Doce Desejo vol.2
Doce Desejo vol.2
Por: Jessica_silva_vbjb
CP-01 Um beijo

Alex foi um verdadeiro cavalheiro. Passamos praticamente o dia inteiro juntos, com ele me ajudando a analisar bem cada imóvel. Agora estou me arrumando para jantar. Vamos comemorar por termos conseguido encontrar um lugar que atende a todas as minhas necessidades — e amanhã mesmo o pessoal já começará a reforma. Alex, que é arquiteto, informou que fará questão de cuidar de tudo e que pela manhã já terá alguns esboços para me apresentar.

Estou tão feliz. Não esperava conseguir resolver tudo hoje mesmo. E com toda essa correria, nem consegui pensar direito em Caio. Mas agora, aqui, me olhando no espelho, toda arrumada desse jeito, lembro-me da noite em que ele me pediu em casamento. Aquele foi sem dúvida o dia mais feliz da minha vida. Tentando afastar a memória, coloco o único vestido que encontro na mala, torcendo para que sirva para a ocasião, e olho para a minha mão. Não ver meu anel de noivado aperta meu coração. E ainda não sei como vou contar a ele sobre o bebê...

E se ele quiser tirá-lo de mim?

Só de pensar nessa hipótese, me falta o ar. Eu nunca permitiria que isso acontecesse.

Finalizo a minha maquiagem, pego a minha bolsa, coloco o celular dentro dela e vou até a recepção do hotel. E lá encontro Alex à minha espera.

— Caramba, Manu. Você está muito linda! — ele diz, beijando a minha mão.

— Obrigada. Você também está lindo.

— Me esforcei pra ficar à sua altura. Vamos? Meu carro já está aqui na frente. — Alex me oferece o braço e eu aceito.

Vamos juntos até o carro e ele abre a porta para mim e em seguida entra. Não tardamos a chegar a um restaurante muito elegante que fica no topo de um prédio no centro da cidade. Alex pede uma mesa para dois e logo somos conduzidos a ela. Ele então puxa a minha cadeira e eu agradeço, sentando-me à sua frente. A vista do lugar é esplêndida; as luzes da cidade brilham iluminando a noite. Parece coisa de cinema.

— Vou querer seu melhor champanhe, por favor — ele pede ao garçom.

— Eu não posso beber álcool — digo, e ele me olha confuso. Então me lembro que não contei que estou grávida.

— Temos espumante sem álcool de ótima qualidade, se a senhora preferir — sugere o garçom.

— Sim, pode trazer um, por favor — Alex fala, por fim.

Pego o cardápio e dou uma boa olhada. Não sei o que pedir, e franzo a testa quando sinto que estou sendo encarada. Abaixo o cardápio e vejo os olhos de Alex presos em mim.

— Por que não me contou que vai ter um bebê?

— Acabei esquecendo, com tudo isso que aconteceu — murmuro, cabisbaixa.

— Você não contou a ele também, não é? Se tivesse contado, tenho certeza de que ele não teria te deixado sair da sua vida assim.

Nesse momento, percebo que, se tivesse ido para casa e contado a Caio no mesmo instante que descobri, talvez nada disso tivesse acontecido. Se bem que Dulce não iria sossegar até conseguir ficar com ele. Fico me perguntando se ele sentiu alguma coisa enquanto esteve com ela. Queria que tudo tivesse sido diferente.

— Manu, você está bem? — Alex me olha preocupado.

— Estou sim. Só fiquei perdida em meus pensamentos.

Ele segura a minha mão.

— Eu sei que você ainda o ama. Todo mundo sabe. Só queria deixar as coisas claras entre nós. Se você quiser ficar com ele ou comigo ou até mesmo sozinha, só peço que continuemos a ser amigos. Não vou te pressionar a nada, mas saiba que estou com você pro que der e vier. — Alex encosta os lábios em meus dedos, em um beijo terno.

Realmente, se meu coração já não fosse de Caio, eu não teria dúvidas em dar uma chance a ele.

— Obrigada. É muito importante pra mim saber que tenho um amigo tão especial assim como você. — Faço um carinho em seu rosto e ele sorri.

Logo o garçom traz o espumante e nos serve. É delicioso. Nem parece que não contém álcool. Esse está sendo o jantar mais refinado que já tive.

Decidimos pedir a mesma coisa. Camarões em crosta de coco e cubos de manga com cebolas crocantes, e salada de folhas verdes ao vinagrete de frutas e ervas como entrada, filé de costelas com batatas raspadas para o prato principal e, de sobremesa, torta de pera e figo com farofa de frutas secas.

Passamos muito tempo conversando, principalmente sobre a minha nova confeitaria, até que olho o celular e vejo que já é quase meia-noite.

— Acho que já está na hora de voltarmos — digo, e ele concorda.

Quando já estamos nos aproximando da porta do hotel, o meu celular toca. Caio.

— Não vai atender? — Alex pergunta.

— Não sei. Desde ontem ele vem me ligando e mandando mensagem sem parar, mas não atendi nem respondi nenhuma. Não sei o que eu faço! — Me encosto na parede, desanimada, e ele para na minha frente e segura o meu rosto, me olhando bem nos meus olhos.

— Manu, apesar de tudo, ele é o pai do seu filho, mesmo ele não sabendo. Você precisa contar. Não tem como esconder isso por muito tempo. Logo você vai voltar pra casa, sua barriga vai começar a crescer e ele não vai desistir de você. E assim que perceber que está grávida e não contou a ele... — ele faz uma pausa. — Eu nem imagino o que vai sentir. Só sei que eu me sentiria horrível. Me sentiria traído. Mesmo que um relacionamento não dê certo, os filhos nunca devem pagar pelos erros dos pais. Sempre pensei assim. Não negue a ele a oportunidade de acompanhar a gravidez de perto. Não é porque gosto de você que vou querer que arranque ele da sua vida assim de uma hora pra outra. Quero que qualquer coisa que aconteça entre a gente seja natural — apesar de profundas, suas palavras saem com tanta ternura que me assombra.

E, sem raciocinar, acabo me aproximando ainda mais dele e o beijando. Sei que não deveria brincar assim com seus sentimentos, mas parece tão certo... O beijo de Alex é tão suave; tão diferente dos de Caio. E é só pensar nele que algo se quebra dentro de mim e eu me dou conta da burrada que estou fazendo. Com delicadeza, me afasto dele.

— Desculpa, Alex. Eu não deveria ter feito isso — sussurro, envergonhada.

— Não precisa se desculpar. Você é livre, e eu também. E você não imagina o quanto esperei por isso. Se pudesse, te beijaria até o amanhecer. Mas sei que não é assim tão simples. — Ele suspira. — Boa noite, Manu. Vejo você amanhã. — E, depois de beijar de leve a minha bochecha, ele vai embora.

Já em meu quarto, ainda tenho dificuldade para acreditar no que aconteceu. O que deu em mim? Fico uns dez minutos em pé, encostada na porta, tentando entender o que se passou, até que alguém bate à porta.

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