Pedro Souza manteve um tom completamente indiferente: — Não faço ideia do que você está falando. O olhar de Lucas pousou no cigarro entre os dedos de Pedro Souza, seus olhos ganhando um brilho intrigante. Ele abriu os lábios, dizendo calmamente: — Camila é minha esposa. Não importa qual seja o seu sobrenome, não se meta com ela. Pedro Souza deu de ombros com um sorriso desafiador: — Está com medo de quê? O olhar de Lucas se estreitou, e a tensão ao seu redor tornou-se palpável. Pedro Souza sorriu, mas havia uma ameaça oculta por trás daquele sorriso. Lucas também sorriu, tirando o cigarro do cinzeiro e soltando a fumaça. Com um tom despreocupado, disse: — Foi a Camila quem me chamou para vir hoje. Você viu como ela se importa comigo. Sua voz soou mais grave, um leve sorriso nos lábios, mas era impossível decifrar suas emoções. Pedro Souza parou por um instante, recolhendo o sorriso. — Cuide bem dela. Dizendo isso, empurrou a cadeira e se levantou para ir embora.
Camila passou dois meses seguidos fazendo fisioterapia na mão esquerda. A flexibilidade estava quase completamente recuperada, então ela voltou ao Antiquário do Tesouro. Assim que entrou, viu César, o avaliador da loja, segurando uma enorme lupa enquanto examinava uma pintura a óleo sobre o balcão, tentando verificar sua autenticidade. Camila passou e deu uma olhada casual. Era uma pintura dos girassóis de Pinto. Desde pequena, ela praticava desenho, começando justamente pelas cópias dos girassóis de Pinto. Apenas um olhar era suficiente para ter uma ideia. César ajustou os óculos no nariz e perguntou ao vendedor da pintura: — Quanto você quer por ela? O vendedor, um homem de meia-idade com os ombros encolhidos, respondeu: — Este é um quadro dos girassóis de Pinto, uma herança de família. Se não fosse por necessidade, eu nunca o venderia. Já pesquisei os preços em leilões passados, e não saem por menos de três milhões. Em outras palavras, não aceitaria menos que isso.
César ficou com o rosto subitamente sombrio, enquanto sentia um suor frio escorrer pelas costas. Ainda bem que Camila chegou a tempo; do contrário, ele teria cometido um erro grave. Se tivesse comprado aquela pintura milionária, teria perdido tudo. E o pior: sua reputação no mercado estaria arruinada para sempre. Quando Camila começou a trabalhar na loja, o dono havia dito a César para consultá-la sempre que não tivesse certeza sobre algo. Ele não gostou muito da ideia na época, mas agora, estava completamente convencido da sua competência. César, encurvando os ombros, perguntou: — Como você percebeu? Camila deu um sorriso discreto. A pintura, embora tivesse tela e técnica autênticas, apresentava pequenos fiapos que não haviam sido removidos corretamente. No entanto, ela não mencionou isso e apenas disse de forma leve: — Intuição. Desde criança lido com pinturas a óleo, e apesar de jovem, já trabalho na área há quase vinte anos. Às vezes, só de bater o olho, já sinto que al
Camila estava pálida, os lábios sem cor, e permanecia de pé como uma folha frágil ao vento. Apesar de ser uma tarde ensolarada de abril, ela sentia como se estivesse em um inverno rigoroso, com frio gelando todo seu corpo, a ponto de seus dentes rangerem involuntariamente. Seu coração se apertava tanto que ela mal conseguia respirar. Eles haviam combinado que Lucas manteria distância de Chloe. Mas ele estava lá, segurando-a nos braços, entrando apressado no carro. Tão apressado, tão urgente. Ela estava bem ali, na entrada, num lugar bem visível, e ele sequer a notou. — Sra. Camila? O motorista chamou duas vezes. Camila não respondeu. O motorista se abaixou, pegou o celular caído no chão, verificou rapidamente e entregou para ela: — Sra. Camila, seu celular. Camila pegou o aparelho de forma automática, ainda atordoada. O motorista, observando atentamente seu semblante, falou com cautela: — Senhora, acho que a Chloe se machucou. Foi por isso que o Sr. Lucas a carregou.
Camila assentiu, seus belos olhos marejados e brilhantes olhando para ele: — Eu acredito em você. Os cantos da boca de Lucas se curvaram em um leve sorriso. Por um instante, ele teve vontade de abraçá-la, mas, por conta dos funcionários por perto, conteve-se. Ele segurou a mão dela firmemente entre as suas e disse: — Quando chegar em casa, me liga. Se quiser comer alguma coisa, peça para Renata preparar. Em outro dia, quando eu tiver mais tempo, saímos para jantar. Camila concordou: — Tudo bem. — Vai para casa, então. Ele soltou a mão dela. — Tá bom. Camila se virou para ir embora, mas parou de repente, seu olhar endurecendo ao ver Enzo e Daulo se aproximando apressados. De longe, o olhar afiado de Enzo já a perfurava como uma lança gelada, atingindo seu coração como uma estaca de gelo. Camila sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Daulo, por outro lado, tinha um olhar que parecia uma lâmina, cortando sua pele com um desconforto insuportável. Algumas pessoas ti
Chloe estava deitada na maca do hospital, os olhos bem fechados, o rosto pálido. O capacete de segurança já havia sido removido. Com o cabelo caindo sobre a testa, era impossível ver a gravidade dos ferimentos a olho nu. Daulo, ao vê-la sair da sala, largou o que tinha nas mãos e correu em sua direção, agarrando sua mão e gritando: — Chloe! — Por favor, dêem passagem. — Pediu a enfermeira, empurrando a maca em direção à sala de emergência. Daulo imediatamente correu atrás. O resultado da tomografia do cérebro levaria dez minutos para sair. Lucas permaneceu parado, esperando pelo resultado ali mesmo. Afinal, ele estava envolvido no ocorrido. Enzo observava a direção para onde levavam Chloe, e com um tom de reprovação, disse: — Veja o quanto a Chloe é boa para você, arriscando a vida para te salvar. Se não fosse ela te empurrando, quem estaria deitado lá agora seria você. Lucas respondeu friamente: — Eu não pedi para ela me proteger. A raiva de Enzo começou a subir.
Elisa despertou completamente de uma vez:— Como é? Ele tá se metendo com aquela vadia de novo? — Dessa vez é um pouco diferente... — Ah, não vem passar pano pra ele! Ele tá pedindo é uma surra. Vou te mandar o número do Carlos agora mesmo. — Tudo bem. Camila anotou o número de Carlos e ligou para ele. O celular mal tocou uma vez e ele atendeu. — Desculpe incomodar a essa hora, Sr. Carlos. — Disse Camila educadamente. Carlos, com sua voz cortês, respondeu: — Não tem problema. O que posso fazer por você? — Eu gostaria de saber se o Lucas está com você. Carlos, em tom levemente apologético, disse: — Está sim, um momento, vou passar o telefone para ele. — Obrigada. Pouco depois, a voz de Lucas veio pelo celular: — Meu celular ficou sem bateria e desligou. Por que você ainda está acordada? Camila, segurando o celular, respondeu: — Você não voltou para casa, eu fiquei preocupada. Lucas fez uma breve pausa e disse: — A Chloe ainda não acordou, não posso sa
Lucas estreitou levemente os olhos e perguntou: — Sua irmã acordou? Carlos lembrou-se das palavras de Chloe e ficou irritado: — Já faz tempo, acordou com a língua afiada, não parece nada com alguém que ficou inconsciente a noite toda. Lucas percebeu o tom enigmático e indagou: — Aconteceu alguma coisa? Carlos não explicou diretamente e disse: — Aquele operário que jogou o balde de ferro na obra ontem, manda alguém investigar. Talvez seja útil no futuro. Lucas captou de imediato a ênfase na palavra "jogou". E ao lembrar-se do comportamento de Daulo, Ana e os outros na noite anterior, começou a entender o que estava acontecendo. — Valeu. — Disse Lucas, virando-se para ir embora. Dentro do carro, Lucas ligou para seu assistente e ordenou: — O operário que jogou o balde de ferro ontem à tarde, na obra, investigue-o. Vá você mesmo e mantenha isso em segredo. Ninguém pode saber, talvez eu precise disso depois. Lucas deu ênfase ao verbo "jogou". O assistente, que já tr