César ficou com o rosto subitamente sombrio, enquanto sentia um suor frio escorrer pelas costas. Ainda bem que Camila chegou a tempo; do contrário, ele teria cometido um erro grave. Se tivesse comprado aquela pintura milionária, teria perdido tudo. E o pior: sua reputação no mercado estaria arruinada para sempre. Quando Camila começou a trabalhar na loja, o dono havia dito a César para consultá-la sempre que não tivesse certeza sobre algo. Ele não gostou muito da ideia na época, mas agora, estava completamente convencido da sua competência. César, encurvando os ombros, perguntou: — Como você percebeu? Camila deu um sorriso discreto. A pintura, embora tivesse tela e técnica autênticas, apresentava pequenos fiapos que não haviam sido removidos corretamente. No entanto, ela não mencionou isso e apenas disse de forma leve: — Intuição. Desde criança lido com pinturas a óleo, e apesar de jovem, já trabalho na área há quase vinte anos. Às vezes, só de bater o olho, já sinto que al
Camila estava pálida, os lábios sem cor, e permanecia de pé como uma folha frágil ao vento. Apesar de ser uma tarde ensolarada de abril, ela sentia como se estivesse em um inverno rigoroso, com frio gelando todo seu corpo, a ponto de seus dentes rangerem involuntariamente. Seu coração se apertava tanto que ela mal conseguia respirar. Eles haviam combinado que Lucas manteria distância de Chloe. Mas ele estava lá, segurando-a nos braços, entrando apressado no carro. Tão apressado, tão urgente. Ela estava bem ali, na entrada, num lugar bem visível, e ele sequer a notou. — Sra. Camila? O motorista chamou duas vezes. Camila não respondeu. O motorista se abaixou, pegou o celular caído no chão, verificou rapidamente e entregou para ela: — Sra. Camila, seu celular. Camila pegou o aparelho de forma automática, ainda atordoada. O motorista, observando atentamente seu semblante, falou com cautela: — Senhora, acho que a Chloe se machucou. Foi por isso que o Sr. Lucas a carregou.
Camila assentiu, seus belos olhos marejados e brilhantes olhando para ele: — Eu acredito em você. Os cantos da boca de Lucas se curvaram em um leve sorriso. Por um instante, ele teve vontade de abraçá-la, mas, por conta dos funcionários por perto, conteve-se. Ele segurou a mão dela firmemente entre as suas e disse: — Quando chegar em casa, me liga. Se quiser comer alguma coisa, peça para Renata preparar. Em outro dia, quando eu tiver mais tempo, saímos para jantar. Camila concordou: — Tudo bem. — Vai para casa, então. Ele soltou a mão dela. — Tá bom. Camila se virou para ir embora, mas parou de repente, seu olhar endurecendo ao ver Enzo e Daulo se aproximando apressados. De longe, o olhar afiado de Enzo já a perfurava como uma lança gelada, atingindo seu coração como uma estaca de gelo. Camila sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Daulo, por outro lado, tinha um olhar que parecia uma lâmina, cortando sua pele com um desconforto insuportável. Algumas pessoas ti
Chloe estava deitada na maca do hospital, os olhos bem fechados, o rosto pálido. O capacete de segurança já havia sido removido. Com o cabelo caindo sobre a testa, era impossível ver a gravidade dos ferimentos a olho nu. Daulo, ao vê-la sair da sala, largou o que tinha nas mãos e correu em sua direção, agarrando sua mão e gritando: — Chloe! — Por favor, dêem passagem. — Pediu a enfermeira, empurrando a maca em direção à sala de emergência. Daulo imediatamente correu atrás. O resultado da tomografia do cérebro levaria dez minutos para sair. Lucas permaneceu parado, esperando pelo resultado ali mesmo. Afinal, ele estava envolvido no ocorrido. Enzo observava a direção para onde levavam Chloe, e com um tom de reprovação, disse: — Veja o quanto a Chloe é boa para você, arriscando a vida para te salvar. Se não fosse ela te empurrando, quem estaria deitado lá agora seria você. Lucas respondeu friamente: — Eu não pedi para ela me proteger. A raiva de Enzo começou a subir.
Elisa despertou completamente de uma vez:— Como é? Ele tá se metendo com aquela vadia de novo? — Dessa vez é um pouco diferente... — Ah, não vem passar pano pra ele! Ele tá pedindo é uma surra. Vou te mandar o número do Carlos agora mesmo. — Tudo bem. Camila anotou o número de Carlos e ligou para ele. O celular mal tocou uma vez e ele atendeu. — Desculpe incomodar a essa hora, Sr. Carlos. — Disse Camila educadamente. Carlos, com sua voz cortês, respondeu: — Não tem problema. O que posso fazer por você? — Eu gostaria de saber se o Lucas está com você. Carlos, em tom levemente apologético, disse: — Está sim, um momento, vou passar o telefone para ele. — Obrigada. Pouco depois, a voz de Lucas veio pelo celular: — Meu celular ficou sem bateria e desligou. Por que você ainda está acordada? Camila, segurando o celular, respondeu: — Você não voltou para casa, eu fiquei preocupada. Lucas fez uma breve pausa e disse: — A Chloe ainda não acordou, não posso sa
Lucas estreitou levemente os olhos e perguntou: — Sua irmã acordou? Carlos lembrou-se das palavras de Chloe e ficou irritado: — Já faz tempo, acordou com a língua afiada, não parece nada com alguém que ficou inconsciente a noite toda. Lucas percebeu o tom enigmático e indagou: — Aconteceu alguma coisa? Carlos não explicou diretamente e disse: — Aquele operário que jogou o balde de ferro na obra ontem, manda alguém investigar. Talvez seja útil no futuro. Lucas captou de imediato a ênfase na palavra "jogou". E ao lembrar-se do comportamento de Daulo, Ana e os outros na noite anterior, começou a entender o que estava acontecendo. — Valeu. — Disse Lucas, virando-se para ir embora. Dentro do carro, Lucas ligou para seu assistente e ordenou: — O operário que jogou o balde de ferro ontem à tarde, na obra, investigue-o. Vá você mesmo e mantenha isso em segredo. Ninguém pode saber, talvez eu precise disso depois. Lucas deu ênfase ao verbo "jogou". O assistente, que já tr
Pensou consigo mesma. Esse homem estava cada vez mais habilidoso. Inicialmente, Camila estava bastante irritada por ele não ter voltado para casa à noite, mas bastaram poucas palavras para que ele a convencesse pela metade. Ela estava, de fato, completamente em suas mãos. Talvez amar alguém seja assim mesmo. No amor, quem mais se importava era sempre o perdedor, como se ele estivesse ali parado, sem fazer nada, e ainda assim fosse capaz de atravessar seu coração. Bastava um beijo de Lucas, e ela já esquecia muitas de suas mágoas. Três dias depois. Sra. Costa ligou, convidando Camila e Lucas para jantar em sua casa no sábado. Desde o retorno do funeral da avó, Camila não via Sra. Costa e estava com saudades, então aceitou o convite imediatamente. Chegou o sábado, e, antes mesmo de anoitecer, Camila pediu ao motorista que a levasse mais cedo. Desta vez, o sentimento era completamente diferente da última visita. Da última vez, Camila estava ali para discutir o divórcio, despe
Chloe ficou inquieta, sentindo-se culpada ao ouvir a palavra “operário”. Era uma palavra que a deixava nervosa, com medo de que Lucas tivesse mandado chamar o operário para incriminá-la. A cadeira em que estava sentada parecia cheia de espinhos; quase não conseguia se manter no lugar. Mas essa sensação de pânico durou pouco. Logo se acalmou, lembrando-se de que o operário fora pago para se manter em silêncio, e fora contratado por seu pai. Apenas um pequeno grupo de pessoas sabia sobre o ocorrido, e Lucas não tinha como descobrir. “Esse telefonema dele foi apenas coincidência”, pensou consigo mesma, tentando se tranquilizar. “Com certeza é só coincidência.”Lucas terminou de dar as instruções ao assistente, desligou o telefone e o colocou sobre a mesa. Enzo, curioso, olhou para ele e perguntou: — Por que diabos você chamou um operário do nada? Lucas, com uma expressão serena, pegou o garfo e colocou um pedaço de comida no prato de Camila. Com toda a calma do mundo, respondeu: — V