Alex foi um verdadeiro cavalheiro. Passamos praticamente o dia inteiro juntos, com ele me ajudando a analisar bem cada imóvel. Agora estou me arrumando para jantar. Vamos comemorar por termos conseguido encontrar um lugar que atende a todas as minhas necessidades — e amanhã mesmo o pessoal já começará a reforma. Alex, que é arquiteto, informou que fará questão de cuidar de tudo e que pela manhã já terá alguns esboços para me apresentar.
Estou tão feliz. Não esperava conseguir resolver tudo hoje mesmo. E com toda essa correria, nem consegui pensar direito em Caio. Mas agora, aqui, me olhando no espelho, toda arrumada desse jeito, lembro-me da noite em que ele me pediu em casamento. Aquele foi sem dúvida o dia mais feliz da minha vida. Tentando afastar a memória, coloco o único vestido que encontro na mala, torcendo para que sirva para a ocasião, e olho para a minha mão. Não ver meu anel de noivado aperta meu coração. E ainda não sei como vou contar a ele sobre o bebê...E se ele quiser tirá-lo de mim?Só de pensar nessa hipótese, me falta o ar. Eu nunca permitiria que isso acontecesse.Finalizo a minha maquiagem, pego a minha bolsa, coloco o celular dentro dela e vou até a recepção do hotel. E lá encontro Alex à minha espera.— Caramba, Manu. Você está muito linda! — ele diz, beijando a minha mão.— Obrigada. Você também está lindo.— Me esforcei pra ficar à sua altura. Vamos? Meu carro já está aqui na frente. — Alex me oferece o braço e eu aceito.Vamos juntos até o carro e ele abre a porta para mim e em seguida entra. Não tardamos a chegar a um restaurante muito elegante que fica no topo de um prédio no centro da cidade. Alex pede uma mesa para dois e logo somos conduzidos a ela. Ele então puxa a minha cadeira e eu agradeço, sentando-me à sua frente. A vista do lugar é esplêndida; as luzes da cidade brilham iluminando a noite. Parece coisa de cinema.— Vou querer seu melhor champanhe, por favor — ele pede ao garçom.— Eu não posso beber álcool — digo, e ele me olha confuso. Então me lembro que não contei que estou grávida.— Temos espumante sem álcool de ótima qualidade, se a senhora preferir — sugere o garçom.— Sim, pode trazer um, por favor — Alex fala, por fim.Pego o cardápio e dou uma boa olhada. Não sei o que pedir, e franzo a testa quando sinto que estou sendo encarada. Abaixo o cardápio e vejo os olhos de Alex presos em mim.— Por que não me contou que vai ter um bebê?
— Acabei esquecendo, com tudo isso que aconteceu — murmuro, cabisbaixa.— Você não contou a ele também, não é? Se tivesse contado, tenho certeza de que ele não teria te deixado sair da sua vida assim.Nesse momento, percebo que, se tivesse ido para casa e contado a Caio no mesmo instante que descobri, talvez nada disso tivesse acontecido. Se bem que Dulce não iria sossegar até conseguir ficar com ele. Fico me perguntando se ele sentiu alguma coisa enquanto esteve com ela. Queria que tudo tivesse sido diferente.— Manu, você está bem? — Alex me olha preocupado.— Estou sim. Só fiquei perdida em meus pensamentos.Ele segura a minha mão.— Eu sei que você ainda o ama. Todo mundo sabe. Só queria deixar as coisas claras entre nós. Se você quiser ficar com ele ou comigo ou até mesmo sozinha, só peço que continuemos a ser amigos. Não vou te pressionar a nada, mas saiba que estou com você pro que der e vier. — Alex encosta os lábios em meus dedos, em um beijo terno.Realmente, se meu coração já não fosse de Caio, eu não teria dúvidas em dar uma chance a ele.— Obrigada. É muito importante pra mim saber que tenho um amigo tão especial assim como você. — Faço um carinho em seu rosto e ele sorri.Logo o garçom traz o espumante e nos serve. É delicioso. Nem parece que não contém álcool. Esse está sendo o jantar mais refinado que já tive.Decidimos pedir a mesma coisa. Camarões em crosta de coco e cubos de manga com cebolas crocantes, e salada de folhas verdes ao vinagrete de frutas e ervas como entrada, filé de costelas com batatas raspadas para o prato principal e, de sobremesa, torta de pera e figo com farofa de frutas secas.Passamos muito tempo conversando, principalmente sobre a minha nova confeitaria, até que olho o celular e vejo que já é quase meia-noite.— Acho que já está na hora de voltarmos — digo, e ele concorda.Quando já estamos nos aproximando da porta do hotel, o meu celular toca. Caio.— Não vai atender? — Alex pergunta.— Não sei. Desde ontem ele vem me ligando e mandando mensagem sem parar, mas não atendi nem respondi nenhuma. Não sei o que eu faço! — Me encosto na parede, desanimada, e ele para na minha frente e segura o meu rosto, me olhando bem nos meus olhos.— Manu, apesar de tudo, ele é o pai do seu filho, mesmo ele não sabendo. Você precisa contar. Não tem como esconder isso por muito tempo. Logo você vai voltar pra casa, sua barriga vai começar a crescer e ele não vai desistir de você. E assim que perceber que está grávida e não contou a ele... — ele faz uma pausa. — Eu nem imagino o que vai sentir. Só sei que eu me sentiria horrível. Me sentiria traído. Mesmo que um relacionamento não dê certo, os filhos nunca devem pagar pelos erros dos pais. Sempre pensei assim. Não negue a ele a oportunidade de acompanhar a gravidez de perto. Não é porque gosto de você que vou querer que arranque ele da sua vida assim de uma hora pra outra. Quero que qualquer coisa que aconteça entre a gente seja natural — apesar de profundas, suas palavras saem com tanta ternura que me assombra.E, sem raciocinar, acabo me aproximando ainda mais dele e o beijando. Sei que não deveria brincar assim com seus sentimentos, mas parece tão certo... O beijo de Alex é tão suave; tão diferente dos de Caio. E é só pensar nele que algo se quebra dentro de mim e eu me dou conta da burrada que estou fazendo. Com delicadeza, me afasto dele.— Desculpa, Alex. Eu não deveria ter feito isso — sussurro, envergonhada.— Não precisa se desculpar. Você é livre, e eu também. E você não imagina o quanto esperei por isso. Se pudesse, te beijaria até o amanhecer. Mas sei que não é assim tão simples. — Ele suspira. — Boa noite, Manu. Vejo você amanhã. — E, depois de beijar de leve a minha bochecha, ele vai embora.Já em meu quarto, ainda tenho dificuldade para acreditar no que aconteceu. O que deu em mim? Fico uns dez minutos em pé, encostada na porta, tentando entender o que se passou, até que alguém bate à porta.Será que é Alex? Não tem como ser outra pessoa batendo à minha porta a essa hora. E é com surpresa que, quando a abro, encontro o meu ex-noivo no outro lado, com o olhar agitado e os cabelos bagunçados.— Caio?! O que você está fazendo aqui?Ele me olha da cabeça aos pés, percebendo que acabo de chegar da rua.— Posso entrar? — pergunta, com certo receio.E só de sentir o seu cheiro, já me sinto em casa. Meu coração acelera como da primeira vez. Não há como Alex competir com isso..., com essa sensação de pertencimento que só Caio me proporciona.— Não sei se é uma boa ideia — digo. — Não seria melhor você vir amanhã?— Manu, eu dirigi sem parar por quase três horas. Por favor, não me negue
Acordo sentindo meus cabelos sendo acariciados, e quando abro os olhos, encontro os de Caio já fixos em mim.— Bom dia, minha princesa — ele diz, e beija a minha testa.— Bom dia — murmuro, tentando me livrar da sonolência.— Quer tomar café aqui no quarto ou descer pro restaurante do hotel? — questiona.É então que me lembro que Alex irá me encontrar para mostrar os esboços que fez para a reforma da confeitaria.— Eu marquei de tomar café com Alex — digo, sem jeito, pois sei que Caio ficará com ciúmes. E dito e feito. O sorriso em seu rosto se desfez.— Você gosta dele, Manu? — pergunta, e posso sentir a tristeza em seu tom de voz.— Eu gosto dele como amigo — começo. — Mas tenho que te contar uma coisa.Dá para per
Durante o café da manhã, conseguimos resolver todos os detalhes sobre a nova loja. Foi um pouco difícil controlar os ânimos dos dois, com um querendo provar ser melhor que o outro, mas no fim deu tudo certo. Quando trabalham juntos e deixam as desavenças de lado, até que formam uma boa dupla. Há pouco, quando terminamos a reunião, Alex se despediu, alegando precisar supervisionar a reforma, e Caio saiu em seguida, sem me dizer para onde ia. Eu sei que não devo desconfiar tanto dele, mas é difícil depois de tudo o que aconteceu.Assim que volto para o quarto, me deito e tento relaxar — ultimamente, por conta da gravidez, ando me sentindo mais cansada que o normal —, mas é difícil, com tantos pensamentos tumultuando em minha mente; tantos problemas. Preciso voltar logo para casa para dar início ao meu pré-natal. E também há a Dulce. Ela n&atild
Alguns Dias Depois ♥♥♥♥♥♥Acordo sentindo os meus olhos pesados. Não consegui dormir direito na noite passada, graças a ansiedade pela inauguração da minha loja, que já é hoje. Estou tão nervosa. Já fiz todas as entrevistas e contratei o pessoal; e deu tudo certo na reforma e decoração — mesmo com as ocasionais alfinetadas entre Caio e Alex. Hoje é o grande dia! Nem consigo acreditar. Tudo passou tão rápido.— Bom dia, minha princesa linda. — Escuto a voz de Caio em meu ouvido.— Bom dia — falo, puxando-o para os meus braços. — Estou com fome — digo, e Caio ri.— Eu imaginei. Ultimamente você está comendo muito bem. Pedi pra trazerem o café aqui no quarto. — Ele me dá um selinho e acaricia a min
Após fechar a loja, converso um pouco com os novos funcionários — principalmente com Luan, o gerente; peço que ele me mande uma mensagem ou me ligue caso algo aconteça, mesmo supondo que não haverá nenhum problema. Ele é um homem com uma vasta experiência em sua área, e logo de cara nos demos muito bem.Por fim, me despeço de Alex e agradeço por tudo o que fez por mim, e ele avisa que ficará mais alguns dias em São Paulo e que sentirá a minha falta, mas que logo retornará para Botucatu.Minha família e amigos pegam a estrada assim que fecho a confeitaria. E Caio vai comigo até o hotel para arrumarmos nossas coisas — ele faz questão de pagar a minha estadia. A volta para casa ocorre tranquilamente; eu no meu carro e Caio no dele, bem atrás de mim. Quando adentramos a cidade, vamos direto para o seu apartamento, e assim que e
Estamos parecendo duas crianças correndo pelo apartamento; risada ecoa por cada cômodo que passamos. Essa sensação é tão boa — uma sensação de liberdade, de saber que posso ser eu mesma e Caio ainda vai me amar do mesmo jeito.— Manuela, sua menina malvada. Vem aqui agora! — fala, em meio às risadas.Assim que consegue me pegar na cozinha, me joga em cima de seu ombro e dá um tapa em minha bunda.— Caio... — meu murmúrio é uma mistura de dor e excitação.— Agora você vai fazer sexo comigo até não aguentar mais. Essa vai ser a sua punição — diz, me levando para o quarto e me colocando com cuidado na cama.— Você sabe que não vai ser exatamente uma punição, não é? — Mordo meus lábios e Caio s
Eu nunca senti tanta raiva de uma pessoa como sinto de Dulce. Ela consegue despertar o pior em mim.— O que vocês querem? — Caio pergunta, firme, segurando a minha cintura.— Nós precisamos conversar com você — Miguel insiste. — Podemos entrar?— Entra. Eu quero ouvir o que vocês tem a dizer. — Abro mais a porta e Caio me olha confuso.— Que seja breve — diz, por fim.Sentamos nós quatro no sofá — nós a uma boa distância deles.— Então, Caio — Miguel começa, segurando a mão de Dulce. — Dulce me procurou porque já somos amigos há anos e ela confia muito em mim. — Ele sorri, como se quisesse encorajar a garota. — Ela me contou que vocês passaram a noite juntos e depois você a expulsou daqui como se ela fosse uma qualquer.
Caio saiu para trabalhar há alguns minutos e ainda estou na cama, pensando no que aconteceu. Ainda não caiu a ficha que Dulce está grávida. E se estiver sendo sincera, meu filho terá um irmão ou uma irmã... Estava tudo bom demais para ser verdade. Eu sabia que ela não iria desistir dele assim tão fácil. Mas não vou abrir mão do nosso relacionamento de novo. Caio é a minha alma gêmea e não consigo ficar sem ele. E meu filho também merece tê-lo ao seu lado.Decido tomar coragem e me levantar. Tenho muito o que fazer hoje. Separo uma roupa, deixo em cima da cama e vou para o banheiro. Tomo um bom banho, lavo meus cabelos, faço minha higiene pessoal, e quando estou saindo do banheiro, escuto o meu celular tocar. Olho na tela e vejo que é Vivi.— Bom dia, minha grávida favorita! — ela me saúda, animada.