Tânia lançou um olhar de desprezo para Chloe, mas manteve o sorriso nos lábios:— Eu não sou como você.Chloe soltou uma risada fria:— No fim, é tudo a mesma coisa: usar estratégias para conquistar homens. Qual a diferença?Tânia deu um sorriso leve, quase provocador:— A diferença é enorme. Eu consigo entrar. Você, por outro lado, pode falar até perder a voz que não vai passar daquela porta.— Sua... — Chloe ficou tão irritada que seu rosto ficou vermelho de raiva.Os olhos de Tânia brilharam com um toque de soberba enquanto se virava para os seguranças:— Olá, gostaria de visitar o Sr. Lucas.O segurança, com uma expressão um tanto embaraçada, respondeu:— Desculpe, Srta. Tânia, mas o Sr. Lucas nos instruiu a não permitir a entrada de nenhuma mulher, exceto familiares ou médicos.O sorriso confiante de Tânia congelou no rosto. A curva de seus lábios desabou imediatamente:— Mas ontem ele me recebeu.— O Sr. Lucas deu essa ordem hoje pela manhã. — Explicou o segurança.Tânia hesitou
Elisa fez uma promessa confiante:— A minha capacidade vale por duas. Não existe ninguém que Elisa não consiga convencer.Lucas suspirou, massageando a testa:— Vou confiar em você desta vez. Qualquer coisa, mantenha contato.— Pode deixar. Você vai receber boas notícias.Elisa não perdeu tempo. Voltou para casa, arrumou uma mala pequena, comprou a passagem mais próxima e, acompanhada de dois seguranças, embarcou rumo à Cidade Antiga da Pomba.Quando finalmente chegou ao hospital onde Gustavo estava internado, deparou-se com uma cena que a fez parar no meio do corredor. Camila caminhava, sorridente, ao lado de um jovem de pouco mais de vinte anos. Ele era alto, tinha um ar descontraído e vestia uma camisa branca simples com jeans desbotados, um visual casual e moderno. Era bonito, com sobrancelhas grossas e olhos marcantes. De longe, ele parecia combinar perfeitamente com a elegância serena de Camila.Elisa pensou consigo mesma: Ainda bem que eu vim. Se tivesse demorado mais, adeus, cu
Camila permaneceu em silêncio, com uma mistura de sentimentos que não conseguia expressar.Mas, em pouco tempo, se acalmou. Conhecia Lucas o suficiente para saber que ele era um homem racional e jamais colocaria sua saúde em risco por impulso.Gustavo, constrangido, olhou para Camila e disse:— Menina, por que você não volta?Camila balançou a cabeça, recusando:— Encontrá-lo eu posso a qualquer momento. Aqui, no entanto, não podemos perder tempo. Assim que o esconderijo for aberto, as pinturas antigas precisarão de restauração imediata. Quanto mais o tempo passa, mais difícil será repará-las.Gustavo sorriu, ainda que com um ar de culpa:— Obrigado pelo esforço.— Não é esforço algum. É meu trabalho, e eu gosto do que faço.Elisa, que ouvia a conversa, sentiu um calafrio percorrer a espinha. Na cabeça dela, Camila tinha acabado de deixar claro que, para ela, algumas pinturas valiam mais do que seu irmão.Incomodada, Elisa pegou o celular e se afastou discretamente. Mandou uma mensagem
Antes que Camila pudesse reagir, sentiu um par de braços fortes a envolverem com firmeza. O aperto era tão sólido que parecia feito de aço, segurando sua cintura como se nunca fosse soltar.Ela reconheceu imediatamente: era Pedro. O leve aroma de sabão em pó que vinha dele era inconfundível e, de alguma forma, reconfortante.Enquanto os dois caíam em queda livre, Camila sentiu os pés flutuarem, como se o chão tivesse desaparecido. O vento cortava seus ouvidos, e ao longe, ouviu gritos de surpresa. Mas os gritos duraram apenas um instante antes de desaparecerem no vazio.Parecia que haviam caído por segundos, mas também poderia ter sido uma eternidade. De repente, tudo parou. Pedro, ainda segurando Camila, caiu com força no chão.Ela ouviu um som abafado, como se ele tivesse prendido a respiração para conter a dor. Depois de alguns segundos, ele relaxou o aperto e a colocou gentilmente no chão. Ao redor, tudo era escuridão. Não dava para enxergar nada, nem mesmo as mãos diante do rosto.
Depois de várias tentativas frustradas, Camila sentou-se no chão, desanimada. A sensação de impotência começava a dominá-la.Esperar era uma tortura. Um longo e incerto período de espera, sem saber o que fazer, era ainda mais exasperante. Nesse momento, ela se sentiu grata por Elisa ter insistido em acompanhá-los.Se eles não conseguissem sair, Elisa certamente chamaria reforços. Naquele instante, Elisa era sua única esperança.E Camila estava certa.Elisa, acompanhada pelos seguranças, esperava na entrada do esconderijo desde o início da noite anterior. Com muita coragem, permaneceu naquela montanha deserta durante toda a madrugada, mas ninguém apareceu. Isso a deixou profundamente inquieta.Sem coragem para descer ao esconderijo, Elisa se ajoelhou na entrada e gritou com toda a força:— Cunhada! Cunhada, você está aí? Responde, por favor!Por mais que gritasse a plenos pulmões, não obteve resposta. O silêncio dentro do esconderijo era assustador. A escuridão parecia engolir tudo, com
Feixes de luz das lanternas de alta potência iluminavam o chão, como se fosse dia.Lucas caminhava à frente, com o corpo ereto e passos firmes, liderando o grupo rumo ao interior do esconderijo.Antes disso, os presentes estavam hesitantes em avançar. O desaparecimento inexplicável da equipe anterior havia gerado um medo palpável. Mas ao ver Lucas avançar sem hesitar, a confiança deles foi renovada, e logo todos aceleraram o passo para acompanhá-lo.Cristovão, empurrado em sua cadeira de rodas, também desceu ao esconderijo. Ele inspecionava atentamente os rastros deixados no chão, e logo advertiu Lucas:— Sr. Lucas, pare quando os rastros desaparecerem.— Entendido. — Lucas apontava sua lanterna para o chão, iluminando os vestígios.O solo estava coberto de uma fina camada de poeira, o que tornava os rastros fáceis de identificar. Havia pegadas grandes e pequenas. As menores, Lucas sabia, deviam ser de Camila. Em algumas áreas, as pegadas estavam desordenadas, indicando o caos que se i
Ao ouvir as palavras de Lucas, Cristovão soltou um suspiro discreto de alívio. O incidente parecia ter ficado para trás.Vasco, ciente do gesto de Lucas, inclinou levemente a cabeça e murmurou um agradecimento.O grupo continuou a usar o mesmo método, abrindo mais um piso falso. Desta vez, resgataram alguns seguranças que haviam caído.Quando a terceira grande prancha foi finalmente removida, Camila, que estava no fundo de um dos poços, levantou-se de repente. Seus olhos fixaram-se na prancha que começava a se mover. Ela olhou para Pedro, animada:— Sr. Pedro, vieram nos salvar!Pedro sentiu uma pontada de decepção, mas sorriu:— Sim, finalmente vamos sair daqui.O "nós" que ele usou soou de forma especial aos seus próprios ouvidos, como se houvesse um vínculo maior entre ele e Camila. Mesmo que fosse apenas algo unilateral, para ele já bastava.Logo, feixes de luz começaram a invadir a escuridão do poço. Os olhos de Camila, acostumados com a penumbra, piscavam com o incômodo do brilho
Pedro lançou um último olhar para Camila antes de seguir em direção à saída. Sua perna direita estava ligeiramente mancando, e o peso daquele momento parecia refletido em cada passo. Sua silhueta, à medida que se afastava, emanava uma melancolia difícil de descrever.Lucas, que o observava atentamente, notou o leve descompasso em seu andar. Seu rosto, normalmente frio, mudou sutilmente por um instante. Ele virou-se para um de seus seguranças e ordenou:— Vá ajudar o Sr. Pedro.O segurança assentiu de imediato e correu até Pedro para apoiá-lo.Camila, que assistia à cena, ficou surpresa. Seus olhos se voltaram para Lucas, cheios de questionamento. Era raro vê-lo agir com tanta consideração, especialmente com Pedro. Normalmente, até uma simples conversa entre os dois já era suficiente para irritá-lo.E agora? Hoje ela havia passado uma noite inteira presa com Pedro, no mesmo espaço, e Lucas não apenas não parecia incomodado, como ainda demonstrava preocupação com ele. Algo estava estranh