(Ponto de Vista de Bill)O estacionamento subterrâneo estava vazio, e nossos passos ecoavam pelas paredes de concreto enquanto nos aprofundávamos no local. As luzes fracas acima piscavam de vez em quando, lançando longas sombras que se esticavam à nossa frente. O ar lá embaixo era frio, denso e carregado de tensão.Não havia carros, nem sons vindos da rua acima - apenas nós dois e a confrontação que já estava demorando demais para acontecer.Calvin caminhava ao meu lado, com as mãos enfiadas nos bolsos, como se fosse apenas um passeio qualquer. Ele sempre fora calmo demais, controlado demais, e isso estava me irritando profundamente.Finalmente, paramos no meio do estacionamento, cercados por um vasto vazio e o zumbido distante da cidade acima. Me virei para encará-lo, e ele fez o mesmo, com a expressão impassível. No entanto, eu sabia que ele estava esperando por aquele momento tanto quanto eu.— Então, aqui estamos. — Disse Calvin, com sua voz impregnada daquele maldito tom calmo. —
(Ponto de Vista de Serena)— Merda. Meu celular morreu. — Murmurei baixo, olhando para a tela preta. De todas as horas possíveis... Por que justo agora?Eu estava à procura de Bill há tempos, como se o relógio tivesse parado. Ele não estava em lugar algum, e da última vez que o havia visto, ele estava conversando com o Calvin. A sensação estranha no meu estômago voltou a se retorcer, mas tentei ignorá-la, pois provavelmente não era nada. Só o estresse da festa e tudo o que estava acontecendo.Me esquivei pela multidão, tentando manter a calma. A música estava alta, as luzes baixas, e todo mundo ao meu redor parecia se divertir. No entanto, eu não conseguia afastar a sensação de que algo não estava certo. Eu não queria pensar demais, mas estava difícil não fazer isso. Bill e Calvin não se davam bem, e eu sabia como as tensões entre os dois podiam explodir.Stevie me viu do outro lado do salão e me fez um sinal positivo, claramente empolgada com o andamento da noite. Forcei um sorriso e
(Ponto de Vista de Serena)Fiquei parada por um momento, com uma sensação estranha se instalando no fundo do da minha alma.— Onde está a limusine, Kevin? — Perguntei, tentando manter a voz casual. Eu me lembrava claramente de ele nos ter levado até ali naquela limusine branca - a mesma que Bill sempre usava para eventos importantes.Kevin hesitou por um segundo, mas foi tempo suficiente para que eu percebesse.— Ah, é... Houve um problema com a limusine. — Disse ele rapidamente. — Algo no motor. Eu precisei trocar por outro carro.Meus olhos se estreitaram levemente, e não pude deixar de sentir que algo estava errado.— Sério? Que tipo de carro, então?Kevin apontou para a saída, onde eu vi um sedã preto estacionado logo do lado de fora.— É um carro de luxo, Sra. Nixon. Não chega a ser uma limusine, mas pode ficar tranquila... É confortável e seguro.Ainda assim, mantive a guarda levantada enquanto o seguia até o carro. Algo me dizia para não deixar isso passar em branco.Kevin abriu
(Ponto de Vista de Serena)— Acorda, Serena! — A voz feminina e familiar cortou a névoa que dominava minha mente.Pisquei várias vezes, tentando afastar a névoa que tomava minha mente enquanto, pouco a pouco, os sentidos retornavam. A cabeça latejava, e cada movimento do corpo parecia arrastado, como se eu estivesse submersa. Mas então, ouvi ela... E não havia como confundir aquela voz - fria, carregada de escárnio - A mesma que me perseguia nos pesadelos havia meses.Doris.Meu coração deu um salto, e o medo se apoderou de mim enquanto eu lutava para me sentar, mas meus membros não respondiam. O pânico tomou conta de mim ao perceber que estava amarrada, com os pulsos firmemente presos atrás de mim, sentindo a corda áspera cortando minha pele, impedindo qualquer chance de fuga.O ambiente ao meu redor estava mal iluminado, as paredes eram nuas e geladas. O ar estava úmido e mofado, como um porão ou um antigo armazém. Não sabia quanto tempo havia ficado ali, mas uma coisa era certa: aqu
(Ponto de Vista de Bill)O braço de Calvin era como um torno, apertando meu pescoço e cortando minha respiração. Eu arranhei o antebraço dele, tentando me soltar, mas sua pegada era forte, alimentada por meses de ressentimento reprimido. Minha visão começou a embaçar nas bordas, manchas escuras flutuando diante dos meus olhos enquanto eu lutava para respirar.Me torci, tentando usar meu peso para escapar, mas meus pulmões gritavam por ar, e meu coração batia forte no peito. Eu precisava sair daquela situação, imediatamente.Com um último esforço, dei um golpe de cotovelo nas costelas dele. Ele grunhiu, com sua pegada vacilando o suficiente para que eu pudesse me soltar e recuar cambaleando, ofegante por ar.Dando um passo atrás, tentando recuperar o equilíbrio, e sentindo a garganta arder com cada respiração. Os olhos de Calvin estavam selvagens, e seu rosto retorcido de fúria. Isso não era mais uma luta qualquer - era pessoal.Eu podia ver que Calvin estava tão exausto quanto eu. A ca
(Ponto de Vista de Bill)O táxi freou na calçada, e eu me joguei para dentro do banco de trás, mal conseguindo fechar a porta antes de gritar para o motorista:— Me leve até este endereço. Agora.O motorista olhou para o endereço no meu celular, com seus olhos se estreitando.— Tem certeza disso? Essa parte da cidade é perigosa, especialmente à noite.— Só dirija. — Respondi, expressando minha voz mais ríspida do que eu pretendia, mas não tinha tempo para isso.Ele hesitou, com seus olhos se fixando no retrovisor, tentando me observar melhor.— Parece que passou pelo inferno, cara. Está todo machucado, com sangue no rosto... O que está acontecendo, afinal?Tirei um maço de dinheiro e enfiei em sua direção.— Pegue o dinheiro e cale a boca. Só me leve até lá rápido.Os olhos do motorista se arregalaram, mas ele não discutiu. Enfiou o dinheiro no bolso, murmurando algo entre os dentes enquanto engatava a marcha e arrancava, com os pneus cantando enquanto acelerávamos pela noite, e as luz
(Ponto de Vista de Bill)O armazém se ergueu diante de mim, uma estrutura colossal e deteriorada que já tivera seus melhores dias. Era exatamente como eu me lembrava: frio e vazio.Meu coração bateu forte enquanto corri em direção à porta pesada e enferrujada. Sem hesitar, bati nela com ambos os punhos, com o som ecoando pela noite silenciosa.— Doris! — Gritei, expressando a voz rouca de desespero. — Estou aqui! Abra a maldita porta!Por um momento, nada aconteceu. O silêncio foi ensurdecedor, sentindo minhas próprias respirações ofegantes soando nos meus ouvidos. Bati novamente, mais forte desta vez, implorando para que a porta se abrisse e eu pudesse ver o rosto de Serena, mas a única resposta foi o leve ranger de metal movendo-se com o vento.Levantei meu punho para bater na porta novamente quando ela, de repente, se abriu apenas um pouco. A escuridão dentro era densa, quase impenetrável. Não consegui ver ninguém, no entanto eu tinha consciência de que estavam ali, observando e esp
(Ponto de Vista de Bill)Kevin deu um passo à frente, e pude ver a raiva borbulhando sob a superfície. Seus punhos estavam cerrados ao lado do corpo, e seus olhos estavam fixos em mim, queimando com um ódio que eu não conseguia entender completamente.Doris nos observava com um sorriso distorcido, apoiada na parede como se aquilo fosse algum tipo de entretenimento.— Vai em frente, Kevin. Faça o que for preciso. O Bill não vai reagir, pois ele está mais preocupado com a sua preciosa Serena do que consigo mesmo.Enquanto isso, eu mantive os olhos em Kevin, tentando lê-lo, e tentando entender se havia alguma maneira de eu convencê-lo a parar.— Kevin, escuta o que eu estou dizendo. — Falei, com a voz firme, embora meu coração estivesse batendo forte no peito. — Você está certo. Eu tirei o Max de você, e não posso mudar isso. Mas me matar? Isso não vai trazê-lo de volta. No fundo, não vai resolver nada.Os olhos de Kevin brilharam de raiva enquanto ele apertava ainda mais sua pegada em mi