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CP-02 Uma boa surpresa

Será que é Alex? Não tem como ser outra pessoa batendo à minha porta a essa hora. E é com surpresa que, quando a abro, encontro o meu ex-noivo no outro lado, com o olhar agitado e os cabelos bagunçados.

— Caio?! O que você está fazendo aqui?

Ele me olha da cabeça aos pés, percebendo que acabo de chegar da rua.

— Posso entrar? — pergunta, com certo receio.

E só de sentir o seu cheiro, já me sinto em casa. Meu coração acelera como da primeira vez. Não há como Alex competir com isso..., com essa sensação de pertencimento que só Caio me proporciona.

— Não sei se é uma boa ideia — digo. — Não seria melhor você vir amanhã?

— Manu, eu dirigi sem parar por quase três horas. Por favor, não me negue a oportunidade de falar com você.

Ele parece tão abatido...

— Entre — acabo dizendo —, mas não vamos demorar.

Ele concorda e abre um pequeno sorriso. E quando nos sentamos nas poltronas, ele me olha em silêncio, até que, por fim, se pronuncia.

— Estava com tanta saudade sua. Só viria amanhã de manhã, pois já estava tarde, mas de última hora decidi que não podia esperar mais. — Caio segura a minha mão. — Manu, eu não sei viver sem você. Eu te amo. Quero você de volta.

— Não tem como esquecer o que aconteceu, Caio. — Viro o rosto, sentindo as lágrimas surgindo. — Não dá pra passar uma borracha e apagar essa parte das nossas vidas. Infelizmente.

— Eu não estou pedindo pra você esquecer, estou pedindo pra me perdoar. Ou pelo menos me deixar ficar perto de você. De uma hora pra outra você foge da cidade e leva meu coração junto.

Tenho que usar todo o meu autocontrole para não pular em seu colo e me aconchegar em seu peito. Como sinto falta de ouvir os seus batimentos, de sentir os seus braços em volta de mim.

— Você falando assim só complica mais as coisas.

Ele se ajoelha na minha frente e coloca a cabeça em meu colo.

— Não estou tentando complicar, mas sim resolver. Eu te amo e quero você do meu lado. Quero me casar e ter nossa casa e nossa família. Eu sei que você também quer. Você não pode ter deixado de me amar assim da noite pro dia. Me dá mais uma chance, por favor. — Ele levanta o rosto e olha em meus olhos, e percebo que não sou a única a chorar.

— Se você não tivesse aberto aquela porta e deixado Dulce entrar... tudo seria diferente. Eu... — O empurro e, sem olhar para trás, corro para o banheiro e me debruço sobre a privada, colocando para fora tudo que comi minutos antes.

Desde que descobri a gravidez, essa foi a primeira vez que enjoei.

— Você está bem? — Ouço a voz de Caio atrás de mim.

— Estou. — Me levanto, tampo o vaso, dou descarga e vou até a pia; minhas mãos buscam a escova de dentes enquanto fujo de seus olhos no espelho.

— Quer que eu te leve ao médico? — pergunta, preocupado.

Esse é o momento. Eu preciso contar a ele sobre o bebê. Termino de me escovar e, com um último suspiro, prendo os meus dedos aos seus e o levo à minha cama, o tempo todo sentindo a tensão em seu corpo.

— Eu tenho uma coisa muito importante pra te dizer. — Respiro fundo, tomando coragem. — Caio, eu estou grávida.

Ele fica em silêncio, com uma expressão de absurda surpresa no rosto.

— Fala alguma coisa — peço, temerosa. — Você está me assustando.

Então, de repente, ele abre um sorriso.

— Minha princesa — diz, e há tanta emoção em sua voz. — Eu não acredito que vamos ter nossa família.

— Caio, não é bem assim. — Solto a sua mão e vejo com um aperto no peito o seu sorriso diminuir. — Não é porque estou grávida que vou esquecer tudo o que passou.

— Não fala isso, Manu. — Caio me puxa para os seus braços. — Eu já não conseguia ficar sem você antes, imagina agora. Quero ficar do seu lado e do lado do nosso filho.

Eu mal consigo pensar com os seus braços me rodeando.

— Eu sei que errei — ele continua. — Não posso voltar atrás. Mas aprendi a lição e não quero te perder. Você é tudo pra mim. É a pessoa que sempre esteve ao meu lado, a mulher que conquistou meu coração e me fez ser um homem melhor. Sem você eu não sou nada. Meu amor, me deixa dormir aqui com você hoje? Eu só quero passar um tempo ao seu lado. Prometo me comportar. — Suas palavras saem como súplica. E minha mente diz para mandá-lo embora, mas meu coração pede para ele ficar. — Por favor — sussurra, tão perto do meu ouvido.

— Tudo bem. Mas só vamos dormir. Nada além disso — digo em tom sério e ele aquiesce.

Me levanto, pego uma camisola e volto para o banheiro, ignorando o olhar confuso de Caio. Ele não entende que não posso me trocar na frente dele se quero manter os meus desejos sob controle? É melhor evitar qualquer risco. Não quero fazer nada para me arrepender depois.

Quando saio, ele já está deitado sem camisa, e olha todo o meu corpo sem nem mesmo disfarçar. Que merda! Como ele consegue fazer isso? Fazer eu me sentir dessa forma, quente, depois de tudo... Acho que não foi uma boa ideia permitir a sua permanência. Mas agora já é tarde demais. Não posso simplesmente expulsá-lo.

Apago a luz do quarto e vou em direção a cama e me deito virada para ele. Mesmo com a pouca iluminação, posso ver que está sorrindo.

— Como você me achou? — questiono, só para confirmar a minha suspeita.

— Fui à casa de Camila e tivemos uma breve conversa, e ela então me passou o endereço. Chegando aqui, foi só perguntar na recepção qual era o seu quarto. Eu tentei te ligar quando já estava chegando, mas você não atendeu. Nem em todas as outras vezes que liguei. Sempre ia pra caixa postal, e isso me doía tanto. Eu só queria ouvir a sua voz, me sentir próximo a você novamente. — Sua mão acaricia os meus cabelos. — Nem acredito que vamos ter um bebê. Minha ficha ainda não caiu. Você sabe que cresci sem ter um pai pra usar de exemplo, mas vou tentar ser o melhor pai do mundo.

— Se tenho certeza de uma coisa, é que você será um ótimo pai, Caio.

— Obrigado. É muito importante ouvir isso de você. Tenho muito medo de decepcionar nosso filho assim como fiz com você.

Meu coração se parte em dois quando ouço isso.

— Eu posso ficar abraçado com você? — pede, meio sem jeito. Faço que sim com a cabeça e ele estende o braço, me puxando para o seu peito. Caio me abraça com carinho e beija a minha cabeça. — Manu, posso te falar uma coisa?

— Pode — respondo, mesmo sabendo que deveria resistir, que não deveria estar tão confortável, tão à vontade.

— Só tem uma pessoa no mundo que vai te amar mais do que eu, e essa pessoa é o nosso filho.

Fico completamente sem palavras e, ao mesmo tempo, encantada.

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