ALYCYA
Suas mãos passeiam por meu corpo febril, o prazer que elas me proporcionam estão me levando à loucura, deixando-me pronta para o orgasmo poderoso que se aproxima e tenho certeza de que será um daqueles poderosos, tamanho é meu nível de excitação.
- Você é linda e minha... somente minha.
-Sua... Eu sou sua e isso nunca vai mudar meu amor. – Digo em um gemido.
Ao ouvir meu lamento, ele desce a cabeça até o meio das minhas pernas tomando meu clitóris entre os lábios e sugando-o com pressão exata para que meu corpo todo vibre, causando tremores por todo ele. A sensação é avassaladora.
- Amor, assim eu vou gozar... – Jogo a cabeça para trás em total deleite.
É tão bom.
Ouço risadas ao longe, mas em meu torpor não consigo identificar de onde elas vêm. Na verdade, raciocinar é bastante difícil quando tudo o que meu corpo pede é liberação e asua boca está fazendo maravilhas entre minhas coxas.
Mais risadas.
Desta vez consigo identificar vozes de mais pessoas que se juntaram a outra. Tudo para, inclusive os lábios que se encontravam entre minhas pernas.
-Ridícula! Vejam como ela é ridícula! – A voz, que, outrora dava risadas, exclama fazendo com que saia da minha nuvem de luxúria e abra os olhos.
Mais risadas.
- Imbecil! Merece mesmo ser passada para trás.
Mais risadas.
Olho na direção das vozes. Meu peito sofre um espasmo ao constatar de quem são as vozes.
Deles.
- Burra! Mas é muito idiota mesmo, Alycia. Você me dá pena, sabia? Josh só brincou com você, ele nunca te amou ou vai amar. Sabe por quê? Porque ele ama só a mim e mais ninguém, sua ridícula. Não é, amor? – Kelly joga a cabeça para trás e gargalha abraçada a Josh e a mãe dele.
Encolho-me.
- Eu nunca te amei, Alycia. Sequer gostava de transar com você. Tudo que sentia quando te tocava era nojo, asco. –Ele continua rindo, agarrado a Kelly.
-Não! Parem, por favor! Parem!
Mais risadas.
- Tudo o que fiz foi te amar, Josh. – Grito com lágrimas escorrendo por meu rosto.
- Ridícula!
Mais risadas.
- Não!
Mais risadas.
- Nãoooooooo!
Acordo assustada, ofegante e chorando.
- Foi só um pesadelo. Foi só um pesadelo. –Repito o que tem sido meu mantra para tentar acalmar meu coração, ao acordar de mais um pesadelo.
Meu peito está apertado e tudo o que consigo fazer é me encolher em um canto e chorar mais e mais. A dor é fremente e não sei se isso um dia vai passar, mas buscarei forças para superar e seguir em frente.
Não deixarei que me destruam mais do que já o fizeram.
***
Após a noite horrível, levanto, tomo um banho e sigo para o trabalho sem vontade alguma de comer nada. Ultimamente tem sido um tormento para conseguir me alimentar de manhã, já acordo com o estômago embrulhado e uma dor de cabeça potente. Com certeza são os danos colaterais proporcionado pelas tantas noites sem dormir em decorrência dos pesadelos terríveis.
Mas, apesar dos danos físicos e emocionais, com minha carreira tem dado tudo certo. Tenho me saído muito bem na chefia do setorde criminalística do escritório de Washington a despeito do que achava o antigo chefe do setor, que foi rebaixado do cargo assim que cheguei, no entanto, não me intimidei e fiz meu trabalho com afinco e, assim, conseguindo a simpatia do senhor Mackenzie que tem sido quase como um pai para mim quando cheguei aqui.
Ao lembrar do estado emocional no qual cheguei faz com que todo meu corpo arrepie em agonia. Eu só chorava e me lamentava quando estava só, principalmente dentro do meu apartamento novo, que fica a algumas quadras de distância do escritório, no centro de Washington. Ele é totalmente diferente do meu antigo apartamento em Boston, principalmente por causa das inúmeras lembranças que continha nele.O atual é moderno, chique e bem mais espaçoso que o antigo, mas o meu, que consegui alugar assim que fomos expulsas da casa dos Kents, pela bruxa da senhora Kent, porque mamãe estava muito doente e, segundo ela, não queria uma moribunda sob seu teto. Então comecei a trabalhar na lanchonete próxima à faculdade e após dois meses juntando o salário de garçonete consegui, finalmente, nos tirar daquela casa e dar mais um pouco de conforto e sossego para mamãe.
E foi lá que ela passou seus últimos meses de vida e onde ela deu seu último suspiro, em meus braços. Sofri muito com sua ausência, mas aos poucos me estabilizei e segui em frente com o único intuito de realizar nosso sonho, meu e dela, que era me formar e ser uma advogada. Pena que ela não me pôde ver concretizando esse sonho, mas sei que ela está olhando por mim de onde quer que ela esteja.
Caminhando pela rua em direção ao escritório, recordo que não é só a lembrança de minha mãe que paira sobre minha antiga casa, mas também a lembrança dos momentos mais felizes que passei em toda minha vida e do quanto achei que era amada em troca.
Doce ilusão.
Agora consigo ver com clareza. Eu amei uma fantasia que criei do homem perfeito em minha cabeça. Idolatrei Josh colocando-o em um pedestal como ideal de príncipe, numa fantasia de menina, e que só piorou quando fui dele a primeira vez, chegando ao ápice no momento em que ele me notou como mulher e me perseguiu até conseguir baixar as minhas barreiras e me tomar por completo. Aí foi meu fim.
Fiquei cega, surda e muda. Só o via na minha frente, pois tudo o que sonhei estava se tornando realidade e, por mais que houvesse sempre aquela vozinha no meu subconsciente me alertando para ter cuidado e me resguardar, não dei ouvidos e fui. Entreguei-me sem reservas e amei, amei aquele homem com loucura, chegando quase a uma obsessão.
Suspiro e sacudo a cabeça para tentar espantar esses pensamentos da minha mente, pois não adiantará nada continuar remoendo o passado, até porque o passado deve ficar lá: no passado.
Entro no elevador assim que passo pela entrada do prédio onde fica a filial da Mackenzie & Garret Advogados Associados e, alguns minutos depois, as portas se abrem no andar em que se localiza minha sala.
-Bom dia, doutora Hernández. –Helen, minha secretária me cumprimenta assim que passo por sua mesa. Ela me acompanha para dentro do escritório com uma xícara de café bem quente em uma mão e seu iPad em outra.
-Bom dia, Helen. Obrigada. –Agradeço assim que ela deposita o café fumegante em minha frente, na mesa.
-A senhorita deseja passar a agenda de hoje agora, ou depois de tomar seu café?
-Me dê um minuto para que consiga tomar o café e uma aspirina para minha dor de cabeça matutina, sim?
-Você deveria procurar um médico, doutora Hernández, não é normal sentir dor de cabeça todo dia pela manhã. Se me permite dizer.
-Eu sei que não é normal, mas sei também que essas dores são consequências das noites mal dormidas. Porém, se lhe deixa mais tranquila, marque uma consulta com um neurologista para mim, então.
-Agora mesmo, doutora. –Ela responde com um sorriso nos lábios já se encaminhando até a porta, porém detenho-a antes que ela saia porta a fora.
- E Helen?
-Pois não, doutora?
-Só mais duas coisas...
-Pode falar, estou pronta para anotar o que a senhorita desejar.
-Primeiro: veja se consiga um horário que não interfira em meu horário de trabalho e, segundo; pare de me chamar de senhorita Hernández ou doutora. Já lhe pedi para me chamar de Alycia quando estivermos sozinhas.
-Está bem,dout... quer dizer, Alycia. –Sorrio com seu constrangimento por meu pedido incomum. Sei muito bem que muitos advogados não gostam de ser tratados pelos funcionários de modo tão impessoal. Só que eu não dou a mínima para essa pompa toda, porque o que faz um advogado ser respeitado não é a maneira como ele se impõe sobre seus empregados, mas sim, sendo meticuloso e sagaz em seu trabalho.
Beberico meu café no intuito de acalmar o mal-estar estomacal, só que quando o líquido quente chega até o estômago a náusea piora e eu só consigo correr até o banheiro do escritório e colocar todo o jantar de ontem para fora.
Coloco tudo para fora, até quando não há mais o que expelir, minha barriga tem espasmos fortes se contraindo na tentativa de regurgitar a bile, porque tenho certeza de que não existe mais o que pôr para fora, tendo em vista de que não comi nada no café da manhã.
Quando a náusea passa, me levanto e vou até a pia escovar os dentes e lavar o rosto para espantar o suor e o cansaço da face.
Sento em minha cadeira após tentar melhorar um pouco meu aspecto, maldizendo minha atual condição e prometendo a mim mesma me alimentar melhor para não adoecer. Pensando nisso, interfono para minha secretária solicitando que ela me traga um lanche para ver se melhoro um pouco mais.
Depois de desligar o telefone respiro um pouco tentando me acalmar para dar início ao meu dia de trabalho.
ALYCIA Aflição me define neste instante, porque realmente estou preocupada com minha saúde, os enjoos não cessaram, muito menos as dores de cabeça. Não acho que todo esse mal-estar se deve exclusivamente aos pesadelos e noites mal dormidas, não sou ingênua a este ponto, porém, para acabar com a angústia de não saber o que realmente tenho pedi para Helen agilizar a consulta com o médico para o mais breve possível, deste modo aguardo ansiosamente na sala de espera do consultório para ser atendida. -Senhorita Hernández? –Levanto da cadeira imediatamente no momento em que a assistente do médico chama meu nome.&nb
JOSH Admirando o belo arranha-céu, caminho até a entrada do prédio, tomo o elevador até o vigésimo andar e aguardo os números vermelhos passarem até alcançar o meu andar de destino, dirijo-me até a mesa da secretária me apresentando e informando o motivo da minha presença. Como sei que cheguei muito cedo, aguardo ansiosamente até ser atendido. O barulho das portas do elevador se abrindo chamam a minha atenção quando este traz a pessoa a qual espero. -Bom dia, Josh. Está me esperando há muito tempo?
ALYCIA O papel em minhas mãos queima, como se este ardesse ao entrar em contato com minha pele. Eu me pergunto como é que uma palavra, apenas uma única palavra, pode mudar a vida de uma pessoa de uma hora para outra dessa maneira. Com a outra mão seguro com força o pingente pendurado em meu pescoço, que traz a imagem da Virgem de Guadalupe, tentando buscar forças através dele. Essa correntinha foi presente de minha mãezinha que era devota dela e que no seu leito de morte me pediu para usá-la e quando estivesse sozinha, desamparada, rezasse a ela pedindo a sua interseção junto a Jesus e que Ele olharia por mim. -Virgenzinha, por favor,
JOSH Em toda a minha vida nunca me senti tão perdido, como me sinto agora, é desesperador querer mostrar a alguém o quão forte são meus sentimentos por ela e esta pessoa não acreditar em nenhuma palavra que diga. Errei, admito, mas nem tudo o que fiz foi na tentativa de obter vantagem. No começo fiquei indignado com meu pai pelo que nos fez e então quis me vingar, no entanto,os sentimentos de vingança e ódio foram arrefecendo com o passar do tempo e foram dando lugar à admiração, querer bem e, por fim, ao amor, que foi crescendo dentro de mim e quando dei por mim já a amava com loucura. Fiz de tudo para não perdê-la, talvez aí tenha sido meu erro, porque ao invés de t
ALYCIA -Burra! Burra! –Grito comigo mesma assim que fecho a porta do meu apartamento. Jogo a bolsa sobre o sofá e chuto os sapatos de salto sobre o tapete felpudo e, só então afundo no sofá, com a intenção de ter um pouco de paz. Mas o encontro inesperado com Josh e toda a confusão armada por ele me vêm à tona, mais especificamente o beijo. -Deus! Como pude ser tão idiota e ceder a Josh da maneira que cedi quando ele me beijou no restaurante? Como?! –Agarro os cabelos em frustração. Não posso acreditar que, apesar do que ele me fez e do quanto m
ALYCIA O voo para Boston foi muito complicado, enjoei muito, além do desconforto causado pela ansiedade de voltar ao estado mais uma vez, pois jamais conseguirei pisar aqui novamente sem me recordar de como fui embora e da dor que carregava dentro de mim. Ainda dói na verdade, mas agora foi suplantada pelo amor que cresceu no momento em que descobri que estava grávida, passado o susto e o medo, me vi sendo inundada por um sentimento lindo e maravilhoso: o amor de mãe. Caminhando pelo saguão do aeroporto, vejo minha amiga acenar para mim, gesticulando sem parar no velho estilo Amber de ser. -Aly! Quanta falta eu senti de você! –Ela fala ao nos abraçarmos no meio do
ALYCIA Os dias se passaram sem nenhum tipo de imprevisto. Ao retornar de Boston, não ouvi mais nada sobre Josh. Melhor assim. Só dessa forma consigo ter um pouco de paz. Graças a Deus os enjoos deram uma trégua essa semana e pude ter algumas manhãs mais tranquilas. Porém tenho consciência de que tenho que começar a me cuidar melhor e cuidar do meu bebê. Então, como hoje meu bebê me deu mais uma folguinha, resolvi preparar umas panquecas deliciosas para o café da manhã, além de muitas frutas e suco de laranja.
JOSH A agitação vinda do escritório em frente ao meu, o escritório de Alycia, me chamou a atenção, mas o que me fez ir até lá para saber o que estava acontecendo foi quando vi passar pela porta dois paramédicos com os equipamentos em mãos, sendo recebidos pela secretária de Alycia e logo em seguida, encaminhados até sua sala. Então, não me importei com mais nada e saí em disparada deixando um cliente em potencial no telefone, com quem estava falando. Nunca senti tanto medo em minha vida, pois sabia em meu âmago que algo tinha acontecido com minha abelhinha. Cruzei a recepção do escritório e entrei e