questiona.É então que me lembro que Alex irá me encontrar para mostrar os esboços que fez para a reforma da confeitaria.— Eu marquei de tomar café com Alex — digo, sem jeito, pois sei que Caio ficará com ciúmes. E dito e feito. O sorriso em seu rosto se desfez.— Você gosta dele, Manu? — pergunta, e posso sentir a tristeza em seu tom de voz.— Eu gosto dele como amigo — começo. — Mas tenho que te contar uma coisa.Dá para per
Durante o café da manhã, conseguimos resolver todos os detalhes sobre a nova loja. Foi um pouco difícil controlar os ânimos dos dois, com um querendo provar ser melhor que o outro, mas no fim deu tudo certo. Quando trabalham juntos e deixam as desavenças de lado, até que formam uma boa dupla. Há pouco, quando terminamos a reunião, Alex se despediu, alegando precisar supervisionar a reforma, e Caio saiu em seguida, sem me dizer para onde ia. Eu sei que não devo desconfiar tanto dele, mas é difícil depois de tudo o que aconteceu.Assim que volto para o quarto, me deito e tento relaxar — ultimamente, por conta da gravidez, ando me sentindo mais cansada que o normal —, mas é difícil, com tantos pensamentos tumultuando em minha mente; tantos problemas. Preciso voltar logo para casa para dar início ao meu pré-natal. E também há a Dulce. Ela n&atild
Alguns Dias Depois ♥♥♥♥♥♥Acordo sentindo os meus olhos pesados. Não consegui dormir direito na noite passada, graças a ansiedade pela inauguração da minha loja, que já é hoje. Estou tão nervosa. Já fiz todas as entrevistas e contratei o pessoal; e deu tudo certo na reforma e decoração — mesmo com as ocasionais alfinetadas entre Caio e Alex. Hoje é o grande dia! Nem consigo acreditar. Tudo passou tão rápido.— Bom dia, minha princesa linda. — Escuto a voz de Caio em meu ouvido.— Bom dia — falo, puxando-o para os meus braços. — Estou com fome — digo, e Caio ri.— Eu imaginei. Ultimamente você está comendo muito bem. Pedi pra trazerem o café aqui no quarto. — Ele me dá um selinho e acaricia a min
Após fechar a loja, converso um pouco com os novos funcionários — principalmente com Luan, o gerente; peço que ele me mande uma mensagem ou me ligue caso algo aconteça, mesmo supondo que não haverá nenhum problema. Ele é um homem com uma vasta experiência em sua área, e logo de cara nos demos muito bem.Por fim, me despeço de Alex e agradeço por tudo o que fez por mim, e ele avisa que ficará mais alguns dias em São Paulo e que sentirá a minha falta, mas que logo retornará para Botucatu.Minha família e amigos pegam a estrada assim que fecho a confeitaria. E Caio vai comigo até o hotel para arrumarmos nossas coisas — ele faz questão de pagar a minha estadia. A volta para casa ocorre tranquilamente; eu no meu carro e Caio no dele, bem atrás de mim. Quando adentramos a cidade, vamos direto para o seu apartamento, e assim que e
Estamos parecendo duas crianças correndo pelo apartamento; risada ecoa por cada cômodo que passamos. Essa sensação é tão boa — uma sensação de liberdade, de saber que posso ser eu mesma e Caio ainda vai me amar do mesmo jeito.— Manuela, sua menina malvada. Vem aqui agora! — fala, em meio às risadas.Assim que consegue me pegar na cozinha, me joga em cima de seu ombro e dá um tapa em minha bunda.— Caio... — meu murmúrio é uma mistura de dor e excitação.— Agora você vai fazer sexo comigo até não aguentar mais. Essa vai ser a sua punição — diz, me levando para o quarto e me colocando com cuidado na cama.— Você sabe que não vai ser exatamente uma punição, não é? — Mordo meus lábios e Caio s
Eu nunca senti tanta raiva de uma pessoa como sinto de Dulce. Ela consegue despertar o pior em mim.— O que vocês querem? — Caio pergunta, firme, segurando a minha cintura.— Nós precisamos conversar com você — Miguel insiste. — Podemos entrar?— Entra. Eu quero ouvir o que vocês tem a dizer. — Abro mais a porta e Caio me olha confuso.— Que seja breve — diz, por fim.Sentamos nós quatro no sofá — nós a uma boa distância deles.— Então, Caio — Miguel começa, segurando a mão de Dulce. — Dulce me procurou porque já somos amigos há anos e ela confia muito em mim. — Ele sorri, como se quisesse encorajar a garota. — Ela me contou que vocês passaram a noite juntos e depois você a expulsou daqui como se ela fosse uma qualquer.
Caio saiu para trabalhar há alguns minutos e ainda estou na cama, pensando no que aconteceu. Ainda não caiu a ficha que Dulce está grávida. E se estiver sendo sincera, meu filho terá um irmão ou uma irmã... Estava tudo bom demais para ser verdade. Eu sabia que ela não iria desistir dele assim tão fácil. Mas não vou abrir mão do nosso relacionamento de novo. Caio é a minha alma gêmea e não consigo ficar sem ele. E meu filho também merece tê-lo ao seu lado.Decido tomar coragem e me levantar. Tenho muito o que fazer hoje. Separo uma roupa, deixo em cima da cama e vou para o banheiro. Tomo um bom banho, lavo meus cabelos, faço minha higiene pessoal, e quando estou saindo do banheiro, escuto o meu celular tocar. Olho na tela e vejo que é Vivi.— Bom dia, minha grávida favorita! — ela me saúda, animada.
Acordo e vejo que estou no quarto de um hospital. Há um homem de capuz preto próximo a porta, mas a luz está apagada e não consigo ver o seu rosto. Um bebê está em seus braços. Meu bebê. Ele está enrolado em uma mantinha azul.— Para onde você vai levá-lo? — pergunto, aflita.Meu coração acelera porque sei que não há boas intenções em seus atos.— Vou arrumar uma nova família pra ele — responde o homem.Eu me esforço, mas não consigo reconhecer a sua voz.— Mas ele já tem uma família. Ele tem a mim e ao pai dele. Me devolve o meu filho! — Me sento já aos prantos com os braços estendidos em sua direção.—Não, você nunca