Antes que Enzo pudesse reagir, Pedro bateu a porta com força e saiu a passos largos. Só de permanecer mais um segundo ao lado de Enzo, sentia nojo.Olhando para a porta do quarto, que ainda tremia com o impacto, Enzo ficou tão furioso que parecia que seu bigode ia pegar fogo. Ele gritou em direção à entrada:— De onde saiu esse moleque imaturo? Nem pelos no rosto tem, mas já ousa falar desse jeito comigo! Sabe com quem está lidando?Mas Pedro já estava longe e não ouviu uma palavra sequer.Lucas, sentado ao lado, lançou um olhar de desprezo para Enzo.— Você manda gente seguir ele no meio da madrugada e agora quer bancar o desentendido? — Disse Lucas, com tom frio.Enzo percebeu que estava em desvantagem. Sua expressão endurecida se suavizou enquanto se aproximava da cama:— Eu só estou pensando no seu bem, Lucas. Quero que veja quem realmente é Camila. Uma mulher volúvel como ela não merece toda essa consideração sua. — Disse Enzo, com uma voz mais calma.Lucas curvou os lábios em um
Beatriz suspirou de alívio:— Ainda bem, ainda bem... Por um momento, achei que você nem se lembrava mais de mim, sua mãe.Lucas levou a mão à testa, com o tom arrastado de quem já estava cansado da conversa:— Não é tão grave assim. É como uma ressaca, sabe? O médico disse que em poucos dias minha memória volta ao normal.— Ah, então está tudo bem.Apesar de dizer isso, Beatriz não estava nem um pouco tranquila. Seu olhar passeava de cima a baixo pelo filho, analisando cada detalhe, como se quisesse encontrar algo mais. Seu coração doía só de vê-lo naquele estado. Quando notou que a mão de Lucas estava sangrando por conta do local onde haviam retirado o soro, rapidamente pegou um lenço de papel e limpou o sangue com cuidado.Depois de jogar o papel no lixo, algo no chão chamou sua atenção. Fotos espalhadas por todo lado. Ela se abaixou para pegar uma.— Quem é esse aqui? — Perguntou Beatriz, segurando a imagem.Era uma foto de Pedro, sem camisa, estendendo roupas na varanda.Beatriz o
Enzo foi pego de surpresa. A água misturada com cinzas de cigarro escorreu por sua cabeça, irritando seus olhos. Enzo tentou abri-los, mas o líquido ardia e fazia com que lacrimejasse sem parar. A sensação era insuportável, como se algo estivesse perfurando seus olhos.Sem conseguir enxergar direito, esfregava o rosto com o dorso das mãos, mas isso só fazia piorar a dor. Lágrimas corriam involuntariamente por suas bochechas, e ele estava tão atordoado que, por um momento, até esqueceu de ficar com raiva.Um dos seguranças, que assistia à cena de longe, apressou-se em tirar um lenço do bolso e correu para ajudá-lo. Começou a limpar os olhos, o rosto, o cabelo, e até as manchas de água suja na camisa de Enzo.Por sorte, o andar era exclusivo para pacientes VIP, e o corredor estava praticamente vazio. Caso contrário, Enzo teria virado o assunto principal de todos os jornais no dia seguinte.Depois de finalmente se limpar, Enzo levantou a mão com a intenção de bater em Beatriz.Beatriz, no
— Tudo bem, eu vou. Amanhã volto para te ver. — Disse Beatriz.— Não precisa. A resposta de Lucas foi seca.Beatriz começou a recolher as fotos do chão, pensando em jogá-las no lixo. No entanto, algo a fez mudar de ideia. Ela as guardou em sua bolsa. Para evitar que Lucas ficasse irritado, ela balançou a bolsa no ar e explicou:— Vou levar isso pra destruir. Se eu deixar no lixo, alguma enfermeira pode encontrar e acabar expondo Camila... ou melhor, minha nora.Ao ouvir o nome de Camila, Lucas sentiu uma pontada no coração. Assim que Beatriz saiu, ele pegou o celular e tirou o número dela da lista de bloqueios. Após tudo o que havia acontecido, sua raiva já estava quase completamente dissipada. A lucidez começava a retornar.Pensando com mais calma, concluiu que seria impossível Camila ter algo sério com Pedro. Se fosse o caso, ela jamais teria ido visitá-lo no hospital. Era algo lógico, óbvio, mas que ele não havia conseguido enxergar antes, tomado pela fúria.Depois de refletir por
Só de pensar na possibilidade de Camila não querer mais saber dele, Lucas sentiu o coração apertar. Uma mistura de ansiedade, desânimo e dor invadiu seu peito, uma sensação semelhante à de um término de relacionamento.Sem conseguir ficar parado, Lucas ligou para André e deu uma ordem direta:— Prepare o avião particular.Ao ouvir isso, André sentiu a cabeça latejar. Nem precisava perguntar para onde Lucas queria ir; era óbvio que ele planejava ir atrás de Camila.Com uma expressão aflita, André tentou argumentar:— Sr. Lucas, uma concussão não é uma lesão simples. O médico recomendou repouso absoluto. Viajar de avião pode agravar sua condição. Existe um risco real de sequelas permanentes, sem contar o corte profundo no seu braço. A mudança de pressão pode abrir os pontos novamente.Lucas massageou as têmporas latejantes, tentando aliviar a dor:— Então prepare o carro.André suspirou, já quase sem argumentos, mas insistiu:— Srta. Camila foi para a Cidade Antiga da Pomba. De carro, sã
Tânia lançou um olhar de desprezo para Chloe, mas manteve o sorriso nos lábios:— Eu não sou como você.Chloe soltou uma risada fria:— No fim, é tudo a mesma coisa: usar estratégias para conquistar homens. Qual a diferença?Tânia deu um sorriso leve, quase provocador:— A diferença é enorme. Eu consigo entrar. Você, por outro lado, pode falar até perder a voz que não vai passar daquela porta.— Sua... — Chloe ficou tão irritada que seu rosto ficou vermelho de raiva.Os olhos de Tânia brilharam com um toque de soberba enquanto se virava para os seguranças:— Olá, gostaria de visitar o Sr. Lucas.O segurança, com uma expressão um tanto embaraçada, respondeu:— Desculpe, Srta. Tânia, mas o Sr. Lucas nos instruiu a não permitir a entrada de nenhuma mulher, exceto familiares ou médicos.O sorriso confiante de Tânia congelou no rosto. A curva de seus lábios desabou imediatamente:— Mas ontem ele me recebeu.— O Sr. Lucas deu essa ordem hoje pela manhã. — Explicou o segurança.Tânia hesitou
Elisa fez uma promessa confiante:— A minha capacidade vale por duas. Não existe ninguém que Elisa não consiga convencer.Lucas suspirou, massageando a testa:— Vou confiar em você desta vez. Qualquer coisa, mantenha contato.— Pode deixar. Você vai receber boas notícias.Elisa não perdeu tempo. Voltou para casa, arrumou uma mala pequena, comprou a passagem mais próxima e, acompanhada de dois seguranças, embarcou rumo à Cidade Antiga da Pomba.Quando finalmente chegou ao hospital onde Gustavo estava internado, deparou-se com uma cena que a fez parar no meio do corredor. Camila caminhava, sorridente, ao lado de um jovem de pouco mais de vinte anos. Ele era alto, tinha um ar descontraído e vestia uma camisa branca simples com jeans desbotados, um visual casual e moderno. Era bonito, com sobrancelhas grossas e olhos marcantes. De longe, ele parecia combinar perfeitamente com a elegância serena de Camila.Elisa pensou consigo mesma: Ainda bem que eu vim. Se tivesse demorado mais, adeus, cu
Camila permaneceu em silêncio, com uma mistura de sentimentos que não conseguia expressar.Mas, em pouco tempo, se acalmou. Conhecia Lucas o suficiente para saber que ele era um homem racional e jamais colocaria sua saúde em risco por impulso.Gustavo, constrangido, olhou para Camila e disse:— Menina, por que você não volta?Camila balançou a cabeça, recusando:— Encontrá-lo eu posso a qualquer momento. Aqui, no entanto, não podemos perder tempo. Assim que o esconderijo for aberto, as pinturas antigas precisarão de restauração imediata. Quanto mais o tempo passa, mais difícil será repará-las.Gustavo sorriu, ainda que com um ar de culpa:— Obrigado pelo esforço.— Não é esforço algum. É meu trabalho, e eu gosto do que faço.Elisa, que ouvia a conversa, sentiu um calafrio percorrer a espinha. Na cabeça dela, Camila tinha acabado de deixar claro que, para ela, algumas pinturas valiam mais do que seu irmão.Incomodada, Elisa pegou o celular e se afastou discretamente. Mandou uma mensagem